Reportagem na Folha, no último domingo, jogou nova luz sobre o papel do WhatsApp nas eleições
de outubro. As informações reveladas são tão dispersas e fragmentadas
que vale a pena um esforço de síntese sobre o que já se sabe.
Aparentemente, as campanhas usaram o aplicativo de
três maneiras diferentes: por meio do envio de mensagens diretas em
massa; por meio de propaganda em grupos formados compulsoriamente com
usuários demograficamente segmentados; finalmente, por meio de
propaganda distribuída em grupos de família e amigos.
O uso mais controverso foi o primeiro, o envio de mensagens diretas. Sua relevância se deve menos a seu impacto nas eleições do que às questões envolvendo a sua legalidade.
Ao que tudo indica, as campanhas compraram ilegalmente bases de dados
de empresas financeiras ou de telecomunicações contendo números de
celulares e informações demográficas de milhões de usuários (sexo,
idade, residência etc.).
O uso de bases de dados de terceiros é expressamente proibido pela
lei e é um dos pontos mais importantes nas investigações da Justiça
Eleitoral.
Embora estivesse despreparada para enfrentar a crise —em parte porque
a centralidade do uso do aplicativo em eleições era inédita, em parte
porque o aplicativo estava com um quadro diretor recém-contratado—, a
empresa conseguiu bloquear “centenas de milhares de contas” utilizando estratégias antispam que já estavam em curso.
Isso significa que as operações de disparo em massa foram de grande envergadura. Reportagem anterior da Folha indica
que uma parte dos números utilizados para fazer os disparos foi
comprada no exterior, para contornar a exigência de registro de CPF,
requerido no Brasil. Com a reportagem de domingo, descobrimos que também
foram utilizados números do país, registrados em CPFs de idosos, à sua
revelia.
Nos dois casos, a utilização de milhares de números exige uma
logística gigantesca de aquisição, registro e operação —descartando e
recomeçando com outro número após o bloqueio. Isso talvez explique o
alto valor dos disparos, vendidos no mercado por cerca de R$ 0,10 cada
um (R$ 100 mil para um milhão de eleitores).
Chama a atenção o custo da operação em relação à utilidade. Mensagens
de spam têm baixa eficácia e não parecem justificar o investimento.
Pode ser que os disparos tenham
sido espalhados em campanhas segmentadas menores, a um custo mais
baixo; pode ser também que não fossem para fazer propaganda positiva,
mas para semear desinformação; pode ser ainda que fossem apenas uma ação
complementar a outras estratégias.
Há ainda muito a esclarecer.
Tenho, como escritora, deficiências, mas talvez a pior delas seja a
ideia fixa em certas questões — portanto, peço desculpas. Mas, gente, o
que é que está acontecendo?
Brasileiro agora deu para ter ódio de
artistas. Viramos todos uns “esquerdistas” que comem caviar, mamando em
alguma teta. E “essa mamata vai acabar”.
É uma implicância
específica com quem faz arte — os famosos por qualquer outro motivo,
tudo bem. E famoso por qualquer outro motivo é o que não falta.
Nada
contra os milhões de celebridades que surgem diariamente; aliás,
confesso que quase nunca sei quem são. Mas ser artista é outra coisa.
Ninguém decide: “Opa, acho que vou ser artista”. É algo do qual não se
pode escapar. Que dói. Porque criar é doloroso.
Um ofício
geralmente inglório, a arte nos convoca e nos rejeita com a mesma
intensidade. Poucos são os que têm aquilo que é necessário — a chamada
“alma de artista”. Pois trabalhamos com um instinto que está,
primeiramente, a serviço de nossa própria salvação.
Enquanto os
artistas tentam sobreviver ao afogamento metafórico, salvando o máximo
de pessoas com eles, o culto das celebridades se abastece da profunda
mediocridade. Um mundo que gira em torno de abdômens tanquinho,
maquiagens argamassa e papos furados.
Quando Tom Jobim disse que,
no Brasil, sucesso é uma ofensa pessoal, mal sabia ele que, um dia, nem
precisaria tanto. Ofensivo agora não é mais fazer sucesso, e sim fazer
cultura. Insistir em montar uma peça de teatro, lutar para realizar um
longa que não seja mais uma bobagem, compor músicas com mais de três
acordes: ofensas graves. Leis de incentivo cultural: um abuso à
população. Ocupar espaços com instalações artísticas: um desacato à
autoridade. Montar um balé: uma falta de consideração. Escrever um
livro, fazer poesia, pintar: nada mais detestável.
Um artista não é
mais importante que qualquer pessoa —“somos todos iguais, braços dados
ou não”. Mas é bom esclarecer que não há um tiquinho de facilidade
naquilo que fazemos. Nunca houve e nunca haverá. Por sorte, ninguém faz
arte porque é fácil.
CACHOEIRA PAULISTA - O presidente eleito
Jair Bolsonaro
voltou a comparar os
indígenas
que vivem em demarcações feitas pelo governo a animais em
zoológicos
. Depois de participar nesta sexta-feira, dia 30, de uma formatura na
Escola de Especialistas da Aeronáutica e conceder uma entrevista a
emissoras católicas, Bolsonaro comentou sobre a pressão externa que o
país teria sofrido nos últimos anos para aumentar o número de reservas
indígenas.
Ao falar sobre o Acordo de Paris — tratado internacional que tem como
objetivo reduzir a emissão de gases do efeito estufa —, o presidente
eleito disse que não tem interesse em "maltratar" os índios.
— Em todos os acordos no passado, sempre notei uma pressão externa no
tocante a cada vez mais demarcar terra para índio, demarcar reservas
ambientais. Na Bolívia tem um índio que é presidente. Por que no Brasil
devemos mantê-los reclusos em reservas como se fossem animais em
zoológicos? O índio é um ser humano igual a nós — afirmou Bolsonaro.
Para ele, uma das diretrizes da Organização das Nações Unidas (ONU)
poderia transformar reservas como a dos índios ianomami, no futuro, em
países independentes:
— Não pode usar a situação do índio para demarcar essa enormidade de
terras que poderão ser novos países no futuro. Justifica-se, por
exemplo, a reserva ianomami, duas vezes maior que o estado do Rio de
Janeiro, para talvez 9 mil índios? Não se justifica isso aí.
Segundo André Villas-Bôas, secretário executivo do Instituto
Socioambiental (ISA), não há possibilidade de a ONU transformar as
reservas em países:
— Os índios não são sociedades que reivindicam a noção de Estado-nação.
