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November 15, 2019
Paquetá, uma ilha cercada por diversão
Caminhadas, trilhas, mirantes, rodas de samba, restaurantes e feira literária estão entre as opções de diversão
Paula Lacerda
Não desanime se o tempo fechar. Lá em Paquetá, no meio da Baía de
Guanabara, a previsão do Climatempo é de sol no fim de semana. Por que
estamos atentos a isso? Porque o feriado prolongado da Proclamação da
República é uma boa oportunidade para curtir a bucólica ilha, seja em
passeios de um dia, seja aproveitando o clima de “viajar” sem gastar
muito, hospedando-se em um dos charmosos “cama e cafés” locais e
esticando a visita. Afinal, Paquetá é logo ali. Apesar de parecer uma
cidade do interior, com suas tranquilas ruas de saibro onde carros não
entram, é um bairro do Rio de Janeiro, a apenas uma hora de barca do
Centro.
—Amanhece nublado no Rio, ninguém vem. O pessoal gosta de vir no sol e
no calor, mas a ilha pode ser curtida mesmo em dias amenos — observa
Elizabeth Viana, dona do Orquidário Bistrô, uma simpática casa na Praia
das Gaivotas que desde o ano passado abriga no amplo quintal arborizado
rodas de choro e de samba acompanhadas de uma feijoada que ela mesma
prepara.
Hoje tem Samba do Domênico a partir das 11h. O programa é “família”:
além de casa na árvore para as crianças, tem, com uma taxa de R$ 10, o
chuveirão e a piscina. E é bom aproveitar: depois de edições que lotaram
o Orquidário, como as em que se apresentaram o Choro da Glória e o
grupo Moça Prosa, as rodas ficaram mais raras.
— A gente estava com uma agenda frenética, todo sábado e domingo, muito
cansativo. Vamos diminuir o número de shows e investir em festas de
aniversário e casamento. Aqui é para quem gosta de pé no chão, de
crianças correndo... Cada um vai ao bar e pega a sua cerveja, não somos
casa de espetáculo — diz Beth, que se mudou do Flamengo para a ilha com o
marido e a filha de 11 anos há cinco anos e avisa: “Paquetá não é para
amadores".
Carros proibidos: o
deslocamento pela ilha é feito a pé, de bicicletas ou charretes
elétricas Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Não é para “amadores”, mas é para os amantes. Se o lugar é programa
perfeito para famílias, com direito a praias (no último fim de semana,
todas estavam próprias para banho), passeios contemplativos a pé, de
bicicleta, de carrinhos elétricos (alugados na saída das barcas), ou
mesmo em pedalinhos coloridos, embarcar na atmosfera e nos silêncios da
ilha é inspirador para casais apaixonados. Não por acaso, a ilha que já
foi conhecida como Pérola da Guanabara é também a “Ilha dos Amores” ou o
“Jardim dos Namorados”.
O cenário para o beijo pode ser um coreto (o Coreto Renato Antunes, onde
acontece em agosto a Festa de São Roque, padroeiro local, e, em torno
do qual, rolam animadas festas juninas e blocos de carnaval). Ou os
banquinhos de frente para as águas calmas que cercam os quase oito
quilômetros de perímetro da ilha, o pôr do sol visto da Pedra da
Moreninha, ou um mirante com visual espetacular para a Baía de
Guanabara, como o Mirante Boa Vista, no Parque Natural Municipal Darke
de Mattos. Uma visita ao parque, aliás, é imperdível, com seus jardins e
árvores centenárias e ponto de partida de uma pequena trilha que leva a
outro mirante.
O Parque Darke de Mattos tem mirantes voltados para a Baía Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
— Há lendas que dizem respeito a esta vocação romântica da ilha. Em
frente à Pedra dos Namorados , na Praia José Bonifácio, os enamorados
têm que ficar de costas e jogar três pedrinhas em direção à pedra. Se
pelo menos uma delas ficar lá em cima, é porque o amor é correspondido —
conta José Lavrador, que administra um dos principais centros culturais
locais, a Casa de Artes Paquetá. — Acreditamos na revitalização da ilha
com um turismo de base comunitária, respeitando suas particularidades.
Paquetá é uma Apac (Área de Preservação do Ambiente Cultural) com
concentração enorme de bens tombados e arrolados em projetos de
preservação.
A Casa de Artes, uma chácara (em Paquetá, são muitas) de frente para a
Praia de São Roque que há alguns anos foi a residência de Zé Lavrador —
e, há muitos, da escritora e musicista Ormy Toledo, que reunia ali
músicos como Lamartine Babo, Radamés Gnatalli, Silvio Caldas e Orestes
Barbosa —, hoje abriga acervo documental e exposições sobre a história
da ilha e uma série de eventos, de formação musical para crianças a
rodas de choro (todo primeiro domingo de cada mês é dia).
Este domingo, é lá que acontece O Samba de Paquetá, uma roda com
Cristina Buarque, Pedro Amorim, Magno Julio e Oscar Bolão que vai
homenagear João Nogueira e Paulinho da Viola. A roda acontece no jardim,
com mesinhas espalhadas para sentar e saborear, junto com o som, o
famoso pastel de “jiló etc.” (R$ 24, quatro unidades), que, além do
vegetal, leva bacon e gorgonzola.
