April 28, 2025

Documentos revelam ação dos EUA nos bastidores do Vaticano contra esquerda



    JAMIL CHADE


Quando o conclave começar, em 7 de maio, os mais de cem cardeais que irão escolher um novo papa seguirão um rito. A cerimônia começa com uma procissão da Capela Paulina até a Capela Sistina, uma caminhada de cerca de 50 metros.

Ao entrarem no local onde Michelangelo pintou o Juízo Final, os cardeais cantarão o hino Veni Creator Spiritus (Venha o Espírito Santo), num apelo para que sejam instruídos sobre como votar. Ao final do canto, será declarado "extra omnes", ou seja, "todos fora", e as portas serão fechadas.

Mas documentos, telegramas e minutas do arquivo diplomático dos EUA e da CIA revelam como o momento de definição dos rumos da Igreja é considerado como estratégico pela Casa Branca. Ao longo de décadas, Washington e seus serviços secretos estabeleceram parcerias fundamentais no auge da Guerra Fria com a Santa Sé.

Uma ofensiva americana começou a ganhar força em 28 de outubro de 1958, quando o cardeal Angelo Giuseppi Roncalli foi eleito papa e assumiu o Vaticano com o nome de João 23.

Três dias depois do conclave, num documento do Escritório para Assuntos Europeus do Departamento de Estado, ficava evidenciado a estratégia americana. Estabelecer uma relação com o Vaticano, dizia o informe, permitiria que "fontes valiosas de informação seriam disponibilizadas para nós, bem como a oportunidade de utilizar, por meio de persuasão, o considerável recurso político e a influência do Vaticano em apoio aos objetivos da política externa americana".

Meses depois, em 6 de dezembro de 1959, o presidente Dwight Eisenhower seria recebido por João 23, num esforço para aproximar posições. O americano, de acordo com as minutas do encontro, destacou como o papa seria uma das "grandes forças espirituais" e que o mundo não poderia ser definido apenas pelo materialismo.

Os anos seguintes marcaram a transformação dessa aproximação em ações conjuntas. Num encontro em 11 de maio de 1960 com a cúpula da diplomacia americana, cardeais enviados pelo Vaticano passaram a falar abertamente sobre como lidar com a "ameaça comunista".

No encontro, os representantes da Santa Sé indicaram que suas opiniões eram de que "a força moral e teórica do comunismo havia diminuído no mundo". "No entanto, a força materialista da União Soviética, por meio das Forças Armadas Vermelhas, ainda era um elemento importante para influenciar a opinião mundial", alertavam.

Nos últimos meses do pontificado de Paulo 6º, em janeiro de 1978, o cardeal Agostino Casaroli faria uma visita ao governo de Jimmy Carter. Na agenda: como conter o marxismo na Europa.

"O Vaticano se opôs à fórmula de compromisso histórico para a Itália e ficou apreensivo com a possibilidade de uma vitória marxista na França, o que traria comunistas para o processo de governo dos dois países", indicou a diplomacia americana.

De acordo com a Casa Branca, o diplomata da Santa Sé via "a salvação da Itália e da Europa do marxismo por meio do processo de integração europeia e, portanto, tem sido um firme defensor da unidade europeia". "Nesse contexto, o Vaticano saudou o recente e forte endosso do presidente Carter à integração europeia", completou. Casaroli tinha sido o principal formulador da política externa do Vaticano para os regimes comunistas e sua relação com o governo americano era considerada como estratégica.
Guerrilha em El Salvador e apelo à Igreja contra as esquerdas

A coordenação ia muito além da realidade europeia. Num documento enviado pelo representante de Segurança Nacional, Brzezinski, ao presidente Jimmy Carter em 29 de janeiro de 1980, a sugestão era para que a Casa Branca convencesse o Vaticano a atuar numa solução política para impedir a tomada do país por comunistas.

"A CIA redigiu um relatório que descreve o crescimento extraordinariamente rápido dos grupos guerrilheiros e de suas organizações populares de fachada em El Salvador no ano passado", alertou. "Os insurgentes radicais cresceram de 200 em 1977 para mais de 2.000 atualmente. Por meio de sequestros em 1979, esses grupos podem ter acumulado US$ 40 milhões para armas e operações", disse.

"Com a influência pessoal de Fidel Castro, os dois principais grupos guerrilheiros, suas organizações de fachada e o Partido Comunista Salvadorenho se fundiram este mês, dando-lhes mais força", apontou.

A CIA concluiu que "se o apoio externo aos insurgentes for a metade do que foi na Nicarágua, os extremistas em El Salvador têm uma chance melhor do que a média de tomar e manter o poder após a anarquia e a violência que semearão".

Diante da situação, a Casa Branca delineou um plano. Nele, ficava estabelecido que o Departamento de Estado prepararia um relatório "sugerindo maneiras de dividir os grupos extremistas e persuadir os grupos de esquerda moderada a dar seu apoio à junta".

Uma segunda parte da estratégia seria "incentivar as autoridades do Vaticano a tentar influenciar o arcebispo Oscar Romero, de El Salvador, a apoiar mudanças moderadas por meio da nova junta".

Mas o até então moderado arcebispo começou a levantar sua voz, denunciando o governo de direita, inclusive o governo dos Estados Unidos, que fornecia armas. Em suas homilias, dom Romero apresentava listas semanais de pessoas desaparecidas, torturadas ou assassinadas, que contavam com mais ouvintes do que em qualquer outro programa de rádio do país.

Dois meses depois do informe da CIA, no dia 24 de março de 1980, Romero seria assassinado ao terminar uma homilia.


Tentativa de assassinato do papa: foco na KGB

Um momento crítico na relação entre a Casa Branca e o Vaticano se deu quando João Paulo 2º sofreu uma tentativa de assassinato. O papa polonês havia se transformado num dos maiores críticos do comunismo.


Em 13 de maio de 1981, o turco Ali Agca deu dois tiros no pontífice - um dos quais atingiu seu abdômen - enquanto ele cruzava a praça de São Pedro em carro aberto. Uma das teses era de que ele agia em nome do serviço secreto búlgaro, apoiado por Moscou.

Num informe da CIA de dezembro de 1984, os espiões americanos apontavam para o gesto dos soviéticos em tentar frear a pressão contra seus aliados búlgaros.

"Moscou participou ativamente da assistência a Sofia", disse. "Em dezembro de 1982, o encarregado soviético em Roma ameaçou oficialmente congelar os contatos bilaterais de alto nível se a campanha italiana continuasse. Ao mesmo tempo, o encarregado soviético em Washington emitiu um protesto excepcionalmente duro, alegando que as alegações faziam parte de uma campanha caluniosa dos EUA contra a Bulgária e a URSS", destacou.

"De acordo com a Embaixada dos EUA em Paris, Moscou aparentemente também contou com o apoio do Partido Comunista Francês para compensar a publicidade internacional negativa. Em ataques separados, mas coordenados, no final de 1982, o Partido Comunista Francês e a Embaixada Soviética em Paris criticaram duramente a mídia francesa por "caluniar" a URSS e seus aliados", destacou

Segundo o informe da CIA, a "KGB aparentemente também usou medidas ativas para ajudar seu aliado". "Por exemplo, em meados de 1983, uma revista italiana de esquerda publicou dois telegramas forjados da Embaixada dos EUA — semelhantes em padrão a outras falsificações da KGB". Neles, seria revelada uma suposta "operação" dos EUA para implicar os búlgaros no ataque contra o papa.

Num julgamento, em 1986, os promotores tentaram provar, sem sucesso, que Agca teria sido contratado pelo serviço secreto búlgaro a mando da União Soviética. O julgamento da chamada "conexão búlgara" acabou com a absolvição de três turcos e três búlgaros acusados de conspirar com Agca.

