do MEDO &; DELIRIO EM BRASILIA
Guedes deu entrevista ao Globo e, como era de se esperar, estou boquiaberto: “Eu fiz uma aposta muito clara lá atrás, e minhas expectativas estão se confirmando. O presidente apoiou o programa até hoje. Apoiou a reforma da Previdência, o pacto federativo, mas diz que é uma questão de timing político. É falso dizer que o presidente não apoia a reforma administrativa, por exemplo. É timing político. A mídia também tem apoiado 100% a agenda econômica. Então estou superfeliz. E o que está acontecendo no Congresso? Primeiro, houve um choque inicial. Depois, absorveu. Hoje, Senado e a Câmara dos Deputados estão abraçando as reformas. Para as reformas, eles deram governabilidade. O presidente defendeu uma coisa ou outra corporativa. Mas ele apoiou o resto.” [O Globo]
Vamos, tal qual um estripador, por partes: “Eu fiz uma aposta muito clara lá atrás, e minhas expectativas estão se confirmando. O presidente apoiou o programa até hoje” —> Se o presidente cheirasse a enxofre, tivesse chifres, uma pele avermelhada, voz grave, andasse pra cima ou pra baixo com um tridente e apoiasse a pauta econômica Guedes não veria qualquer problema. Inclusive se diria fã do cramulhão. “E o que está acontecendo no Congresso? Primeiro, houve um choque inicial. Depois, absorveu.” —>
O choque inicial seriam as patadas de Bolsonaro e Guedes pra cima do parlamento, tá ok?! “Senado e a Câmara dos Deputados estão abraçando as reformas. Para as reformas, eles deram governabilidade.” —>
Por que se dependesse do governo já sabe né… e quem confessa isso é o todo poderoso ministro da Economia. “O presidente defendeu uma coisa ou outra corporativa. Mas ele apoiou o resto” —>
O presidente pode ser corporativista mas a oposição não, está ok? E quando o Senado cede ao corporativismo o Guedes bate sem dó nos parlamentares. A jornalista cita a inexistência de qualquer coisa que se assemelhe a uma articulação política por parte do governo: “O que está acontecendo é o seguinte: já existe a nova política. Ela já está acontecendo. Temos um Congresso reformista sem que o governo tenha tomado a frente. Há um clima de total cooperação. Os senadores estão com as equipes acampadas no ministério (da Economia) tratando do pacto federativo. A governabilidade está sendo feita em cima da agenda de reformas.”
Sim, o Guedes está confessando que o governo tem papel secundário, o protagonista das reformas é o parlamento. Não à toa Maia defendeu as reformas muito mais que o Bolsonaro. Olha que 171 é o Guedes: “Como economista, eu não tenho dúvida de que quanto mais rápido você implementar as reformas, mais rápido o país retoma o caminho do crescimento sustentável e mais baixo é o risco de acontecer o que aconteceu na Argentina . Acelerando essa agenda, eu acho que ele poderia perfeitamente crescer 1% este ano, 2% no ano que vem, 3% no seguinte e 4% no último ano. Se nós acelerarmos as reformas agora, os frutos estarão colhidos ali na frente. Mas digo isso como economista. Agora, tem também o processamento político das reformas. Nós estávamos em um caminho. E aí, de repente, começa a confusão na América Latina . Bagunça, desordem, aí o timing politico começa a mudar.”
A sorte do Brasil é que a AL entrou em auto-combustão, do contrário seríamos atropelados pela pauta do Guedes. Lá pelas tantas o Guedes fala dum projeto de saneamento tocado pelo Tasso e pelo Maia e… “Lá fora, de cada dez perguntas, seis ou sete são sobre o setor de saneamento. É um investimento relativamente estável e o investidor gosta de soluções privadas para problemas públicos. É ideal para o Brasil porque estamos sem recurso. O estado brasileiro está quebrado. Com essa lei, em cinco ou seis anos acaba o problema do saneamento básico no Brasil .
”
Ora, boa parte do problema de saneamento não está nas grandes cidades, está em lugares que a iniciativa privada não vai nem fodendo! E “de cada dez perguntas, seis ou sete são sobre o setor de saneamento.”, tá de sacanagem, né?!
Guedes mente de forma constrangedora. E eu sempre apontei que qualquer reforma tributária seria tocada por qualquer um que não estivesse no governo, lembra? “Houve uma guerra de versões sobre a reforma tributária e o secretário da Receita (Marcos Cintra) caiu . Então tivemos de refazer tudo, pois era ele que conduzia todos esses assuntos. Mas estamos recuperando rapidamente os vetores para começarmos a entrar. Devemos apresentar ainda este ano, dentro de uma ou duas semanas, a primeira fase da tributária, que é a do IVA Dual (tipo de imposto sobre valor agregado). O (economista Bernard) Appy também tinha feito essa proposta. A gente viu que é mais fácil encaixarmos isso do que tentarmos invadir.”
