March 14, 2016

A SITUAÇÃO ESTÁ PROPÍCIA PARA UM AVENTUREIRO


MARINGONI

Hoje a direita levou.

Em manifestações absolutamente impressionantes, tivemos um repúdio ao PT, à esquerda, a Alckmin, a Aécio e... à política em geral.

Não é possível fazer nenhuma comparação com 1964, quando um governo nacional-reformista (algo que não temos hoje) foi derrotado por uma convergência de forças reacionárias, cuja ponta de lança era o poder das baionetas.

Agora há uma derrota da política institucional, ou pelo menos da política como praticada até aqui, sem um vitorioso definido. Repetindo, a direita levou, mas não é claro qual direita (como escreveu Milton Temer).

Escrevi outro dia que o pacto de classes responsável pela chegada de Lula ao palácio estava rompido. Eu colocava em dúvida se a institucionalidade construída após a promulgação da Carta de 1988 também estaria em xeque.

Embora estejamos no meio do torvelinho, pode ser que algo mais profundo esteja sendo revolvido. Pode ser que trinta anos de construção democrática estejam em questão. Os próximos meses dirão se isso é real ou não.

Não há uma liderança ou organização visível nas mobilizações, embora seja cristalino o papel que diversas organizações empresariais tiveram no financiamento dos atos.

Há uma fera à solta, um monstro que marcha para a direita, vitaminado por frustração, ressentimento, e intolerância.

Falta um condottiere, um líder, um Príncipe - no sentido de Maquiavel -, algo capaz de dar organicidade e conduzir essa formidável força social adiante, na senda reacionária que a embala.
O terreno está fértil para um aventureiro, para alguém de fora da política, para o homem (ou mulher) providencial. Um salvador da Pátria, desses que aparecem em tempos de crise para dar sentido aos fragmentos em movimento. Não costuma dar em boa coisa.

Quem será o personagem?

Sérgio Moro foi uma das poucas unanimidades para além da torrente de ataques unânimes à esquerda. Marina Silva esmera-se por aparentar estar fora do mundo político. Ciro Gomes se move para liderar algo acima dos partidos.

A situação objetiva pouco depende agora do personagem. Ele é que dependerá dela.

Por ora, dá apenas para repetir uma das máximas do o célebre filósofo, o Robô de Perdidos no Espaço, "Perigo! Perigo!"

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