Gorbachev e o papa

A aliança entre o Vaticano e o governo americano contra o comunismo foi mantida até os últimos dias da URSS. Uma minuta de um encontro confidencial realizado em 21 de maio de 1987 em Washington revela que Reagan queria falar com João Paulo 2º sobre seus encontros com Mikhail Gorbachev.

"O presidente vai querer compartilhar (com o papa) suas impressões sobre Gorbachev e sobre o rumo que podemos tomar nas relações Leste-Oeste", disse o secretário de Estado, George Shultz. "O papa irá para a Polônia logo após a reunião com o presidente e certamente desejará discutir essa viagem", explicou o chefe da diplomacia americana num encontro com o secretário de Defesa Caspar Weinberger, o procurador-geral Edwin Meese, e o diretor da CIA, Robert Gates.


Preservar a aliança

Não por acaso, no dia 15 de abril de 2005, a embaixada dos EUA no Vaticano se apressou em avisar Washington que, diante da morte do aliado João Paulo 2º, o novo conclave abriria uma nova era no Vaticano. A recomendação, porém, foi explícita sobre a necessidade de que o então governo de George W. Bush iniciasse uma operação política de aproximação com o novo pontífice.

"Independentemente de quem for eleito papa nos próximos dias, os EUA e a Santa Sé continuarão a compartilhar interesses comuns em promover a dignidade humana, a liberdade, a democracia e o desenvolvimento sustentável, acabar com as divisões religiosas e culturais e defender os desfavorecidos e oprimidos", disse a diplomacia americana. "O novo papa inevitavelmente trará um novo estilo e temperamento ao papado, e trará um conjunto diferente de experiências históricas e culturais que moldarão sua visão de mundo e atitude em relação aos EUA", afirmou.
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"Devemos nos aproximar logo no início do novo pontificado com uma visita de alto nível que possa começar a moldar uma agenda comum sobre as questões em que compartilhamos objetivos semelhantes, particularmente na promoção da democracia e da liberdade religiosa, superando o terror, avançando o processo de paz no Oriente Médio, estabilizando o Iraque e enfrentando desafios humanitários e de desenvolvimento", completou.

UOL

April 26, 2025

CRISTINA BUARQUE - Sou Eu Que Dou As Ordens




Sou eu que dou as ordens pra escola de samba sair Sou eu que abre a roda pra moçada se divertir Lá no morro quando é noite de luar O samba é no terreiro até o sol raiar

The Emperor Has No Spacesuit: Elon Musk and the Fall of a Techno-Tyrant

 


From baby cults to labor surveillance, disinformation, and delusions of grandeur, Musk’s descent reveals a man better at mimicry than mastery.
 
MARY GEDDRY 
 
It used to be said that when Elon Musk tweeted, markets moved. Now, when he tweets, assuming he does, it’s to repost conspiracy dreck from QAnon influencers, amplify far-right memes, or mutter something half-formed about birthrates or efficiency. His once-symphonic stream of chaos has slowed to a limp trickle, his social feed littered with bargain-bin propaganda, fan edits of himself looking "epic," and repeated reposts of people calling him a genius. And when he does appear in public, he looks… wrong. Off. Like a man pretending to be the myth he created.
 
There was the now-infamous video of Trump guiding Musk through a phone call like a camp counselor helping a dazed camper dial home. There was the cutlery balancing act at a $1 million dinner where Musk looked one flick away from losing it entirely. And in what might be the most poetic metaphor of all, he recently posted about his child being named “Romulus,” like some delusional Caesar preparing for the empire he believes he’s birthing.
 
Something is unraveling. And it's not just the tweets or the silence between them.
It’s the illusion.
 
Musk has spent years branding himself as the heir to Tesla, Edison, Einstein. A polymath. A disruptor. The man who sees what others can't. But strip away the performative chaos, and you're left with something simpler, sadder, and far more dangerous: a man whose intellect never quite matched his ambition. A clever simpleton with a limitless budget and a fear of being irrelevant.
 
He’s never published a single peer-reviewed scientific paper. He has never once submitted himself to the scrutiny of the intellectual giants he so desperately quotes. He doesn’t converse with theoretical physicists, economists, or ethicists. He doesn’t stand shoulder to shoulder with people like Neil deGrasse Tyson or Noam Chomsky. Because he can’t. He avoids real thinkers for the same reason con men avoid accountants. He knows they’d see straight through him.
 
Instead, he surrounds himself with influencers, sycophants, and meme accounts with usernames like @basedbillionaire420. His most frequent dialogue partners are glorified podcasters and ideology hucksters who mistake YouTube virality for epistemology. The closest Musk comes to rigorous debate is retweeting his own fans. He clings to buzzwords like AI, neural linkages, and colonization, not to explore them, but to weaponize them. He’s built a mythos out of citations without substance, soundbites without systems. Elon doesn’t think. He performs thinking for people who don’t know what it looks like.
 
The myth has worked for a time. It helped him seduce investors, dazzle politicians, and surround himself with a cult of followers who think “being a genius” is just a matter of posting faster than the fact-checkers can keep up. But now, the genius mask is slipping. Because a real genius would not be caught frantically spinning plates while the empire starts to collapse.
 
A real genius wouldn’t build a breeding program before fixing basic quality control at Tesla. A real genius wouldn’t need NDAs to keep the mothers of his “legion” children from speaking out. And a real genius, this is important, wouldn’t run from oversight.
 
Because Musk isn’t just avoiding dialogue with scientists. He’s avoiding Congress too. Despite repeated public claims about exposing billions in government fraud and waste via DOGE (his Department of Government Efficiency), he has not once testified under oath. Not a single verifiable document has been produced to back his claims. There’s no audit trail, no savings ledger, no fraud trail, just slogans and accusations and influencers like Libs of TikTok cheerleading his every move.
 
He accuses others of fraud, but when it’s his turn to present the receipts, he flees. Because, like every grifter before him, Elon Musk can only function in a world of suspended disbelief. The moment he's forced to prove something to defend it in the presence of real thinkers, real lawyers, real legislators the show collapses.
 
And it’s starting to. What’s become painfully, grotesquely clear, is that Musk doesn’t want to fix humanity. He wants to replace it. Preferably with his own DNA.
 
Thanks to an astonishing Wall Street Journal exposé, we now know that Musk has fathered at least 14 children with four women (likely more), and that many of those children exist under a tightly controlled web of nondisclosure agreements, hush-money arrangements, and financial pressure campaigns orchestrated by his Mormon consigliere and money-handler, Jared Birchall. Musk refers to these children as his “legion,” a term he lifted from Roman military history because apparently even his reproductive delusions have a branding strategy.
 
He reportedly texted one mother, Ashley St. Clair, a 26-year-old far-right influencer, that they’d need to “use surrogates” to reach legion-level before the apocalypse. Yes, that is an actual sentence from a man who oversees federal efficiency policy. He also offered her $15 million in hush money and $100,000 a month in exchange for secrecy, until she declined and went public. Then he slashed her support in half, and then in half again. Because nothing says “visionary genius” like using your children as bargaining chips in a PR containment strategy.
 
What’s more disturbing is that this isn’t an isolated incident. Musk has reportedly propositioned multiple women on his platform X, some of whom he had never met, inviting them to carry his offspring like it’s a patriotic duty. It’s pronatalism turned personal, eugenics with a X handle. He doesn't just want more babies, he wants more Musk babies. More obedient, brilliant, legacy-carrying vessels for his ego. And when the women refuse? They’re silenced, unfollowed, discredited, or quietly disappeared from his feed, along with their X revenue.
 
