October 22, 2022

Engrenagem de mentiras

 Guia. Dois dias depois de passar mal, Carluxo orientava o pai no debate da Band. O vereador tomou as rédeas da campanha - Imagem: Nelson Almeida/AFP
 P O R A N D R É B A R R O C A L
 
Carlos Bolsonaro, o Carlu-
xo, passou mal e foi levado
à emergência do Hospital
das Forças Armadas, em
Brasília, na sexta-feira 14.
Dois dias depois, surgia ao lado do pai
no debate da Band, em São Paulo. Du-
rante o programa, orientou Jair Bolso-
naro sobre o que falar e como manter a
distância correta das câmeras. Pela pro-
ximidade entre ambos, por sua influên-
cia sobre o ex-capitão e pelo que está em
curso na campanha, não há dúvida, Car-
luxo é o marqueteiro da reeleição. “As
ideias são macabras, são sombrias, e as-
sustam qualquer brasileiro de bem”,
afirmou a respeito de Lula no fim do de-
bate, em rara declaração pública.
 
Demonizar o petista e tentar fazer da
eleição uma “luta do Bem contra o Mal”
é a estratégia central de Bolsonaro e sua
máquina de propaganda e mentiras nas
redes sociais. Uma operação que busca
associar Lula e o PT à bandidagem e ao
PCC, que teve capítulo especial na vés-
pera do primeiro turno, por meio da
distribuição maciça de “notícias” sobre
Marcola, chefe da facção, e que pode vir
a se repetir no segundo turno, com a res-
surreição de Adélio Bispo, autor da faca-
da em Bolsonaro há quatro anos. Uma
operação que transbordou do submun-
do das redes sociais para a mídia con-
vencional, graças ao apoio, entre outros,
da rádio Jovem Pan, alvo de investigação
aberta pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Para o presidente do TSE, Alexandre
de Moraes, o fato mais grave da eleição
é justamente a difusão de fake news pe-
la mídia tradicional. Foi o que comen-
tou com integrantes da campanha pe-
tista na segunda-feira 17, segundo uma
testemunha. Dois dias depois, perante
executivos das chamadas plataformas
(Twitter, YouTube etc.), cobrou o cum-
primento mais acelerado das ordens do
tribunal para a exclusão de mentiras:
“De quanto vocês precisam? 15 minu-
tos?” As notícias falsas, disse, cresce-
ram muito no segundo turno, situação
que obriga a Corte a ser mais dura. Na
quinta-feira 20, dia da conclusão desta
reportagem, o TSE votaria uma resolu-
ção para usar seu poder de polícia e obri-
gar, sem que ninguém peça, as platafor-
mas a tirar do ar fake news carimbadas
como tais pela Corte anteriormente.
 
E quanto a Carluxo, o TSE irá tirá-lo de
circulação das redes? O vereador está no
centro da guerra jurídica travada entre as
campanhas do pai e de Lula. Na terça-fei-
ra 18, o corregedor-geral do tribunal, Be-
nedito Gonçalves, deu a Carlos três dias
para apresentar defesa prévia em proces-
so movido por advogados do petista con-
tra o que descrevem como “ecossistema
de desinformação”, montado e financiado
para favorecer Bolsonaro e que funciona-
ria de forma “orquestrada” e com “alcan-
ce exponencial” nas redes sociais. O vere-
ador é apontado como “figura central” da
engrenagem, em razão dos 2,7 milhões de
seguidores no Twitter, a “ágora” do ecos-
sistema. Entre as 47 pessoas físicas lis-
tadas na engrenagem, só Bolsonaro tem
mais fiéis na rede social, 9,4 milhões.
 
Gonçalves abriu a investigação contra
os 47 suspeitos para apurar se há abuso
de poder político e econômico e uso in-
devido das redes sociais. Deu a todos, lis-
ta que inclui o clã presidencial, jornali
tas e parlamentares, cinco dias para se
defenderem. A Carlos, deu menos. Com
base nas defesas prévias, o juiz decidirá
se concede uma liminar solicitada pe-
lo PT para excluir os perfis de toda essa
turma nas redes sociais. É o sonho lulis-
ta: despoluir as redes na última semana
da campanha, diante da constatação de
que o TSE tem enxugado gelo ao mandar
tirar do ar mentiras específicas. Deta-
lhe: esse processo, quando terminar em
algum momento do futuro, pode levar
à cassação do beneficiado por abuso de
poder e uso indevido da mídia. No fim do
ano passado, o TSE julgou que as redes
sociais são equivalentes à mídia conven-
cional e, portanto, seu uso fora das re-
gras pode levar à cassação de políticos.
 
