por Bernardo Mello Franco
O Brasil tem seis ex-presidentes vivos. Um deles continua a bater
ponto no Planalto. Aos 77 anos, Michel Temer vaga pelo palácio como uma
alma penada. Rejeitado pelos eleitores, abandonado pelos aliados, ele
finge que ainda governa enquanto o sucessor não chega. Agora faltam 128
dias para a posse.
Governantes em fim de mandato costumam reclamar da maldição do café frio. Temer parece conformado com o ostracismo. Neste mês, ele reduziu as aparições públicas e cancelou duas viagens internacionais. Passou a maior parte do tempo no gabinete, cercado por outros políticos enrolados com a Justiça.
Na quinta-feira, sua agenda oficial registrou a visita do mensaleiro Valdemar Costa Neto, o poderoso chefão do PR. Três dias antes, foi a vez do deputado Lúcio Vieira Lima, alvo de um processo de cassação na Câmara. Ele é irmão do ex-ministro Geddel, que escondia R$ 51 milhões em malas e caixas de papelão.
O governo parou, mas as investigações continuam. Na sexta-feira, O GLOBO revelou um novo depoimento do doleiro Lúcio Funaro. Ele disse à Polícia Federal que o ex-deputado Eduardo Cunha repassava propina a Temer desde 2003. Em outra frente, o empresário Marcelo Castanho afirmou ter pingado R$ 1 milhão na empresa do coronel João Baptista Lima, o faz-tudo do presidente.
O governo emitiu os desmentidos de praxe. A procuradora Raquel Dodge não se manifestou. Prestes a festejar o primeiro aniversário no cargo, ela parece sem pressa para denunciar o responsável por sua nomeação. A doutora tem sido mais veloz com outros personagens. No dia 15, levou poucas horas para contestar o registro de Lula no TSE.
A impopularidade obrigou Temer a se esconder da corrida presidencial. Isso não significa que ele tenha sido esquecido. No debate da RedeTV!, os candidatos citaram seu nome 14 vezes. Em 12 delas, para acusá-lo de praticar “atos criminosos”, cortar gastos sociais, entregar o pré-sal e chefiar um governo “sem legitimidade”.
O tucano Geraldo Alckmin o citou outras duas vezes. Em ambas, tentou livrar-se da alcunha de candidato do presidente. O emedebista Henrique Meirelles preferiu não pronunciar o nome do ex-chefe. Teve motivo: de acordo com o Datafolha, 87% rejeitam votar em alguém apoiado por ele.
Sem ter quem o defenda, Temer virou advogado de si mesmo. Na segunda-feira, ele se expôs ao ridículo ao redigir uma carta para Caetano Veloso, que o chamou de “dissimulado” num post de Facebook. O ex-presidente em atividade escreveu 47 linhas empoladas e cheias de autoelogios, apresentados como “um contraponto para sua apreciação”.
O compositor de “Podres Poderes” respondeu com um vídeo debochado. “A última pessoa para quem Temer escreveu uma carta longa foi a Dilma. E a turma dele deu um golpe contra ela. Será que ele vai dar um golpe contra mim? Eu sou difícil de destituir”, disse, aos risos.
Governantes em fim de mandato costumam reclamar da maldição do café frio. Temer parece conformado com o ostracismo. Neste mês, ele reduziu as aparições públicas e cancelou duas viagens internacionais. Passou a maior parte do tempo no gabinete, cercado por outros políticos enrolados com a Justiça.
Na quinta-feira, sua agenda oficial registrou a visita do mensaleiro Valdemar Costa Neto, o poderoso chefão do PR. Três dias antes, foi a vez do deputado Lúcio Vieira Lima, alvo de um processo de cassação na Câmara. Ele é irmão do ex-ministro Geddel, que escondia R$ 51 milhões em malas e caixas de papelão.
O governo parou, mas as investigações continuam. Na sexta-feira, O GLOBO revelou um novo depoimento do doleiro Lúcio Funaro. Ele disse à Polícia Federal que o ex-deputado Eduardo Cunha repassava propina a Temer desde 2003. Em outra frente, o empresário Marcelo Castanho afirmou ter pingado R$ 1 milhão na empresa do coronel João Baptista Lima, o faz-tudo do presidente.
O governo emitiu os desmentidos de praxe. A procuradora Raquel Dodge não se manifestou. Prestes a festejar o primeiro aniversário no cargo, ela parece sem pressa para denunciar o responsável por sua nomeação. A doutora tem sido mais veloz com outros personagens. No dia 15, levou poucas horas para contestar o registro de Lula no TSE.
A impopularidade obrigou Temer a se esconder da corrida presidencial. Isso não significa que ele tenha sido esquecido. No debate da RedeTV!, os candidatos citaram seu nome 14 vezes. Em 12 delas, para acusá-lo de praticar “atos criminosos”, cortar gastos sociais, entregar o pré-sal e chefiar um governo “sem legitimidade”.
O tucano Geraldo Alckmin o citou outras duas vezes. Em ambas, tentou livrar-se da alcunha de candidato do presidente. O emedebista Henrique Meirelles preferiu não pronunciar o nome do ex-chefe. Teve motivo: de acordo com o Datafolha, 87% rejeitam votar em alguém apoiado por ele.
Sem ter quem o defenda, Temer virou advogado de si mesmo. Na segunda-feira, ele se expôs ao ridículo ao redigir uma carta para Caetano Veloso, que o chamou de “dissimulado” num post de Facebook. O ex-presidente em atividade escreveu 47 linhas empoladas e cheias de autoelogios, apresentados como “um contraponto para sua apreciação”.
O compositor de “Podres Poderes” respondeu com um vídeo debochado. “A última pessoa para quem Temer escreveu uma carta longa foi a Dilma. E a turma dele deu um golpe contra ela. Será que ele vai dar um golpe contra mim? Eu sou difícil de destituir”, disse, aos risos.
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