This isn’t quirky behavior. It’s a pattern of reproductive coercion backed by wealth, legal firepower, and platform control. It's not romantic it's imperial. He’s not building a family, he’s seeding a colony.
All of this, we’re told, is in service of a greater mission: to make humanity a “multi-planetary species.” But who gets to board the rocket? People with the right bloodline? People who signed the NDA? It's not just about escaping Earth anymore. It's about curating the next iteration of humankind, one baby bonus at a time.
 
Meanwhile, here on Earth, the agency Musk actually does run, the Department of Government Efficiency, is allegedly doing something far more terrestrial: breaking into federal labor data.
According to a whistleblower named Daniel Berulis, DOGE may have improperly accessed sensitive files from the National Labor Relations Board, which just so happens to be investigating Musk’s own companies for unfair labor practices. This isn’t a subplot, it’s the real story. Berulis claims that DOGE tampered with audit logs, disabled security protocols, and accessed over 10GB of confidential information, including union strategies and affidavits. Soon after, attempted logins were traced to a Russian IP. And because no Musk scandal would be complete without the flavor of international espionage, there it is like a little dash of kompromat sprinkled on top of the labor abuse sundae.
The man who says he’s saving the human race is under scrutiny for stalking unions, buying silence from mothers, dodging oversight, and deploying federal power for personal gain.
 
We are describing a dictatorship and it doesn’t stop at data breaches. Musk is also waging a one-man propaganda war from his platform, reposting lies with the same casual authority he uses to launch rockets. Just days ago, he amplified a baseless post from the QAnon-adjacent account “KanekoaTheGreat,” accusing Kilmar Abrego García, a legal resident deported in defiance of a court order, of being an MS-13 gang member and domestic abuser. No court ruling. No due process just trial by meme.
 
The smear was intended to justify the Trump administration’s illegal deportation of García, who remains imprisoned in El Salvador despite multiple federal orders to bring him home. Musk, facing his own firestorm of personal scandal, reached for the MAGA panic button: demonize an immigrant, distract from the headlines, and rally the base with a lie. It’s not just cruel, it’s strategic cruelty, the kind that bullies use when they know they’re bleeding and need to make someone else bleed louder.
 
So while his baby mothers file court motions and the NLRB locks down its servers, Musk is busy tweeting that he’s “#2 after Trump for assassination” and that “only the paranoid survive.”
It’s not just that Elon Musk is spiraling, it’s that he’s spiraling alone.
 
The White House reportedly wants nothing to do with him. Chief of Staff Susie Wiles blocked his request for a permanent West Wing office. Administration insiders describe him as toxic, erratic, exhausting. Even Trump, who once boasted that Musk was his “genius in residence,” is reportedly ready to cut him loose. And why wouldn’t he be? Musk’s presence now brings more baggage than brilliance, more lawsuits than loyalty. He’s less an asset and more a liability with a launchpad.
 
Grimes, the avant-pop oracle of Musk’s former mythos, now says her custody battle with him left her bankrupt. One of Musk’s own children, Vivian, has disowned him entirely. His fixer, Birchall, spends his days corralling lawyers and re-negotiating NDA terms. And the women he used, discarded, and tried to silence are no longer staying quiet.
 
Even his empire’s foundation, the illusion of genius, is cracking. Tesla sales are plummeting. FSD remains a safety hazard masquerading as software. X is a hate-mongering money pit. Neuralink is terrifying precisely because of who’s running it. And the only thing holding it all together is the hope that the myth still dazzles someone, somewhere, long enough to keep the stock price afloat.
 
The myth is dying. A real genius doesn’t fear Congress. A real genius doesn’t suppress women, stalk unions, and smear immigrants when cornered. A real genius doesn’t flee from scientists. Hell, he even cheats at video games. A real genius stands for something beyond himself, but Musk does not.
 
He isn’t a futurist, he is a narcissist with a rocket. He is not solving existential threats, he is one. He doesn’t want to save humanity. He wants to own its legacy and rewrite its origin story in his image.
And this is the great fraud of Elon Musk. He promised us Mars but gave us a martyr complex. He promised innovation but delivered intimidation. He promised genius, but all we got was a man terrified of being irrelevant, surrounded not by visionaries, but by influencers with merch stores and MAGA hats.
 
So when history writes this chapter, it may not remember Musk as the next Einstein or Tesla. It may not even remember him as the next Trump. It’ll remember him as a cautionary tale, of how easily a society can mistake noise for knowledge, flash for substance, and buzzwords for brilliance. The emperor has no spacesuit.
 
follow me at marygeddry.substack.com and @magixarc.bsky.social

April 17, 2025

Departamento de Musk não chega perto de meta de economia e infla resultados

 

Um homem sentado em uma cadeira, com as mãos unidas em frente ao rosto. Ele usa um boné vermelho com a frase 'TRUMP WAS RIGHT ABOUT EVERYTHING'. O fundo é uma parede clara com uma lareira ao fundo.
 

Na semana passada, Elon Musk indicou pela primeira vez que seu Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) estava aquém de sua meta.

Ele havia dito anteriormente que sua poderosa equipe de corte de orçamento poderia reduzir a verba federal do próximo ano fiscal em US$ 1 trilhão, e fazê-lo até 30 de setembro, o fim do ano fiscal atual. Em vez disso, em uma reunião de gabinete na quinta-feira (10), Musk disse que esperava que o grupo conseguiria economizar cerca de US$ 150 bilhões, 85% a menos do que seu objetivo.

Mesmo esse valor pode ser alto demais, de acordo com uma análise do jornal The New York Times sobre as afirmações do Doge.

Isso porque, quando o grupo de Musk contabiliza a economia que conseguiu fazer até agora, ele infla seu progresso ao incluir erros de bilhões de dólares, conta gastos que não estão previstos para o próximo ano fiscal, e faz suposições sobre gastos que podem não ocorrer.

Uma das maiores afirmações do grupo envolve o cancelamento de um contrato que não existia. Embora o governo diga que apenas havia solicitado propostas nesse caso e não havia decidido sobre um fornecedor ou um preço, o grupo de Musk ignorou essa incerteza e atribuiu a si mesmo um grande e muito específico valor de crédito por cancelá-lo.

Disse que havia economizado exatamente US$ 318.310.328,30.

O Doge agora desencadeou demissões em massa em todo o governo e cortes drásticos na ajuda humanitária ao redor do mundo. Musk justificou essas interrupções com duas promessas: que o grupo seria transparente e que alcançaria cortes orçamentários que outros consideravam impossíveis.

 

 

April 15, 2025

Trump ameaça cortar repasses a museus por exibição de cultura afro-americana

 

Donald Trump e parte da exposição African Voices no Museu Smithsonian (Reprodução/Smithsonian)

"Teyssandier, que também é professor na Universidade Toulose-Jean Jaurés, também cita a complexidade da história no continente americano e diz que, “para Trump e seus seguidores, que representam a primazia da ‘América branca’, essa ideia [de múltiplos povoamentos] é insuportável“.

“Eles não se importam com a história e querem apenas uma coisa: construir um relato nacional que lhes garanta uma posição dominante. A diversidade cultural é, portanto, apagada, eliminada e muitas vezes vista como um ataque à sua supremacia“, disse."

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Trump ameaça cortar repasses a museus por exibição de cultura afro-americana

Ao lado de Trump na Casa Branca, Bukele diz que não devolverá migrante deportado erroneamente aos EUA

 O presidente dos EUA, Donald Trump, cumprimenta o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, ao chegar à Casa Branca, em Washington, DC, em 14 de abril de 2025

 O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reuniu nesta segunda-feira com o chefe de Estado salvadorenho, Nayib Bukele, na Casa Branca, em um encontro em que aproveitou para marcar a posição de desafio de seu governo às decisões judiciais que buscam pôr freios à sua política de deportações sumárias em massa de imigrantes em situação ilegal sem o devido processo legal. A Casa Branca vem intensificando o uso de uma prisão de segurança máxima em El Salvador para deter imigrantes expulsos do território americano, e o caso recente da deportação ilegal do salvadorenho Kilmar Abrego Garcia, de 29 anos, tornou-se emblemático da postura provocadora de Trump diante das cortes.

