ELIO GASPARI
As conversas impróprias de Sergio Moro com o 
procurador Deltan-Dallagnole nodoaram a Lava-Jato e fragilizaram a 
condenação imposta a Lula pelo tríplex do Guarujá. Se isso fosse pouco, 
apostura arrogante do ministro da horas seguintes às revelações do site 
Intercepto briga muitos daqueles que gostariam de defendê-lo aficar no 
papel de bobos :“Basta le roques e tem lá e verificar que ofato graveéa 
invasão criminosa do celular dos procuradores”. Antes fosse. O fato 
grave é ver um juiz, numa rede de papos, cobrando do Ministério Público a
 realização de “operações”, oferecendo uma testemunha a um procurador, 
propondo e consultando-o a respeito de estratégias.
As mensagens de Moro e de Dallagnol deram um 
tom bananeiro à credibilidade da Operação Lava-Jato e mudaram o eixo do 
debate nacional em torno de seus propósitos. O ministro e o procurador 
reagiram como imperadores ofendidos, tocando o realejo da invasão de 
privacidade. Parolagem. Dispunham de uma rede oficial e segura para 
trocar mensagens e decidiram tratar de assuntos oficiais numa rede 
chumbrega e privada. Noves fora essa batatada, precisam explicar o 
conteúdo de suas falas. Sem explicações, a presença dos dois nos seus 
cargos ofende amor aleo bom senso. No caso de Moro, ofende também a 
leida gravidade. Ele entro uno governo amparando Jair Bolsonaro e agora 
depende de seu amparo. Se o capitão soltar, ele cai.
Em nome de um objetivo maior, a Lava-Jato e 
Moro cometeram inúmeros pecados factuais e algumas exorbitâncias, tais 
como o uso das prisões preventivas como forma de pressão para levar os 
acusados às delações premiadas. Como não houve réu-delator que fosse 
inocente, o exorbitante tornou-se conveniente. Ao longo dos anos, Moro e
 os procuradores cultivaram e, em alguns casos, manipularam a opinião 
pública. Agora, precisam respeitá-la.
Uma das revelações mais tenebrosas das 
mensagens é aquela em que, dias depois de divulgar o conteúdo do grampo 
de uma conversa da presidente Dilma Rousseff com Lula, Moro diz :“não me
 arrependo do levantamento do sigilo, era a melhor decisão, mas areação 
está ruim ”.
Não houve “levantamento” mas quebra, poisa 
conversa foi interceptada depois que expirara o prazo para as escutas. 
Dias depois de cometera exorbitância, Moro explicou se ao ministro Te 
ori Zavascki comum a argumentação desconexa, até sonsa.
A conversa de Dilma com Lula deu-se no dia 16
 de março de 2016, quando eles concluíam a armação da ida do 
ex-presidente para a Casa Civil.
A reportagem do Intercept informa que, às 
12h44m, Moro e Dallagnol discutiram a divulgação “mesmo com a nomeação”.
 Sabia-se que Dilma pretendia nomear Lula, mas o telefonema só ocorreu 
às 13h22m. Às 15h27m, Dallagnol disse que sua posição era de “abrir” o 
assunto, e às 18h40m ela estava no ar, detonando a manobra do 
comissariado petista.
Para quem tinha esse objetivo, foi um 
sucesso, mas não está combinado que juízes e procuradores se metam em 
coisas desse tipo. O viés militante de Moro e Dallagnol na Lava-Jato 
afasta-osdodevidoprocessolegal,aproximando-os da República do Galeão, 
instalada em 1954 em cima de um Inquérito Policial Militar que desaguou 
no suicídio de Getúlio Vargas.
 
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