“Viu” o caralho, tomaram uma prensa e colocaram o rabinho entre as pernas. Mais um olé do Maia pra sua extensa conta.
Lá pelas tantas a jornalista pergunta sobre liberal-democracia e a resposta é espantosa: “Eu exatamente prefiro ficar mais na esfera econômica porque toda vez que eu saio não sou bem compreendido. Eu celebro a nossa democracia como sociedade aberta em construção… Eu defendi sempre isso. E aí eu abro o jornal e vejo as pessoas falando o contrário. Eu falo: olha, eu defendo a democracia, temos que evitar a desordem. Aí distorcem uma defesa da democracia em ataque à democracia.” Ô coitado, o sujeito que considera ditaduras “intelectualmente irrelevantes” é mal compreendido.
Na sequência consegue a proeza de defender a menção ao AI-5 do filho do presidente, é um gênio! “O (deputado) Eduardo (Bolsonaro) não falou isso do nada . Quebraram tudo no Chile. Aí o Lula sai da cadeia e fala: vamos fazer igual no Chile. Eu estava advertindo contra isso, em defesa da democracia.”
A jornalista pergunta sobre sua promessa estúpida de zerar o déficit em um mísero ano: “Deu tudo errado. Mas é o menor déficit em seis anos . ” Sim, se tivesse dado certo Guedes jura que teria zerado o déficit em um ano, ele é maluco, doido de pedra, daqueles que come merda no café da manhã. “Neste aspecto, é bom pegar uma característica minha. Eu venho do setor privado. No setor privado, a gente trabalha com big, bold target (jargão do mercado, em inglês, para metas muito ambiciosas ) . Se der tudo errado, deu duas vezes o que o governo anterior queria.”
O sujeito continua atuando como um investidor, e não tem o menor pudor em confessar isso. Vai descobrir da pior maneiro possível que países não são empresas. E alguém por favor me explique esse AVC de letrinhas: “Se der tudo errado, deu duas vezes o que o governo anterior queria.”, que porra é essa!?
“O previsto era R$ 139 bilhões e vai ser R$ 80 bilhões. Então você tem de trabalhar com a meta ousada. Tem economista que trabalha diferente: “vamos baixar de R$ 139 bilhões pra R$ 122 bilhões e aí você cumpre a meta”. O meu é big, bold target . Todo ano eu vou tentar. Vai ser possível? Não sei. Mas vou tentar. E privatização? Vou vender tudo. Essa é a meta. Tem uma particularmente que pode ser de R$ 250 bilhões.”
Sim, ele esta falando da Petrobras E o liberal Guedes acha de boa intervenção estatal no setor bancário: “Essa agenda é do Banco Central. O (presidente do BC, Roberto) Campos Neto estudou cinco meses o problema do descalabro dos juros do cheque especial . É um negócio completamente absurdo. Os juros estavam em torno de 400% ao ano. Quem recorre ao cheque especial é quem não tem dinheiro. A classe média também usa muito, mas o pobre recém-bancarizado é o usuário intensivo. Eu sempre adverti o seguinte: não gostamos de tabelamento de juros, embora haja uma razão teórica. Qualquer liberal pode, sim, intervir num mercado em que haja alta concentração de poder econômico. Você tem fundamento teórico para intervir. Quando a economia é competitiva, você não precisa se preocupar com exploração do uso. Eu falei para o Campos: esse tabelamento até um liberal tem razões teóricas para fazer, mas acho isso esculhambação. Aí ele disse: não, mas vamos derrubar de 400% pra 200%. Eu falei: pô, aí vai me arrumar problema político. Vão nos criticar que somos liberais e estamos tabelando preço. Assim a gente não precisa de oposição. Então minha reação inicial há cinco meses foi: Campos, cuidado onde você está indo… Ele então argumentou que não era tabelamento e sim a redefinição do produto: “Eu sei onde nós bancos estamos fazendo a maldade. Eu vou desmontar a maldade”, ele disse.