Para receber Bukele no Salão Oval, em sinal da importância do presidente centro-americano para sua agenda tanto de desafio aos tribunais como de sua política anti-imigração, pedra angular de seu governo, o presidente convocou nomes de peso do primeiro escalão, como o vice JD Vance; o secretário de Estado, Marco Rubio; o assessor de Segurança Nacional, Mike Waltz; as secretárias de Justiça, Pam Bondi, e de Segurança Interna, Kristi Noem. Vários deles reforçaram a mensagem principal do dia, que coube a Bukele entregar: Abrego Garcia não será devolvido aos EUA, apesar da determinação da Suprema Corte para que o governo tome medidas para “facilitar” seu retorno após funcionários federais admitirem que sua deportação foi um “erro administrativo”.

— É claro que não vou fazer isso — disse Bukele ao responder a uma pergunta de jornalistas sobre se devolveria o salvadorenho aos EUA, argumentando que isso equivaleria a enviar um terrorista para o território americano. — Eu iria contrabandeá-lo para os Estados Unidos? Eu não tenho o poder de devolvê-lo aos EUA

O governo tem resistido a reverter o caso, apesar de ter admitido que a deportação de Garcia foi um “erro administrativo”. Em 2019, um juiz de imigração proibiu os EUA de deportar o salvadorenho, considerando que ele poderia enfrentar violência ou tortura se fosse enviado de volta a El Salvador. Ainda assim, ele foi deportado em março junto com mais de 230 imigrantes que, segundo o governo, pertenciam a gangues violentas como a MS-13, designada por Trump como organização terrorista estrangeira.

Embora alguns deles tivessem condenações criminais, documentos judiciais mostram que as provas usadas pelo governo para rotular os imigrantes como membros de organizações criminosas muitas vezes se limitavam a verificar que eles tinham tatuagens ou vestiam roupas associadas a gangues. Ainda assim, a Suprema Corte americana votou por 5 a 4 na semana passada para permitir a continuidade das deportações, derrubando uma ordem de instância inferior que as havia interrompido.

Em outra decisão relacionada, a Suprema Corte, de maioria superconservadora, emitiu uma decisão ambígua mantendo parcialmente o veredicto de um tribunal federal que determinava que o governo "facilitasse e efetuasse" o retorno imediato de Abrego Garcia. Embora apoiasse a determinação do tribunal inferior, indicou que ele explicasse melhor o escopo de "efetuar", uma vez que poderia estar invadindo a prerrogativa do Executivo "na condução da política externa".

Aproveitando a brecha aberta, o Departamento de Justiça argumentou em um documento jurídico apresentado no domingo que o Judiciário não tem autoridade para ditar quais medidas a Casa Branca deve tomar para trazer o salvadorenho de volta, alegando que apenas o presidente tem poder para conduzir a política externa dos Estados Unidos.

Mais cedo, o vice-chefe de gabinete da Casa Branca, Stephen Miller, disse que ainda havia milhares de membros de gangues nos EUA e que uma parte deles seria enviada a El Salvador, destacando que “não há um limite máximo para o acordo” com o país. Mesmo após repetidas perguntas de repórteres, Miller não quis dizer se o governo pediria a Bukele para enviar Abrego Garcia de volta aos Estados Unidos.

— Ele é salvadorenho. Ele é um imigrante ilegal. Foi deportado para El Salvador. Eu gostaria que alguém aqui me dissesse para qual país acham que deveríamos enviar imigrantes ilegais salvadorenhos — disse.

Ao lado de Trump no Salão Oval, Bukele começou o encontro dizendo que sabia que os EUA enfrentavam “um problema de criminalidade e um problema de terrorismo”. O salvadorenho elogiou a abordagem do republicano em relação à imigração e à fronteira, o que já era esperado, mas também se uniu a Trump para criticar políticos que apoiam a participação de atletas transgêneros em esportes femininos. Ele ainda fez uma piada dizendo que sua equipe não conta com funcionários contratados por políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI).

Era esperado que, com a visita, Trump buscasse alinhar-se à postura severa de Bukele contra o crime – algo que impulsionou a popularidade do líder salvadorenho mesmo diante de críticas de organizações de direitos humanos. Enquanto os dois líderes se reuniam, dezenas de manifestantes protestavam em frente à Casa Branca contra as deportações do governo americano para El Salvador.

A parada de Bukele em Washington também ajuda a desviar a atenção das políticas comerciais de Trump, que causaram forte volatilidade nos mercados. E faz parte de uma iniciativa dos EUA para atuar de forma mais ativa na América Latina, com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, viajando à Argentina nesta segunda-feira – e o secretário de Defesa, Pete Hegseth, falando em recuperar a influência na região, definida por ele como “quintal” dos Estados Unidos.

Ascensão internacional

Em apenas uma década, El Salvador passou da capital mundial dos assassinatos para se tornar uma nação onde o encarceramento em massa e o policiamento linha-dura trouxeram paz às ruas. A transformação foi tão significativa que agora os EUA consideram o país mais seguro que a França ou o Reino Unido. Apesar de relatos sobre a brutalidade contra detidos e a falta do devido processo legal, Bukele conseguiu exportar seu modelo de segurança para líderes latino-americanos com ideias semelhantes – e conquistar Trump como parceiro e admirador.

— El Salvador se tornou um símbolo das políticas mais draconianas possíveis — disse Michael Paarlberg, professor de ciência política da Universidade de Virginia, que estuda El Salvador. — Simplesmente tê-los lado a lado, tirando fotos, será politicamente valioso para ambos.

Em Bukele, que já se autodenominou o “ditador mais legal do mundo”, Trump encontrou um parceiro disposto em seu plano de deportações em massa. El Salvador tem a maior taxa de encarceramento per capita do mundo, mais que o triplo dos EUA. A população carcerária disparou e a taxa de homicídios despencou depois que o líder salvadorenho implementou o estado de emergência no país para prender dezenas de milhares de supostos membros de gangues. Essa continua sendo sua principal realização desde que assumiu a Presidência, em 2019.

A ascensão de Bukele já vinha se desenhando há anos, impulsionada por seu talento para relações públicas, que lhe rendeu fama internacional – primeiro pela adoção do Bitcoin, depois por sua abordagem contra o crime e por desafiar os limites constitucionais de seu poder. Ele chegou a enviar o Exército para ocupar o Congresso de El Salvador, enquanto parlamentares de seu partido ajudaram a destituir o procurador-geral e juízes da Suprema Corte – algo que ressoa com Trump, que chegou a pedir o impeachment de um juiz que se opôs às suas deportações.

— Ele (Bukele) está resolvendo muitos problemas que nós, sinceramente, não conseguiríamos resolver do ponto de vista financeiro. Ele tem sido incrível — disse Trump a repórteres no domingo, acrescentando que não vê violações de direitos humanos nas prisões salvadorenhas.

Parceria Bukele-Trump

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, visitou El Salvador em fevereiro, como parte de sua primeira viagem ao exterior desde que assumiu o cargo. Na ocasião, ele elogiou a “amizade extraordinária” do salvadorenho ao se oferecer para encarcerar pessoas consideradas perigosas pelos Estados Unidos, afirmando que “ninguém jamais fez uma oferta assim”. Rubio ressaltou o ineditismo de “terceirizar, a uma fração do custo, alguns dos criminosos mais violentos dos EUA”.

