October 11, 2020

Felipe Neto não deixa barato

 

 

 

PEDRA NO SAPATO DO BOLSONARISMO,
O YOUTUBER DESCREVE A DESCOBERTA
DA POLÍTICA, ANALISA O ÓDIO NA INTERNET
E DIZ QUE O EX-CAPITÃO COLOCA
OS OPOSITORES NO BOLSO

V I CTOR C A L C AGNO

Quando o forma-
to de vlog ainda
engatinhava no
Brasil, em mea-
dos de 2010, o ca-
rioca e então anô-
nimo Felipe Neto
resolveu gravar
um vídeo para cri-
ticar raivosamente a febre do happy ro-
ck, ou “bandas coloridas”. Morador do
Engenho Novo, bairro da Zona Norte do
Rio de Janeiro, ele apontou a câmera pa-
ra si mesmo, fez suas piadas agressivas,
subiu o arquivo no YouTube e foi dormir.
Ao acordar na manhã seguinte, seu vídeo
tinha dezenas de milhares de visualiza-
ções, a caixa de comentários estava toma-
da por xingamentos e Felipe Neto havia
deixado para sempre o anonimato, lite-
ralmente da noite para o dia. Dez anos

depois, em setembro de 2020, o youtuber
gravava os vídeos que abastecem diaria-
mente seu canal com quase 40 milhões
de inscritos quando recebeu a notícia de
sua assessoria: a revista norte-americana
Time o elegera um dos 100 mais influen-
tes do planeta. O carioca não acreditou,
pediu que a equipe checasse a informação
e só depois de se certificar de que não se
tratava de uma pegadinha, pronunciou-
-se no Twitter: “Eu não tenho a mínima
dimensão do que tá acontecendo”.

“ERA UM LIBERAL
POR OSMOSE. HOJE
ME CONSIDERO UM
PROGRESSISTA”


Nestes 10 anos, entre o vídeo adoles­cente

e descompromissado e a escolha da Ti-
me que consolidou seu nome no exterior,
o conteúdo produzido por Felipe Neto
mudou radicalmente. Ficaram para trás
os xingamentos, o personagem mal-hu-
morado, a insistência em criticar a cultu-
ra pop. Entraram os cabelos coloridos, os
vídeos para a família e a conquista de um
público imenso, sobretudo pré-adolescen-
te. Mas não foi pela mudança do conteú-
do no seu canal e o consequente aumento
de seguidores ao longo dos anos que a re-
vista norte-americana o elegeu, mas pela
postura do youtuber desde as eleições de
2018 no Brasil.


O crescimento do então candidato Jair
Bolsonaro nas pesquisas levou-o­ a expor
o que antes só tinha ensaiado e a se po-
sicionar ativamente no cenário político
contra a intolerância e a violência, sem
medo de perder uma fatia da audiência

que lhe permitiu sair do subúrbio do
Engenho Novo para a Barra da Tijuca.
Alguns fãs o abandonaram desde então,
mas o influenciador ganhou outra dimen-
são na vida nacional: o “moleque” é hoje
uma das vozes mais ouvidas e respeitadas
no Brasil e no exterior. Não por outra ra-
zão, tornou-se uma pedra no sapato, tal-
vez a maior, do bolsonarismo.


Aos 32 anos, Felipe Neto comanda um
conglomerado lucrativo de produção de
conteúdo na internet e não leva tão a sé-
rio a escolha da Time: “Vejo mais como
um indicativo de que o caminho que de-
cidi tomar foi o correto”. No ano passa-
do, com a escalada das ameaças verbais e
físicas, mandou a mãe para fora do País e
reforçou sua segurança pessoal. Seu pri-
meiro grande enfrentamento não se deu,
porém, com o clã Bolsonaro. Aconteceu
durante a Bienal do Livro no Rio. Após
o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, ter
determinado o recolhimento de um gi-
bi com cenas de um beijo gay, o influen-
ciador distribuiu de graça livros com

O auxílio emergencial explica a melhora
da avaliação de Bolsonaro, acha Felipe Neto,
mas a oposição tem sido incapaz de enfrentá-lo
temáticas LGBTQI+ no mesmo evento, o
que rendeu perseguições em níveis iné-
ditos. O episódio foi um marco na gui-
nada política do youtuber, que desde en-
tão passou a conversar frequentemente
com políticos progressistas, de Marcelo
Freixo a Guilherme Boulos.