De hoje a domingo, a Casa de Artes será um dos pontos de encontro da 3ª
Festa Literária de Paquetá — Flipa 2019, que reúne lançamentos de
livros, palestras, oficinas e rodas de conversa com mais de 50 autores
em espaços culturais, clubes, restaurantes e até casas de moradores. A
abertura será às 10h, na Casa José Bonifácio, uma espécie de QG da
festa.
— É um evento comunitário. Cada espaço tem autonomia de decidir sua programação — diz Marcelo Ficher, um dos organizadores.
Este ano, a Flipa privilegiou a literatura infantojuvenil. Uma das
autoras é Duda Macieira, de 8 anos, que contará histórias baseadas em
seu segundo livro. Outros que estarão presentes são Anielle Franco, irmã
de Marielle, que lança o livro “Cartas para Marielle”, e Raphael Vidal,
com “Algum lugar para cair e poder fechar os olhos de vez”.
O fim de semana tem outra boa atração: hoje, no Paquetá Iate Clube, o
grupo Jequitibá do Samba celebra seus dez anos com uma roda com Anderson
Balbueno (percurssão), Bidu Campeche (percussão), Iuri Bitar (violão),
Julião Pinheiro (violão de 7 cordas), Ronaldo Gonçalves (cavaquinho) e
Pedro Amorim (cavaquinho).
No Solar dos Limoeiros,
Eveli Ficher oferece um café da manhã orgânico para hóspedes e não
hóspedes Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Se o fim de semana é recheado de eventos, uma pedida é se demorar na
ilha... e até ficar por lá. Para comer, do café da manhã ao jantar,
passando pelo docinho pós-almoço e o lanche da tarde, há boas opções: o
café da manhã pode ser orgânico, como o que a dona do
bed & breakfast
Solar dos Limoeiros, Eveli Ficher, prepara aos sábados para não hóspedes
(com agendamento) com sucos, geleias, pães e bolos artesanais.
— Só os laticínios não são orgânicos — informa Eveli.
Para almoçar, a charmosa Casinha Amarela, do lado da Casa de Artes,
oferece ao visitante uma sensação de se estar “em casa”. A inspiração
das irmãs Andréa e Márcia Kevorkian, donas e cozinheiras do espaço, são
as receitas que aprenderam em casa com a mãe e as avós, uma espanhola,
outra italiana...
— Crescemos vendo a mesa sempre cheia e trazemos estas memórias para cá.
É uma comida com sabor da nossa infância — diz Márcia, que com Andréa
fez da casa que foi da família o bistrô, há quatro anos. Há dois anos, o
espaço também virou um “cama e café”. — Mas o que a gente curte é fazer
comida.
Marcia e Andréa Kevorkian
comandam a cozinha da casa Amarela, com pratos que lembram a sua
infância Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
O cardápio muda toda semana, e são três opções de pratos por dia. Entre
as opções do fim de semana, costela de boi assada com molho de alho e
ervas (R$ 38, amanhã) e camarão com molho de tamarindo e coco (R$ 39,
domingo).
Para a sobremesa, vale visitar a confeitaria Bodega Paquetá, uma lojinha
discreta na Rua Pinheiro Freire, com chocolates e tortas produzidos
pelo casal Elias Júnior e Marcela Matos. Prove o éclair de chocolate (R$
7,50), uma receita que Elias guarda a sete chaves. No lanche da tarde,
enquanto você está circulando pela ilha, dê uma paradinha para comer um
pastel enorme numa mesinha em frente à praia. A boa é fazer o pit-stop
no balcão externo ao Hotel do Lido, na Praia José Bonifácio (também
chamada Praia da Guarda ou dos Pedalinhos) e experimentar o de lagostim
ao queijo ou o de camarão ao curry (R$ 10).
À noite, se horário da barca da volta for mais tarde, a opção pode ser
curtir o som da Casa de Noca, um “cama e café” que, há poucas semanas,
abriu seu jardim para happy hours às sextas, a partir das 17h. Logo
mais, tem o baile Bossa Nova é pra Dançar, com o grupo de Nana Kovak e
Edson Barbosa.
Bem perto dali, uma dica de jantar às sextas —incluso na diária de quem é
hóspede — é a charmosa Hospedaria Santa Bárbara, em parceria com o
projeto Gastrolar, do casal Vander e Valéria Borges, que oferecem uma
sucessão de comidas típicas de um Izakaya, bar japonês (o jantar custa
R$ 35). Tudo servido de forma informal.
A Hospedaria Santa Bárbara é uma boa opção para quem quer prolongar a estada em Paquetá Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
A hospedaria já inspira, por si só, o alongamento da estada, com os
donos, o casal Ricardo Cintra e Leandro Ribas, garantindo a boa conversa
e o clima caseiro.