El Salvador agora é parte central da agenda migratória da administração Trump, que, após enviar centenas de migrantes para o país em março, deportou outras dez pessoas último fim de semana. No mês passado, a secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem, visitou a prisão salvadorenha e usou os detentos enjaulados como cenário para um vídeo publicado nas redes sociais em que alertava aos migrantes: “Saibam que esta instalação é uma das ferramentas do nosso arsenal que usaremos se vocês cometerem crimes contra o povo americano”.

Um grupo de democratas do Congresso, incluindo Jim McGovern, de Massachusetts, enviou uma carta a Rubio na última sexta-feira pedindo mais informações sobre o acordo que ele negociou com Bukele em fevereiro, expressando preocupação de que os EUA possam estar envolvidos em “graves violações de direitos humanos”.

— Direitos humanos, normas democráticas e o Estado de Direito praticamente desapareceram em El Salvador — disse Amanda Strayer, assessora sênior para responsabilização do Human Rights First. — Os Estados Unidos deveriam responsabilizar o governo de Bukele por essas graves violações, mas, em vez disso, a administração Trump está se aproximando e copiando o manual autoritário de Bukele, prendendo pessoas sem provas, negando-lhes qualquer devido processo legal e fazendo-as desaparecer indefinidamente em prisões salvadorenhas.

Estima-se que haja cerca de 750 mil salvadorenhos indocumentados nos EUA — a maior população de imigrantes não autorizados depois dos mexicanos, segundo um estudo publicado no ano passado pelo Pew Research Center. (Com Bloomberg e New York Times)

 
O GLOBO

 

April 6, 2025

BATOM NA CUECA

  ROMANTIZAR OS ATOS DA CABELEIREIRA
DÉBORA DOS SANTOS E DA TURBA DO DE
JANEIRO SÓ SERVE À CÚPULA GOLPISTA

p o r MAUR ÍCIO THUSWOHL

A cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos tornou-se a musa de uma fábula.
Segundo a versão digna das“Mil e Uma Noites”,
essa mãe de família pacata e trabalhadora
foi compelida, em um momento
de transe, a um ato juvenil sem maiores
consequências: passar um batom na estátua
da Deusa Têmis que guarda a entrada
do Supremo Tribunal Federal. É como se
forças ocultas, mágicas, naquele tumultuado
domingo, 8 de janeiro de 2023, tivessem
conduzido o corpo da cabeleireira,
como no baile da Cinderela, entre pedras,
paus, gás lacrimogêneo e telefones celulares
até os pés do monumento. Lá, diante
da deusa, “Débora do Batom”, saudosa das
brincadeiras de infância, teria enxergado
em Têmis uma amiga da escola e feito uma
traquinagem. “Perreu (sic), mané”, borrou
em vermelho carmim. Um dos milhares
de invasores das sedes dos Três Poderes,
Débora dos Santos começou a ser julgada
pela Primeira Turma do STF. E a carruagem
da golpista virou abóbora. Até o momento,
dois ministros, Alexandre de Moraes
e Flávio Dino, votaram por uma condenação
de 14 anos de prisão.


Nas últimas semanas, o julgamento da
serelepe cabeleireira tem, no entanto, servido
de cortina de fumaça para os interessados
– e não são poucos – em minimizar a
gravidade da tentativa de golpe chefiada,
conforme a denúncia da Procuradoria-Geral
da República recebida por unanimidade
pelos juízes da Corte Suprema, por Jair
Bolsonaro. O ex-presidente aproveitou a
deixa. “Não sei o porquê de eu estar inelegível.
É uma injustiça, igual fazem com a
Débora por um batom”, afirmou no dia em
que se tornou réu. Não foi o primeiro e aparentemente
não será o último. Os bolsonaristas
usam o caso para disseminar nas redes
sociais mentiras sobre os processos em
curso. Garantistas de ocasião choram pelo
fim dos direitos individuais. O magistrado
Luiz Fux escorou-se na história para
se apresentar como a Nêmesis do colega
Moraes, lustrar a imagem de juiz rigoroso
no passado recente e demonstrar simpatia
pelas teses da defesa dos acusados.
E aquela porção da mídia que saliva diante
de qualquer quartelada exercita diariamente
uma indignação seletiva contra os
supostos abusos do Poder Judiciário.


Pelo seu physique du rôle, Débora dos
Santos deve ser uma mulher de fé, mas de
santa não tem nada. A cabeleireira, militante
do grupo “Patriotas de Campinas”,
largou os filhos, alvos de suas recentes
preocupações, em Paulínia, São Paulo, e
viajou 900 quilômetros até Brasília para
participar da “festa da Selma”. Sua desenvoltura
ao romper o bloqueio policial e
depredar a Praça dos Três Poderes, fartamente
documentada em imagens, levou o
Ministério Público a enquadrá-la em cinco
crimes: tentativa de abolição violenta
do Estado de Direito, golpe de Estado, dano
qualificado por violência e grave ameaça,
deterioração de patrimônio tombado e
associação criminosa armada. Para a Procuradoria-
Geral da República, não restam
dúvidas de que “Débora do Batom” sabia
exatamente o que fazia e as consequências
dos seus atos. “A denunciada permaneceu
unida subjetivamente aos integrantes do
grupo e participou da ação criminosa que
invadiu as sedes do Congresso e do STF e
quebrou vidros, cadeiras, painéis, mesas,
móveis históricos e outros bens”. A comoção
em torno do “drama” da pobre coitada
inspirou o presidente da Corte, Luís Roberto
Barroso, a repisar o nosso caráter
izoneiro. “No Brasil”, afirmou o magistrado,
“há a tendência de se passar muito rapidamente
da indignação à pena”.


Embora, em um movimento
estratégico para esvaziar o
alarido bolsonarista, o STF
tenha transferido a moça do
batom para a prisão domiciliar
enquanto o julgamento não termina,
nada indica prosperar na Corte uma disposição
para romantizar a sequência de
episódios que compõem a tramoia do golpe,
essa sim uma novela ao estilo mexicano.


“É um absurdo as pessoas quererem
comparar aquela conduta a algo sem gravidade.
Uma ré que estava há muito tempo
dentro dos quartéis pedindo intervenção
militar, que invadiu, junto com toda a turba,
e, além disso, praticou esse dano qualificado
que não foi uma simples pichação”,
explicou Moraes. O ministro afirmou querer
“desfazer a narrativa totalmente inverídica”
de que o Supremo está “condenando
velhinhas com a Bíblia na mão” que
apenas passeavam pelo STF, o Palácio do
Planalto e o Congresso. “Nada mais mentiroso
do que isso. Esse viés de positividade
faz com que nós, aos poucos, relativize

mos isso e esqueçamos que não houve um
domingo no parque. Absolutamente ninguém
lá estava passeando.”


Segundo o STF, 497 vândalos foram
condenados por participação nos atos de
8 de janeiro de 2023 .


Uma análise da distribuição das sentenças
desmonta a tese da mão pesada do tribunal.
Quase a metade das condenações
(240) foi de um ano de prisão convertido
em pena alternativa. Para a outra metade,
as penas variam de 11 anos e meio a 17
anos e meio. Do total de 1.586 denunciados,
oito foram absolvidos e 542 firmaram
acordos de não persecução Penal. Também
foram efetuadas 144 prisões (84 definitivas,
55 provisórias e cinco domiciliares)
e 61 pedidos de extradição. Quem
tem acima de 60 anos forma uma minoria.
Além de Débora dos Santos,
outros denunciados pelos
atos golpistas ganharam
certa notoriedade.


