Na maioria dos casos, os novos atentados chamados "terroristas" pelo governo são cometidos por mulheres e adolescentes palestinos que usam pedras, chaves de fenda ou facas de cozinha. Foi o caso de uma mãe de tres filhos e mestranda de 30 anos abatida a tiros em Afula, na Galiléia, ao atacar um soldado.
Em resposta, judeus se armam e atacam aleatoriamente palestinos ou árabes israelenses pelas ruas. Em Kiryat Ata, perto de Haija, um judeu esfaqueou outro por julgar tratar-se de um árabe. Até a esquerda entrou em pânico: Isaac Herzog, líder trabalhista, foi o primeiro a exigir o bloqueio e toque de recolher nos bairros palestinos, logo posto em vigor.
Benjamim Netanyahu fez o Shin Bet revirar a Cisjordânia em busca de bodes expiatórios, mas essa revolta difere das anteriores, principalmente, por não ter liderança, coordenação ou metas. São atos de violência aleatórios, cometidos por mulheres e homens jovens sem filiação política que não explicam seus motivos. Sao indivíduos fartos e sem esperança, contra os quais tanto o Exército quanto a diplomacia são inúteis. De pouco adianta, também, endurecer as penas contra quem se dispõe a jogar a vida fora para expressar sua indignação.
Se não é uma repetição de 1987 e 2000, pode ser mais grave e difícil de enfrentar. Para Aser Schecter, do jornal israelense Haaretz, "não é uma intifada, é a cara do Israel binacional". Se o país se recusar a abrir mão dos territórios ocupados para uma Palestina soberana onde árabes sejam cidadãos livres, é esse o futuro à sua espera.
CARTA CAPITAL - A SEMANA
edição de 18 de outubro de 2015
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