Igor Gielow
Após o primeiro turno da eleição presidencial de 2018, quando a
vitória de Jair Bolsonaro deixara de ser um delírio e passou a ser
tratada como surpresa inevitável, conversar com oficiais-generais sobre
política trazia duas certezas ao interlocutor.Segundo, que a presença militar seria uma vacina dupla: evitaria erros de Bolsonaro, visto por seus mais notórios apoiadores públicos como um parvo manipulável, e seria uma espécie de garantia simbólica de que a mudança nas práticas políticas pregada na campanha seria cumprida.
"Tempus fugit", o tempo passa, como diria Virgílio. Corta para maio de 2020, meros 19 meses à frente daqueles dias. Nada soa mais ilusório.
Aqui estão os militares do governo, muitos deles da ativa, agora em operação aberta com o antes espezinhado centrão, apavorados com a possibilidade de a gestão Bolsonaro ir para o vinagre. Uma aliança improvável, mas que embute várias nuances.
Primeiro, a ala militar acha que deu seu golpe de morte nos ideológicos que ajudaram a transformar o Brasil numa piada internacional, com seus macaqueios do trumpismo e delírios de rede social. O caso do Ministério da Educação, do tresloucado Abraham Weintraub, é apenas o mais vistoso.
Não foi só uma importante diretoria ou todo o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) que serão servido ao centrão. A infiltração chegará a locais antes considerados sagrados do MEC, como a coordenação-geral de materiais didáticos da Secretaria de Educação Básica.
É o lugar onde, em tese, são escolhidas temáticas de livros didáticos. Lá estava o coronel da reserva Sebastião Vitalino, desde antes de Weintraub chegar, mas não mais, segundo o que o militar disse a conhecidos. Crê ter sido rifado em nome da tal governabilidade.
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