O livro 'Memória do Traço' fala de criações como o Gatão de Meia-Idade, Ed Mort e Chiquinha
RIO DE JANEIRO
Radical Chic se aposentou e hoje mora num sítio em Mauá, onde passa a vida fumando maconha e fazendo sexo. Esse é o destino da personagem mais importante criada por Miguel Paiva, que fez 50 anos de carreira e agora lança o livro “Memória do Traço”, no qual fala dela e de outras criações, como o Gatão de Meia-Idade, Ed Mort e Chiquinha.
Cartunista, artista gráfico, diretor de arte de “O Pasquim”, escritor de quadrinhos, de roteiros de cinema, de musicais, compositor, criador de aberturas de novela, não falta assunto para Paiva colocar no que ele descreve como “uma biografia profissional”.
“A ideia inicial, há uns 10 anos, era fazer uma exposição de todo meu trabalho. Mas ficou inviável, precisava de patrocínio. Acabou virando um livro”, conta o artista. A obra, fartamente ilustrada, foi escrita por seu filho, Vitor Paiva, que realizou 20 entrevistas com o pai em 2017 e transformou as conversas em texto. Outro filho, Diego, foi o responsável pela capa.
A Radical Chic era uma garota de uns 30 anos, de cabelos curtos e vermelhos, independente, desinibida e moderna. Isso no comecinho dos anos 1980. “Foi uma personagem inovadora em uma época em que as mulheres não tinham lugar de fala. Eram histórias favoráveis às mulheres e bastante críticas ao machismo”, diz Paiva.
[ x ]
“Hoje não cabe mais um personagem como ela escrito por um homem. As mulheres estão falando por elas. Eu não fui radical como o Angeli, que matou a Rê Bordosa, mas ela está aposentada, sim.”
Além do fino humor que desafiava as convenções mais tacanhas da família, tradição e propriedade, os desenhos angulosos e bem coloridos causaram furor. Radical Chic teve suas histórias publicadas em quase toda a grande imprensa brasileira na época.
Em 1993, foi convidada, e aceitou, posar para a Playboy. No mesmo ano, estreou em um programa da Rede Globo, vivida por Andréa Beltrão. Virou agenda, caneca, jogo e cartilha do Ministério da Saúde em campanha contra a Aids.
Outros personagens de grande alcance foram o Gatão de Meia-Idade, que virou filme com Alexandre Borges em 2006, e o detetive Ed Mort, este inspirado nos contos de Luis Fernando Veríssimo. Mort também ganhou especiais da Globo e filme.
Se Paiva foi criticado por homens quando deu voz à ala feminina, foi também por mulheres quando desenhou a Radical Chic pelada. E as críticas estão todas no livro, sem pudor.
Conta por exemplo, como Millôr Fernandes, um de seus maiores influenciadores, reagiu à Radical: “ela fez humor a favor das mulheres”, e o humor jamais poderia ser a favor, tinha de ser sempre contra. Paiva saiu-se com essa: “Ela faz humor contra o machismo”. E estamos conversados.
RIO DE JANEIRO
Radical Chic se aposentou e hoje mora num sítio em Mauá, onde passa a vida fumando maconha e fazendo sexo. Esse é o destino da personagem mais importante criada por Miguel Paiva, que fez 50 anos de carreira e agora lança o livro “Memória do Traço”, no qual fala dela e de outras criações, como o Gatão de Meia-Idade, Ed Mort e Chiquinha.
Cartunista, artista gráfico, diretor de arte de “O Pasquim”, escritor de quadrinhos, de roteiros de cinema, de musicais, compositor, criador de aberturas de novela, não falta assunto para Paiva colocar no que ele descreve como “uma biografia profissional”.
“A ideia inicial, há uns 10 anos, era fazer uma exposição de todo meu trabalho. Mas ficou inviável, precisava de patrocínio. Acabou virando um livro”, conta o artista. A obra, fartamente ilustrada, foi escrita por seu filho, Vitor Paiva, que realizou 20 entrevistas com o pai em 2017 e transformou as conversas em texto. Outro filho, Diego, foi o responsável pela capa.
A Radical Chic era uma garota de uns 30 anos, de cabelos curtos e vermelhos, independente, desinibida e moderna. Isso no comecinho dos anos 1980. “Foi uma personagem inovadora em uma época em que as mulheres não tinham lugar de fala. Eram histórias favoráveis às mulheres e bastante críticas ao machismo”, diz Paiva.
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“Hoje não cabe mais um personagem como ela escrito por um homem. As mulheres estão falando por elas. Eu não fui radical como o Angeli, que matou a Rê Bordosa, mas ela está aposentada, sim.”
Além do fino humor que desafiava as convenções mais tacanhas da família, tradição e propriedade, os desenhos angulosos e bem coloridos causaram furor. Radical Chic teve suas histórias publicadas em quase toda a grande imprensa brasileira na época.
Em 1993, foi convidada, e aceitou, posar para a Playboy. No mesmo ano, estreou em um programa da Rede Globo, vivida por Andréa Beltrão. Virou agenda, caneca, jogo e cartilha do Ministério da Saúde em campanha contra a Aids.
Outros personagens de grande alcance foram o Gatão de Meia-Idade, que virou filme com Alexandre Borges em 2006, e o detetive Ed Mort, este inspirado nos contos de Luis Fernando Veríssimo. Mort também ganhou especiais da Globo e filme.
Se Paiva foi criticado por homens quando deu voz à ala feminina, foi também por mulheres quando desenhou a Radical Chic pelada. E as críticas estão todas no livro, sem pudor.
Conta por exemplo, como Millôr Fernandes, um de seus maiores influenciadores, reagiu à Radical: “ela fez humor a favor das mulheres”, e o humor jamais poderia ser a favor, tinha de ser sempre contra. Paiva saiu-se com essa: “Ela faz humor contra o machismo”. E estamos conversados.
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