Nem se colocam dentro da ONU. Enxergam-se como brasileiros que querem
manter seu estilo de vida tradiciona
Comparação já havia sido feita no passado
Esta não é a primeira vez que Bolsonaro faz a comparação entre terras
demarcadas e zoológicos. No início de novembro, ao falar sobre a
necessidade de turbinar o agronegócio em seu governo, ele tratou da
questão falando sobre os territórios indígenas: "O índio quer evoluir,
quer médico, dentista, internet, carro, viajar de avião. Quando tem
contato com a civilização, vai se moldando a outra maneira de viver, que
é bem melhor que a dele. O índio não pode ser animal dentro do
zoológico. Por que o índio não pode ter liberdade? Se quiser vender a
terra, que venda, explore, venda. A Funai participa em laudos para dizer
se existe vestígio de índio no terreno. Isso não pode continuar
existindo no Brasil".
Assassinatos de indígenas crescem no Brasil, segundo Conselho Indigenista Missionário
Ameaças contra os indígenas têm crescido nos últimos anos. De acordo
com o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), órgão vinculado à
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), os assassinatos de
indígenas subiram de 56 em 2016 para 68 em 2017, mas o número pode estar
subestimado. A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), órgão
vinculado ao Ministério da Saúde, com dados ainda prévios, diz que foram
110 casos no ano passado.
No início de novembro, delegados da Comissão Interamericana dos Direitos
Humanos (CIDH), em visita oficial ao país, divulgaram um relatório
preliminar em que afirmavam ter sofrido intimidação na aldeia Açaizal,
no Território Munduruku do Planalto, em Santarém (PA). Produtores de
soja da região tentaram impedir o encontro e expulsar a comitiva. Em
caminhonetes, eles teriam insistido em entrar na aldeia e proferido
discursos racistas e violentos contra o grupo. A comitiva da CIDH, que
tinha proteção policial, realizou seu trabalho.
O relatório destaca que o Brasil mantém um problema estrutural de
desigualdade e discriminações profundas, racial e social, e denuncia a
situação da Comunidade Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, “que
sobrevive em um ambiente marcado por violência por parte de milícias
armadas”. Cita ainda o impacto da construção da usina de Belo Monte na
comunidade indígena Muratu em Paquiçamba, no Pará.
No sertão de Pernambuco, um posto de saúde e uma escola arderam em
chamas na Terra Indígena Pankararu na madrugada de 29 de outubro. Os
índios estão fazendo uma vaquinha na internet para a reconstrução dos
prédios, que atende cerca de 80 famílias da Aldeia Bem Querer de Baixo.
Eles afirmam que foram várias as ameaças de destruição feitas por
posseiros que há quase três décadas ocupavam parte da área que, por
determinação da Justiça, começaram a ser retirados em setembro passado.
— Quando a gente viu, já estava tudo queimado. Eles nos ameaçaram várias
vezes, até em redes sociais. Estão saindo por ordem judicial, mas
seguem dizendo que vão voltar — diz Sarapó Pankararu, da Articulação dos
Povos e Organizações Indígenas do Nordeste (Apoinme).
Projeto social da Pfizer em
Pernambuco, com os índios Pankararu. O toré é um tipo de dança que os
índios praticam nas festas da aldeia Tapera. Foto: Carlos Ivan / Agência
O Globo
A relação é tensa desde março de 2017, quando a Justiça Federal deu a
primeira ordem de retirada de cerca de 200 famílias de invasores que, de
acordo com as autoridades, ocupavam 20% dos 8,1 mil hectares do
território. O Incra reservou uma área com mais que o dobro da terra
indígena para reassentar os posseiros e a Funai já depositou em juízo R$
6 milhões em indenização para famílias afetadas.
O Ministério Público Federal (MPF) em Serra Talhada (PE) determinou
abertura de inquérito, que está sendo conduzido pela Polícia Federal, e
rondas policiais diárias são feitas no local.
— É como se tivesse sido aberta a temporada de caça aos indígenas — acredita Renato Santana, do CIMI.
A TI Pankararu foi homologada em 1987 mas, ainda assim, o clima entre os
índios é de apreensão. As declarações do presidente eleito Jair
Bolsonaro de que não demarcaria mais nenhuma área indígena, e sua defesa
da flexibilização do porte de arma, vistas como uma ameaça às terras
indígenas pelo potencial de armar ainda mais invasores e exploradores de
recursos naturais, geram expectativa e tensão.
Nos primeiros 15 dias de novembro, dois índios foram baleados pelas
costas. No Norte do Tocantins, Raimundo Nonato Conceição dos Anjos, 34
anos, foi baleado dentro da aldeia no povoado Varedão, quando saía com a
mulher e o filho. O disparo veio de dentro do mato. Ele não resistiu e
morreu. O caso está sendo investigado pela polícia local. O escritório
da Fundação Nacional do Índio (Funai) informa que acompanha a
investigação.
Em Guaíra, no Paraná, o indígena Ava-Guarani Donecildo Agueiro, de 21
anos, ficou paraplégico. A única coisa que ele consegue lembrar antes de
ser alvejado é de um carro, na cor prata. Ele foi baleado logo após
sair de uma reunião da Coordenação Técnica Regional da Funai, que
discutia processos de licenciamento de duas linhas de transmissão
elétrica que passam pelo município. O caso está sendo investigado, mas,
de acordo com a Funai, não há informação sobre suspeitos.
Em Mato Grosso do Sul, os indígenas se queixam de intimidação. De acordo
com eles, logo após o resultado do segundo turno das eleições
caminhonetes passaram em carreata no limite da terra dos Caarapó, num
buzinaço. Com medo, os indígenas pediram a presença da Funai. No
município de Miranda (MS), uma caminhonete parou no limite da área dos
índios terena e uma pessoa disparou vários tiros em direção à aldeia
assim que saiu o resultado das urnas. Há dois anos também uma
caminhonete atirou contra a aldeia e feriu um indígena. O atirador, no
entanto, nunca foi identificado.
