Marina Dias
Catia Seabra
Detido em Curitiba, Luiz Inácio Lula da Silva decidiu desafiar a lei eleitoral e uma recomendação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e não indicar um vice até o dia 6 (segunda-feira).
O ex-presidente optou por seguir seu plano inicial e prolongar a indefinição sobre o candidato que o acompanhará em sua chapa para a sucessão de Michel Temer. O plano é esticar a indefinição até dia 15, prazo final do registro de candidaturas.
Embora tenha sido aconselhado por sua assessoria jurídica a formalizar os nomes já na convenção, em São Paulo, Lula brecou as negociações imediatas entre PT e Manuela D’Ávila (PC do B) e pediu que a presidente petista, Gleisi Hoffmann (PR), afirmasse publicamente que a sigla não anunciaria o vice neste momento.
A lei eleitoral, no entanto, diz que o prazo final é 24 horas após o período de convenções —ou seja, dia 6. “A escolha dos candidatos pelos partidos e a deliberação sobre coligações deverão ser feitas no período de 20 de julho a 5 de agosto do ano em que se realizarem as eleições, lavrando-se a respectiva ata em livro aberto, rubricado pela Justiça Eleitoral, publicada em vinte e quatro horas em qualquer meio de comunicação”, diz o artigo 8º da lei 9504/97.
Mas Lula decidiu correr o risco, apostando que a lei deixa brechas para que a Executiva Nacional do partido informe mais adiante quem é o vice.
A decisão frustrou auxiliares de Lula e dirigentes do PT, que tinham o desejo de indicar Manuela já neste sábado.
Aliados, porém, dizem que o ex-presidente ainda tem esperança de fechar acordo com o PDT, de Ciro Gomes, que também não escolheu um nome para seu posto de vice e tem tido comportamento dúbio em relação ao PT.
Isso porque a avaliação de Lula é de que a eleição deste ano será, mais uma vez, polarizada entre direita e esquerda e só há espaço, na opinião do ex-presidente, para um nome de cada campo.
"Não tem nada fechado, é uma possibilidade [Manuela como vice]. Nós temos o PDT como um partido aliado. Acho que Ciro Gomes seria um bom vice para o presidente Lula”, disse Gleisi.
Além do aceno ao PC do B, Lula articulou um acordo entre PT e PSB que resultou na retirada da candidatura de Marília Arraes (PT) da disputa pelo governo de Pernambuco, em benef ício da reeleição de Paulo Câmara (PSB). Arraes, nesta sexta (3), capitulou e aceitou o acordo.
Em troca, o PSB, que estava quase fechando aliança com Ciro, deve ficar neutro na corrida nacional.
Gleisi estava reunida com a cúpula petista em São Paulo, na tarde desta sexta (3), quando foi convocada por Lula para ir a Curitiba, onde ele está preso há quatro meses, para receber orientações sobre a oficialização da chapa do partido.
Na saída da Superintendência da Polícia Federal, Gleisi afirmou que a sigla poderia decidir até dia 15 sobre o vice.
"Não tem determinação, vamos seguir a regra que sempre se seguiu. Vamos fazer nossa convenção. Se tivermos amadurecido até amanhã ou domingo uma candidatura a vice vamos fazer, se não, vamos usar o que já usamos. Delegar à nossa comissão executiva para definir a candidatura de vice na véspera da inscrição do presidente Lula”, declarou.
Até o último minuto do encontro dentro da cela do ex-presidente, advogados de Lula tentavam acionar Gleisi por telefone para dizer que o mais prudente era seguir a legislação.
Mais cedo, emissários de Lula consultaram dirigentes do PC do B sobre a hipótese de Manuela desistir da candidatura própria ao Planalto e esperar até 15 de agosto, último dia para o registro das candidaturas, e ser oficializada vice na chapa do PT somente nesta data.
Líderes da sigla aliada, porém, consideraram a proposta petista “constrangedora”.
Gleisi viajou então ao lado do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, cotado como plano B caso Lula seja impedido de concorrer em outubro, para levar ao ex-presidente a proposta de indicação de Manuela já durante a convenção do partido, no sábado, mas ouviu o não como resposta.
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