June 29, 2022

Joanna Newsom "Divers"



A diver is my love
And I am his, if I am not deceived
Who takes one breath above for every hour below the sea

The End of Roe : Before the Fall

 


SUE HALPERN

The day before the leak of Samuel Alito's retrograde Supreme Court draft opinion, I happened to be on an airplane watching The Eyes of Tammy Faye , the 2021 film that fictionalized the rise and fall of one of America's premier evangelical Christian couples, Tammy Faye and Jim Bakker. 


In a scene set in 1985, Jerry Falwell—the older, more established and politically astute televangelist—is being shown the site in Fort Mill, South Carolina, where Jim Bakker is building a Christian theme park. As they are bouncing along in a jeep, Falwell says to Bakker, “The coalition that we delivered to Reagan—Vice President Bush is counting on us doing the same thing for him in ’88…. Republicans can't win without us. You need to understand how powerful we are in this fight for our nation's soul.”

Falwell's fight for the nation's soul, as represented in the film, refers to homosexuality and AIDS: “This ‘gay cancer’is affecting our country, our families,”he says. In reality, the fight began years earlier, in 1979, when Falwell was persuaded to use abortion to deliver white evangelicals to the Republican Party. 

At the time, evangelicals were largely apolitical, and if they voted at all they did not do so as an organized bloc. The religious scholar Randall Balmer has shown that even as late as 1976—three years after Roe —the Southern Baptist Convention reaffirmed a resolution, first passed in 1971, urging members to work for legislation that will allow the possibility of abortion under such conditions as rape, incest, clear evidence of severe fetal deformity, and carefully ascertained evidence of the likelihood of damage to the emotional, mental, and physical health of the mother. 

But the Republican strategist Paul Weyrich understood that capturing evangelicals could deliver the presidency to Ronald Reagan and solidify the future of his party.



By the late 1970s, as I have written in these pages,* Falwell was concerned that Democrats were about to rescind the tax-exempt status of the all-white academies—including his own, in Lynchburg, Virginia—that evangelicals, among others, had established across the South in the 1960s and 1970s in response to federally mandated desegregation. As Balmer has argued, Weyrich knew that Republicans would need to appeal to something more socially acceptable than racism. The ginned-up rhetoric around killing babies became a cynical ploy to lure voters and perpetuate racial discrimination. 

Before this alliance, on the whole Republicans were not opposed to abortion. In 1967, as governor, Reagan had signed off on the California Therapeutic Abortion Act, then one of the country's most liberal abortion laws. Five years later, a Gallup poll found that nearly 70 percent of Republicans said that only a woman and her doctor, not the government, should be involved in the decision to terminate a pregnancy. But once Weyrich brought evangelicals into the tent, Republican voters—along with prominent Republican politicians like Reagan and George H.W. Bush—became vocal anti-abortion advocates. They traded women's bodies for political power. 

So here we are, nearly half a century after the Supreme Court codified a woman's right to privacy and thus to bodily integrity in Roe , and the tail is wagging the dog: evangelicals have annexed the Republican Party, which has used its outrage machine to pass laws in many states that make it harder for voters, especially voters of color, to cast ballots. The result is a right-wing minority with more political power than the majority, which has meant a Supreme Court stacked with justices appointed to pursue a Christianist agenda. It's dominoes, and anyone who believes that overturning Roe is where the game ends is not paying attention..

NEW YOTK REVIEW OF BOOKS 

June 28, 2022

'Quero ilustrar a derrota do bolsonarismo'

 

 

Fortaleza

Os traços remetem aos heróis das histórias em quadrinhos. O plano de fundo é vermelho como sangue. Depois de viralizar nas redes sociais, a ilustração de Dom Philips e Bruno Pereira, feita pelo artista Cristiano Siqueira, figurou em cartazes e camisetas, estampou uma bandeira estendida por Caetano Veloso em show e levou às telas de caminhões de Los Angeles, em meio à Cúpula das Américas, a pergunta: "Onde estão Dom e Bruno?".

O questionamento agora dá lugar ao pedido para que o assassinato do jornalista e do indigenista não fique impune. A imagem, que se tornou a mais simbólica do caso, tem, segundo seu autor, servido para "aglutinar um movimento de cobrança pela investigação e justiça" nesse episódio.

Caminhões com telas exibem imagem e mensagens sobre desaparecimento do jornalista britânico Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira
Caminhões com telas exibem imagem e mensagens sobre desaparecimento do jornalista Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira pelas ruas de Los Angeles (EUA) durante a Cúpula das Américas - Divulgação

A ilustração de Dom e Bruno é só um exemplo de como Cristiano usa sua arte para dar visibilidade a causas em que acredita. Política, inclusive, é o assunto que domina as peças compartilhadas pelo artista nas redes sociais. Conhecido pelo username @crisvector, ele já soma 53 mil seguidores no Twitter e 107 mil no Instagram.

