Fabio Brisolla
O humorista do Casseta & Planeta critica as limitações da Lei Eleitoral, que obriga o programa da Rede Globo a tratar o noticiário político de forma distante, pelas beiradas. E lamenta não poder brincar com assuntos relevantes da forma como gostaria.
Como vocês estão lidando com as restrições contidas na Lei Eleitoral?
HELIO: Estamos diante de um momento fundamental para a vida do país e a cobertura de humor sofre restrições justamente agora. É um problema muito sério para a gente. Somos obrigados a ter tanto cuidado com essas regras que não podemos tirar proveito do assunto. Não podemos brincar com uma notícia na proporção que ela tem para a população.
Qual é a saída para continuar falando de eleição?
HELIO: Procuramos inventar personagens fictícios. Lançamos, por exemplo, o polvo da Copa como candidato à Presidência. Já criamos a Dilmandona, o José Careca e a Magrina Silva, mas tivemos que encostá-los no momento em que os candidatos estão mais em evidência. Isso é uma tentativa de tomar conta da cabeça do eleitor.
O Casseta & Planeta sempre procurou abordar os assuntos do noticiário da semana. Ficou mais difícil?
HELIO: Sem dúvida. Um programa de humor, além de brincar com o fato, realça o fato. Leva as pessoas a questionarem: por que será que os caras estão falando isso? E esse papel, não podemos fazer.
Algum partido chegou a reclamar das imitações dos presidenciáveis apresentadas durante a pré-campanha?
HELIO: Não, porque sempre tomamos cuidado. Quando citamos um candidato, os outros dois apareciam também. Nunca houve intenção de prejudicar um ou outro candidato. Por ser uma emissora com visibilidade, os partidos tendem a achar que a Globo pode influir no resultado. E aí acabam levando muito a sério o que é só um programa de humor.
Na Copa, o acesso de humoristas aos jogadores da Seleção foi negado. Agora, vocês têm a lei eleitoral pela frente...
HELIO: Pois é... Dunga não nos dava bom dia. Agora, nem os candidatos podem nos dar bom dia. Mas vamos driblando e fazendo nossas piadas.
O Globo, 25 de julho de 2010
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2 comments:
Censura artística e "protecionismo de curral eleitoral".
Brasil século XXI: miséria, pobreza, falta de educaçao básica de qualidade, ruralismo, corrupçao etc.
E agora, levanto essa bandeira suja? Grito Brasil?? Nem pensar.
Santnamor2013
Ironizar um candidato pode mesmo confundir o eleitor, que é burro. Ou pelo menos é assim que Lei o vê, já que espera que ele seja capaz de escolher um líder pra nação, mas não para entender o que é piada e o que é realidade.
A comparação com a Seleção foi muito pertinente, assim como o Dunga, aos políticos interessa que possam fazer as coisas como bem entendem sem essa "frescurada" de liberdade de expressão.
O que é piada é esse país. E de péssimo gosto!
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