Em relação a algumas pessoas jurídi-
cas do “ecossistema”, Gonçalves aceitou
certos pedidos da equipe de Lula. Deter-
minou ao YouTube que pare de pagar
quatro canais que ganham dinheiro com
fake news de interesse do presidente. As
empresas atingidas são Foco do Brasil,
Folha Política, DR News e Brasil Parale-
lo. São empreendimentos que cresceram
durante o mandato de Bolsonaro. As du-
as primeiras têm cerca de 2,5 milhões de
seguidores cada uma e faturam, indivi-
dualmente, perto de 67 mil dólares por
mês (quase 350 mil reais) com conteú-
do no YouTube. O dono da Foco do Bra-
sil, Anderson Rossi, tem acesso facilita-
do aos palácios do governo. Os da Folha
Política, Ernani Fernandes Barbosa Ne-
to e Thais Raposo do Amaral Pinto Cha-
ves, receberam, entre 2017 e 2018, recur-
sos de um deputado, Fernando Francis-
chini, cassado pelo TSE em 2021 por ter
espalhado mentiras sobre as urnas na
campanha de 2018.
 
A Brasil Paralelo pertence a um trio
gaúcho: Filipe Schossler Valerim, Hen-
rique Leopoldo Damasceno Viana e Lu-
cas Ferrugem de Souza. Trata-se de uma
produtora de conteúdo que tem serviço
de streaming, algo do gênero da Netflix.
É outro caso de crescimento vertigino-
so no atual governo. Sua receita anual
dobrou, anda pela casa dos 60 milhões
de reais. A empresa lançaria na segun-
da-feira 24, início da última semana da
eleição, o documentário Quem Mandou
Matar Jair Bolsonaro, no qual apresen-
taria três teorias (conspiratórias) sobre
a facada de Adélio Bispo. O corregedor
do TSE proibiu a exibição do documen-
tário antes do fim do segundo turno e
definiu multa de 500 mil reais por dia,
em caso de exibição indevida.
 
Seria coincidência o documentário ir
ao ar na reta final da campanha? Cheira,
na verdade, a um repeteco de algo visto
na véspera do primeiro turno. Em 1° de
outubro, o site lavajatista O Antagonista
“noticiou”, com base em papelada da Po-
lícia Federal, que Marcola, chefe do PCC,
teria declarado voto em Lula, em conver-
sa gravada. A gravação faria parte de uma
batida policial de agosto para desvendar
um suposto plano de fuga de líderes da
facção. Moraes mandou tirar do ar a “no-
tícia”, por se tratar de mentira: condena-
do não vota. No caso de Adélio e da faca-
da, o delegado da PF que assumiu o caso
no início do ano, Martín Bottaro Purper,
quer interrogar o esfaqueador, conforme
noticiou a Folha de S.Paulo na terça-feira
18. O momento não poderia ser mais con-
veniente para o clã presidencial.
 
Em 7 de julho, a Brasil Paralelo libe-
rou gratuitamente no YouTube outro
documentário, Quem Mandou Matar
Celso Daniel, baseado na tese fantasio-
sa de que o PT estava unido ao PCC no
crime. A veiculação deu-se dias depois
de o bolsonarismo ressuscitar uma de-
lação premiada de 2017 do publicitário
Marcos Valério, aquele do “mensalão”,
recheada de alegações antigas e sem pro-
vas a respeito de PT, PCC e o assassina-
to. A pedido dos petistas, o TSE não só
vetou a exibição do filme, como também
proibiu o bolsonarismo de associar Lula
e o partido ao homicídio. Na ação de ago-
ra contra o “ecossistema” midiático do
bolsonarismo, o comitê lulista diz que
o tema “crime e violência” é “a aposta
central dos investigados para desequi-
ibrar o processo eleitoral em favor de
Jair Bolsonaro”. Mais: o “fio condutor”
dessa aposta é a vinculação de Lula e o
PT ao PCC e à morte de Daniel.
 
