August 6, 2009

Público disperso pede mais sexo e menos papo

Por MATT RICHTEL

A atriz conhecida como Savanna Samson costumava se preparar com cuidado para um papel. "Eu não via a hora de receber meu próximo roteiro", ela disse.

Hoje não há mais motivo para olhar para eles, porque seus filmes pedem exclusivamente ação, ela explica. Especificamente, sexo.

A indústria de filmes pornográficos há muito tempo tem apenas um interesse casual por tramas e diálogos. Mas, atualmente, os cineastas se concentram ainda menos nas narrativas. Filmam mais cenas curtas que podem ser facilmente enviadas para sites na web e vendidas em trechos de alguns minutos.

"Na internet, o período de atenção médio é de 3 a 5 minutos", disse Steven Hirsch, copresidente da Vivid Entertainment. "Temos de atender a essa demanda."

A Vivid é um dos mais proeminentes estúdios de pornografia e faz 60 filmes por ano. Três anos atrás, quase a metade deles eram longa-metragens com roteiros. Hoje, mais da metade é uma série de cenas de sexo ligeiramente interligadas por alguma "vinheta" -no jargão da indústria-, que podem ser apresentadas separadamente on-line. Outros grandes estúdios estão adotando mudanças semelhantes.

O interesse da indústria por cenas com diálogos diminuiu muito nas últimas décadas por causa das mudanças tecnológicas. No início da década de 1970, filmes com roteiros vagos como "Garganta Profunda" e "Por Trás da Porta Verde" conquistaram o grande público, e outros tentaram copiar seu sucesso, vendendo filmes com roteiro para os casais assistirem em casa em vídeos -com a tecnologia VCR lançada em 1975.

A queda do preço das câmeras de vídeo portáteis deu origem a uma geração de pornógrafos com pouco interesse pelo drama além de uma trama clichê envolvendo um entregador de pizza, disse Paul Fishbein, presidente da publicação setorial "AVN Media Network".

Segundo Fishbein, a trama entrou novamente em moda no final dos anos 90, com o sucesso do DVD. Os grandes estúdios, segundo ele, imaginaram que as tramas tornariam seus filmes mais atraentes para as mulheres e incentivariam os casais a levá-los para casa -em discos ou em pay per view.

Mas o interesse pelos DVDs caiu acentuadamente, disse Fishbein, porque a internet facilitou assistir a pequenos vídeos, ou snippets.

Em vez de tramas, há temas. Entre os novos lançamentos da New Sensations, estúdio que faz 24 filmes por mês, está "Girls in Glasses", feito de cenas de mulheres que fazem sexo usando óculos.
"É quase como se tivéssemos voltado ao final dos anos 70 ou início dos 80, quando um filme médio durava oito minutos e tinha apenas uma cena de sexo", disse Hirsch, parecendo desanimado.

Savanna Samson disse que gostava de atuar seriamente e se preparava com afinco para seus papéis. "Eu costumava ter diálogos", disse a atriz, cujo nome real é Natalie Oliveros e é uma das maiores estrelas do setor. "Fazer uma cena hardcore depois da outra não é tão divertido", acrescentou.

Folha, 3 de agosto de 2009


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