Washington Fajardo
Que o
turismo é economia fundamental e estratégica para o Rio de Janeiro já
sabemos há muito tempo. Do que falamos pouco é sobre sua capacidade de
fomentar respeito e conhecimento por meio do contato entre culturas.
Portanto, ser uma cidade hospitaleira é dimensão mais ampla do que
simplesmente ser um destino global.
Logo, ser anfitrião não significa apenas oferecer amenidades sofisticadas, mas pôr em prioridade a capacidade de ser acolhedor com o habitante local e permitir que o visitante possa ler a cidade e fluir por ela em segurança.
A segurança pública está esfacelada. Viver é uma loteria atualmente. Há esforço político em resolver falta de recursos para as escolas de samba, mas não vemos o mesmo empenho na necessária intervenção federal na defesa do cidadão. Como se a experiência do espetáculo do Sambódromo pudesse ser plena sem assegurar a vida da população, especialmente da periferia, onde se forja a matriz cultural do samba. Não há festa e turismo sem proteger a juventude negra e pobre. Não há atração sem assegurar que a vida de policiais, pobres e negros, esteja garantida. O carnaval é uma oferta amorosa, para todos, inventada pelos pobres e negros, tão generosa que abraça até os próprios políticos que ignoram o valor da segurança. Morressem as crianças de Brasília, haveria solução em questão de horas. Portanto, não há festa de fato, e não se desenvolve o turismo a contento, enquanto não mudarmos isso. Essa é a transformação que ainda não ocorreu. Há escalas menores que poderiam ser tratadas mesmo assim.
O Rio de Janeiro possui uma imagem urbana clara, concisa, historicamente estabelecida, que, mesmo abalada pela violência, resiste. E é rara, bela essa imagem, onde a paisagem natural e a humana criam para o visitante uma mistura mágica. Todas as pesquisas mostram o alto índice de interesse em retornar, apesar dos problemas. Não se pode, contudo, descuidar do ordenamento do espaço público. E especialmente não se deve abandonar os portais da cidade.
Os aeroportos Galeão e Santos Dumont, a rodoviária Novo Rio, a estação de barcas, a Central do Brasil e os terminais de ônibus intermunicipais são portas de entrada da cidade. E, infelizmente, é péssima e consolidada a percepção destes espaços.
Pegar um táxi no movimentado Congonhas, em São Paulo, é muito mais simples e organizado do que o caos que se enfrenta no Rio, onde se é achincalhado antes mesmo de sair do desembarque, cheio de quiosques de frotas “corporativas” que oferecem aos visitantes segurança, assim como um mafioso oferece garantias para seus clientes.
Logo, ser anfitrião não significa apenas oferecer amenidades sofisticadas, mas pôr em prioridade a capacidade de ser acolhedor com o habitante local e permitir que o visitante possa ler a cidade e fluir por ela em segurança.
A segurança pública está esfacelada. Viver é uma loteria atualmente. Há esforço político em resolver falta de recursos para as escolas de samba, mas não vemos o mesmo empenho na necessária intervenção federal na defesa do cidadão. Como se a experiência do espetáculo do Sambódromo pudesse ser plena sem assegurar a vida da população, especialmente da periferia, onde se forja a matriz cultural do samba. Não há festa e turismo sem proteger a juventude negra e pobre. Não há atração sem assegurar que a vida de policiais, pobres e negros, esteja garantida. O carnaval é uma oferta amorosa, para todos, inventada pelos pobres e negros, tão generosa que abraça até os próprios políticos que ignoram o valor da segurança. Morressem as crianças de Brasília, haveria solução em questão de horas. Portanto, não há festa de fato, e não se desenvolve o turismo a contento, enquanto não mudarmos isso. Essa é a transformação que ainda não ocorreu. Há escalas menores que poderiam ser tratadas mesmo assim.
O Rio de Janeiro possui uma imagem urbana clara, concisa, historicamente estabelecida, que, mesmo abalada pela violência, resiste. E é rara, bela essa imagem, onde a paisagem natural e a humana criam para o visitante uma mistura mágica. Todas as pesquisas mostram o alto índice de interesse em retornar, apesar dos problemas. Não se pode, contudo, descuidar do ordenamento do espaço público. E especialmente não se deve abandonar os portais da cidade.
Os aeroportos Galeão e Santos Dumont, a rodoviária Novo Rio, a estação de barcas, a Central do Brasil e os terminais de ônibus intermunicipais são portas de entrada da cidade. E, infelizmente, é péssima e consolidada a percepção destes espaços.
Pegar um táxi no movimentado Congonhas, em São Paulo, é muito mais simples e organizado do que o caos que se enfrenta no Rio, onde se é achincalhado antes mesmo de sair do desembarque, cheio de quiosques de frotas “corporativas” que oferecem aos visitantes segurança, assim como um mafioso oferece garantias para seus clientes.
Nem a nova oferta de BRT, com conexão com o metrô,
no Galeão, ou a conexão do VLT com o Santos Dumont conseguem oferecer
uma experiência positiva para o usuário, pois não há design de serviço
que o priorize. As sinalizações nos aeroportos destacam pouco esses
modais, há tantos letreiros de fast food, tantas placas que é impossível
ler o ambiente arquitetônico. Quando chegamos num lugar novo,
desconhecido, nosso nível de adrenalina sobe, e entramos em estado de
vigília em que todo o corpo fica mais atento, e também mais estressado,
por isso ter espaços serenos e legíveis, mesmo que com alta densidade de
uso, nos tranquiliza para tomar decisões e ter um bom registro de
memória. Ser abordado, ser tocado, a todo momento, em outra língua, é
equivalente a entrar num trem-fantasma.
Os novo modais, infraestruturas excelentes, são bizantinos para os sistemas de compra de cartão de transporte. Ter o nome “Rio” no cartão Riocard é um prejuízo para a imagem da cidade. São sistemas burros, não projetados para visitantes. Dane-se se são operadores diferentes, ônibus, VLT e metrô! Se tais contratos de concessão tivessem um índice de avaliação do usuário não durariam um ano.
Ou seja, há real desejo de fazer o dever de casa e ordenar coisas simples ou continuaremos usando a desculpa da insegurança para não cuidar de nada?
Os novo modais, infraestruturas excelentes, são bizantinos para os sistemas de compra de cartão de transporte. Ter o nome “Rio” no cartão Riocard é um prejuízo para a imagem da cidade. São sistemas burros, não projetados para visitantes. Dane-se se são operadores diferentes, ônibus, VLT e metrô! Se tais contratos de concessão tivessem um índice de avaliação do usuário não durariam um ano.
Ou seja, há real desejo de fazer o dever de casa e ordenar coisas simples ou continuaremos usando a desculpa da insegurança para não cuidar de nada?
A rodoviária e a
Central do Brasil, e seus terminais de ônibus próximos, são portas do
inferno de Dante. Aceitar que o caos vire paisagem é destruir os
fundamentos da urbanidade, além de jogar no lixo o potencial do Rio como
um lugar hospitaleiro. O samba surgiu dos fluxos na cidade, da Pedra do
Sal conversando com a Praça Onze, falando com Oswaldo Cruz. As estações
de trem eram mais respeitadas como espaço público e de encontro. Chegar
ao Rio já foi uma experiência maravilhosa no passado e que resiste.
Descuidar desses portais da cidade, da experiência do usuário, seja ele
local ou visitante, é também uma violência, lenta e paulatina. Nunca há
uma segunda oportunidade para causar uma boa primeira impressão.
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