Uma operação da Polícia Civil do Mato Grosso com o Ministério da Justiça desarticulou um grupo suspeito de violência contra adolescentes e crianças em plataformas de redes sociais, que seria comandado por um jovem de 15 anos apreendido na manhã de ontem. A operação Mão de Ferro 2 cumpriu em 12 estados 16 mandados de busca e apreensão, três prisões preventivas e apreendeu outros seis menores.
Segundo o delegado Gustavo Godoy Alevado, a investigação começou após um alerta de crimes cibernéticos no Mato Grosso levar à identificação da rede, que induzia, instigava e ensinava a automutilação ou mesmo ao suicídio. Outros práticas do grupo, a maior parte de jovens com idades entre 15 e 17, anos eram perseguições, ameaças, produção, armazenamento e compartilhamento de pornografia infantil, apologia ao nazismo e invasão de sistemas informatizados. Eles usavam plataformas como WhatsApp, Telegram e Discord. Somadas, as penas por esses crimes podem chegar a 20 anos de prisão.
O líder dos abusadores foi apreendido em Rondonópolis (MT). De acordo com o delegado, o adolescente havia sido alvo de buscas no ano passado, já na primeira fase da operação. Ele fora detido e liberado em seguida, e foram apreendidos dois celulares que seriam usados nos crimes. Em abril, o jovem de 15 anos foi alvo de outra operação policial.
De classe média, o rapaz estuda em uma escola estadual e, conforme a mãe, teria um diagnóstico de transtorno do espectro autista. Segundo investigadores, ele também é investigado por falsidade ideológica, após ter aberto uma conta bancária, com documentos fraudulentos, para negociar material pornográfico, que era enviado por meio do Telegram. A rede social informou que “aplica uma política rigorosa de tolerância zero” com material de abuso sexual infantil, que é removido por moderadores das partes públicas da plataforma.
Menina apreendida
Outro alvo foi uma moradora de Sinop (MT) de 16 anos identificada como uma das meninas cooptadas para dar instruções às vítimas sobre técnicas de automutilação, para “deixar apenas marcas” ou “machucar menos”, relatou Godoy. A organização também praticava crueldades contra animais e transmitiu ao vivo para 400 pessoas no Discord a execução de um gato.
O grupo é acusado ainda de extorsão a partir do acesso aos dados das vítimas, obtidos em vazamentos de informações de órgãos públicos. Três delas foram identificadas, mas duas não quiseram prestar depoimentos na investigação.
— Eles ganhavam a confiança de adolescentes, conseguiam os chamados nudes e começavam a extorqui-las. Diziam que se não obedecessem iriam expor os casos para a escola ou para os pais. As meninas eram coagidas a se cortar, beber água de vaso sanitário ou comer papéis com o nome dos integrantes do grupo escrito — detalhou o delegado.
Um dos integrantes enviou à mãe de uma vítima, pelo WhatApp, um vídeo com a adolescente. “Eu vou te denunciar e você nunca mais vai falar com a minha filha, vou te bloquear no meu celular e no dela”, respondeu a mãe. O criminoso disse que sabia a idade da mãe, onde ela trabalhava e xingou as duas.
A Meta informou que são banidos usuários no WhatsApp que compartilham
conteúdos que colocam crianças em risco. A empresa acrescentou que, em
todo o mundo, bane mais de 300 mil contas por mês por suspeitas de
compartilhamento de imagens contendo exploração infantil. “Temos
políticas, tecnologias e equipes especializadas focadas em eliminar
interações abusivas e encorajamos que as pessoas denunciem
comportamentos inapropriados às autoridades e também via aplicativo”,
afirmou a Meta, que disse estar “à disposição de autoridades para
colaborar em investigações”.
GLOBO
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