Alguns anos antes, a visão política do
influenciador era outra. Hoje, ele defi-
ne-se como “progressista” e “social-de-
mocrata, mas nada a ver com o PSDB”.
Em 2016, quando ainda não se posicio-
nava politicamente com tanta frequên-
cia, fez coro ao impeachment de Dilma
Rousseff. “Era um liberal por osmose,
achava que só porque eu era pobre e ti-
nha conseguido crescer do nada usando a
internet, todo mundo podia fazer igual”,
diz. Como se deu a mudança de opinião?
“Gradualmente, estudando e lendo.”

Atualmente existem dois Felipe Neto,
o do YouTube e o do Twitter. O primeiro
encarna um personagem divertido e con-
tinua a produzir conteúdo que mantém
um público fiel. O segundo critica o go-
verno e dá opiniões que passam longe do
mundo do entretenimento. “Dois mun-
dos distantes que não se sobrepõem”, de-
fine, embora o bolsonarismo tente mis-
turá-las constantemente. Há uma acu-
sação falsa e recorrente espalhada pelas
redes de ódio: o youtuber estimularia a
pedofilia. O último a reproduzir a men-
tira foi o ministro do Turismo, Marcelo
Álvaro Antônio, em 25 de setembro.
Felipe Neto promete processá-lo. Por
causa dos constantes ataques, o presi-
dente da Câmara, Rodrigo Maia, convi-
dou-o a contribuir em um projeto de lei
que regulamenta as fake news.

O maior problema do governo Bolsonaro
Bolsonaro, acredita o influenciador, é
o negacionismo ou a descrença em pre-
ceitos básicos da ciência e dos direitos
humanos. Enquanto o ex-capitão dobra
a aposta desde o começo do mandato, o
outro lado, avalia Felipe Neto, não tem
sido capaz de contra-atacar de manei-
ra eficaz, o que o deixa com poucas es-
peranças em relação a 2022. Apesar da
influência e do assédio crescente desde
que se tornou uma voz atuante no deba-
te público, a opção de se candidatar a um
cargo público não faz parte dos planos.
Ao menos por ora. “Posso fazer muito
mais pela sociedade via terceiro setor.


 

CartaCapital: Como recebeu a no-
tícia da Time? Considera-se de fato um
dos 100 mais influentes do mundo?
Felipe Neto: Eu estava trabalhan-
do entre um vídeo e outro quando meu
pessoal encaminhou o e-mail da Time.
A gente não recebe nada antes da revis-
ta, dizendo que é considerado para a lis-
ta, então eu não tinha ideia. Fiquei céti-
co, pedi para confirmarem e só depois,
quando vi que era sério, senti a felicidade
e a honra gigantes que é estar ao lado de
quase todos aqueles que compuseram a

lista. Não me considero exatamente um
dos 100 mais influentes do mundo, mas
o balanço da revista é sobre os 100 mais
no momento atual. Então, de certa for-
ma, foi um reconhecimento de que o ca-
minho que tomei foi o correto.


CC: Dois dias depois, o ministro do
Turismo acusou-o de pedofilia. Esse ní-
vel de ataques, do alto escalão do go-
verno, te preocupa? Por que sempre
miram na pedofilia?