Na reserva de Dourados (MS), onde mais de 16 mil indígenas vivem numa
pequena área na periferia da cidade, um espaço ocupado pelos indígenas
ao lado da aldeia Bororó, chamada Avate’e, registrou quatro ataques
entre outubro e novembro. Na maior parte das vezes, grupos em
caminhonetes dispararam balas de borracha e de gude para dentro da
aldeia, mas os índios dizem que também houve tiros com munição letal. No
primeiro dos ataques, em 7 de outubro, 20 barracos foram destruídos e
incendiados. Duas caminhonetes usadas pelos atacantes chegaram a bater e
o parachoque de uma delas caiu. Os indígenas recolheram os objetos e os
entregaram ao Ministério Público Federal, que investiga os autores dos
ataques.
De acordo com relato dos indígenas ao Conselho Indigenista Missionário,
desde outubro, além dos tiros com balas de borracha, a estrada que liga a
aldeia à cidade tem sido fechada. No dia 7 de novembro, os indígenas
não teriam conseguido participar de encontro com uma representante da
delegação da Comissão Interamericana, que ocorreria no município de
Caarapó, justamente porque a estrada havia sido bloqueada. O Ministério
Público do Mato Grosso do Sul informou que está investigando as
denúncias.
Temo que o Brasil esteja ás portas de uma nova era. A era da ignorância, Não se trata de burrice, de incapacidade mental , mas de falta de infomação. Ninguém neste futuro governo sabe da importância do comércio com os países árabes? Nunca ouviu falar do apoio político dessas nações ao Brasil em diversas negociações internacionais? Vamos abrir mão dessas relações para satisfazer igrejas evangélicas e a comunidade israelense? Não podemos nos esquecer de que há no país uma influente e bem instalada comunidade árabe.
O desprezo pelo Mercosul é mais uma amostra do domínio da ignorância. Bastaria a consulta aos dados. O Brasil tem fronteiras com dez países. Dividimos a segunda maior hidroelétrica do mundo com o Paraguai. Há um enorme gasoduto vindo da Bolívia. Exportamos manufaturados para a Argentina. Existe um acordo automotivo que responde por cerca de 40% do comércio entre os dois países. O Paulo Guedes não tem a mínima noção dos compromissos e das regras tanto no Mercosul quanto na Organização Mundial do Comércio. A ideia de assinar acordos bilaterais não será possível enquanto o Brasil integrar a OMC.
Os EUA agem dessa maneira, mas há uma enorme diferença. Eles são o império. O Brasil é um exportador de commodities. A União Europeia anuciou sua disposição de voltar a produzir açúcar. É fácil plantar soja, milho... Não temos a força política, econômica e militar dos Estados Unidos.
Samuel Pinheiro Guimarães
em entrevista a Sérgio Lírio.
A
wariness that has been slowly brewing is turning into a regionwide
consensus: The benefits of screens as a learning tool are overblown, and
the risks for addiction and stunting development seem high. The debate
in Silicon Valley now is about how much exposure to phones is O.K.
“Doing
no screen time is almost easier than doing a little,” said Kristin
Stecher, a former social computing researcher married to a Facebook
engineer. “If my kids do get it at all, they just want it more.”
Ms.
Stecher, 37, and her husband, Rushabh Doshi, researched screen time and
came to a simple conclusion: they wanted almost none of it in their
house. Their daughters, ages 5 and 3, have no screen time “budget,” no
regular hours they are allowed to be on screens. The only time a screen
can be used is during the travel portion of a long car ride (the
four-hour drive to Tahoe counts) or during a plane trip.
Recently she has softened this approach. Every Friday evening the family watches one movie.
There is a looming issue Ms. Stecher
sees in the future: Her husband, who is 39, loves video games and thinks
they can be educational and entertaining. She does not.
“We’ll cross that when we come to it,” said Ms. Stecher, who is due soon with a boy.
Some of the people who built video programs are now horrified by how many places a child can now watch a video.
Asked
about limiting screen time for children, Hunter Walk, a venture
capitalist who for years directed product for YouTube at Google, sent a
photo of a potty training toilet with an iPad attached and wrote:
“Hashtag ‘products we didn’t buy.
Image
Kristin
Stecher, a former social computing researcher married to a Facebook
engineer in Menlo Park, Calif., said their daughters, ages 5 and 3, have
no screen time “budget,” no regular hours they are allowed to be on
screens.CreditPeter Prato for The New York Times
Athena
Chavarria, who worked as an executive assistant at Facebook and is now
at Mark Zuckerberg’s philanthropic arm, the Chan Zuckerberg Initiative,
said: “I am convinced the devil lives in our phones and is wreaking
havoc on our children.”
Ms.
Chavarria did not let her children have cellphones until high school,
and even now bans phone use in the car and severely limits it at home.
She
said she lives by the mantra that the last child in the class to get a
phone wins. Her daughter did not get a phone until she started ninth
grade.
“Other parents are like,
‘Aren’t you worried you don’t know where your kids are when you can’t
find them?’” Ms. Chavarria said. “And I’m like, ‘No, I do not need to
know where my kids are every second of the day.’”
For
longtime tech leaders, watching how the tools they built affect their
children has felt like a reckoning on their life and work.
Among
those is Chris Anderson, the former editor of Wired and now the chief
executive of a robotics and drone company. He is also the founder of GeekDad.com.
“On the scale between candy and crack cocaine, it’s closer to crack cocaine,” Mr. Anderson said of screens.
Technologists building these products and writers observing the tech revolution were naïve, he said.
“We
thought we could control it,” Mr. Anderson said. “And this is beyond
our power to control. This is going straight to the pleasure centers of
the developing brain. This is beyond our capacity as regular parents to
understand.”
He has five children and
12 tech rules. They include: no phones until the summer before high
school, no screens in bedrooms, network-level content blocking, no
social media until age 13, no iPads at all and screen time schedules
enforced by Google Wifi that he controls from his phone. Bad behavior?
The chil
d goes offline for 24 hours.
“I
didn’t know what we were doing to their brains until I started to
observe the symptoms and the consequences,” Mr. Anderson said.
“This
is scar tissue talking. We’ve made every mistake in the book, and I
think we got it wrong with some of my kids,” Mr. Anderson said. “We
glimpsed into the chasm of addiction, and there were some lost years,
which we feel bad about.”
His
children attended private elementary school, where he saw the
administration introduce iPads and smart whiteboards, only to “descend
into chaos and then pull back from it all.”
This
idea that Silicon Valley parents are wary about tech is not new. The
godfathers of tech expressed these concerns years ago, and concern has
been loudest from the top.
But
in the last year, a fleet of high-profile Silicon Valley defectors have
been sounding alarms in increasingly dire terms about what these
gadgets do to the human brain. Suddenly rank-and-file Silicon Valley
workers are obsessed. No-tech homes are cropping up across the region. Nannies are being asked to sign no-phone contracts.