Mais identificado com pautas da esquerda, Siqueira não deixa escapar nenhuma novidade que interessa a esse espectro político. Na manhã desta quarta-feira (22), por exemplo, a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro fez o artista desenhar Jair Bolsonaro (PL) em chamas. A charge é uma referência direta à frase usada pelo presidente ao defender seu então aliado: "Boto minha cara toda no fogo pelo Milton".

Desenho do rosto de Jair Bolsonaro, estilo cartoon, com expressão raivosa. Seu rosto está em meio a chamas. Cores vermelho, laranja e amarelo. Fundo vermelho

 

Outra de suas ilustrações recentes que viralizaram apresenta uma bandeira do Brasil estampada com a frase "Criança não é mãe". A arte faz alusão ao caso da menina de 11 anos, grávida após ter sido vítima de um estupro, que foi induzida por uma juíza a desistir do aborto legal.

Com 42 anos de idade e 18 de carreira, Cristiano revela que nem sempre a política caminhou tão perto do seu trabalho. Em entrevista à Folha, ele fala sobre o processo criativo e reflete sobre o sucesso nas redes sociais.

Ilustrador Cristiano Siqueira, o CrisVector
Cristiano Siqueira, conhecido nas redes sociais como 'CrisVector', já fez de design de capas de CDs de pagode a ilustração de capas para o Le Monde Diplomatique, e faz sucesso nas redes com charges políticas - Cristiano Siqueira

A ilustração de Dom e Bruno rodou o mundo e se tornou muito simbólica desse episódio. Como você avalia sua contribuição para o caso? Os dois já estavam desaparecidos há uns 3 dias. Nas redes sociais, as pessoas estavam começando a se perguntar onde estavam Dom e Bruno. Achei que poderia contribuir ao movimento com algo que eu sei fazer, que é arte.

Essa, por sua vez, ajudou mais pessoas a prestarem atenção sobre o que estava acontecendo e fazer sua própria manifestação. Meu envolvimento foi de forma voluntária, não tenho ligação com entidades ou organizações. Apenas acompanho as notícias, os relatos, as preocupações dos colegas, família e o sentimento de impotência ao cobrar as autoridades, sem ver resultados.

 

 Dom Phillips e Bruno Pereira

 E como é ver sua arte chegar tão longe? Realmente, a arte chegou longe, mas o que me deixa com um sentimento de satisfação é ver que a ilustração serviu para aglutinar um movimento de cobrança pela investigação e justiça para Dom e Bruno. E também para chamar atenção para a situação de extremo risco a qual diversos outros profissionais que trabalham junto aos povos indígenas têm passado. Infelizmente, Dom e Bruno não foram as primeiras vítimas e talvez não sejam as últimas.

Seu trabalho diz muito do seu posicionamento político. Qual é a importância dessa ligação para você? É algo relativamente novo. Eu sou ilustrador já há 18 anos, mas sempre evitei relacionar meu trabalho a temas políticos. Na verdade, eu sempre evitei me envolver em política.

Cresci acreditando que esse era um assunto de especialistas, que não devia me envolver se não tivesse um conhecimento aprofundado, que a política deveria ser feita por políticos ou acadêmicos, e que minha participação seria apenas na hora de dar um voto.

Com o tempo, fui percebendo que essa atitude passiva não resolvia e que deveria me envolver mais, principalmente depois do nascimento do meu filho. Como meu trabalho é a única coisa que eu sei fazer, passei a usá-lo para me expressar. Me identifico com as pautas de esquerda e uso meu trabalho para somar nas causas.

Mas em algum momento você já teve medo ou pensou em não se posicionar sobre algum assunto? Em algumas situações, eu nem penso sobre medo. Às vezes, a situação pede alguma urgência e aí a gente apenas vai.

Na maioria das vezes, eu avalio se aquele posicionamento vai de fato somar algo positivo. Todo mundo tem opiniões e meios de manifestá-las, mas nem sempre o que se diz serve para se construir algo.

Então, já deixei de me posicionar sobre alguns assuntos, já reavaliei meu posicionamento, já tive trabalhos que publiquei e apaguei porque algumas pessoas ficaram ofendidas e depois me explicaram as razões e essa troca me ensinou coisas que serviram para eu aprimorar meu próprio trabalho.

Imagem

 

 

O revival do meme da URSAL e o caso da juíza que induziu uma criança a desistir de aborto legal são alguns dos assuntos do momento nos quais você também se engajou. A sensação é de que quase sempre que surge algo que movimenta a política, é possível apostar que você fará um post relacionado. Funciona assim mesmo? Tem acontecido bastante ultimamente, mas não é sempre assim.

Nem sempre tenho como me engajar. Tenho meu trabalho regular de ilustração que preciso priorizar, tenho os clientes que atendo. Esses engajamentos políticos não são remunerados, são feitos para somar nas causas e eu faço quando consigo um espaço de tempo ou quando é algo bem urgente.