FN: Vejo como só mais um ataque,
principalmente depois que sofri cente-
nas de ameaças e que o ex-ministro da
Educação, Abraham Weintraub, o irmão
dele, Arthur Weintraub, ou integrantes
e gente próxima da família Bolsonaro
começaram a me criticar diretamente.
Incomodo e a única estratégia que eles
têm é espalhar fake news. Faço sem-
pre questão de responder judicialmen-
te, pois isso é crime. Processar é a for-
ma de mostrar que a internet não é ter-
ra sem lei, que as pessoas têm de pagar
pelo que dizem lá também, é assim. A as-
sociação criminosa que forçam entre a
minha imagem e a pedofilia é importa-
da dos EUA, onde há anos tentam jun-
tar os democratas com esse tipo de cri-
me hediondo que desperta ódio imedia-
to, tudo a partir de fake news e teorias da
conspiração, como a mais recente lá, o
Qanon. Aqui fizeram a versão brasilei-
ra e me elegeram como alvo.

“MEU MAIOR MEDO
É A GENTE REPETIR
EM 2022 O QUE
ACONTECEU
EM 2018”


CC: Caetano Veloso disse recente-
mente que se considera “menos libera-
loide”. Você também mudou, principal-
mente depois do seu apoio ao impea-
chment de Dilma Rousseff?


FN: Sim, hoje me considero principal-
mente um progressista, mas antes era
um conservador sem nem saber. A coi-
sa só começou a mudar quando passei a
ler mais sobre política e abri os olhos pa-
ra as coisas que eu defendia, entenden-
do como de fato é a realidade brasileira.
Basicamente, eu era um liberal por os-
mose. Por ter sido pobre e ter dado cer-
to no YouTube, achei que todo mundo
podia fazer o mesmo e empreender, o

problema seriam as amarras do Estado.
Mas é ilusão pensar que isso é a solução,
que o trabalhador de nível mais baixo
vai dar certo como empresário. Digo
que sou um social-democrata, mas no
sentido original da palavra, e não nes-
sa cara estúpida que o PSDB deu por
aqui. Acredito na participação atuante
do Estado na economia, no papel empre-
endedor do Estado e acho que o empre-
sário tem seu lugar nisso também. Tudo
isso associado às liberdades individuais
de regulamentação das drogas, legaliza-
ção do aborto, questões identitárias etc.


CC: Voce tornou-se um crítico do governo
governo Bolsonaro em quase todas as
frentes, todos os dias. Qual seria a ca-
racterística mais nociva do ex-capitão?


FN: É difícil escolher um único ponto,
mas a baixíssima inteligência do presi-
dente é um componente importantíssi-
mo, pois provoca um efeito devastador
na sociedade: o negacionismo. Ele diz
que o Pantanal não está pegando fogo e
que a pandemia é só uma “gripezinha”.
Nega o óbvio e se posiciona contra a ci-
ência, as entidades e os direitos huma-
nos. É o negacionismo que abre o cami-
nho para a identificação dos seus segui-
dores com o Olavo de Carvalho e dá a ele
a chance de influir na escolha de minis-
tros. É o negacionismo que faz a gente ter
aquele ser inclassificável na presidência
da Fundação Palmares. Esse negacionis-
mo está destruindo vários países, não
só o Brasil, com o apoio dos algoritmos.
Fora isso, também me preocupo mui-
to com a economia nas mãos do Paulo
Guedes. Ele vem de uma escola neolibe-
ral ultrapassada e foi posto como aquele
capaz de fazer o País decolar, quando na

verdade está quebrando o Brasil.
CC: Ainda assim o apoio a Bolsonaro
O ódio e a desinformação são a base do sucesso
de Olavo de Carvalho. “Uma parcela
da população gosta do discurso chucro”
cresceu. A radicalização do discurso
ajuda ou atrapalha?


FN: Muita gente associa o aumento da
popularidade do Bolsonaro ao auxí-
lio emergencial. Concordo. Quando o
pagamento for interrompido, acredito
em uma queda do nível de apoio, ain-
da que não até o ponto mais baixo ante-
rior. Infelizmente, essa popularidade ge-
rada pelo auxílio explicita uma falta de
senso político do nosso povo, que acha
que o dinheiro vem do Bolsonaro, quan-
do na verdade não vem. Seu governo de-
fendia o pagamento de 200 reais, não de
600. Além disso, esquecemos que, fora
da nossa bolha, o Brasil tem uma parce-
la significativa de cidadãos que gostam
muito e se realizam no discurso chucro,
violento e antipolítico do Bolsonaro. De
início, pensamos que essa radicalização
é negativa, mas esquecemos da falta de

educação política do brasileiro em toda
a sua história, o que gera uma sociedade
que reage bem a esse tipo de violência.
Então, quando aparece um presidente
ignóbil, a raiva floresce e ele mantém
seus apoiadores.