” Como se o tópico não estivesse grande o suficiente, encerro com o cirúrgico Celso Rocha de Barros: “O único lado racional do governo Bolsonaro é o lado de fora. Ninguém que se propôs moderar o bolsonarismo por dentro teve, até agora, qualquer sucesso. Pelo contrário, foram todos rebaixados ao nível do chefe. O ministro da Economia disse que entende por que os bolsonaristas pedem um novo AI-5. Segundo Guedes, os apelos por fascismo se justificam porque Lula pode convocar protestos que, inspirados em Leonardo Di Caprio, taquem fogo em tudo. A mera ameaça de algo assim já teria, ainda segundo o ministro, derrubado a reforma do serviço público. No meio da conversa, Guedes pediu que todos aceitassem o resultado da eleição Na verdade, Bolsonaro abortou a reforma porque nunca quis fazê-la. Guedes fingiu que acreditou que a culpa fosse de Lula porque também precisava de uma desculpa: nunca conseguiu aprovar reforma que Rodrigo Maia não lhe tenha entregado pronta. Quanto a aceitar o resultado da eleição, ministro, faz só um ano, não deu tempo para esquecer: durante a campanha do ano passado, Bolsonaro disse repetidas vezes que não aceitaria o resultado em caso de derrota. Em uma entrevista a José Luís Datena no hospital, Bolsonaro disse: “eu não posso falar pelos comandantes militares, respeito todos eles, mas pelo que eu vejo nas ruas, eu não aceito resultado diferente do que a minha eleição”. Ministro, o senhor tem qualquer interpretação desta frase que não implique que seu chefe teria tentado um golpe de estado contra o presidente Fernando Haddad, com ou sem o apoio logístico do astro de “Titanic”?” [Folha]
O final é ótimo: “Na primeira versão desse texto eu terminava pedindo que o empresariado, os militares e a turma de Sergio Moro se pronunciassem oficialmente, em voz alta, em público, contra o autoritarismo bolsonarista. Eu sei, pode rir, eu também comecei a rir alto enquanto escrevia, por isso apaguei. De qualquer maneira, deixo uma dica para os ricos brasileiros, uma dica que eles não merecem. Como mostrou o artigo de Laura Carvalho na Ilustríssima de ontem, nenhum outro populismo de direita da onda Orbán é liberal em economia como Guedes lhes prometeu que Bolsonaro seria. Quanto mais os bolsonaristas se consolidarem no poder, menos vão precisar do apoio de vocês. Quem vender a democracia brasileira em troca de liberalismo econômico vai acabar sem os dois. Como da última vez.”
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Guedes deu entrevista ao Globo e, como era de se esperar, estou boquiaberto: “Eu fiz uma aposta muito clara lá atrás, e minhas expectativas estão se confirmando. O presidente apoiou o programa até hoje. Apoiou a reforma da Previdência, o pacto federativo, mas diz que é uma questão de timing político. É falso dizer que o presidente não apoia a reforma administrativa, por exemplo. É timing político. A mídia também tem apoiado 100% a agenda econômica. Então estou superfeliz. E o que está acontecendo no Congresso? Primeiro, houve um choque inicial. Depois, absorveu. Hoje, Senado e a Câmara dos Deputados estão abraçando as reformas. Para as reformas, eles deram governabilidade. O presidente defendeu uma coisa ou outra corporativa. Mas ele apoiou o resto.” [O Globo]
Vamos, tal qual um estripador, por partes: “Eu fiz uma aposta muito clara lá atrás, e minhas expectativas estão se confirmando. O presidente apoiou o programa até hoje” —> Se o presidente cheirasse a enxofre, tivesse chifres, uma pele avermelhada, voz grave, andasse pra cima ou pra baixo com um tridente e apoiasse a pauta econômica Guedes não veria qualquer problema. Inclusive se diria fã do cramulhão. “E o que está acontecendo no Congresso? Primeiro, houve um choque inicial. Depois, absorveu.” —>
O choque inicial seriam as patadas de Bolsonaro e Guedes pra cima do parlamento, tá ok?! “Senado e a Câmara dos Deputados estão abraçando as reformas. Para as reformas, eles deram governabilidade.” —>
Por que se dependesse do governo já sabe né… e quem confessa isso é o todo poderoso ministro da Economia. “O presidente defendeu uma coisa ou outra corporativa. Mas ele apoiou o resto” —>
O presidente pode ser corporativista mas a oposição não, está ok? E quando o Senado cede ao corporativismo o Guedes bate sem dó nos parlamentares. A jornalista cita a inexistência de qualquer coisa que se assemelhe a uma articulação política por parte do governo: “O que está acontecendo é o seguinte: já existe a nova política. Ela já está acontecendo. Temos um Congresso reformista sem que o governo tenha tomado a frente. Há um clima de total cooperação. Os senadores estão com as equipes acampadas no ministério (da Economia) tratando do pacto federativo. A governabilidade está sendo feita em cima da agenda de reformas.”