Muitas vezes eu dou um jeito de abrir espaço para produzir porque, simplesmente, o assunto não sai da minha cabeça, como foi o caso do "Criança não é mãe". Em outras situações, eu dou apoio em alguma hashtag que a comunidade sobe, na tentativa de pautar os assuntos nas redes sociais.

A internet é um espaço de disputa política e estamos sempre nessa briga. Tem também situações que são mais aleatórias e acabo tendo alguma ideia que vai bem com algum assunto do momento, aí, se eu tenho algum tempo para produzir, eu faço e jogo nas redes.

Também não tem sido raro que você viralize com essas artes. Isso faz parte do seu objetivo de alguma maneira? Com determinados assuntos e pautas, a ideia é que se viralize mesmo, carregando a pauta junto, e que mais e mais pessoas tenham contato com o que se está discutindo ou reivindicado.

Em outros casos, pode ser que viralize por alguma piada ou meme, mas aí é incerto. O que ajuda bastante é poder estar inserido em uma comunidade engajada, um ecossistema em que todos se ajudam curtindo, compartilhando e comentando os conteúdos para que se espalhe na internet. Não podemos contar com robôs ou algo desse tipo, o engajamento é orgânico, todos participam.

Lá no começo da carreira, você chegou a trabalhar com capas de CDs, livros e revistas. Tem alguma coisa dessa época que seja bem conhecida? Há algo que muitos já viram e não sabem que foi feito por você? Ah, provavelmente!

Capas de CD foram meus primeiros trabalhos em design gráfico. Eu nem trabalhava como ilustrador ainda. Produzíamos muitos projetos gráficos de CDs de pagode, música sertaneja, no começo dos anos 2000, para artistas como Belo, Exaltasamba, Os Travessos, Daniel. Trabalhei até em um CD da apresentadora Jackie Petkovic, esse um dos meus primeiros trabalhos de ilustração.

Depois, fui trabalhar com embalagens de brinquedos. Até hoje tem alguns produtos que estão no mercado e usam ilustrações que eu fiz. Um dos mais marcantes dessa época foi uma embalagem para um boneco do Supla. Recentemente resgataram essa embalagem no Twitter e o pessoal ficou surpreso que eu tinha feito.

Sua estética tem referências nos quadrinhos. De onde vem isso? Quadrinhos sempre estiveram presentes na minha vida, desde criança. Aprendi a desenhar copiando os quadrinhos da Turma da Mônica. Depois, aprendi outras técnicas, mas quadrinhos sempre estiveram influenciando, de alguma forma. Hoje em dia meu trabalho de charges e cartuns é fortemente influenciado pela estética dos desenhos animados dos anos 30, estilo rubberhose, estúdios Fleischer, Warner Bros.

Imagino que isso deva variar, mas uma ilustração sua fica pronta em quanto tempo? Por exemplo, como foi com a de Dom e Bruno? Sim, varia bastante. Vão de duas horas a mais de cinquenta horas, ou mais. A do Dom e Bruno eu fiz correndo, pois era algo bem urgente. Consegui fazer em três ou quatro horas, não me lembro exatamente. Uma capa que fiz para Le Monde Diplomatique levou umas duas semanas, mas essa era muito detalhada.

Por fim, já que 2022 é um ano tão decisivo para a política brasileira, queria que você fizesse um exercício de imaginação e dissesse o que você gostaria de ilustrar na política nos próximos meses. Quero ilustrar a derrota do bolsonarismo, a volta dos militares para os seus quartéis, a punição aos responsáveis por essa catástrofe que se abateu sobre o país durante a pandemia, a retomada da esperança do povo brasileiro, um projeto que contemple os cidadãos brasileiros como um todo e não apenas alguns poucos privilegiados.

FOLHA 

 

 

 

 

 

 

June 27, 2022

America the Merciless

   

As the Fourth of July looms with its flags and its barbecues and its full-throated patriotism, I find myself mulling over the idea of American exceptionalism. What, if anything, makes this country different from other countries, or from the rest of the developed world, in terms of morals or ideals? In what ways do our distinct values inform how America treats its own citizens?

I land on a distinct absence of mercy.

Witness the ruthless evisceration of Roe v. Wade and the expansion of the right to carry guns in public in the wake of two horrific mass shootings. Both courtesy of a Supreme Court that is supposedly the institution vested with carrying out the highest standard of justice for its citizens and yet is wholly indifferent to the lives of America’s women, children and families. Witness the horrors of Jan. 6 or our mismanagement of the pandemic. Witness a health care system that continues to see human beings as walking P&Ls rather than as people deserving of compassion and care.

I can’t help but see a particular American bent toward cruelty. Especially when it comes to life-or-death matters, with a merciless streak that dictates not only how we live, but also the laws around who dies.