CC: No Rio de Janeiro, a disputa à
prefeitura vive muitas reviravoltas, a
começar pela desistência de Marcelo
Freixo, que não conseguiu montar uma
frente ampla. Qual seria a saída?


FN: Foi uma decisão acertada do Freixo.
Ele optou por continuar no Congresso.
Chegamos, inclusive, a discutir, eu e
ele, se a desistência seria uma boa op-
ção, e eu me posicionei a favor. Mesmo
se o Freixo ganhasse no Rio, creio que a
atuação dele na Câmara dos Deputados
é mais importante, por conta dos proble-
mas enormes que temos no Legislativo.
A frente ampla, a união, é uma boa res-
posta, mas nosso maior partido de opo-
sição toma decisões concentrado mui-
to em si mesmo. Não nego a quantidade
de coisas boas que o PT realizou, mas ao
mesmo tempo há uma sequência de de-
cisões horríveis, entre elas lançar uma
candidatura a prefeito em São Paulo. Se
as intenções de voto mal passam de 2%,
por que não apoiar o Guilherme Boulos
desde o início? São Paulo é uma tradu-
ção de como o PT tem agido. Alimenta a
expectativa de vencer as eleições em vez
de apoiar alguém que tenha chances re-
ais. O meu maior medo é a gente repe-
tir em 2022 o que aconteceu em 2018.
Do jeito que está, se for Bolsonaro e um
candidato do PT para o segundo turno,
vence o Bolsonaro novamente.


CC: Escolheu um candidato a pre-
feito no Rio? Pretende envolver-se de
alguma maneira nas eleições?


FN: Costumo dizer que contra o
Marcelo Crivella eu prefiro um orango-
tango, minha mesa, minha cadeira, ou
o Matheus Babi, atacante do Botafogo,
tanto faz. Não tem muito para onde fu-
girmos, é Crivella ou Eduardo Paes. O
Paes não é meu prefeito dos sonhos, mas
é a opção contra o Crivella, e no primeiro

turno ao menos não pretendo apoiar
ninguém. Mas a verdade é que não sei o
que vai mudar a chave no Rio de Janeiro,
com anos de corrupção extrema e gover-
nadores presos. Recebo bem os candi-
datos progressistas à prefeitura, mas a
pergunta é: eles têm chance real de ven-
cer? Se a Martha Rocha, terceira coloca-
da nas pesquisas, tiver condição de tirar
o Crivella do segundo turno, seria ma-
neiro. Mas aí me pergunto: e se o PT ti-
vesse apoiado a Martha Rocha em vez


“OS ALGORITMOS
DA INTERNET SÃO
A MAIOR AMEAÇA
À DEMOCRACIA”

de lançar candidatura própria? Por que
prefere não apoiar? Queria muito sen-
tar com representantes do PT e enten-
der melhor o que o partido está fazendo.


CC: O governo Bolsonaro está ga-
nhando ou perdendo a batalha?


FN: É preciso reconhecer: estamos per-
dendo feio, estão nos dando uma surra.
O reconhecimento de que este é um mau
governo não está funcionando, a comu-
nicação da oposição não existe ou é mui-
to malfeita. Há um crescimento de pen-
samentos que excluem politicamente e
jogam os cidadãos nos braços do bol-
sonarismo, temos representantes pro-
gressistas mais preocupados com sen-
timentos do que com a real situação do
País. Quando você tem um país à beira
da ruína e o debate na esquerda é sobre
o pronome neutro, o que o eleitor mé-
dio vai pensar? Veja, a discussão sobre
o pronome neutro é superimportante e

apoio que ela seja feita, mas agora é a ho-
ra de sermos raivosos por conta disso?
A gente recusa-se a dar um passo para
trás para dar dois à frente. A esquerda
vai continuar debatendo o quê? O que
vejo muitas vezes é silêncio ou abobri-
nha, indo para caminhos que não vão al-
terar nada na situação real.


