local onde publico os textos & artigos maiores citados no BLOG0NEWS
de modo que os posts de lá não fiquem enormes.
July 21, 2019
Prêmio Eisner 2019 divulga premiados, com brasileira entre os vencedores
Adriana Melo participou de coletânea que ganhou o 'Oscar' das HQs, a mais importante premiação relacionada ao gênero no mundo
Gustavo Cunha
A notícia chegou no dia seguinte ao anúncio do Prêmio Eisner 2019
, o Oscar das histórias em quadrinhos. Na manhã deste sábado (20),
enquanto se debruçava, concentrada, sobre um trabalho, a ilustradora Adriana Melo se distraiu com o toque do celular: um amigo avisava que a coletânea de histórias em quadrinhos "Puerto Rico strong"
, da qual ela havia participado, se consagrara, na véspera, como a
Melhor Antologia da mais importante premiação relacionada ao gênero no
mundo. Outros cinco brasileiros também concorriam a troféus em diferentes categorias.
— Não tinha tanta expectativa, mas estava torcendo...
Foi, sim, uma surpresa muito grande. Não tenho como não dizer que estou
muito, muito, muito feliz — comemora a desenhista de 42 anos, moradora
de São Paulo (SP).
Sem previsão de lançamento no mercado editorial
brasileiro (a obra segue à venda em plataformas estrangeiras), "Puerto
Rico strong" reúne dezenas de histórias que tem o país caribenho como
cenário. Publicado com o objetivo de levantar fundos para vítimas do
furacão Maria, que devastou Porto Rico em 2017, o livro foi produzido
por mais de 60 artistas, entre roteiristas e ilustradores de diversas
nacionalidades.
Nas páginas com a assinatura de Adriana — e do roteirista Jeff Gomez
, que imprimiu um tom autobiográfico à trama —, a narrativa acompanha
um menino de 12 anos, filho de porto-riquenhos e morador dos Estados
Unidos, durante as férias de verão na nação de origem dos pais. É ali
que ele entra, pela primeira vez, numa loja de HQs, e encontra, de certa
forma, a própria vocação.
— A ideia da antologia é contar pontos diferentes da
história de Porto Rico através de memórias afetivas, trazendo esse país
para perto de pessoas que não o conheciam — explica. — Esse projeto
precisava mesmo ser reconhecido! Desde que o resultado foi anunciado,
tenho recebido muito carinho. O prêmio joga um holofote sobre os
vencedores.
Uma das páginas de "Puerto Rico strong" ilustradas por Adriana Melo Foto: Divulgação
Se o Oscar ainda é um tabu para o cinema brasileiro,
no Eisner, prêmio equivalente dos quadrinhos, os artistas nacionais têm
se superado. Em 2008, quadrinistas brasileiros levaram o troféu na mesma
categoria, pela publicação "5", com participação de Rafael Grampá e dos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá . Em 2018, Marcelo D'Salete venceu o Eisner com a graphic novel "Cumbe" , considerada, na ocasião, como Melhor Edição Americana de Material Estrangeiro.
'Sensação de coração quente'
É a primeira vez que Adriana Melo vê uma produção
própria ser nominada — e laureada — a um prêmio. Artista vinculada aos
estúdios DC Comics, responsável por franquias como "Batman", "Superman" e
"Mulher maravilha", ela mantém uma rotina rígida no ambiente de
trabalho montado dentro de casa, na capital paulista, onde mora com a
filha e o pai.
— Na verdade, tendo internet e wi-fi, o meu estúdio
já está levantado — brinca. — Daí, quando o prazo aperta, tenho que
colocar todo mundo para fora de casa: gato, passarinho... Dentro do
possível, tento ter uma disciplina para conseguir manter o trampo.
Diariamente, ela dedica mais de dez horas aos traços
de personagens e séries como "Fúrias femininas", "Homem-borracha",
"Arlequina" e "Hera venenosa". Mas não reclama. Semanalmente, precisa
enviar uma média de oito páginas para a sede da empresa, na Califórnia,
nos Estados Unidos.
— Trabalhar com quadrinhos é trabalhar com muitoz
prazos. E eu trabalho em função do horário de lá, né? São quatro horas
de diferença para a Califórnia, com o fuso. Então acontece de às 23h
precisar estar com o celular na mão para responder determinadas
demandas, por exemplo. — conta. — Virei a tia que dificilmente vai aos
aniversários de família, a prima que sempre fura os eventos (risos)...
Desde a infância, Adriana demonstrava talento com os
lápis, apesar de nunca ter feito qualquer curso para se especializar na
área ("Na minha época, não havia essas coisas", pondera).
Através de amigos e colegas, trilhou um caminho no
universo de quadrinhos, e há 15 anos trabalha para o mercado americano —
na agência em que seu nome está vinculado, outros 50 brasileiros
possuem contratos com editoras estrangeiras, como a DC e Marvel.
