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November 18, 2025

Morre Jards Macalé, artista transgressor que marcou a MPB

 

  • Autor de arranjos de 'Transa' uniu a bossa nova aos morros
  • Ele ajudou a modernizar música brasileira nos anos 196

 Homem de perfil com cabelo afro e óculos redondos, vestindo camiseta branca, segura um cigarro aceso próximo ao rosto, com fumaça visível.

 Morreu nesta segunda-feira (17), aos 82 anos, o músico Jards Macalé. O artista estava internado no hospital Unimed, no bairro da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, desde o dia 1º de novembro. Ele enfrentava complicações nos pulmões e teve uma parada cardíaca em decorrência de uma infecção generalizada e uma insuficiência renal.

"Jards Macalé nos deixou hoje", publicou sua equipe nas redes sociais. "Chegou a acordar de uma cirurgia cantando 'Meu Nome é Gal', com toda a energia e bom humor que sempre teve.

O velório do artista será na sala Sidney Muller, no Palácio Gustavo Capanema, centro do Rio, nesta terça (18), de 10h às 15h. Logo em seguida, às 16h, o sepultamento acontece no Cemitério São João Batista, na zona sul da cidade.

Caetano Veloso lamentou a morte. "Sem Macalé não haveria 'Transa'. Estou chorando porque ele morreu hoje. Foi meu primeiro amigo carioca da música. Antes de Bethânia imaginar que seria chamada para 'Opinião', Alvaro Guimarães, diretor teatral baiano, me trouxe ao Rio para montar e mixar o curta para o qual eu tinha feito a trilha. Fui parar na casa de Macalé. E ele tocou violão. Me encantei", disse. "Ele tocou com Beta, lançou composições, chamei-o para Londres e 'Transa'. Na volta, ele e eu seguimos na música. Que a música siga mantendo a essência desse ipanemense amado."

Uma das últimas aparições de Macalé nos palcos foi no fim de setembro, no festival carioca Doce Maravilha. O músico levou o público ainda tímido à emoção apresentando as canções de seu disco homônimo de 1972. Lançado no período mais repressivo da ditadura militar, versos como "não me calo", "já comi muito da farinha do desprezo" e "também posso chorar" soam atuais quando entoados por jovens de roupas coloridas.

Há dois anos, o músico lançou "Coração Bifurcado", álbum com participações de Maria Bethânia e Ná Ozzetti. Com 12 canções, o trabalho tratava das diferentes formas do amor. "Diante do cenário de genocídio emocional, pai brigando com filho, marido brigando com a sogra, uma 'porradaria' horrorosa, ninguém falava de amor", ele afirmou na ocasião do lançamento. "Estava na hora de retomar o amor que eu tenho para dar e fazer um disco de amor como gesto político."

Em "Besta Fera", de 2019, Macalé retratou o governo de Jair Bolsonaro como um período de trevas. Depois, ele se engajou na tentativa de pacificar o país, ainda dividido pela ideologia política. O cantor disse que se sentia confiante, depois de ter feito um show na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, em 2023. "Quando Lula subiu a rampa com a Janja e aquela vira-lata, eu me senti o próprio vira-lata."

Nascido no bairro carioca da Tijuca, Jards Anet da Silva passou a juventude entre Copacabana e Ipanema, nas mesas da Churrascaria Pirajá e do restaurante La Fiorentina. Com Nara Leão, a afinidade foi instantânea. Ela havia rompido com o lirismo descompromissado da época, unindo a bossa nova à música dos morros. Na época, chegou a acompanhar a cantora ao violão em shows no clube Caiçaras, localizado na Lagoa.

Jards Macalé em cena do filme 'Macaleia', dirigido por Rejane Zilles
Jards Macalé em cena do filme 'Macaleia', dirigido por Rejane Zilles - Anna Kahn/Anna Kahn

No ensaio biográfico "Eu Só Faço o que Quero", Fred Coelho assinala que, em diversos momentos da carreira, Macalé andava em grupos, mas nunca fez parte deles. Ele se preocupava em fundar sua própria linguagem artística.

Assim, na era dos festivais, ficou deslocado, porque ainda se detinha à poética viniciana. Nos anos 1970, foi um dos agentes do processo de eletrificação da música brasileira, adquirindo a face mórbida e romântica dos sucessos "Só Morto" e "Hotel das Estrelas", de 1970 e 1972, respectivamente.

Embora não se considerasse um tropicalista, Macalé colaborou de maneira definitiva com o movimento. Enquanto Caetano e Gilberto Gil estavam exilados em Londres, ele foi um parceiro importante para Gal Costa —que àquela altura se tornou a principal representante da música tropicalista na ausência da dupla.