CC: O pessoal jovem que alimenta
a máquina de fake news utiliza da lin-
guagem própria do humor online para
atacar. A internet, nesse sentido, foi
prejudicial para a democracia?


FN: A internet é o maior impulsionador
da democracia que já existiu: grandes re-
voltas, como a Primavera Árabe, come-
çaram nela. O grande vilão não é a in-
ternet, mas o algoritmo, e ele é a maior
ameaça à democracia atualmente no
mundo. Os algoritmos prezam a reten-
ção e o que mais gera retenção é o radica-
lismo. Quando você radicaliza na sua re-
de social, alguém passa muito mais tem-
po navegando por ela do que dez mais
moderadas. O problema é que abrimos
mão do discurso ético na internet, nin-
guém se importou muito em debater isso
e as grandes empresas de tecnologia fi-
zeram o que acharam melhor. O proble-
ma, no fim das contas, continua a ser o
dinheiro. As redes sociais precisam con-
tinuar a ganhar dinheiro e preferem is-
so ao bem-estar dos usuários.


 


CC: Por que a influência de submun-
dos extremistas na web só cresce e
atrai mais gente?


FN: Temos uma ligação conspiratória
em detrimento da verdade ultimamen-
te e são muitos os fatores responsáveis.
Li um livro, Sociedade do Cansaço, que
diz muito sobre a depressão e o burnout
que vivemos hoje. Saímos de uma so-
ciedade da disciplina, sujeita sempre ao
patrão, e partimos para uma em que ca-
da um quer ser seu próprio empresário.
Isso traz uma exigência com a qual não
estávamos acostumados e os indivídu-
os começam a se deprimir, se boicotar e
se isolar. O que é comum nos jovens ex-
tremistas é a solidão. É gente insegura,
que busca um pertencimento e encontra
no terraplanismo, por exemplo, mais do
que uma teoria, um grupo de amigos. Ao
mesmo tempo, vamos proibir esses am-
bientes extremistas na web? Vai chegar
um ponto no qual teremos de vigiar tudo,
o que pode ser ainda pior. A solução não
está na punição, mas em criarmos a cul-
tura de que é preciso educação digital.


CC: Quando decidiu se posicionar
politicamente, tinha se cansado de ser
“só um youtuber”?


FN: Em nenhum momento planejei vi-
rar um influenciador do debate públi-
co, só que no Twitter eu estava me po-
sicionando. No Brasil de hoje há um si-
lenciamento cultural. Os músicos, poe-
tas, atores e artistas que antes eram a
vanguarda política de repente não apa-
reciam mais e, na ausência deles, o you-
tuber começou a ter espaço. As pessoas
se identificaram com minha indignação
e a mudança de opinião política que ti-
ve. Continuo amando fazer meus víde-
os com conteúdo divertido para todos os
públicos, mas claramente o YouTube,
onde eles saem, e o Twitter, onde me
posiciono, são dois mundos diferentes.


CC: Nossos influenciadores são cul-
pados?
FN: Não sei como dormem os influen-
ciadores que não ligam para o debate pú-
blico, que não querem usar sua influên-
cia para potencializar o debate. Passou
do limite a desculpa de que “não acom-
panha”, por isso creio que temos de co-
brar esse posicionamento deles. Recebo
críticas dizendo que isso é errado, por-
que há influenciadores que não podem
abrir mão de patrocínio, segurança etc.
Essas críticas até podiam fazer senti-
do num Brasil de antes, mas não neste
de agora. Quando você tem um governo
com esse nível de criminosos, não dá pa-
ra relativizar, se calar. É como se esses
influenciadores estivessem numa casa
pegando fogo e se recusassem a pegar
o extintor só porque acham pesado de-
mais. Para isso só há dois nomes: irres-
ponsabilidade ou alienação. •

CARTA CAPITAL 


 

 

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