Guga Chacra
O ataque dos EUA e seus aliados franceses e britânicos a supostas
instalações ligadas a um programa de armas químicas na Síria não
alterará em nada o andamento da guerra da Síria. O regime de Bashar
al-Assad não foi afetado pela ação militar. O líder sírio inclusive
apareceu normalmente este sábado para trabalhar e as imagens de Damasco
mostravam uma cidade normal. Há, no entanto, uma série de perguntas a
serem feitas sobre a ação da madrugada deste sábado.
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De acordo com o Pentágono, a arma química usada foi o cloro. Como impedir que o regime de Assad ou os jihadistas da oposição tenham acesso a cloro se este produto tem uma série de finalidades, além de possível uso como armas químicas? A OPAQ disse em 2014 que o regime de Assad havia entregue todo seu arsenal químico, incluindo sarin, em acordo entre os EUA e a Rússia. Houve falha dos americanos, que referendaram o acordo?
Como escrevi neste jornal, não havia lógica para Assad usar armas químicas neste momento (usou certamente no passado, quando se sentiu ameaçado), já que o líder sírio podia atingir seus objetivos com armas convencionais, como inclusive vinha acontecendo. Segundo integrantes dos governos dos EUA, França e Reino Unido, Assad usou o armamento porque seria um monstro e mata por matar. Mas disseram que o ataque de ontem mudaria o cálculo dele. Como? Até concordo com a parte do monstro, mas o considero um monstro estratégico. Por que ele teria matado por matar em Douma e, após este ataque, pensaria duas vezes? Afinal, Trump já havia o bombardeado no ano passado. O líder sírio teria passado a ser racional após ontem na visão deles? Por quê?
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Quem são as forças militares envolvidas na guerra da Síria?
Caso Assad volte a usar armas químicas, qual será a reação? Novo bombardeio? Há alguma estratégia para um envolvimento militar maior? Mesmo que Assad não use, qual a estratégia dos EUA? Trump havia dito que pretendia retirar as tropas que atuam junto com os curdos contra o grupo Estado Islâmico. E agora? Além disso, os curdos possuem boa relação com Assad. Como os EUA veem os grupo jihadistas inimigos de Assad, como o Jaysh al Islam e o Hayet Tahrir al Sham (al-Qaeda na Síria)? Os EUA dizem estar preocupados com os civis na Síria. Mas por que receberam apenas 11 refugiados sírios em 2018? Por último, o problema é apenas arma química? Assad e os jihadistas da oposição podem matar com armas convencionais? E a Arábia Saudita, que bombardeia casamentos, funerais e hospitais no Iêmen? Será punida? Por que o ditador saudita, Mohammad bin Salman, foi recebido nas últimas semanas por May, Macron e Trump?
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