Three books I read over the pandemic brought these issues to the fore for me, offering broader and deeper context. Two of the books are explicit about the question of mercy in their titles, both published in 2014: Bryan Stevenson’s “Just Mercy: A Story of Justice and Redemption” and Anand Giridharadas’s “The True American: Murder and Mercy in Texas,” each highlighting this country’s penchant for condemning to death those who might wish to live. The third, published this year, is Amy Bloom’s “In Love: A Memoir of Love and Loss,” which looks at the flip side of that equation: our heartlessness when someone close to death wishes to die.

When it comes to someone fighting for his life on death row or someone longing for the right to die at life’s end, America generally goes with the least empathetic option.

The laws on both capital punishment and physician-assisted suicide are clear. Our enthusiasm for the death penalty puts us in the same camp as China, Iran and 16 other countries that killed its citizens in 2020; as of early June, America had put seven people to death. As for end-of-life laws, euthanasia — which permits a doctor to administer, for example, a lethal dose of morphine to a suffering patient — is illegal across the United States. Only 10 states and the District of Columbia allow for physician-assisted suicide, which generally enables a terminally ill person strictly within six months of dying to administer the means of his or her own death.

Stevenson’s “Just Mercy,” which has spent 281 weeks on the New York Times best-seller list, is probably the best known of the three books. A forceful and persuasive indictment of our criminal justice system, “Just Mercy” makes alarmingly clear how stacked it is against those least equipped to push back. It’s a system that has all but abandoned efforts toward rehabilitation and instead continues to punish former felons long after they leave prison. A system, increasingly privatized, that is more concerned with maximizing profits than with improving lives. A system that leaves little room for compassion or redemption.

Among the lines from the book that stay with me: “Fear and anger can make us vindictive and abusive, unjust and unfair, until we all suffer from the absence of mercy and we condemn ourselves as much as we victimize others.”

The second book, Giridharadas’s “The True American,” tells the story of Raisuddin Bhuiyan, a Bangladeshi immigrant who in September 2001 was shot in the face by a white supremacist, Mark Stroman, and then unsuccessfully urged clemency for his would-be assassin. Through the story of these two men and the skewed morality of the justice system that failed them, we see how the country squandered its brief moment of post-9/11 cohesion. A sense of cohesion gave way to “us vs. them,” abetted by easy access to firearms and hate-mongering.

Among the lines that stay with me: Quoting from Stroman’s legal team, “‘There is nothing illogical about a system where society does not always fulfill the victim’s desire for revenge, but always respects the victim’s desire for mercy.’”

Bloom’s memoir may seem to have little in common with the other two. But America’s indifference toward those suffering at the end of their lives offers a startling contrast to those waiting out their attenuated lives on death row.

In January 2020, Bloom accompanied her 66-year-old husband, Brian, recently diagnosed with Alzheimer’s, to Zurich, the only place in the world where Americans can travel for a “painless, peaceful and legal suicide.” The few places in the United States where assisted suicide is allowed impose restrictions so exacting they are difficult for people in state, and often nearly impossible for anyone out of state, to meet. Brian’s death comes at his own wish and by his own hand, and while marked by grief, there’s nothing unwanted about it. This, I thought while reading, is how it’s done — and yet we cannot do it this way, here in America.

Among the lines that stay with me: Quoting a doctor, “‘When any kind of right-to-die legislation is proposed — the opposition shows up with 10 million dollars as soon as it’s about your right to choose.’”

At our worst, we ourselves display an undeniable strain of mercilessness, in ways that have come to pervade our culture. Minor mistakes are taken as capital offenses. Apologies are often forced and true forgiveness, rare. In the push to identify and condemn an enemy, we fail to allow for people to make amends. The drive toward justice and accountability too often veers toward blame, retribution and abnegation.

Well, then I won’t end here with more blame. It would be inaccurate, in any case, to pin these policies entirely on the American people when polls suggest that most wouldn’t choose these arrangements. A majority of Americans, 72 percent as of 2018, support euthanasia, and 65 percent as of 2018 support physician-assisted suicide. Around six in 10 Americans believe abortion should be legal in all or most cases. A minority — about 39 percent — but still a sizable number of Americans, oppose the death penalty. Yet majorities concede that innocent people might be killed and that in practice, the current system is racist.

It’s worth asking ourselves, as a nation, what it is about our political and legal systems that leads to so many policies that we Americans — even at our worst — don’t necessarily support.

How do we ask young people just starting out, or older people who have seen so much progress reversed, to care about a country that seems so determined to care so little for them? How do we celebrate on the Fourth of July a country whose laws and institutions so often fail to bring out the best in us?

I am seeing here only the worst side of what feels right now like a broken country. Perhaps it is wise to bear in mind these words from Stevenson’s book: “Each of us is more than the worst thing we’ve ever done.” I’d like to believe this holds true not only for us individually, but also collectively. Perhaps even as a nation.