Animada, ela diz que realiza um sonho.
— É muito duro e puxado, mas eu trabalho em algo que
sempre desejei desde muito nova. Sempre fico cansada, mas quando respiro
e olho pra trás, tenho a sensação de que o coração está quente, sabe? —
ressalta. — Hoje (sábado) vou até encerrar as atividades no estúdio mais cedo para celebrar o prêmio.
Vencedores do Prêmio Eisner 2019
Melhor história curta:
The Talk of the Saints por Tom King e Jason Fabok, em Swamp Thing Winter Special (DC Comics)
Melhor história em edição única:
Peter Parker: The Spectacular Spider-Man #310, de Chip Zdarsky (Marvel)
Melhor série:
Dias Gigantes, de John Allison, Max Sarin, e Julaa Madrigal (BOOM! Box)
Melhor minissérie:
Senhor Milagre, de Tom King e Mitch Gerads (DC Comics)
Melhor série estreante:
Gideon Falls, de Jeff Lemire e Andrea Sorrentino (Image)
Melhor publicação infantil (até 8 anos):
Johnny Boo and the Ice Cream Computer, de James Kochalka (Top Shelf/IDW)
Melhor publicação infantil (de 9 a 12 anos):
The Divided Earth, de Faith Erin Hicks (First Second)
Melhor publicação juvenil (de 13 a 17 anos):
The Prince and the Dressmaker, de Jen Wang (First Second)
Melhor publicação de humor:
Dias Gigantes, de John Allison, Max Sarin, e Julia Madrigal (BOOM! Box)
Melhor antologia:
Puerto Rico Strong, editado por Marco Lopez, Desiree Rodriguez, Hazel Newlevant, Derek Ruiz, e Neil Schwartz (Lion Forge)
Melhor não-ficção:
Is This Guy For Real? The Unbelievable Andy Kaufman, de Box Brown (First Second)
Melhor álbum gráfico (inédito):
My Heroes Have Always Been Junkies, de Ed Brubaker e Sean Phillips (Image)
Melhor álbum gráfico (republicação):
Visão, de Tom King, Gabriel Hernandez Walta, e Michael Walsh (Marvel)
Melhor adaptação de outra mídia:
Frankenstein de Mary Shelley, em Frankenstein: Junji Ito Story Collection, adaptado por Junji Ito (VIZ Media)
Melhor edição americana de material estrangeiro:
Brazen: Rebel Ladies Who Rocked the World, de Pénélope Bagieu (First Second)
Melhor edição americana de material estrangeiro (asiático):
Tokyo Tarareba Girls, de Akiko Higashimura (Kodansha)
Melhor coleção de arquivos (tiras):
Star Wars: Classic Newspaper Strips, vol. 3, de
Archie Goodwin e Al Williamson, editado por Dean Mullaney (Library of
American Comics/IDW)
Melhor coleção de arquivo (quadrinhos):
Bill Sienkiewicz’s Mutants and Moon Knights… And Assassins... Artifact Edition, editado por Scott Dunbier (IDW)
Melhor roteirista:
Tom King por Batman, Senhor Milagre, Heroes in Crisis e Swamp Thing Winter Special (DC Comics)
Melhor roteirista/desenhista:
Jen Wang por The Prince and the Dressmaker (First Second)
Melhor arte-final ou time de arte-finalistas:
Mitch Gerads por Senhor Milagre (DC Comics)
Melhor desenhista/artista multimídia (páginas internas):
Dustin Nguyen por Descender (Image)
Melhor capista:
Jen Bartel por Blackbird (Image); Submerged (Vault)
Melhor colorista:
Matt Wilson por Black Cloud, Paper Girls, The Wicked + The Divine (Image); O Poderoso Thor, Fugitivos (Marvel)
Melhor letrista:
Todd Klein por Black Hammer: Age of Doom e Neil
Gaiman’s A Study in Emerald (Dark Horse); Batman: Cavaleiro Branco (DC
Comics); Eternity Girl e Livros da Magia (Vertigo/DC Comics); The League
of Extraordinary Gentlemen: The Tempest (Top Shelf/IDW)
Melhor quadrinho relacionado a jornalismo:
Back Issue editado por Michael Eury (TwoMorrows)
PanelxPanel magazine, editado por Hassan Otsmane-Elhaou, panelxpanel.com
Melhor livro sobre quadrinhos:
Drawn to Purpose: American Women Illustrators and Cartoonists, de Martha H. Kennedy (University Press of Mississippi)
Melhor trabalho acadêmico:
Sweet Little C*nt: The Graphic Work of Julie Doucet, de Anne Elizabeth Moore (Uncivilized Books)
Melhor design de publicação:
Will Eisner’s A Contract with God: Curator’s Collection, design de John Lind (Kitchen Sink/Dark Horse)
No comments:
Post a Comment