—Fizemos do cama e café um negócio intimista, um lugar afetuoso como o bairro. Aqui
[ele é de São Paulo]
, conheci o oi, o tchau, o boa tarde, o boa noite. Isso apaixona.
Paquetá foi o lugar em que mais me senti abraçado na vida. Aqui, tem a
vida — conclui Ricardo Cintra.
Um rolê por Paquetá
1. Estação das Barcas.
As barcas e os catamarãs fazem a travessia entre a Praça Quinze e
Paquetá em cerca de uma hora. Dias úteis: primeira partida do Rio: 5h30;
última partida de Paquetá: 23h10. Fins de semana e feriados: primeira
partida do Rio: 4h30, última partida de Paquetá: 23h30. R$ 6,30.
Transporte
2.
Bicicletas podem ser levadas na barca. E, junto à estação, há aluguel de
bicicleta e quadriciclo e pontos de ecotáxi e charrete elétrica .
- No pedal.
Bicicletas: R$ 5 (hora) e R$ 25 (diária). Quadriciclos: R$ 20 (hora) e R$ 75 (diária).
- Ecotáxi (triciclo).
R$ 5 (por pessoa, ponto a ponto), R$ 50 (passeio de 40 minutos).
-Carrinho elétrico.
Substitutos das charretes, funcionam das 8 às 17h. R$ 5 (mínimo de 3
pessoas, ponto a ponto) , R$ 50 (passeio de 40 minutos), R$ 100 (passeio
de 1 hora).
3. Pedalinhos, canoas e caiaques.
Praia José Bonifácio (Praia da Guarda). R$ 20 (40 minutos, duas pessoas).
Atrações
4. Praça de São Roque.
Onde ficam o Coreto Renato Antunes e a Capela de São Roque.
5. Casa de Artes Paquetá.
Praça de São Roque 31 — 3397-0517. Samba de Paquetá: roda com Cristina
Buarque, Pedro Amorim, Magno Julio e Oscar Bolão, homenageando João
Nogueira e Paulinho da Viola. Dom, às 13h. R$ 15. Livre.
6. Pedra da Moreninha 7. Casa José Bonifácio.
Praia José Bonifácio. Sede da aberturada 3ª Festa Literária de Paquetá .
Evento: Sex a dom, horários e locais diversos (programação completa na
página do evento no Facebook, flipa01).
8. Paquetá Iate Clube.
Praia das Gaivotas— 3397-0113. Jequitibá do Samba: Sex, às 14h. R$ 10 (só dinheiro). Livre.
9. Cais e Relógio da Mesbla.
Praia dos Tamoios. A réplica do relógio da Mesbla no farol da Marinha é bom ponto para selfies.
10. Parque Darke de Mattos .
Praia José Bonifácio 255. Diariamente, das 8h às 17h. Grátis.Livre. Proibidos bicicleta, bola, cachorro e churrasco.
11. Orquidário Bistrô.
Praia Das Gaivotas 670. Samba do Domênico: Sex, às 11h. R$ 15 (entrada) e R$ 30 (feijoada).
Onde comer
12. Casinha Amarela.
Praça de São Roque 25 — 2570-1455. Sáb e dom, das 12h30 às 18h.
13. Zeca's Restaurante.
Praça Bom Jesus 12 — 3397-0322. Seg a qui, das 11h às 17h. Sex e sáb,
das 11h às 23h. Dom, das 11h às 21h30. Petiscos , pizzas (sex a dom, a
partir das 18h) e bufê a quilo: seg a sex, R$ 4,49 ( 100g); sáb, dom e
feriados, R$ 5,49 (100g). No fim de semana, há música ao vivo (voz e
violão) à noite.
14. Confeitaria Bodega Paquetá.
Rua Pinheiro Freire 59, loja C — 99792-1590. Ter a dom, das 13h às 18h. Doces e chocolates.
15. Pastel do Hotel e Restaurante Lido.
Praia José Bonifácio 59— 3397-0280. Sáb e dom, das 9h às 21h. O balcão é
externo, de frente para a praia. Os pastéis variam entre R$ 5 a R$ 10 .
Entre estes últimos, estão o de lagostim ao queijo e o de camarão ao
curry.
Onde se hospedar
16. Casa de Noca.
Rua Pinheiro Freire, 20 — 99996-6410. Bistrô: sex a dom, das 11h às 19h;
sáb, das 11 às 21h. Às sextas, happy hour das 17h às 23h (R$ 15). Cama e
café: diária para casal de R$ 230 (com banheiro compartilhado) a R$ 280
(suíte). Com café da manhã e piscina.
17. Hospedaria Santa Bárbara.
Rua Coelho Rodrigues 82 — 3397-2305. Diária para casal (com café): R$
240. Às sextas, jantar incluso no valor da diária. Para não hóspedes, o
jantar é R$ 35. No domingo, o horário de check-out é liberado.
18. Solar dos Limoeiros.
Rua Coelho Rodrigues, 108. Diária de casal: R$ 280 (suíte com café da
manhã orgânico e piscina). Aos sábados, café da manhã para não hóspedes
por R$ 40 (reservas até a véspera).
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