NEW YORK TIMES 




June 26, 2022

Os bois tem nome

 

Confissão. Pelado mostrou o local onde os corpos foram ocultados. Falta revelar quem está por trás das quadrilhas que atuam impunemente no Vale do Javari - Imagem: Alberto César Araújo/Amazônia Real e Polícia Federal   

As máfias que atuam na floresta contam com a inestimável colaboração de políticos locais e de uma bancada federal


Por Ana Flávia Gussen e Fabíola Mendonça |

 Três homens confessaram participação no brutal assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips em 5 de junho, na região do Vale do Javari, oeste do Amazonas. Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”, seu irmão, Oseney da Costa Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, e Jeferson da Silva Lima, apelidado de “Pelado da Dinha”, admitiram ter armado uma emboscada contra eles no Rio Itaguaí. Segundo as informações colhidas pelos investigadores, os pescadores perseguiram a lancha das vítimas, executaram a dupla a tiros, afundaram a embarcação para despistar a polícia e, no dia seguinte, esquartejaram os corpos para enterrar as partes em uma área de difícil acesso, três quilômetros mata adentro. (Nota da redação: Na quinta-feira 23, a polícia prendeu em São Paulo outro suspeito de participação no crime).


A celeridade da Polícia Federal em es-
clarecer o caso poderia ser alvo de elogios,
não fosse a precipitada nota publicada pe-
la corporação na sexta-feira 17. Nela, a PF
do Amazonas conclui que “os executores
agiram sozinhos, não havendo mandan-
te nem organização criminosa por trás do
delito”. Nem parece que o parágrafo ante-
rior do mesmo comunicado diz haver “in-
dicativos da participação de mais pessoas
na prática criminosa”. Como, então, con-
cluir com base no depoimento de apenas
parte dos envolvidos que não havia man-
dante? E mais: que integrante de organi-
zação criminosa entregaria seus chefes
tão facilmente, ainda mais no momen-
to em que acabam de entrar no sistema
prisional, dominado pelas facções? É na-
tural supor que, por instinto de preser-
vação, eles assumiriam a autoria do cri-
me sozinhos. Deveriam os investigado-
res confiar na palavra deles?

 
Diante do açodamento pelo fim da in-
vestigação, a União dos Povos Indígenas
do Vale do Javari, a Univaja, organização
na qual Pereira atuava, publicou uma nota
dizendo que a PF desconsiderou uma série
de denúncias apresentadas pela entidade
desde o segundo semestre de 2021. Os ofí-
cios, acrescenta a entidade, apontam pa-
ra a existência de um grupo criminoso or-
ganizado, integrado por caçadores e pes-
cadores ilegais, que há tempos atua den-
tro das terras indígenas da região. “Des-
crevemos nomes dos invasores, membros
da organização criminosa, seus métodos
de atuação, como entram e como saem da
terra indígena, os ilícitos que levam, os ti-
pos de embarcações que utilizam em suas
atividades ilegais”, diz o texto. “Foi em ra-
zão disso que Bruno Pereira tornou-se um
dos alvos centrais desse grupo criminoso,

assim como outros integrantes da Univaja
que receberam ameaças de morte.”
Como a versão de crime sem mandan-
te não colou, coube ao general Hamilton
Mourão, vice-presidente da República,
aventar uma tese alternativa – e igual-
mente estapafúrdia. Segundo ele, o crime
pode ter sido ordenado por “algum comer-
ciante” prejudicado pela atuação de Perei-
ra, e o jornalista britânico “entrou de gaia

to nessa história”. Mourão ainda tentou
justificar a bárbara execução discorrendo
sobre a difícil vida dos ribeirinhos, “gente
que vive também ali no limite, vive da pes-
ca”. O desdém do militar não surpreende,
apesar de ele ter sido presidente do Con-
selho Nacional da Amazônia Legal, perí-
odo em que figurou como réu em ação pe-
nal por omissão no caso dos ataques aos
Munduruku. Em nota, a Univaja rebateu
a declaração: “Não se trata apenas de sim-
ples ‘ribeirinhos’, pois ribeirinhos não te-
riam condições financeiras para extrair
toneladas de ilícitos ambientais em lon-
gas viagens ilegais à terra indígena e, pos-
teriormente, exportar para outros países
de forma ordenada, obtendo lucros de mi-
lhões de reais”.

 
Procurador jurídico da Univaja,Eliésio
Marubo exige um aprofundamento das
investigações sobre a máfia da pesca que
atua no Vale do Javari e chama a atenção
para a insegurança dos ativistas e indí-
genas na região, sobretudo após a saída
das forças de segurança depois que os
corpos de Pereira e Phillips foram en-
contrados. “No apagar das luzes, as au-
toridades se afastam e a coisa volta à ‘nor-
malidade’ com a rearticulação do crime”,
diz Marubo. “Como não há fiscalização,
é natural que eles continuem atuando.”
O indigenista Bruno Pereira prepara-
va as Equipes de Vigilância da Univaja
(EVU), compostas também por indíge-
nas, para utilizar a tecnologia no mape-
amento das atividades ilícitas do bando.
Dessa forma, seria possível documentar
as provas enviadas às autoridades. Os pes-
cadores e caçadores locais seriam a par-
te mais fraca da rede criminosa, formada
também por grandes empresários e fac-
ções como o Comando Vermelho, o PCC e
“Os Crias”, este último presente na trípli-
ce fronteira formada por Brasil, Colômbia
e Peru, sem falar de narcotraficantes dos
dois países vizinhos.