A vinculação é uma das razões de o
TSE ter aberto uma investigação contra
a Jovem Pan. A emissora é concessão pú-
blica e tem de seguir regras legais e cons-
titucionais. A Lei das Eleições, de 1997,
impõe que, em época de campanha, rá
dios e tevês tratem candidatos de for-
ma igual. Do contrário, é abuso de po-
der e uso indevido do veículo, situações
que podem levar à cassação do candidato
beneficiado, conforme outra lei, de 1990.
 
O tribunal examinará se os comentaris-
tas e jornalistas da emissora, ao escu-
lhambarem Lula e louvarem Bolsonaro
dia sim, outro também, prestaram-se a
abuso e ao uso indevido da concessão. Na
mira estão o dono da emissora, Antonio
Augusto de Carvalho Filho, o Tutinha,
e outra empresa dele, a Digital Seven. O
inquérito havia sido pedido pela campa-
nha de Lula. Na ação, os advogados res-
saltam que a Jovem Pan recebe favores
do governo. Em 2018, último ano de Mi-
chel Temer, a rede recebeu 840 mil reais
da verba federal de publicidade. Com Bol-
sonaro, o total saltou para 2 milhões, em
média, por ano. A emissora, diz a ação,
“se engajou no ecossistema bolsonaris-
ta e passou a ser uma das principais fon-
tes de fake news nas eleições de 2022” e “o
braço mais estridente do bolsonarismo”.
 
Os lulistas queriam uma liminar que
obrigasse o conglomerado midiático a
tratar Lula e Bolsonaro da mesma for-
ma. O corregedor do TSE recusou o pe-
dido, mas acatou a investigação. “Co-
mentaristas da Jovem Pan, em progra-
mas de grande audiência, têm reverbe-
rado discursos do candidato à reelei-
ção, Jair Messias Bolsonaro, inclusive
no que diz respeito aos ataques a adver-
sários e ao processo eleitoral, sem sig-
nificativo contraponto”, escreveu Gon-
çalves. Na quarta-feira 19, o plenário do
TSE, por 4 a 3, mandou a emissora tirar
de todas as suas plataformas (rádio, te-
vê, web) qualquer propaganda que diga
“Lula mais votado nos presídios” e “Lula
defende o crime”. Os jornalistas da casa
não podem mais falar a respeito, do con-
trário terão de pagar multa diária de 25
mil reais. O ex-presidente ganhou ainda
direito de resposta. A propósito, no se-
gundo turno da campanha, a apresenta
dora do programa de Bolsonaro no ho-
rário eleitoral gratuito é uma jornalis-
ta da Jovem Pan, Carla Cecato.
 
Na mesma quarta-feira 19, dois minis-
tros do TSE, Maria Cláudia Bucchianeri
e Paulo de Tarso Sanseverino, concede-
ram 184 direitos de resposta a Lula con-
tra Bolsonaro. Significa que, nos próxi-
mos dias, o petista poderá usar na tevê
e no rádio parte do tempo que caberia
ao ex-capitão. Ele rebaterá propagandas
que diziam ser “ladrão”, “corrupto” e “o
mais votado em presídios”. Por outro la-
do, Sanseverino deu direito de respos-
ta ao presidente para ele se defender da
alegação de canibalismo (em um vídeo
que circulou nas redes sociais, Bolsona-
ro conta que no passado quase teria co-
mido um indígena cozido).
 