Acusado pelos mesmos
cinco crimes da cabeleireira, Leonardo
Rodrigues de Jesus, vulgo Léo Índio, é
um deles. Atocaiado na Argentina, Índio
é sobrinho de Rogéria Nantes, ex-mulher
de Bolsonaro, e primo em primeiro grau
do senador Flávio, do vereador Carlos e do
deputado federal licenciado Eduardo, auto-
exilado nos Estados Unidos. De acordo
com a denúncia da PGR, Léo Índio divulgou
nas redes sociais “imagens do momento
em que participava de atos de invasão
e depredação” às sedes dos Três Poderes
e “esteve envolvido em outras atividades
de cunho antidemocrático após as eleições
presidenciais de 2022, como manifestações
ocorridas em acampamentos erguidos
em frente a unidades militares”. Outro
golpista “famoso” é o mecânico Antônio
Cláudio Alves Ferreira, que durante a invasão
ao Palácio do Planalto destruiu um
relógio francês do século XVII que pertenceu
a Dom João VI. Condenado a 17 anos
de prisão em regime fechado, Ferreira
cumpre pena no presídio Professor Jacy
de Assis, na mineira Uberlândia.

Há ou não excessos da Justiça na punição
à turba de golpistas? Especialistas
consultados por esta publicação são unânimes
ao rechaçar a hipótese. Para Lênio
Streck, professor de Direito Constitucional
da Unisinos e pós-doutor pela Universidade
de Lisboa, não se pode falar em
exagero na pena proposta à cabeleireira.
“Ocorreu a construção de uma narrativa”,
afirma. “Deslocou-se a discussão do crime
de golpe e atentado para uma mera pichação.
É como se, em um assalto a banco,
o motorista não fosse imputado porque
foi multado injustamente por um guarda
enquanto aguardava os assaltantes. Ora,

ele é partícipe de um crime de roubo. Outro
exemplo é o olheiro do tráfico. Olhar,
espiar e avisar, em si mesmo, não é crime.
Mas o olheiro é partícipe de um crime
hediondo. É o caso da dita pichadora.”


Streck critica os setores da mídia que
embarcaram na tese do crime sem gravidade.

Como se fora possível, em termos
jurídicos, isolar uma ação no contexto de
um crime dessa envergadura. Se isolarmos
a pichação, logo será possível isolar a elaboração
da minuta do golpe. Alguém ‘apenas’
fez a minuta. E chegaremos ao fator
‘só fez isso’. É como aquele cara nos campos
de concentração que só vigiava.” Com

o isolamento de um ato em um crime de
empreendimento e participação, discorre
o professor, não teríamos a materialidade
do próprio crime. “O sujeito que defecou
em um gabinete não poderia ser condenado
à pena elevada. O ato de defecar no
máximo dá uma pena de um ano ou algo
assim. Ah, só defecou? Porém, não se trata
de um ‘defecador golpista’ nem de uma
‘pichadora golpista’. O direito é mais complexo
que uma narrativa jornalística.”


Professor de Direito Constitucional da
PUC de São Paulo, Pedro Serrano concorda
com a dose das punições por conta da
gravidade dos fatos. “O relatório da Polícia
Federal deixa claro que foi um evento extenso,
composto por vários atos e não por
um ato isolado. A tentativa de golpe não se
deu só no 8 de janeiro, ela implicou em uso
de arma e violência e na formação de uma
organização criminosa. Quem participou
dessa organização tem que estar sujeito a
penas mais intensas mesmo, e a lei prevê
penas duras para esse tipo de tentativa de
golpe. Uma lei, diga-se, aprovada no governo
Bolsonaro e sancionada pelo próprio.”


Professora associada de Direito da PUC
do Rio de Janeiro, Gisele Cittadino acredita
que no caso de Débora dos Santos as
mentiras divulgadas nas redes sociais causaram
forte impacto. “Muita gente passou
a acreditar que a moça havia sido condenada
a 14 anos de prisão por ter usado um
batom para pichar uma estátua. Não mencionaram
os demais crimes corretamente
imputados.” A comoção em torno da cabeleireira,
elabora a professora, revela uma
peculiar faceta da “opinião pública”. “Trata-
se de uma moça de classe média, branca,
com filhos pequenos. Há uma quantidade
impressionante de mulheres pretas
encarceradas no Brasil que praticaram
crimes sem nenhum potencial ofensivo,
com crianças pequenas desamparadas.
Não ouvimos nenhuma voz a apoiá-las.”


Cittadino também não vê
exagero na dosimetria das
penas aplicadas. “A norma
jurídica foi inteiramente
respeitada.” Há dois pontos,
acrescenta, a destacar no debate sobre
o alegado excesso de anos a serem
cumpridos em regime fechado. “Em primeiro
lugar, a manipulação política que
tenta vender a ideia de que houve apenas
uma depredação do patrimônio público,
sem uso de armas, praticado por gente
sem antecedentes criminais. Tal crime
foi consumado, mas o fundamental aqui
são aqueles de tentativa de golpe e abolição
violenta do Estado de Direito. Se o patrimônio
público pode ser reposto, quantas
vidas o País teria perdido se o golpe
fosse consumado? Quantos projetos pessoais
seriam interrompidos?” Nenhum
setor da vida política, econômica e social
do Brasil deixaria de ser afetado pela rup-

tura constitucional que havia sido planejada
por Bolsonaro e seu entorno, insiste.
“Corremos um risco brutal de um retorno
ao autoritarismo, desta vez tendo
no topo do poder político um homem cuja
história é marcada pela defesa da tortura,
da morte e da celebração da ditadura.”


Um questionamento feito
pelos bolsonaristas às
condenações impostas
pelo STF diz respeito a
uma supostamente indevida
soma das penas previstas para os crimes
de golpe de Estado e de abolição violenta
do Estado de Direito, que seriam semelhantes.


O ponto gera debate. “A principal
discussão se baseia no princípio da
consunção, quando um crime-meio é consumido
pelo crime-fim. Diante dessa teoria,
não se pode condenar alguém por utilizar
um determinado meio para atingir
um determinado fim, quando esse meio e
esse fim estão capitulados como um só delito”,
pondera o advogado Marco Aurélio
de Carvalho, coordenador do Grupo
Prerrogativas. “Temos defendido desde o
início que é fundamental individualizar
as condutas para a correta e adequada do-
simetria das penas. Não podemos abandonar
a defesa intransigente desse princípio
na hora de quantificar a pena de cada
um dos envolvidos.” Para Serrano, os
dois crimes operam em consunção. “O
crime mais grave absorve o crime menos
grave quando a conduta de um implica no
outro. Parece-me que tentar um golpe de
Estado implica em atentar contra o Estado
de Direito, não seriam duas penas.” Em todo
caso, ressalta, uma mudança de entendimento
por parte do STF reduziria muito
pouco as punições aplicadas. “Não deixariam
de ser penas graves com necessidade
de iniciar sua execução em regime fechado.
Nesse aspecto, as penas estão corretas,
não estão fora do parâmetro legal.”

Após os votos de Moraes e Dino pela
condenação a 14 anos em regime fechado,
o julgamento de “Débora do Batom”
foi interrompido por um pedido de vista
de Fux, celebrado como uma vitória pelos
bolsonaristas. Na sexta-feira 28, Moraes
atendeu a um parecer da Procuradoria-
-Geral da República e autorizou a cabeleireira,
detida desde março de 2023, a cumprir
prisão domiciliar até o resultado. Fux
sinalizou ainda a intenção de discutir o
tempo de prisão. “Me deparo com uma pena
exacerbada. É por essa razão que eu pedi
vista desse caso. Quero analisar o contexto
em que essa senhora se encontrava.”