Those who have exposed their children to screens try to talk them out of addiction by explaining how the tech works.
John
Lilly, a Silicon Valley-based venture capitalist with Greylock Partners
and the former C.E.O. of Mozilla, said he tries to help his 13-year-old
son understand that he is being manipulated by those who built the
technology.
“I try to tell him
somebody wrote code to make you feel this way — I’m trying to help him
understand how things are made, the values that are going into things
and what people are doing to create that feeling,” Mr. Lilly said. “And
he’s like, ‘I just want to spend my 20 bucks to get my Fortnite skins.’”
And
there are those in tech who disagree that screens are dangerous. Jason
Toff, 32, who ran the video platform Vine and now works for Google, lets
his 3-year-old play on an iPad, which he believes is no better or worse
than a book. This opinion is unpopular enough with his fellow tech
workers that he feels there is now “a stigma.”
“One
reaction I got just yesterday was, ‘Doesn’t it worry you that all the
major tech execs are limiting screen time?’” Mr. Toff said. “And I was
like, ‘Maybe it should, but I guess I’ve always been skeptical of
norms.’ People are just scared of the unknown.”
“It’s
contrarian,” Mr. Toff said. “But I feel like I’m speaking for a lot of
parents that are afraid of speaking out loud for fear of judgment.”
He said he thinks back to his own childhood growing up watching a lot of TV. “I think I turned out O.K.,” Mr. Toff said.
Other Silicon Valley parents say there are ways to make some limited screen time slightly less toxic.
Renee
DiResta, a security researcher on the board of the Center for Humane
Tech, won’t allow passive screen time, but will allow short amounts of
time on challenging games.
She wants
her 2- and 4-year-old children to learn how to code young, so she
embraces their awareness of gadgets. But she distinguishes between these
types of screen use. Playing a building game is allowed, but watching a
YouTube video is not, unless it is as a family.
And
Frank Barbieri, a San Francisco-based executive at the start-up
PebblePost that tracks online activity to send direct mail advertising,
tries to limit his 5-year-old daughter’s screen time to Italian language
content.
“We have friends who are screen abolitionists, and we have friends who are screen liberalists,” Mr
. Barbieri said.
He
had read studies on how learning a second language at a young age is
good for the developing mind, so his daughter watches Italian-language
movies and TV shows.
“For us, honestly, me and my wife were like, ‘Where would we like to visit?’” Mr. Barbieri said.
Nellie Bowles covers tech and internet culture. Follow her on Twitter: @nelliebowles
Militar costuma chegar ao poder pelas armas. Deodoro da Fonseca
inaugurou a série junto com o regime republicano; Castelo Branco se
perfilou, em 1964, abrindo infausta trilha, que acabou no presidente que
amava os cavalos.
Mas não é só golpe
que joga o Estado em mãos armadas. Há o voto. O sobrinho de Deodoro,
Hermes da Fonseca, marechal como o tio, bateu Rui Barbosa nas urnas.
A rinha célebre opôs casaca e farda. Era 1910 e o país já esquecera
que o "civilista" Rui fora golpista em 1889 e ministro do primeiro
governo militar. Rui ganhou prestígio, mas foi Hermes quem levou a
eleição.
Em 1945, a escolha foi de Sofia: o Exército, com o general Dutra, ou a
aeronáutica, com Eduardo Gomes. Sem WhatsApp, o perdedor apostou na
culinária: inventou um chocolatinho de propaganda, o "brigadeiro". Gomes
fez história também com seu revólver, nas revoltas de 1922, 1924, 1932 e
na Revolução de 1930. E viveu para participar do golpe de 1964.
Mas nenhum desses se assemelha tanto ao novo presidente como o
primeiro militar eleito da República. Floriano Peixoto começou como
vice, mas logo tratorou o titular, com armas e o voto indireto dos
deputados.
Adversários viram nele o típico caudilho sul-americano. Nem por isso
impopular. Muitos o idolatraram como demolidor de privilégios e garantia
de retidão moral.
Apresentava-se como homem comum. Costumes simples combinados à parca leitura. Falava o indispensável.
Quando Deodoro pediu apoio para o golpe de 1889, foi telegráfico: "Lá
tenho minha espingarda velha". O que faltava em elegância sobrava em
pragmatismo. Foi chefe pelo exemplo, não pela palavra. Comia de cócoras,
como um soldado raso.
O novo presidente ecoa esses traços. "Bolsonaro é gente como a
gente", diz o anúncio de um vídeo com a chamada "Sr. Mito". Depois da
imagem do próprio, surge a varanda de tijolinho típica dos lares de
classe média. O capitão está civil, em camisa de futebol que, a despeito
de vermelha, estampa o número dez.
A câmera aguarda enquanto o protagonista investe em atiçar fogo no
carvão da churrasqueira. Tudo meio improvisado e muito masculino. No
desarranjo da pia, convivem óleo de soja, vasos de flor e uma mochila.
Ao lado, um exemplar de jornal largado sobre um banquinho branco,
provavelmente de plástico.
O despojamento reaparece na segunda cena. O presidente está à mesa de
madeira ripada, sem toalha, com dois comensais, um ostenta a bandeira
do Brasil na manga. A refeição é carne e pão francês —ainda no saco da
padaria.
Os pratos ao centro são inúteis: come-se da travessa. Nada de álcool,
só água e Coca-Cola a consumir em copos de boteco, dispostos de boca
para baixo. Completam o quadro tipos bombados, uma rede e o cartaz do
"mito".
A propaganda de Bolsonaro, antes e depois da eleição, investiu nessa estética do improviso e na exaltação do homem comum.
A primeira organiza seus vídeos: bandeira torta na parede, ostensiva
fita adesiva, locações caseiras —até a área de serviço—, displicência no
cenário, no qual se vislumbram à vezes um balde, às vezes migalhas.
A segunda está na celebração —como é usual no Facebook— do
corriqueiro: ir à igreja, ao banco, ao barbeiro. Sua fala coloquial
combina autoridade e emoção —pulso firme, coração mole. Assim se produz a
persona de caseiro, religioso, humilde. É "um de nós". Pessoa sem
frescuras, que encara o arroz-com-feijão da vida —e um leite condensado.
tônica no homem comum carrega um antielitismo. O presidente se
afasta do cosmopolita, embora tenha viajado o seu tanto. Apresenta-se
como provinciano, algo que vai melhor com seu nacionalismo. É membro da
elite política —está na carreira há anos—, mas se diz outsider.