 
Um dos narcotraficantes mais proemi-
nentes da região é Rubens Villar Coelho,
conhecido como “Colômbia”, embora ele
tenha dupla cidadania peruana e brasi-
leira. Seu nome figura nos relatórios das
EVUs, assim como o de Amarildo Oliveira.
Após o assassinato de Pereira e Phillips,
a PF resolveu abrir um inquérito parale-
lo para apurar a atuação de Colômbia no
Vale do Javari. Segundo reportagem do
site Amazônia Real, Pelado estaria deven-
do 80 mil reais ao traficante em decorrên-
cia da apreensão de carregamentos de pei-
xes e animais silvestres após denúncias da
Univaja. Flagrado pescando no interior da
terra indígena, o pescador é acusado de ser
autor de diversos atentados com arma de
fogo contra a sede da Funai.

 
Não é de hoje que as bases da Funai são
alvo de ataques. Em fevereiro de 2000,
mais de 300 homens, liderados por Rosá-
rio Galate, tramaram atear fogo em uma
unidade da fundação, operação impedida
pelo sertanista Sydney Possuelo e pelo de-
legado federal Mauro Sposito, que inter-
ceptaram o barco do bando, revelou uma
reportagem da Agência Pública. Galate é
ex-prefeito de Atalaia do Norte e pai do
atual vice-prefeito, Giuliano Galate, e pa-
drinho político do prefeito Denis Pa iva. 

Além disso, um estudo realizado pelos

pesquisadores Silvio Cavuscens e João
Lino de Oliveira Neves, divulgado pelo
site De Olho nos Ruralistas, aponta que,
desde a década de 1980, Rosário Galate é
proprietário de uma serraria no municí-
pio abastecida por madeira retirada ilegal-
mente da Terra Indígena Vale do Javari.

 
Em recentes entrevistas, Paiva negou
a presença do narcotráfico ou de organi-
zações criminosas em Atalaia do Norte.
Segundo ele, o assassinato de Pereira e
Phillips é “um caso isolado”, pois a cida-
de “não tem histórico de violência”. No
dia da prisão de Pelado, o prefeito visitou
a casa do criminoso e depois se dirigiu à
delegacia. Segundo ele, para acompanhar
o caso, e não para se solidarizar com o en-
tão suspeito. Paiva tampouco viu proble-
mas em ceder o procurador do municí-
pio, Ronaldo Caldas da Silva Maricau, pa-
ra atuar na defesa do pescador. Maricau
e Davi Barbosa de Oliveira, procurador
da vizinha Benjamin Constant, chega-
ram a atuar como advogados de Pelado.
Somente após a repercussão negativa, os
dois abandonaram o caso.

 
Não é a primeira vez que as máfias que
atuam na região eliminam quem cruza o
seu caminho. Há três anos, o indigenista
Maxciel dos Santos foi executado com dois
tiros na nuca em frente da esposa, um cri-
me até hoje não esclarecido. Embora não
fosse funcionário concursado, ele traba-
lhou por 12 anos na Funai do Amazonas
como colaborador. Quando foi atacado,
trabalhava na coordenação da Frente de
Proteção Etnoambiental em operações de
combate a garimpeiros, madeireiros, caça-
dores e pescadores ilegais. Pereira, por sua
vez, esteve na linha de frente da Operação
Korubo, que resultou na destruição de 60
balsas do garimpo ilegal em 2019, causan-
do um prejuízo estimado em 30 milhões
de reais aos criminosos. Em retaliação, foi
exonerado por Sergio Moro, então minis-
tro da Justiça, da Coordenação Geral de
Índios Isolados e Recém Contatados da
Funai. Restou-lhe licenciar-se do órgão
onde era servidor de carreira e continua
como indigenista na Univaja. A partir daí,
as ameaças se intensificaram.

 Os criminosos da floresta não con-
tam apenas com a proteção de políticos
locais, há uma bancada federal empe-
nhada em dar cobertura para a turma,
denunciou o delegado Alexandre Sarai-
va, em recente entrevista aCartaCapital.
Afastado da Superintendência da Polícia
Federal no Amazonas após expor as liga-
ções do então ministro do Meio Ambien-
te, Ricardo Salles, com o contrabando de
madeira ilegal, ele tem procurado dar no-
me aos bois que facilitam a vida das má-
fias que atuam na Amazônia.