Em seu depoimento à PF, e em contraste
com o comportamento anterior, “Débora
do Batom” fez um gesto de contrição. “Naquele
dia eu me senti diferente da pessoa
que eu realmente sou. Eu me arrependo
muitíssimo, jamais faria isso em sã consciência.
O calor do momento alterou minhas
faculdades mentais.” O arrependimento
parece ter comovido Fux. “Debaixo
da toga bate um coração”, declamou o
juiz durante o julgamento que recebeu a
denúncia contra o núcleo central do golpe.
Na concepção de mundo de Bolsonaro,
o “mito” da cabeleireira, a arrependida
provavelmente deu uma fraquejada.


É necessário, diz Serrano, aguardar
os fundamentos da decisão de Fux sobre
a “moça do batom” para avaliar se o
voto terá consequência na situação jurídica
dos demais casos. “É impossível fazer
essa análise agora.” Segundo Carvalho,
a divergência do ministro “legitima
o julgamento e esvazia o argumento de
que houve pressão da opinião pública
ou de que os ministros estavam atuando
em conluio para condenar”. O coordenador
do Prerrogativas avalia que Fux
pode até influenciar um ou outro ministro,
mas reforçará, ao fim e ao cabo, a independência
da Corte. “Ninguém vai poder
dizer que foi um julgamento político,
que ocorreu por conta de pressão da imprensa,
sem que os ministros tivessem liberdade.”
Streck lembra que uma eventual
posição do magistrado pela redução

das penas em nada alterará a situação, a
menos que seja seguida por mais dois ministros
da Primeira Turma do STF, possibilidade
remota de acontecer nos casos
de Carmén Lúcia e Cristiano Zanin. “Há
problemas técnicos para a redução porque
a expressiva maioria das sentenças
já transitou em julgado. Causa finita. Como
fazer? Difícil dizer. Talvez um habeas
corpus de ofício englobando a todos.”
 

Diante das reduzidas chances
de livrar a cara de
Bolsonaro e associados
no Supremo, os bolsonaristas
no Congresso voltaram
a propagar a tese da anistia. Desde a
recente decisão da Corte, o ex-presidente
mergulhou nas negociações congressuais
e entabulou conversas com o governador
do Paraná, Ratinho Júnior, e com o secretário
de Relações Institucionais de
São Paulo e dono do partido, Gilberto
Kassab, em busca do apoio do PSD à proposta
que finge proteger os direitos fundamentais
de Débora dos Santos e assemelhados
do massacre da Justiça, mas é feito
sob medida para salvar a cúpula golpista
e recolocar o capitão no páreo eleitoral
de 2026. Há quem, na base governista, tema
o sucesso da empreitada. “É uma matéria
arriscada. A possibilidade de aprovação
não está descartada porque a articulação
deles é muito pesada. Os deputados podem
acabar votando de olho nas eleições
do ano que vem, não vão querer perder voto”,
avalia o deputado federal Lindbergh
Farias, líder do PT na Câmara. Para outros,
os parlamentares do Centrão valem-
-se da ameaça da anistia para barganhar
mais recursos de emenda e mais influência.


O presidente da Câmara, Hugo Motta,
do Republicanos, parece pouco disposto
a comprar a briga dos bolsonaristas, apesar
de camuflar suas intenções. Resistirá
à pressão? “É preciso buscar o equilíbrio,
não podemos nos desviar para o erro fácil.”
O deputado promete, ao menos, não pautar
o tema em regime de urgência. Em reunião
com lideranças bolsonaristas, Motta

ouviu do líder do PL na Câmara, Sóstenes
Cavalcante, que a oposição vai adotar a tática
da obstrução até o projeto ser pautado.


As primeiras tentativas de bloquear os
trabalhos do Congresso não funcionaram.
Existe uma pressão da bancada bolsonarista
para o Centrão abraçar a pauta,
observa Talíria Petrone, do PSOL. “As pesquisas
mostram, no entanto, que a maior
parte dos brasileiros é contra a anistia.


Não é possível perdoar quem tentou dar
golpe de Estado no Brasil, constituiu organização
criminosa para atacar as liberdades
democráticas e as instituições e participou
da construção de um plano para assassinar
o presidente da República, o vice
e um ministro do Supremo.” A bancada da
legenda, diz a parlamentar, não vai medir
esforços para impedir o avanço do tema.


“Por ter havido anistia lá atrás, após a ditadura
civil-militar, é que ainda existem
grupos no nosso País que seguem avançando
com um projeto autoritário, contrário
às liberdades democráticas e que não
respeita as instituições. Vejamos o exemplo
lá de trás, quando se anistiou torturadores.
Se o Congresso aprovar a anistia,
vamos repetir esse passado tenebroso. Diversidade
e pluralidade são a essência da
política. Ataques às liberdades democráticas
não podem ser perdoados.”


A eventual aprovação da anistia extrapolaria
as paredes do Congresso. A lei seria
inevitavelmente judicializada e caberia
ao Supremo avaliar se ela respeita ou
não a Constituição. A resposta parece clara.
O que aconteceria no País se o STF invalidasse
a legislação? O Brasil mergulharia
em uma crise institucional, com consequências
imprevisíveis para a economia?
Haveria outra tentativa de golpe? Essas
são perguntas que deputados e senadores,
supostamente imbuídos do propósito
de “pacificação”, precisam responder.

CARTA CAPITAL


 

 

 

 

 

April 4, 2025

Letter from an AMERICAN

 

 

Heather Cox Richardson 

 

Trump’s announcement last night that he was placing high tariffs on countries around the world came after the stock market closed, but it drove stock futures dramatically downward. Overseas, global markets also plunged. Today, before the stock market opened, Trump posted on his social media site: “THE OPERATION IS OVER! THE PATIENT LIVED, AND IS HEALING. THE PROGNOSIS IS THAT THE PATIENT WILL BE FAR STRONGER, BIGGER, BETTER, AND MORE RESILIENT THAN EVER BEFORE. MAKE AMERICA GREAT AGAIN!!!”

Fittingly, it was former Trump lawyer Rudy Giuliani who rang the bell opening the stock market today. Giuliani represented Newsmax, the right-wing media channel with ties to Trump. As soon as the market opened, stocks fell straight down. By the end of the day, the Dow Jones Industrial Average had dropped 1,679 points, falling about 4%, its biggest fall since the coronavirus pandemic took hold in 2020. The S&P 500 fell 274 points, or 4.8%. The Nasdaq Composite fell more than 1,050 points, or almost 6%. The losses wiped out about $2 trillion.

Trump justified the tariffs by declaring that the U.S. is in the midst of a national emergency, but this afternoon he left the White House for a long weekend in Florida, where his private Doral resort outside of Miami is holding the first domestic golf tournament of the season of LIV Golf, which is financed by the sovereign wealth fund of Saudi Arabia.

Trump’s tariffs are not an economic policy. Tariffs are generally imposed on products, not on nations. By placing them on countries, the White House was able to arrive at its numbers with a nonsensical formula that appears to have been reached by asking AI how to impose tariffs—a suggestion so outlandish that I dismissed when I saw it last night, but economist Paul Krugman today identified it as being a likely possibility. CNBC’s Steve Liesman said: “Nobody ever heard of this formula. Nobody has ever used this formula. So I’m sorry, but the conclusion seems to be the president kind of made this up as he went along....”

Today, former treasury secretary Lawrence Summers posted: “It’s now clear that the [Trump] Administration computed reciprocal tariffs without using tariff data. This is to economics what creationism is to biology, astrology is to astronomy, or RFK thought is to vaccine science. The Trump tariff policy makes little sense EVEN if you believe in protectionist mercantilist economics.”