Macalé não só fez arranjos para o disco "Legal", de 1970, como compôs para a cantora, incluindo músicas como "Mal Secreto" e "Vapor Barato", ambas em parceria com o poeta baiano Waly Salomão. A segunda delas, aliás, se tornou uma das principais músicas do repertório da cantora e de Macalé.

Em 1971, ele estava no Carnaval em Salvador quando Maria Bethânia apareceu para dizer que o irmão ligaria de Londres. Foi quando veio a convocação para reunir uma banda, embarcar para a capital inglesa e ser o diretor musical de "Transa", um dos discos mais cultuados de Caetano.

É ele quem toca o violão na abertura de "Nine Out of Ten", música que começa narrando um passeio por Portobello Road, então reduto da comunidade jamaicana na metrópole. Foi nessa região que Macalé tomou conhecimento do reggae, gênero que é lembrado na letra e do qual ele se apropriou no violão.

À Folha, o carioca contou que trocou um samba por um reggae. "O cara disse ‘te ensino a batida do reggae se você me ensinar a do samba’. Aí aprendi aquela célula. Ensinei a do samba, e ele ficou lá tentando. Acho que está tentando até hoje."

De volta ao Brasil, Macalé fez seu disco mais importante —o que leva o seu nome artístico, de 1972. A obra encapsula seu estilo de tocar violão, seu principal instrumento —e uma das marcas fundamentais de sua música.

Ele aprendeu a tocar com o pernambucano Jayme Florence, o Meira, que deu aulas a Baden Powell, e também Jodacil Damaceno, mais ligado à música erudita de Heitor Villa-Lobos. Fã, e depois amigo, de João Gilberto, Macalé partiu da percussividade e das harmonias da bossa nova, mas rejeitou o decoro dos ícones do estilo.

Se João era metódico e perfeccionista com o violão, Macalé era puro despojamento. O dedilhado rústico remete às "marteladas" nas cordas de Nelson Cavaquinho, mas nas mãos de Macalé o instrumento era ainda mais sujo, e mantinha certo diálogo com a guitarra elétrica e roqueira de Jimi Hendrix —que àquela altura estava sendo incorporada à música popular brasileira.

Em "Jards Macalé", de 1972, essa espontaneidade escorre do violão para toda a estética do álbum, recheado de experimentalismos, mudanças repentinas de andamento, falsetes errantes e letras espirituosas. Ele colaborou com letristas parceiros do tropicalistas, como Torquato Neto, José Carlos Capinam e Waly Salomão.

Tanto o canto quanto o violão, e até mesmo as levadas das faixas de "Jards Macalé" são trôpegos, dispensando o polimento da música brasileira mais respeitada da época. Mas esse desleixo era proposital e não significava que sua abordagem da música era frívola ou pueril.

Macalé tratava de temas existenciais em músicas como "Movimento dos Barcos", hoje no panteão das grandes composições da MPB, um hino sobre se deixar levar pela vida gravado também por Maria Bethânia. Brincava com a morte e o drama em "Farrapo Humano" e se derramava de dor em "Meu Amor me Agarra e Geme e Treme e Chora e Mata".

O álbum foi um desenrolar do EP "Só Morto/Burning Night", de 1970, que era ainda mais experimental, com maior destaque para a guitarra e os gritos do cantor. Sua produção nessa época o posicionou como um expoente da contracultura, com canções moldadas pelo clima de repressão da ditadura militar.

Em 1974, o disco "Aprender a Nadar" trouxe na capa a definição que Waly Salomão deu para a música de Macalé —"morbedeza romântica". O termo, que nem o próprio cantor sabia explicar direito, é um neologismo que misturava "morbidez" e "beleza", elementos contrastantes que se encontravam na obra do artist

Morbidamente belo, ou belamente mórbido, Macalé preferia provocar a expressar sentimentos de maneira simplória. Em "Aprender a Nadar", fez isso a partir da capa. A arte, com uma caricatura no estilo HQ, foi imposta pela gravadora ao músico, que achou a imagem muito ingênua para o conteúdo do disco e pediu para ele próprio escolher como seria a contracapa.

No documentário "Macaléia", dirigido pela mulher do músico, a cineasta Rejane Zilles, ele diz que fez uma "contra a capa". "Pedi uma cartolina branca, uma tinta vermelha, uma caixa de fósforos, fluido de isqueiro e fotógrafo. Joguei a cartolina no chão, botei fogo na capa e tinta vermelha em cima. Daí pedi ao fotógrafo para fotografar."

Em "Aprender a Nadar", Macalé brinca com a tradição romântica do cancioneiro brasileiro —e latino-americano—, não sem boas doses da morbidez destacada por Salomão. "Veja/ Jatos de sangue/ Espetáculos de beleza/ Ah, vale a pena ser poeta/ Escutar você torcer de volta/ A chave na fechadura da porta", ela canta em "Rua Real Grandeza".