 
Três dias após a Operação Korubo, o
então chefe da Casa Civil de Bolsonaro,
Onyx Lorenzoni, recebeu no Palácio do
Planalto um grupo de parlamentares e
representantes dos garimpeiros, que re-
clamou do prejuízo provocado pela des-
truição das embarcações. Saraiva tam-
bém participou da Korubo, mas relata
que as pressões políticas se intensifica-
ram após operações como Androanthus
e Akuanduba, que culminaram na maior
apreensão de madeira ilegal da história,
130 mil metros cúbicos de toras de madei-
ra ao longo dos rios Mamuru e Arapiuns,
na divisa do Pará com o Amazonas, uma
carga avaliada em mais de 130 milhões de
reais. As investigações levaram ao pedido
de indiciamento de Salles e do então pre-
sidente do Ibama, Eduardo Bim, por as-
sociação com os madeireiros.

 
Foi justamente durante a Akuanduba
que teve início uma ação escandalosa por
parte de parlamentares na tentativa de
atrapalhar as investigações e proteger
madeireiros, segundo denunciou o dele-
gado. A bancada de proteção da “máfia da
Amazônia” passou a exigir a paralisação
de operações diretamente ao Ministério
da Justiça. A pressão surtiu efeito. Dele-
gados responsáveis pelo combate a cri-
mes ambientais na floresta, como Fran-
co Perazoni e Rubens Lopes, ex-chefe da
divisão de Repressão a Crimes contra o
Meio Ambiente e Patrimônio Histórico
do Meio Ambiente, acabaram removidos
de seus postos. Saraiva acabou transferido
para Volta Redonda, no interior do Rio de
Janeiro, a 4 mil quilômetros de distância.

 
CartaCapital teve acesso a um ofício
enviado pelo senador Zequinha Marinho,
do PL do Pará, ao Ministério da Justiça
questionando a apreensão de madeiras da
MDP Eireli pela PF durante a operação.

 
No ofício, enviado em dezembro de 2020,
o parlamentar praticamente fala em no-
me empresa. “A MDP não vê problema em
serem fiscalizados, ocorre que estão no-
vamente parados e sem qualquer previ-
são de quando se irá terminar a averigua-
ção”, escreveu Marinho, que na época da
Androanthus acompanhou Salles até o
local da apreensão das toras. A MDP, in-
clusive, contratou o advogado de Jair Bol-
sonaro, Frederick Wasseff, para atuar em
sua defesa. Em dezembro, a empresa con-
seguiu uma liminar no Tribunal Regio-
nal Federal da 1ª Região para ter acesso
às toras e aos bens apreendidos pela PF.
Hoje, Marinho é o pré-candidato de
Bolsonaro ao governo do Pará e presiden-
te do PL regional. Em março deste ano ele
articulou uma série de reuniões de repre-
sentantes do garimpo que atuam clandes-
tinamente no Pará com ministros de Bol-
sonaro para apresentar, segundo o jornal
O Estado de S.Paulo, requerimento para
impedir a atuação de servidores do Ibama
e da PF em áreas onde eles atuam ilegal-
mente. Em 2020, ele gravou um vídeo se
referindo a agentes do Ibama como “ban-
didos e malandros”. Outra demanda dos
garimpeiros é acabar com a destruição e
queima de máquinas, balsas durante as
operações, prática prevista em lei. Dias an-
tes do périplo organizado por Marinho aos
ministérios, os garimpeiros haviam fecha-
do estradas no Pará e chegaram a entrar
em conflito com a polícia nos atos.

 
Procurado, Zequinha Marinho afir-
mou que o ofício foi feito a pedido da
Associação das Indústrias Exportadoras
de Madeiras do Estado do Pará (Aimex)
e da Associação da Cadeia Produtiva
Florestal da Amazônia (Unifloresta),
devido a “arbitrariedades cometidas no
âmbito da Operação Handroanthus”.
“Assim como não compactua com atos
criminosos, o senador não irá tolerar
difamação, calúnia ou qualquer ataque
à sua imagem, seja de quem for”, afir-
mou em nota, reiterando que irá acionar
o delegado Saraiva judicialmente. Sobre
o lobby em favor dos garimpeiros, ele in-
formou ao Estado de S.Paulo que atua pa-
ra reduzir conflitos na região.

 
Em nota, a Aimex disse que a demanda
feita ao senador é “legal e legítima” para
que PF e Ibama “pudessem ouvir repre-
sentantes da Associação e conduzissem as
investigações de forma isenta, pois, como
foi constatado posteriormente, havia pro-
dutos madeireiros de origem legal e sus-
tentável apreendidos”. A Unifloresta se
solidarizou com os parlamentares e re-
pudiou a “criminalização de atividades
que contribuem com mais de 60 mil em-
pregos diretos e é importante instrumen-
to no combate ao desmatamento, queima-
das, degradação do solo, e erradicação da
miséria na Amazônia por meio do Plano
de Manejo Florestal Sustentável”.