Como a maioria dos brasileiros, lê pouco, com preferência pela Bíblia. Em seu primeiro vídeo depois de eleito, lá está a Mensagem, o texto sagrado do cristianismo adaptado ao gosto médio contemporâneo.
Este ethos do homem comum não se ancora no carisma do líder
excepcional, ao contrário, se enraíza na representatividade. Sua força
emana do compartilhamento de hábitos com a média dos brasileiros.
Floriano Peixoto era homem de pouca lábia e muito pólvora.Foi amado
até o sacrifício, quando opositores abriram guerra civil. Seus fiéis
esmagaram a resistência, com apoio norte-americano e força bruta. Tomara
que o novo presidente, que não oculta a simpatia por armas e ianques,
gaste mais saliva e menos chumbo.
A escolha do filósofo Ricardo Vélez Rodríguez para chefiar o Ministério da Educação assusta mais que a do diplomata trumpista Ernesto Araújo para o Itamaraty. Ambos foram indicador pelo guru intelectual da direita, o também filósofo Olavo de Carvalho. Ambos foram escolhidos por suas convicções ideológicas e não pela experiência ou pela capacidade técnica ou operacional em suas áreas, acentuando o aparelhamento ideológico do Estado de que o PT era acusado.
Velez também é um direitista fundamentalista, antiglobalista, antipetista ardoroso, defensor da ditadura e dos valores morais tradicionais. Mas, diferentemente de Araújo, vai dirigir a política interna mais crucial para o desenvolvimento nacional e com a mais poderosa influência sobre a formação da mentalidade brasileira.
Seus escritos sugerem que ele está muito mais preocupado com a moralidade e a doutrinação, em nome de uma suposta desideologização do ensino, do que com a qualidade da educação. E que, à frente do MEC, ele será uma espécie de bedel nacional, encarregado de fazer valer os compromissos de Bolsonaro com os setores mais reacionários e conservadores que apoiaram sua eleição. Uma das propostas mais assustadoras que ele defende em seu blog “Rocinante” é a da criação de Conselhos de Ética. “Todas as escolas deveriam ter os Conselhos de Ética, que zelassem pela reta educação moral dos alunos. Não se trata de comitês de moralismo, nem de juntas de censura. Trata-se de institucionalizar a reflexão sobre matérias éticas e acerca da forma com que cada escola está correspondendo a essa exigência.” Mas quem definirá o que seja a “reta educação moral” dos alunos? O MEC, que sob seu comando pode tornar-se perigoso aparelho do Estado bolsonarista. Depois reclamam dos que apontam as afinidades do novo regime com o fascismo.
A bênção da bancada evangélica a Vélez, depois do veto à escolha do respeitado educador Mozart Ramos para o MEC, informa que o ensino público laico, pautado pela atitude crítica diante do conhecimento, está ameaçado.
No blog do futuro ministro sobram ataques ideológicos – a Lula, ao PT, ao Mais Médicos, à esquerda em geral – e faltam menções ao problema central da educação no Brasil, que é a melhora da qualidade. Apesar da polarização política entre PSDB e PT, desde os anos 90 há um consenso entre os dois partidos e as demais forças políticas sobre a centralidade da educação para o desenvolvimento nacional.
Sob FHC, na gestão do ministro Paulo Renato, foi criado o Fundeb, que garantiu mais recursos e a melhor distribuição deles entre os entes da federação. Nos governos petistas, na gestão de Fernando Haddad, principalmente, foram criadas dezenas de novas universidades públicas e centenas de escolas técnicas, o Enem e os programas de democratização ao ensino superior, como o Prouni e o novo Fies. O ensino infantil começou a ser implantado. Em 2014, sob Dilma, o Congresso aprovou o Plano Nacional de Educação, com 20 metas para os dez anos seguintes. Não foi tirado do bolso do colete petista. Sua elaboração foi objeto de amplo debate público, envolveu os estados, os municípios, as empresas e os profissionais do setor na produção do diagnóstico e das propostas para os diferentes níveis de ensino. Em 2017, sob Temer, na gestão de Mendonça Filho, foi concluída a aprovação da Base Nacional Comum Curricular e aprovada a reforma do ensino médio. Há uma linha de continuidade neste esforço, que agora corre o risco de ser interrompida, com a mudança de foco e de prioridades.
Let’s just get this out of the way: All jobs are
bullshit jobs. Even if you’re a public defender or work for Médecins
Sans Frontières, insofar as your labor is determined by a system of
abstract compulsion—insofar, that is, as it exists within
capitalism—it’s bullshit. You know this.
In his new book, Bullshit Jobs: A Theory,
David Graeber is interested in a particular variety of bullshit and
work. In 2013, the anthropologist and anarchist (he hates to be called
“the anarchist anthropologist”) published an essay slamming the
proliferation of “pointless jobs” that seem to exist “just for the sake
of keeping us all working.” The response was tremendous: It turns out
that many people have jobs that they believe require them to do nothing
of value (or to do nothing whatsoever while trying to appear to be doing
something).
Graeber sifted through the responses and solicited
additional input on Twitter in a quest to categorize the “five basic
types of bullshit jobs” and document the absurdist travails of those who
hold them. From such data, he constructed a working definition of the
subject at hand:
[A] bullshit job is a form of paid employment that is so completely pointless, unnecessary, or pernicious that even the employee cannot justify its existence even though, as part of the conditions of employment, the employee feels obliged to pretend that this is not the case.
Graeber distinguishes these bullshit jobs from “shit
jobs,” which serve a purpose but suck. Which is not to say that bullshit
jobs don’t suck as well, but they suck precisely because they don’t
serve a purpose. Much of the stress they produce—the “spiritual
violence,” as Graeber terms it—results from the contortionist maneuvers
that employees are forced to perform in order to pretend to be working
when they have nothing to do. And as Graeber notes, this sense of
purposelessness is widespread: To give just two examples, 37 percent of
the UK respondents to a poll on the subject, and 40 percent of the Dutch
ones, insisted that their work is utterly useless.
In 1930, John Maynard Keynes predicted that, by the
end of the century, technology would have become so far advanced that
developed economies would have a 15-hour workweek. So how did we get to
our current state, almost two decades into the 21st century? It turns
out that Keynes was only half right—technology has
advanced spectacularly, but we are far from a 15-hour workweek. Keynes
thought that the developed economies would adjust to a growth in
productivity by decreasing workers’ hours. Instead, capital absorbed
those gains but did not free up the now-superfluous human labor—a
tendency that Karl Marx noticed long ago.