O tribunal eleitoral também deu nos
últimos dias uma vitória a Bolsonaro em
um caso delicado, mas havia chance de
uma reviravolta após a conclusão desta
reportagem. Em 14 de outubro, o capitão
dissera ao canal Paparazzo Rubro-Negro,
no YouTube, o seguinte, sobre um passeio
na periferia de Brasília: “Parei a moto nu-
ma esquina, tirei o capacete, olhei umas
menininhas, três, quatro, bonitas, arru-
madinhas no sábado, numa comunidade,
parecidas. Pintou um clima, voltei: ‘Pos-
so entrar na sua casa?’ Entrei, tinha umas
15, 20 meninas, sábado de manhã, se ar-
rumando, todas venezuelanas. E eu per-
gunto: meninas bonitinhas, 14, 15 anos se
arrumando para quê? Para ganhar a vi-
da”. Um dia depois, a chefe do PT, Gleisi
Hoffmann, tuitara: “Bolsonaro confes-
sa que pintou clima com meninas de 14,
15 anos. Que entrou na casa das garotas...
O que mais vamos saber desse homem?!
Depravado, criminoso”.
 
Nas redes sociais, o candidato à reelei-
ção foi chamado de “pedófilo”. A campa-
nha recorreu ao TSE para que o falatório
parasse sob o argumento de que a decla-
ração teria sido tirada de contexto. Mo-
raes, de plantão no domingo 16, deu-lhe
liminar favorável. O PT recorreu. Pede o
direito de reproduzir o vídeo na íntegra,
sem cortes, para mostrar a “lascívia se-
xual” do chefe da nação. O episódio con-
tado pelo presidente aconteceu mesmo,
em 10 de abril de 2021. Em duas outras
ocasiões antes do dia 14, ele o havia des-
crito publicamente. Em 16 de maio e em
12 de setembro. Nas duas vezes, insinuou
que as meninas eram prostitutas, embo-
ra sem usar a expressão “pintou um cli-
ma”. O que se passou em abril de 2021 não
foi, porém, nada daquilo. As moças eram
alunas de um curso de beleza, não prosti-
tutas. Informação constatada em um ví-
deo gravado ao vivo, na época, pelo pró-
prio presidente.
 
Bolsonaro sentiu o baque da frase
“pintou um clima”. Apareceu em uma
live de madrugada na web para se ex-
plicar, depois gravou um vídeo ao la-
do da esposa, Michelle, para pedir des-
culpas caso suas palavras tenham sido
“mal-entendidas ou provocaram algum
constrangimento às nossas irmãs vene-
zuelanas”. Em reunião via internet de
Lula com seus militantes, na terça-fei-
ra 18, o senador Randolfe Rodrigues, da
Rede, um dos coordenadores da cam-
panha lulista, disse que o tema deve-
ria ser mantido em exposição, pois “foi
diagnosticado como um ponto falho” do
oponente. Na mesma reunião, o depu-
tado mineiro André Janones, do Avan-
te, deu dicas à plateia sobre como usar
as redes sociais na guerra em curso. Um
dos slogans de sua campanha à reeleição
tinha sido “pra combater o bolsonaris-
mo de igual pra igual, Janones federal”.
 
Na terça-feira 18, o PP, partido do pre-
sidente da Câmara, Arthur Lira, pediu a
cassação de Janones no Conselho de Éti-
ca por quebra de decoro. No pedido, o PP
destaca: “Resta claro que a expressão
‘pintou um clima’ se refere única e exclu-
sivamente à impressão que Bolsonaro te-
ve de que as meninas venezuelanas esta-
riam se prostituindo”. Mas a gente sabe,
PP, que foi isso que ele quis dizer e disse.
 
CARTA CAPITAL   
 
 
 

October 21, 2022

A campanha de Lula tem de olhar para a frente

 
 O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em entrevista a canal no YouTube. Foto: Reprodução
 
Esther Solano
 
Para ganhar as eleições, e ganhar
com o menor sufoco possível, é
preciso convencer mais gen-
te do que se tem conseguido conven-
cer. Durante estes dias, tenho condu-
zido pesquisas qualitativas com elei-
tores de Simone Tebet que ainda es-
tão indecisos em relação ao voto no se-
gundo turno. Indecisos porque olham
para Bolsonaro e enxergam um sujeito
desequilibrado, instável, rude, violen-
to, que envergonha o País. Olham pa-
ra Lula e enxergam alguém com maior
capacidade de negociação, moderação e
potencial de estabilidade, mas também
um condenado, corrupto e um candi-
dato que não entrega as propostas con-
cretas que eles esperariam.
 