 
Outro senador citado por Saraiva é
Telmário Mota, que entrou com uma no-
tícia de fato no Ministério Público Fede-
ral em defesa de 11 madeireiras investi-
gadas pela Operação Arquimedes, com
base na notícia de um blog e em uma car-
ta apócrifa enviada ao gabinete. Defla-
grada em 2017, a apuração mirava uma
rede formada por agentes públicos e 61
empresários que fraudavam o sistema
de controle de extração de madeira pa-
ra liberar plano de manejo e “esquentar”
madeira ilegal. Na representação envia-
da pelo senador à Procuradoria Geral
da República, seus advogados acusam
os agentes da Arquimedes de abuso de
autoridade e fraude processual.

 
A defesa de Motadiz que o ofício foi ela-
borado com o objetivo de apurar a denún-
cia feita ao gabinete e que esse tipo de in-
formação costuma chegar ao senador, mas
que na ação enviada à PGR não foi feita
análise de mérito. “Vira e mexe recebemos
denúncias anônimas, avaliamos a plausi-
bilidade, mas não fazemos análise de mé-
rito.” O senador informa que acionou o de-
legado Alexandre Saraiva judicialmente
devido à acusação de que ele atuaria em
prol de madeireiras ilegais na Amazônia.
Jorginho Mello, senador e pré-candi-
dato de Bolsonaro ao governo de Santa
Catarina, também foi um dos parlamen-
tares que teriam se associado a Salles con-
tra as operações da Polícia Federal e pela
liberação de madeira ilegal apreendida na
Amazônia. Após a Handroanthus, o sena-
dor articulou um encontro de madeireiros

catarinenses que atuam no Pará pa-
ra discutir a operação, segundo a Agência
Pública. Entre os convidados, figuravam
representantes da Rondobel Indústria e
Comércio de Madeiras, um dos alvos da
operação. CartaCapital teve acesso a dois
laudos periciais ambientais da Polícia Fe-
deral de 2021, apontando que três CNPJs
da empresa possuem 20 autos de infração
por diversos tipos de crimes ambientais,
cujas multas somam mais de 9 milhões
de reais. Os laudos foram feitos na área
rural denominada Fazenda Agroana, de
propriedade da empresa, de onde teria si-
do extraída madeira ilegal, vendida a ou- 

tras empresas, também citadas nos lau-
dos, que exportaram o produto para di -
versos países entre 2016 e 2017.

 
Em nota à imprensa, a empresa negou a
prática dos crimes e afirmou que, na reu-
nião realizada em Santarém em abril de
2021, com o então ministro Salles e repre-
sentantes do setor, foi apresentada toda
documentação probatória de regularida-
de fundiária, o que provaria a ilegalidade
da apreensão. “O senador Jorginho Mello
esclarece que sua participação nesse te-
ma foi única e exclusivamente direciona-
da a solucionar um problema voltado a em-
presários catarinenses; com quem se reu 

niu, em relação à apreensão de madeiras
supostamente ilegais que foram equivoca-
damente retidas”, disse em nota, alegan-
do que também irá processar o delegado.
Outra que saiu em defesa da Rondobel
e também foi citada como defensora de
criminosos ambientais é a deputada
Carla Zambelli, do PL de São Paulo. “É
possível errar, o ser humano erra. O se-
nhor acabou de citar a empresa Rondobel,
disse que tinha diversas multas no Iba-
ma. Toda a empresa ambiental é passível
de multa, mas multa e crime são coisas
diferentes”, disse em abril de 2021, du-
rante uma audiência na Câmara. No dia
em que Salles foi à Amazônia “checar” a
operação, ela estava junto ao ex-ministro.
Responsável por ajudar a “passar a boia-
da” na Câmara, Zambelli apresentou,
três dias depois do desaparecimento de
Bruno Pereira e Dom Phillips, o Projeto
de Lei 1562/22, que facilita ainda mais a
vida de criminosos ambientais. Ao invés
de multa, o criminoso teria a opção de re-
verter a vegetação e, caso não conseguis-
se, pagaria uma multa menor.

 
O marido da parlamentar, coronel An-
tônio Aginaldo de Oliveira, ficou três anos
no comando da Força Nacional de Segu-
rança Pública, responsável por fiscalizar e
combater os crimes locais, após a saída da
equipe de intervenção federal comandada
por Mourão. Agora, ele está filiado ao PL e
busca uma vaga na Câmara dos Deputados
pelo Ceará. Segundo entidades que atuam
no Vale do Javari, apenas seis agentes da
Força Nacional foram destacados para a
região após o assassinato de Bruno Perei-
ra e Dom Phillips. No Brasil de Bolsonaro,
cujo governo é investigado por dar carona
a garimpeiros ilegais em avião da FAB, a
bancada dos “amigos” dos criminosos 

da floresta corre o risco de aumentar.

CARTA CAPITAL