January 19, 2014

Troca-troca (2)


Ilhas do Rio: É hora de zarpar




A barca abandona a estação da Praça Quinze ao som de vendedores ambulantes cantando “olha a água, olha o picolé”, povoada por personagens carregados de isopores, muitos protegidos por chapéus e com telefones celulares em punho para bater fotografias da Baía de Guanabara com o Pão de Açúcar e o Cristo ao fundo. O cenário, de repente, muda de posição, e o Corcovado é reverenciado de um ângulo bem diferente.

O continente fica para trás. O destino é Paquetá, e o que leva um monte de gente para lá nos fins de semana ensolarados é o prazer de aproveitar um dia numa ilha com oito quilômetros de extensão rodeada por atrações que vão de uma volta de charrete a uma roda de samba e um refrescante banho de mangueira na calçada de um restaurante. Há também quem arrisque um mergulho no mar — no boletim divulgado pelo Inea na última terça, as praias da Ribeira e da Moreninha estavam pró-pri-as.

Chegar a Paquetá é prático e barato: as barcas saem de hora em hora da Praça Quinze e levam mais ou menos 60 minutos para atravessar a Baía (e, entre outros momentos curiosos, passar sob a Ponte Rio-Niterói). Como lá não circulam carros, um passeio de charrete pelas praias Grossa, Gaivotas, Moreninha, entre outras é a parada.

- É uma pescaria; tem dias que tem maior procura, e outras são de baixa. Dá movimento mesmo no verão - conta o charreteiro José Batista.



Outra opção na Ilha - que foi refúgio de Dom João VI e abrigou o patriarca da independência, José Bonifácio - é o táxi eletrico, como são chamadas as bicicletas coletivas.

Fora os roteiros guiados, a atração número 1 de Paquetá são as rodas de samba. Todo terceiro domingo do mes (como este próximo) tem. Hoje quem se apresenta no Iate Clube a partir das 13h30n é o Grupo Jequitibá.

Em 1º de fevereiro, a moradora ilustre Cristina Buarque de Hollanda (irmã de Chico) convida o Terreiro Grande para tocar pérolas de Candeia e Cartola, no mesmo lugar.

- O grupo é de São Paulo e fica louco quando chega aqui, com esse sossego, sem nenhum trânsito... - comenta Cristina, que só se desloca de bicicleta.



Também agita a programação cultural o Domingo no Darke, no Parque Darke de Mattos - evento trimestral que reune música, teatro de rua e artesanato locais, além de exposições de fotografia. O próximo será em 26 de janeiro.

E que tal um banho de mangueira para abstrair o calor? No bar da Tia Lloyde, na Praia José Bonifácio, a mordomia rola na própri calçada, onde também ser servidos peixinho frito com pirão e cerveja de garrafa. Mas o melhor, mesmo, é que não tem taxa de serviço, e você ainda se diverte com a dona figuraça, que, em tom brincalhão, chama a garçonete de "despacho de macumba" e recebe o apelido de Rivotril em troca.

Partiu mar adentro? Ou prefere enfrentar mais um fim de semana de praias lotadas? Escolha difícil essa...


CAROLINA RIBEIRO


fotos DANIELA DACORSO 

publicado no suplemento RioShow
O Globo, janeiro de 2014.