Sim, o Guedes está confessando que o governo tem papel secundário, o protagonista das reformas é o parlamento. Não à toa Maia defendeu as reformas muito mais que o Bolsonaro. Olha que 171 é o Guedes: “Como economista, eu não tenho dúvida de que quanto mais rápido você implementar as reformas, mais rápido o país retoma o caminho do crescimento sustentável e mais baixo é o risco de acontecer o que aconteceu na Argentina . Acelerando essa agenda, eu acho que ele poderia perfeitamente crescer 1% este ano, 2% no ano que vem, 3% no seguinte e 4% no último ano. Se nós acelerarmos as reformas agora, os frutos estarão colhidos ali na frente. Mas digo isso como economista. Agora, tem também o processamento político das reformas. Nós estávamos em um caminho. E aí, de repente, começa a confusão na América Latina . Bagunça, desordem, aí o timing politico começa a mudar.”
A sorte do Brasil é que a AL entrou em auto-combustão, do contrário seríamos atropelados pela pauta do Guedes. Lá pelas tantas o Guedes fala dum projeto de saneamento tocado pelo Tasso e pelo Maia e… “Lá fora, de cada dez perguntas, seis ou sete são sobre o setor de saneamento. É um investimento relativamente estável e o investidor gosta de soluções privadas para problemas públicos. É ideal para o Brasil porque estamos sem recurso. O estado brasileiro está quebrado. Com essa lei, em cinco ou seis anos acaba o problema do saneamento básico no Brasil .
”
Ora, boa parte do problema de saneamento não está nas grandes cidades, está em lugares que a iniciativa privada não vai nem fodendo! E “de cada dez perguntas, seis ou sete são sobre o setor de saneamento.”, tá de sacanagem, né?!
Guedes mente de forma constrangedora. E eu sempre apontei que qualquer reforma tributária seria tocada por qualquer um que não estivesse no governo, lembra? “Houve uma guerra de versões sobre a reforma tributária e o secretário da Receita (Marcos Cintra) caiu . Então tivemos de refazer tudo, pois era ele que conduzia todos esses assuntos. Mas estamos recuperando rapidamente os vetores para começarmos a entrar. Devemos apresentar ainda este ano, dentro de uma ou duas semanas, a primeira fase da tributária, que é a do IVA Dual (tipo de imposto sobre valor agregado). O (economista Bernard) Appy também tinha feito essa proposta. A gente viu que é mais fácil encaixarmos isso do que tentarmos invadir.”
“Viu” o caralho, tomaram uma prensa e colocaram o rabinho entre as pernas. Mais um olé do Maia pra sua extensa conta.
Lá pelas tantas a jornalista pergunta sobre liberal-democracia e a resposta é espantosa: “Eu exatamente prefiro ficar mais na esfera econômica porque toda vez que eu saio não sou bem compreendido. Eu celebro a nossa democracia como sociedade aberta em construção… Eu defendi sempre isso. E aí eu abro o jornal e vejo as pessoas falando o contrário. Eu falo: olha, eu defendo a democracia, temos que evitar a desordem. Aí distorcem uma defesa da democracia em ataque à democracia.” Ô coitado, o sujeito que considera ditaduras “intelectualmente irrelevantes” é mal compreendido.
Na sequência consegue a proeza de defender a menção ao AI-5 do filho do presidente, é um gênio! “O (deputado) Eduardo (Bolsonaro) não falou isso do nada . Quebraram tudo no Chile. Aí o Lula sai da cadeia e fala: vamos fazer igual no Chile. Eu estava advertindo contra isso, em defesa da democracia.”
A jornalista pergunta sobre sua promessa estúpida de zerar o déficit em um mísero ano: “Deu tudo errado. Mas é o menor déficit em seis anos . ” Sim, se tivesse dado certo Guedes jura que teria zerado o déficit em um ano, ele é maluco, doido de pedra, daqueles que come merda no café da manhã. “Neste aspecto, é bom pegar uma característica minha. Eu venho do setor privado. No setor privado, a gente trabalha com big, bold target (jargão do mercado, em inglês, para metas muito ambiciosas ) . Se der tudo errado, deu duas vezes o que o governo anterior queria.”
O sujeito continua atuando como um investidor, e não tem o menor pudor em confessar isso. Vai descobrir da pior maneiro possível que países não são empresas. E alguém por favor me explique esse AVC de letrinhas: “Se der tudo errado, deu duas vezes o que o governo anterior queria.”, que porra é essa!?
