Vinicius Wu
"Pesquisa DataFolha de hoje corrobora a análise que fiz sobre os protestos de ontem, publicada no site da Revista Fórum.
Reproduzo abaixo, com algumas correções:
1. Os protestos foram expressivos, obviamente, e não devem ser minimizados de forma alguma. Porém, não houve mudança no perfil social dos manifestantes. A base social do impeachment segue a mesma;
2. Esse dado é, sem dúvida alguma, relevante, afinal, tirando os trogloditas e os irracionais, a direita organizada tem consciência da necessidade de ampliar o espectro de apoio ao impeachment;
3. Os estrategistas da direita mais conscientes sabem que interromper a normalidade institucional apenas com base na mobilização da classe média é um risco.
4. Eles podem consumar o golpe mesmo assim? Podem! Mas, ninguém garante estabilidade ao próximo governo nesses termos. Essa é a questão chave em relação aos protestos.
5. Todos sabemos que o impeachment não será decidido, somente, nas ruas. As ruas falam sobre sua legitimidade. Por isso, importa sim analisar o perfil social dos manifestantes. E o perfil segue o mesmo de antes: é a classe média tradicional quem está indo às ruas. Em peso, naturalmente. Diversas pesquisas foram realizadas a respeito do perfil dos manifestantes. Não é necessário reproduzi-las aqui.
6. Portanto, a grande questão não é saber se os protestos foram maiores ou menores agora. A questão é se ampliaram socialmente. E isso, de fato, não ocorreu;
7. O povo pobre segue assistindo pela TV. O problema para o campo progressista e a esquerda é que não será possível mobiliza-los com a atual orientação de governo.
8. Lembremos da Venezuela. Chávez foi deposto e as favelas desceram em peso exigindo sua volta. Aqui não vai ocorrer isso… Por que o governo não deu motivos. Pelo menos, por enquanto.
9. Se não houver alguma sinalização em direção aos “não mobilizados”, tende a ser mantida a passividade exatamente no seio da base social que apoiou Lula e Dilma na última década. E aí, o que prevalecerá é a mobilização da Avenida Paulista. Mas, claro, nem tudo se resolve com base no humor das ruas e cores das camisas vestidas nas manifestações."
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