Mais afeito a questões ligadas ao fazer artístico do que à indústria fonográfica ou à ideia de uma carreira musical, Macalé entrou em rota de colisão com as gravadoras. Sua produção foi rareando a partir dos anos 1980, quando ele se somou à lista dos artistas esquecidos e entrou em ocaso.

O cantor brinca com sua condição de "maldito" em "Conto do Pintor", composição de Miguel Gustavo. A letra é uma crônica na qual Macalé se disfarça de pintor e faz sucesso no mundo das artes plásticas. "Pintei um quadro só por fora das molduras/ Eu joguei tinta nas paredes, todo mundo achou legal/ Eu comi rosas e as madames exclamaram/ ‘Esse Macalé é um artista genial!’", diz o refrão.

A faixa está presente em "Contrastes", disco de 1976 em que Macalé se aventura pelo forró ("Sim ou Não") e pelo reggae ("Negra Melodia"), canta Ismael Silva ("Contrastes") e faz a versão mais melancólica de uma de suas típicas baladas sombrias, "Sem Essa".

Macalé ficou sem lançar um disco até 1987, quando fez "Quatro Batutas e um Coringa", cantando sambas de Paulinho da Viola, Geraldo Pereira, Nelson Cavaquinho e Lupicínio Rodrigues. Depois, ficou novamente mais de uma década sem novos álbuns até lançar, em 1998, o disco "O Que Faço é Música".

Uma pérola de sua discografia é o álbum "Let’s Play That", gravado em 1984 mas lançado somente na década seguinte. O LP registra o encontro em estúdio de Macalé com o lendário músico pernambucano Naná Vasconcelos, que se juntou ao cantor e violonista numa jam.

Nos últimos anos, Macalé ganhou destaque com os discos "Besta Fera", de 2019, e "Síntese do Lance", de 2021. São obras que espelham, respectivamente, as facetas mórbida e bela do cantor. O primeiro resulta do encontro do carioca com o guitarrista paulistano Kiko Dinucci —talento da geração atual fortemente influenciado por ele. O segundo é uma ode à vida simples e à bossa nova em parceria com o mago dos pianos, João Donato.

Apesar da longa trajetória musical, ele também contemplou várias outras expressões artísticas ao longo de sua vida. Em seis décadas de carreira, atuou no cinema, na televisão, no teatro e nas artes plásticas. A música, porém, se mantinha enquanto elo comum de sua carreira multifacetada.

Entre suas credenciais, compôs trilhas sonoras e atuou em diferentes filmes do cineasta Nelson Pereira do Santos, como "O Amuleto de Ogum" e "Tenda dos Milagres". Macalé também compôs para ativações e apresentações artísticas de nomes centrais da arte contemporânea brasileira, como Lygia Clark e Helio Oiticica.

A relação entre Macalé e Oiticica, aliás, é o centro do documentário "Macaléia", que apresenta a trajetória anárquica da dupla e as obras experimentais produzidas por eles, que desafiaram os padrões artísticos da época.

A "Macaléia" do título, inclusive, se refere a uma obra que Oiticica desenvolveu especialmente para Macalé em 1978, um de seus "penetráveis" — termo utilizado pelo artista para se referir às instalações artísticas.

Com o poeta José Carlos Capinam, compôs "Gotham City", incorporando a linguagem dos quadrinhos. A canção foi defendida por Macalé no 4º Festival Internacional da Canção, em 1969. "Cuidado! Há um morcego na porta principal!/ Cuidado" há um abismo na porta principal", dizem os famosos versos exclamativos, repetidos pelo público nas apresentações do compositor. À figura do morcego, soma-se, na letra, a descrição de uma metrópole acinzentada e sombria, bem ao estilo Macalé, como uma crítica à repressão vigente naquele tempo.

Marcada pela ruptura de padrões e costumes culturais da época, a trajetória de Macalé associou a ele, durante muito tempo, o apelido de artista "maldito". Com o passar das décadas, por outro lado, a sua influência sobre a MPB foi reconhecida como elementar e ele abandonou essa posição secundária.

A recusa de Macalé em relação ao apelido de "maldito" o levou a ser reconhecido pelo título de "anjo torto", figura que aparece na letra de sua música "Let's Play That", do álbum Jards Macalé, lançado em 1972. Na canção, Macalé faz referência ao anjo torto de Carlos Drummond de Andrade, que aparece em "Poema de Sete Faces", de 1930. A figura em questão é um ser desajustado cuja personalidade o mantém à margem. Macalé ocupou, porém, o centro da moderna música popular brasileira.

Ele deixa a mulher, a cineasta Rejane Zilles.

Lucas Brêda , Davi Galantier Krasilchik , Eduardo Moura e Gustavo Zeitel

FOLHA 

Posted by Ricky at 4:40 PM

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