“O previsto era R$ 139 bilhões e vai ser R$ 80 bilhões. Então você tem de trabalhar com a meta ousada. Tem economista que trabalha diferente: “vamos baixar de R$ 139 bilhões pra R$ 122 bilhões e aí você cumpre a meta”. O meu é big, bold target . Todo ano eu vou tentar. Vai ser possível? Não sei. Mas vou tentar. E privatização? Vou vender tudo. Essa é a meta. Tem uma particularmente que pode ser de R$ 250 bilhões.”
Sim, ele esta falando da Petrobras E o liberal Guedes acha de boa intervenção estatal no setor bancário: “Essa agenda é do Banco Central. O (presidente do BC, Roberto) Campos Neto estudou cinco meses o problema do descalabro dos juros do cheque especial . É um negócio completamente absurdo. Os juros estavam em torno de 400% ao ano. Quem recorre ao cheque especial é quem não tem dinheiro. A classe média também usa muito, mas o pobre recém-bancarizado é o usuário intensivo. Eu sempre adverti o seguinte: não gostamos de tabelamento de juros, embora haja uma razão teórica. Qualquer liberal pode, sim, intervir num mercado em que haja alta concentração de poder econômico. Você tem fundamento teórico para intervir. Quando a economia é competitiva, você não precisa se preocupar com exploração do uso. Eu falei para o Campos: esse tabelamento até um liberal tem razões teóricas para fazer, mas acho isso esculhambação. Aí ele disse: não, mas vamos derrubar de 400% pra 200%. Eu falei: pô, aí vai me arrumar problema político. Vão nos criticar que somos liberais e estamos tabelando preço. Assim a gente não precisa de oposição. Então minha reação inicial há cinco meses foi: Campos, cuidado onde você está indo… Ele então argumentou que não era tabelamento e sim a redefinição do produto: “Eu sei onde nós bancos estamos fazendo a maldade. Eu vou desmontar a maldade”, ele disse.
” Como se o tópico não estivesse grande o suficiente, encerro com o cirúrgico Celso Rocha de Barros: “O único lado racional do governo Bolsonaro é o lado de fora. Ninguém que se propôs moderar o bolsonarismo por dentro teve, até agora, qualquer sucesso. Pelo contrário, foram todos rebaixados ao nível do chefe. O ministro da Economia disse que entende por que os bolsonaristas pedem um novo AI-5. Segundo Guedes, os apelos por fascismo se justificam porque Lula pode convocar protestos que, inspirados em Leonardo Di Caprio, taquem fogo em tudo. A mera ameaça de algo assim já teria, ainda segundo o ministro, derrubado a reforma do serviço público. No meio da conversa, Guedes pediu que todos aceitassem o resultado da eleição Na verdade, Bolsonaro abortou a reforma porque nunca quis fazê-la. Guedes fingiu que acreditou que a culpa fosse de Lula porque também precisava de uma desculpa: nunca conseguiu aprovar reforma que Rodrigo Maia não lhe tenha entregado pronta. Quanto a aceitar o resultado da eleição, ministro, faz só um ano, não deu tempo para esquecer: durante a campanha do ano passado, Bolsonaro disse repetidas vezes que não aceitaria o resultado em caso de derrota. Em uma entrevista a José Luís Datena no hospital, Bolsonaro disse: “eu não posso falar pelos comandantes militares, respeito todos eles, mas pelo que eu vejo nas ruas, eu não aceito resultado diferente do que a minha eleição”. Ministro, o senhor tem qualquer interpretação desta frase que não implique que seu chefe teria tentado um golpe de estado contra o presidente Fernando Haddad, com ou sem o apoio logístico do astro de “Titanic”?” [Folha]
O final é ótimo: “Na primeira versão desse texto eu terminava pedindo que o empresariado, os militares e a turma de Sergio Moro se pronunciassem oficialmente, em voz alta, em público, contra o autoritarismo bolsonarista. Eu sei, pode rir, eu também comecei a rir alto enquanto escrevia, por isso apaguei. De qualquer maneira, deixo uma dica para os ricos brasileiros, uma dica que eles não merecem. Como mostrou o artigo de Laura Carvalho na Ilustríssima de ontem, nenhum outro populismo de direita da onda Orbán é liberal em economia como Guedes lhes prometeu que Bolsonaro seria. Quanto mais os bolsonaristas se consolidarem no poder, menos vão precisar do apoio de vocês. Quem vender a democracia brasileira em troca de liberalismo econômico vai acabar sem os dois. Como da última vez.”
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