Editor of The American Prospect David Dayen notes that there is no apparent policy behind the tariffs, no thought, for example, as to whether it is even possible for the U.S. to ramp up the kind of domestic manufacturing Trump claims to want. While Commerce Secretary Howard Lutnick told CBS, “You’re going to see employment leaping starting today,” in fact, both automaker Stellantis and appliance manufacturer Whirlpool announced layoffs because of the tariffs.

Josh Marshall of Talking Points Memo points out that building and establishing a new plant in the U.S. will take a minimum of three to five years even if investors are inclined to support one, but Victoria Guida reported in Politico that corporate executives are saying they cannot invest in manufacturing until they can project costs, and Trump is far too unpredictable to enable them to do that with any confidence.

Dayen writes that Trump’s tariffs are essentially sanctions on the rest of the world. His behavior is, Dayen says, “no different from a mob boss moving into town and sending his thugs to every business on Main Street, roughing up the proprietors and asking for protection money so they don’t get pushed out of business.” Dayen notes that Treasury Secretary Scott Bessent argued last year for using the extraordinary power of the U.S. economy to force other countries to do as the U.S. wants, creating a U.S. sphere of influence through economic pressure.

Extending the comparison to a mob boss, Dayen notes that “protection money” could take many forms: “curbing migration, taking in more U.S. farm exports or weapons systems, reducing industrial capacity in China and forcing more consumption, buying long-dated U.S. debt on the cheap, siding with a war strategy against Iran, literally anything the White House wants.”

Trump’s son Eric appeared to confirm that the tariffs are a shakedown when he posted: “I wouldn’t want to be the last country that tries to negotiate a trade deal with [Trump]. The first to negotiate will win—the last will absolutely lose. I have seen this movie my entire life.…” Foreign affairs journalist David Rothkopf was more graphic: “These aren’t tariffs,” he wrote. “They are a horse’s head in the bed of (almost) every world government and business leader.” Hedge fund manager Bill Ackman suggested that if a government refused to negotiate with Trump, that country’s major companies should deal directly with Trump, exempting that company’s products from tariffs in exchange for a new factory or some other investment Trump wants.

Trump is overturning the past 80 years of global trade cooperation in order to concentrate power in his own hands. Congress began to take down the tariff walls of the late nineteenth and early twentieth centuries when it passed the 1934 Reciprocal Tariff Act enabling the president to lower the high tariff rates Republicans had established with the 1930 Smoot-Hawley tariff. That tariff had worsened the Great Depression. With the turn away from tariff walls and toward international cooperation, global trade has fostered international cooperation and created the rising prosperity of the twentieth century.

“The global economy is fundamentally different today than it was yesterday,” Canada’s prime minister Mark Carney said today. “The system of global trade anchored on the United States…is over. Our old relationship of steadily deepening integration with the United States is over. The 80-year period when the United States embraced the mantle of global economic leadership, when it forged alliances rooted in trust and mutual respect and championed the free and open exchange of goods and services is over. While this is a tragedy, it is also the new reality.”

Ending systems of global free trade dovetails with the idea of getting rid of the international rules-based order created after World War II. After that horrific war, world leaders decided to create a system of international institutions, like the United Nations and the North Atlantic Treaty Organization (NATO), to provide ways in which countries could protect their sovereignty and work out their differences without going to war.

Trump’s threats against other countries, including Greenland, an autonomous territory of NATO ally Denmark, are a direct rejection of those principles. That rejection reinforces the Trump regime’s embrace of Vladimir Putin’s Russia, which invaded Ukraine first in 2014 and again in 2022 and is trying to justify grabbing Ukrainian territory. Under Trump, the U.S. is siding with Russia rather than Ukraine in this war in a stunning rejection of the institutions and principles that have stabilized the globe since World War II.

Putin is now threatening NATO countries, prompting them to prepare for defense. “We are not at war,” NATO Secretary General Mark Rutte said recently, “but we are certainly not at peace either.”

Some of those advocating tariff walls and forcing our allies to maintain their own defense suggest that creating a U.S. sphere of influence is the best way to counter a rising China, but there is no doubt that the concept of such spheres caters to the worldview of Russian and Chinese leaders. As scholar of authoritarianism Timothy Snyder points out, weakening the U.S. and its allies also benefits Russia by increasing Russia’s power relative to other countries, making it easier to establish the multipolar world Russia wants.

The Trump administration is also undermining post–World War II democracy at home. Last night, Senator Chris Murphy (D-CT) identified Trump’s tariffs as “a tool to collapse our democracy. A means to compel loyalty from every business that will need to petition Trump for relief.” Murphy pointed to Trump’s shakedown of prominent law firms, four of which he has attacked with executive orders. He also pointed to Trump’s attacks on universities, withholding government funding until their administrators bow to MAGA’s ideological demands.

Sarah D. Wire of USA Today reported that earlier this week the Institute for Museum and Library Studies was effectively closed, and over the past two days the administration told libraries across the country that grants awarded last year have been terminated. Today the administration cut federal grants for arts and humanities across the country: museums, archives, historic sites, educational projects, and so on—all defunded. It also cut this year’s funding for National History Day, a popular history program in schools that is already underway.

On Tuesday, the Department of Health and Human Services slashed jobs and programs in the Centers for Disease Control and Prevention (CDC), even as measles continues to spread and two Louisiana infants have died of whooping cough. Today, news broke that the Federal Emergency Management Agency (FEMA) is implementing a hiring freeze even as flash floods and tornadoes just today have killed at least seven people in the Midwest to the mid-South.

The plan, as Vice President J.D. Vance explained in a 2021 interview, is to destroy the current government, business, educational, cultural, and scientific pillars of the United States in order to replace them with a new system, although there is tension between the Project 2025 wing of MAGA and the technocrats’ wing over whether that new system will be a theocracy or a technocracy. In either case, it will be an authoritarian government in which power and money concentrate in a very few hands.

The administration’s crusade against the state of Maine shows what this looks like. After Maine governor Janet Mills told Trump the state would follow state and federal law rather than bow to his demands, acting Social Security Administration commissioner Leland Dudek canceled contracts permitting Maine parents to apply for Social Security numbers for their newborns from the hospital and for Maine families to report deaths from funeral homes. Told such a change would risk identity theft and wasteful spending, Dudek told the agency to do it anyway in order to punish Mills.

After an outcry, Dudek backtracked, but yesterday the Secretary of Agriculture, Brooke Rollins, announced she was freezing federal funds for Maine educational programs. The Trump administration would stand against “a leftist social agenda,” Rollins wrote.

The problem for Republicans is that while the sort of inflammatory language Rollins used has been a staple of the party for decades, the MAGA agenda itself is not popular. Only about 4% of voters who knew about Project 2025 wanted to see it enacted, and billionaire Elon Musk, who runs the “Department of Government Efficiency” that is slashing through government programs, is so unpopular that his support for a candidate in Tuesday’s Wisconsin Supreme Court election actually appeared to have hurt, rather than helped, that candidate.

Now party members have to deal with the fact their president has tanked the economy by enacting what the National Review says is likely the largest peacetime tax hike in U.S. history. Now countries around the globe are imposing reciprocal tariffs on the U.S. while also negotiating their own trade agreements that cut out the U.S. Those agreements are not only for products like soybeans, but also for weapons, a development the administration is protesting.

Republican members of Congress could stop Trump at any time. In the case of tariffs, they could simply reassert their constitutional power to manage tariffs. If they choose not to and the economy doesn’t recover and thrive as Trump keeps promising, voters can be expected to hold them, as well as him, to account.

Right now Republican leaders appear to be hoping that Trump’s attempt to extort other countries will work and the tariffs will be short lived. But their enthusiasm for that strategy seems to be well under control.

Today, Bill Ackman resorted to defending the tariffs by posting: “Sometimes the best strategy in a negotiation is convincing the other side you are crazy.”