Temos dois problemas fundamentais
com esse eleitorado: 1. Muitos deles não
entendem que Bolsonaro seja tão ruim,
tão desastroso para a economia e os ne-
gócios, pois, embora a postura desatina-
da de Bolsonaro não seja a ideal, embo-
ra ele nos envergonhe, o Brasil começa a
sair da lama econômica (“o País não foi
tão ruim assim nas suas contas mesmo
com uma pandemia e uma guerra mun-
dial”). Muitos deles tampouco entendem
que Bolsonaro, se reeleito, trará conse-
quências negativas para os próprios ne-
gócios (“mesmo não gostando do jeito de-
le, não acho que meu negócio vai ser tão
prejudicado se ele ganhar as eleições”).
 
2. Este é um tipo de eleitor que frequen-
temente assume o discurso empreende-
dor-meritocrático de classe média e no-
va classe média para o qual o PT não tem
uma retórica convincente. Lula fala mui-
to bem para os pobres, sente-se confor-
tável ao lembrar do aumento do salário
mínimo no debate, o churrasquinho e a
cerveja, mas não tem a mesma facilidade
para a faixa de dois a cinco salários que
se reconhece na lógica do microempre-
sário e se enquadra nos significados das
classes médias. Esse eleitor não pode ser
invisível. Ele espera de Lula não só retó-
rica, mas propostas econômicas concre-
tas de um partido para o qual olha, meio
desconfiado, e acha que não será capaz de
atender aos quesitos de liberdade econô-
mica e oportunidades aos negócios que
ele tanto preza. Bolsonaro é instável, mas
fala em liberdade. Lula tem uma postura
mais confiável, melhor estadista, mas...
 
Desta análise se concluem duas ques-
tões, para mim, muito relevantes. Temos
de construir melhor, no concreto, não só
no plano retórico, a imagem de um Bol-
sonaro ruim para a economia e ruim pa-
ra os negócios, em essência, ruim para o
Brasil. A instabilidade, a violência, o “jei-
to tosco” dele têm um impacto, sim, para
o seu negócio, eleitor, para o desenvolvi-
mento econômico do Brasil. Essa amar-
ração lógica deve estar mais bem arqui-
tetada. Mas também temos de construir
a imagem de um Lula que, no concreto,
seja a melhor opção para a economia do
Brasil e para este empreendedor que não
quer ouvir só falar de aumento do salá-
rio mínimo por não se identificar. Ele se
sente parte da “nova classe média”. E não
só no abstrato, no concreto, pois muitos
destes eleitores esperam um Lula que fa-
le mais do futuro, e menos do que foi fei-
to no seu governo, que olhe para a frente
e não tanto para trás.
 
Há muito tempo que as pesquisas qua-
litativas indicam que não podemos nos
restringir tanto a apelar para a memó-
ria e o legado. Neste segundo turno, ain-
da menos. Devemos avançar, devemos fa-
lar de futuro, do que virá pela frente. Ob-
viamente, é essencial relembrar as vitó-
rias do governo Lula, relembrar o quanto
seu governo foi bom para o Brasil e para
os brasileiros e comparar com os desas-
tres da gestão Bolsonaro, mas, para con-
vencer quem votou diferente no primei-
ro turno, não podemos ficar só aí. Temos
de nos deslocar do passado para o futuro,
não podemos ficar no “mais do mesmo”
Esse público não dará seu voto con-
fiante e satisfeito em Lula, mas deve-
mos garantir que uma boa parcela des-
ses eleitores assuma um voto crítico no
13. Devemos dizer que votar em Lula no
segundo turno é votar pelo Brasil. Não
significa concordar com o PT, gostar de
Lula, ou dar a ele plena confiança, é vo-
tar contra a tragédia. Devemos conven-
cer o maior número possível de eleitores
de que votar em Lula, mesmo a contra-
gosto, mesmo sem querer, mesmo abor-
recido e contrariado, é a única opção pa-
ra evitar uma catástrofe. Não é votar só
por uma democracia que com frequência
parece muito longe do cotidiano, mas pa-
ra evitar um desastre real, tangível, que
vai impactar a nossa vida, dos nossos fi-
lhos e do Brasil.
 
Votar em Lula é votar pelo Brasil.
 
CARTA CAPITAL