For Marx, this pattern is intrinsic to capital, whose
constant expansion of its own value requires the reproduction of
existing social relations. For Graeber, however, this pattern has less
to do with capital’s prerogatives than with human agency; the problem
“clearly isn’t economic: it’s moral and political,” he writes. Yet it
would be truer to say that the problem is not merely economic, but also
moral and political, and even truer to relate these spheres to one
another, a point that Graeber himself makes later: “[E]very day it’s
more difficult to tell the difference between what can be considered
‘economic’ and what is ‘political.’” But despite a muddled sense of
causes and effects, Graeber’s book offers us an engaging—albeit at the
same time tremendously disheartening—portrait of labor in 21st-century
capitalism. In his previous books, especially 2009’s Direct Action: An Ethnography and 2011’s Debt: The First 5,000 Years, Graeber’s ear for anecdote lent his activism the air of folktale. Debt’s
opening vignette, for example, set at a garden party at Westminster
Abbey, offers a charming little parable about our tacit beliefs and
assumptions. At the party, Graeber suggests to an attorney he meets that
the developing world’s debt should be abolished. “But,” she objects,
“they’d borrowed the money! Surely one has to pay one’s debts.”
In Bullshit Jobs, Graeber
similarly employs anecdote in order to illustrate just how much insanity
we take for granted. Liberally drawing from the respondents to his
original essay, he recounts stories that read like Philip K. Dick at his
least plausible. Some are sad, others infuriating, and many are both. A
number verge on the absurd: One woman’s job was to go around demanding
IDs and proof of income from temporarily sheltered homeless people so
that “the temporary homeless unit could claim back [the] housing
benefit.” If homeless people couldn’t provide the necessary paperwork—as
often happened—their caseworkers would kick them out. In another
instance, a “subcontractor of a subcontractor of a subcontractor for the
German military” describes driving for hours and filling out pages of
paperwork simply to prevent a soldier from carrying his computer about
16 and a half feet down a hallway to his new office.
Most of the stories involve jobs that are also
nightmarish in their unrelenting tedium. My favorite is the museum guard
whose job was to protect an empty room, apparently to make sure no one
started a fire in it. To ensure his vigilance, he was forbidden to read a
book or even look at his phone.
All of these jobs sound terrible, but are they also
bullshit? The people who have to do them think so. But Graeber’s
reliance on subjective impressions of whether work produces value is the
book’s major weakness. He brings up Marx’s distinction between
productive and unproductive labor—between workers who produce surplus
value and those who do not—simply to brush it off. And it is telling
that he focuses on “information work” and what he calls “salaried paper
pushers.” While he claims that these kinds of positions, rather than
“waiters, barbers, salesclerks and the like,” account for “the bulk” of
service jobs added to the economy since 1990, the US Bureau of Labor
Statistics could have set him straight on this score. As Jason E. Smith
pointed out in his review of Graeber’s book in The Brooklyn Rail,
the bureau’s table of “occupations with the most job growth” actually
does include waiters and retail salespeople, not to mention nurses,
customer-service representatives, janitors, health aides, fast-food
workers, cooks, and construction workers. Most service workers, in other
words, are indeed providing valuable services—caring for others and
feeding people.
Graeber’s picture of a Dickensian
bureaucratization run amok has other problems as well. He correctly
notes that our economic system has undergone profound transformations
since the 1970s, with declining manufacturing and wages and a rising
service and financial sector. But according to Graeber, these changes
mean that the existing system isn’t exactly capitalism anymore, but
rather a kind of “managerial feudalism”—one that involves “hierarchies,”
“class loyalty,” and “moral envy”—that is the result of political will
rather than structural determination. However, while one can surely find
such attributes at work in the global economy, the system remains
capitalist: predicated on the extraction of profit from the labor of
others (even when such profit is mediated by financial markets). “Class
loyalty” and “moral envy” are the products of such a system.
In his work, the Marxist theorist Moishe Postone (who
died earlier this year) explored “the domination of people by time”
under capitalism in ways that bolster some of Graeber’s claims.
Postone’s discussion of the shift from the “variable” time of the Middle
Ages, which was determined by the different kinds of human activity, to
the clock time of the modern period, an invariable standard that
dictates the workday, parallels Graeber’s own.
Yet there are important differences as well. In his
discussion of value, Graeber (like some Marxists, it must be said)
attributes to Marx a “labor theory of value” akin to David Ricardo’s,
according to which the value of a given commodity is equal to the amount
of labor that went into its production. But the point of Marx’s theory,
as Postone makes clear, is precisely to refute this: Value for Marx is
not a market mechanism focused on exchange relations, but a social
mediation. It is that which compels workers to reproduce capitalism. For
Marx, capitalism’s alienated social relations are not by-products of
capital’s expansion of value—they are how capital gets valorized.
Also, capitalism—like feudalism—is a system of
domination. But in comparison, feudal domination was overt and easy to
comprehend—no peasant had to wonder what he was working for. This is why
Marx’s theory can indeed help to explain the situation that Graeber
rightly decries: because it is a theory about how social relations get
reproduced, including those that seem irrational and unnecessary. Despite
Graeber’s focus on surface phenomena like hierarchy and envy, he is
correct to conclude that the only thing keeping capitalism going is our
refusal to stop it in its tracks through collective action. One of his
respondents, whom he calls Lilian, captures the pathos of our continued
submission to our own domination: “I get most of the meaning in my life
from my job,” she writes. But the “meaning” of most jobs is
meaninglessness itself.
Here we find Graeber exploring what is perhaps his
true subject: not jobs that seem unnecessary, but the unnecessary
compulsion of wage labor. In a free society—one in which your time and
work are your own rather than commodities—Lilian’s sentiment would not
necessarily be pathological. Work doesn’t need to be drudgery; we can
find meaning in our jobs. But a society based on the production of
value is by definition unfree, since we don’t really have a choice about
whether to participate in it, and because work often becomes merely a
tedious means of survival.
