foto Guilherme Pinto
Território dos índios tamoios até o final do século XV, a Ilha de Paquetá acabou nas mãos dos colonizadores portugueses, que dividiram as terras em duas sesmarias. Mas, apesar da importância histórica — há vários registros de visitas da família imperial ao local —, Paquetá só virou atração turística no final do século XIX, com a publicação do livro “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo. Depois, caiu novamente no esquecimento, mas, nos últimos tempos, está dando a volta por cima. Vem sendo redescoberta por cariocas, que lotam festas juninas, blocos de carnaval e festivais de gastronomia no local. E, como noticiou Berenice Seara em sua coluna no “Extra”, a ilha deve voltar a entrar na rota do turismo: a Riotur vai começar por ali um projeto de valorização — e revitalização — de áreas que já foram vistas como cartões-postais da cidade.
Segundo o presidente da Riotur, Marcelo Alves, o objetivo é recolocar a Ilha de Paquetá no roteiro dos turistas nacionais e estrangeiros. O trabalho deve começar daqui a, no máximo, dois meses. A ideia é oferecer um calendário de eventos mensais, envolvendo esportes, literatura e artes. Além disso, a prefeitura vai realizar cursos de capacitação na ilha e incluir na agenda eventos que já acontecem por lá, como o Festival da Guanabara e o bloco Pérola da Guanabara, que este ano atraiu dez mil foliões para seu desfile.
— A ideia surgiu numa visita da primeira-dama, Sylvia Jane, que tem uma memória afetiva da ilha. Ela já foi muito a Paquetá, inclusive na época de namoro com o prefeito, e tem um grande carinho pelo lugar — conta o presidente da Riotur. — Paquetá esteve muito tempo esquecida pelas autoridades. Apesar de continuar charmosa, a ilha precisa de melhorias.
POTENCIAL REDESCOBERTO
Quem visita hoje Paquetá percebe que muitos cariocas estão redescobrindo seu potencial turístico. Nos últimos dois anos, hostels, hospedarias, espaços com roda de samba e pequenos restaurantes com decoração moderninha abriram as portas em antigas casas do bairro, atraindo principalmente turistas de classe média. Endereços que vieram se juntar a um roteiro mais popular, que, segundo o presidente da Associação de Moradores de Paquetá, Alfredo Braga, faz com que a ilha tenha atrações para todos os bolsos.
Com uma proposta de turismo sustentável, o Solar dos Limoeiros, por exemplo, foi inaugurado em janeiro com apenas duas suítes, e funciona num anexo da residência da produtora Elvi Ficher, que há três anos mudou-se da Praça São Salvador, no Flamengo, para Paquetá, à procura de tranquilidade:
— Dez casas da região abriram as portas oferecendo hospedagem, eventos e agitando a vida noturna. A minha faz parte de um projeto de negócio que inclui a pousada e uma horta. Sirvo no café da manhã sucos de frutas colhidas no quintal e pães e bolos orgânicos. E temos público para isso.
Na Casa de Artes Paquetá, acontecem exposições, saraus e aulas de música. Já na Casa de Noca, o forte são os petiscos e as bebidas, como a cachaça artesanal. Se a vontade for saborear um cozido, um bobó de camarão ou uma feijoada, o indicado é tomar o rumo da Casa Flor nos fins de semana.
Com a notícia de que a Riotur vai investir na ilha, moradores e comerciantes esperam que problemas, como buracos nas ruas de saibro e o abandono de prédios históricos, entrem no foco da prefeitura.
— Acreditamos que pode ser uma grande oportunidade para realmente conseguirmos fazer de Paquetá um espaço que todos os cariocas usem mais. Ficamos felizes com o aceno da prefeitura de traçar um plano estratégico — diz o publicitário Guilherme Pecly, um dos integrantes do coletivo Pérola da Guanabara.
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