We have all experienced the truth of this. After
college, I worked briefly as a temp doing data entry for a corporate law
firm. I sat in a windowless room with a bunch of other temps, all of us
squeezed together at a long table like students in a computer lab. We
earned a little over the minimum wage. As often as I could, I would
shirk my duties and surf the then-nascent Web. I had my spreadsheets
minimized in a corner, ready to click should a paralegal come in to pick
up something from the printer. But it was a fellow temp, who sat on my
left, who objected to my wretched rebellion. “You’re not getting paid to
surf the Web,” he informed me. I was just trying to reclaim a little of
my time from those who were stealing it. And it wasn’t even a very
effective protest, since I still had to sit in that depressing room and
fill out enough spreadsheets to keep from getting fired. But my
co-worker was simply expressing an assumption so commonplace that it
hardly ever needs to be articulated: Your time does not belong to you.
Some of the first factories in London went bankrupt
because laborers refused to work all day, every day. To the factory
owners, this proved the workers were indolent loafers, so they reduced
wages to the point that workers were forced to put in even more hours to
survive. But this was really doing the workers a favor, the owners
insisted, because otherwise they’d just get drunk and lie about.
“Productive activity,” as André Gorz noted, began to be “cut off from
its meaning, its motivations and its object and became simply a means of earning a wage.” Now we’ve all internalized this view of work.
Graeber doesn’t mention a project I recently learned about from Franco Berardi’s Futurability: The Age of Impotence and the Horizon of Possibility,
but it represents the ne plus ultra of bullshit work. Berardi reprints
an article—one of the most terrifying things I’ve ever read—that
describes Candelia, a job-training center in France:
Sabine de Buyzer, working in the accounting department, leaned into her computer and scanned a row of numbers. Candelia was doing well. Its revenue that week was outpacing expenses, even counting taxes and salaries. “We have to be profitable,” Ms. de Buyzer said. “Everyone’s working all out to make sure we succeed.”
This was a sentiment any boss would like to hear, but in this case the entire business is fake. So are Candelia’s customers and suppliers, from the companies ordering the furniture to the trucking operators that make deliveries. Even the bank where Candelia gets its loans is not real.
The wages are imaginary, too. Nothing is produced in
this “job” except the illusion of waged labor, but de Buyzer “welcomes
the regular routine.” France has more than 100 of these “staged
companies.”
This is the world we’ve inherited—one in which we
reflexively inquire of strangers, “What do you do?” which means, of
course, “How do you earn a living?” And this is so even when there’s no
social need for everyone to be working all the time. Bullshit jobs are
only one idiotic facet of this larger decoupling of work from meaningful
activity. If the problem were managers and bureaucracy, then we would
simply need to eliminate them. But if the problem is capitalism, then we
need to change the world. The familiar slogan of Occupy Wall Street and
the global justice movement of the early 2000s, both of which Graeber
was involved in, was “Another world is possible.” We’re told this is
idealistic and naive. But it’s not bullshit.
WASHINGTON
— For weeks before the midterm elections, President Trump warned
ominously about the threat from a caravan of migrants streaming from
Central America toward Mexico’s border with the United States. It was a
fearsome mix of criminals and “unknown Middle Easterners,” Mr. Trump
claimed darkly, one that constituted a genuine national emergency.
But
since the election last week, Mr. Trump has tweeted about the caravan
exactly once — to issue a proclamation preventing those who cross the
border illegally from applying for asylum in the United States. Fox
News, which faithfully amplified Mr. Trump’s warnings about the
migrants, has gone similarly quiet on the subject.
There
was little dispute, even before Election Day, that Mr. Trump was
exploiting the caravan for political purposes. But analysts, historians
and veterans of previous administrations said there were few comparable
instances of a commander in chief warning about what he called a looming
threat, only to drop it as soon as people voted.
While the caravan has faded from television screens, the costs of Mr. Trump’s response to it have not. Nearly 6,000 active-duty troops remain deployed
from the Gulf Coast to Southern California, where they are putting up
tents and stringing concertina wire to face a ragtag band that is still
not near the border.
“Now
that the political utility of troops on the southern border to face a
fictitious caravan invasion threat is over,” said Adm. James G.
Stavridis, a former commander of the military’s Southern Command, “let’s
hope the president will stand down the troops so they can be with their
families — especially over the holidays.”
But
some officials in the Defense Department worry that Mr. Trump could do
the opposite — seek an exception to the Posse Comitatus Act, the 1878
law that prohibits the government from using active-duty troops to
enforce laws inside the country’s borders.
As
pure political calculation, analysts from both parties said that
seizing on the caravan mobilized Republican voters, dramatizing
immigration in a way that resonated with Mr. Trump’s political base. But
it is far less clear that the dire warnings helped Republican
candidates with independents or other late-deciding voters.
In some places like Arizona, where the Democratic Senate candidate, Kyrsten Sinema, narrowly beat her Republican opponent,
Martha McSally, analysts said the caravan might actually have
backfired. Ms. McSally echoed Mr. Trump’s language about the coming wave
of migrants, calling it a “public safety and national security issue.”
Since the election last week, Mr. Trump has tweeted about the caravan exactly once.Foto de: Doug Mills/The New York Times
David
Axelrod, a former aide to President Barack Obama, said on Twitter, “The
president’s calculated histrionics about the caravan, about which we
have heard very little since Election Day, may have sunk the @GOP in
AZ.”
In
exit polls, voters who made up their minds in the last three days
before the election said they voted for Democrats over Republicans 53
percent to 41 percent. That coincides with the period in which Mr. Trump
redoubled his focus on the caravan, rejecting the advice of aides who
wanted to air a commercial promoting the healthy economy.
Exit
polls did not contain a specific question about the caravan. But they
did show that voters who made up their minds in the final week of the
campaign, before Mr. Trump’s last-minute push, chose Democrats over
Republicans by a narrower tally: 49 percent to 48 percent.
Privately,
Republican pollsters pointed to the fact that their party had picked up
just three of 10 Senate seats held by Democrats as evidence of the
ambiguous effect the caravan crusade had on Republicans.
At
one campaign rally after another, Mr. Trump said the election came down
to “the caravan, law and order, and common sense.” In Mesa, Ariz., on
Oct. 19, he said: “You got some bad people in those groups. You got some
tough people in those groups. And I’ll tell you what — this country
doesn’t want them. O.K.? We don’t want them.”
A
day earlier, he tweeted about the “assault on our country at our
Southern Border, including the Criminal elements and DRUGS pouring in.”
Mr.
Trump posted footage of an undocumented immigrant on trial for killing a
police officer, and his campaign organization produced an ad featuring
migrants trying to scale a wall to dramatize the stakes of the election.
“I’ve
never before seen an American president, after going all over the
country about this national crisis, then the day after an election
shrug,” said Douglas Brinkley, a presidential historian at Rice
University.
The
closest parallel that Mr. Brinkley drew was to President Lyndon B.
Johnson, who seized on — and mischaracterized — two murky encounters
between American and North Vietnamese warships in the Gulf of Tonkin in
1964 as a pretext to accelerate America’s engagement in the Vietnam War.
Still, he said, Mr. Trump’s response was of a different order.
If
all 15,000 troops that Mr. Trump pledged are ultimately deployed to the
border, budget officials believe the cost could reach $200 million.Foto de: Tamir Kalifa for The New York Times
“It
was a dangerous form of xenophobia, aimed solely for electoral purposes
and had nothing to do in the end with real national security,” Mr.
Brinkley said.
For
the troops, so far, it has mostly been an expensive field trip. The cost
of the deployment is not known, but budget officials believe it could
reach $200 million if all 15,000 troops that Mr. Trump pledged are
ultimately sent.
Defense
Secretary Jim Mattis said on Tuesday that the Pentagon was “capturing”
the expenses daily and would update the public when he knew the total
cost. On Wednesday, Mr. Mattis plans to meet with soldiers at Base Camp
Donna, the forward operating base built over the last month near the Rio
Grande.
Mr. Mattis
said there had been no change to the mission; the troops were not
receiving extra combat or hostile-fire pay. His visit, a defense
official said, is meant to be low key and reminiscent of his days as a
Marine general, when he could meet front-line troops with little
fanfare.
Living
conditions at Base Camp Donna are spare, but since its construction
this month, the Army has added showers and a larger living area aside
from the initial allotment of tents.
Defenders of Mr. Trump said the troops would take little notice of his sudden lack of emphasis on the caravan.
“Knowing
the troops, knowing how busy they are, they’re not focused on him,”
said Jack Keane, a retired four-star general who is a former vice chief
of staff of the Army. “They’ve got a job to do.”
But
other former military officers said the soldiers were well aware of the
political motivation behind their mission. Lacking much else to do,
they will quickly pick up on Mr. Trump’s loss of interest in the
caravan, and it will add to their already depleted morale.
“Having
spent months in the desert with nothing to do, at least we had
scorpions to have scorpion fights with,” said John A. Nagl, a retired
Army lieutenant colonel who served in Operation Desert Shield in 1990
and 1991.
“But we had a real mission,” he said. “These guys don’t have that.”
Há uma década a TV Globo exibe "Amor e Sexo",
mas desde 2013 o programa apresentado por Fernanda Lima foi se tornando
mais politizado, sob a batuta do show runner Antonio Amancio. A atração
chamou para si o protagonismo das pautas progressistas no momento em
que a sociedade brasileira se polarizou.
]Numa síntese única, o programa de variedades faz jus ao que há de
melhor na tradição inventiva da televisão brasileira, ao apresentar as
lutas humanitárias com estética exuberante, sem medo de ser feliz.
No conteúdo, a equipe do programa não busca uma isenção que não existe. "Amor e Sexo" tem posição clara: está na disputa por uma sociedade menos opressora, que trate todas e todos como iguais,
e tenha respeito pelas diferenças. Valores éticos fundamentais em
qualquer país democrático, mas que no Brasil de hoje estão sob a alcunha
de "ideologia comunista".
Na última semana, Fernanda Lima causou polêmica ao fechar o programa
sobre mulheres dizendo: "vamos sabotar as engrenagens deste sistema de
opressão. Vamos sabotar as engrenagens deste sistema homofóbico,
racista, patriarcal, machista e misógino. Vamos jogar na fogueira as
camisas de força da submissão, da tirania e da repressão. Vamos libertar
todas nós e todos vocês. Nossa luta está apenas começando. Prepare-se
porque esta revolução não tem volta. Bora sabotar tudo isso!"
O programa foi gravado em julho, portanto foi escrito no começo do
ano. Em momento algum a apresentadora falou o nome do presidente eleito.
Sua fala se insurge contra o que há de pior na sociedade brasileira: o
passado colonial. Seu discurso é ético-político, e não
ideológico-partidário. Mas para os bolsominions Fernanda Lima quer boicotar o país e o governo. Ou seja, a carapuça serviu.
O post mais raivoso contra Lima foi escrito por um cantor sertanejo,
que diz: "a corda sempre arrebenta pro lado mais fraco e o lado mais
fraco é onde ela está". Depois de pedir que sabotem Fernanda, o sujeito
escreve: "Sergio Moro vai ajuda a sabotar, pode esperar kkkk".
Ao decretarem o ataque e boicote à Fernanda Lima, os eleitores de Bolsonaro
reconhecem que o que eles desejam é justamente acabar com os avanços
que conquistamos no combate às desigualdades estruturais de nossa
sociedade —a corda sempre arrebenta pro lado mais fraco (sic).
Assumem que identificam na plataforma do presidente eleito um projeto de manutenção disso tudo que sempre esteve aí: racismo, machismo, homofobia, misoginia, submissão da mulher, enfim, a tirania da casa grande.
E identificam no ex-juiz e futuro ministro Sergio Moro
alguém capaz de usar o Estado como máquina de perseguição para realizar
este projeto. Diante desta ideia, surge um kkkk de quem goza com a
ideia fascista.
Durante as eleições vários Tribunais Regionais Eleitorais
determinaram que faixas com dizeres como "Ditadura nunca mais" e
"Fascismo Não" fossem retiradas de universidades. A alegação era de que se tratava de propaganda política, mesmo sem haver o número ou o nome de qualquer candidato. O Supremo Tribunal Federal se posicionou contra a decisão,
e a Justiça eleitoral voltou atrás. Mas permanece o fato: os TREs
consideraram que havia um candidato cuja plataforma política era
fascista e que fazia apologia da ditadura.
Pouco se falou naquelas semanas que fascismo é crime. Se havia um
candidato que representava a pauta do fascismo, era ele quem deveria ser
criminalizado. Este crime, nenhum TRE entendeu ser passível de
penalidade. Os passíveis de prisão eram aqueles que protestavam
democraticamente.
Alguma coisa está profundamente fora da ordem no Brasil. Aqui,
racismo e homofobia são crimes. Um país que entende a sabotagem pregada
por Fernanda como crime ou gesto passível de condenação moral está
sabotando a si próprio.