August 20, 2022

Guerra santa

 


Bolsonaro inicia ofensiva para demonizar Lula. A campanha petista vacila em relação à melhor forma de dialogar com o eleitorado evangélico


Por Maurício Thuswohl...


Ao considerar apenas a preferência do eleitorado evangélico, Jair Bolsonaro obteve 11,5 milhões de votos a mais que o petista Fernando Haddad no segundo turno das eleições presidenciais de 2018. A diferença nesse segmento foi maior que os 10,7 milhões de votos que separaram os dois adversários na contagem geral e, levados em conta somente os votos válidos, representou um placar de 69% a 31% a favor do ex-capitão, bem mais elástico que o 55,1% a 44,9% registrado no total. Na análise de numerosos especialistas, o católico ex-capitão jamais teria sido eleito presidente se não fosse o apoio massivo dos evangélicos. Desse segmento o então candidato absorveu o discurso religioso ao longo da campanha ao mesmo tempo que os pastores inflamavam os ouvidos dos fiéis com notícias falsas, entre elas a distribuição de um suposto kit gay nas escolas públicas, quando Haddad era ministro da Educação.

Quatro anos depois, é novamente a aposta no voto evangélico que move Bolsonaro na tentativa de levar a disputa ao segundo turno, uma vez que Lula, segundo a pesquisa Ipec divulgada na segunda-feira 15, véspera do início oficial da campanha, ainda pode liquidar a fatura na primeira etapa. Mais uma vez apoiado por Silas Malafaia, Edir Macedo, Marcos Feliciano e outros influentes pastores midiáticos, Bolsonaro, atualmente no PL, busca beneficiar-se de uma ofensiva que passa pela demonização – metafórica e literal – de Lula e do PT. Neste início de campanha, o discurso de ódio tem na primeira-dama Michelle Bolsonaro seu principal vetor e nas últimas semanas tem ganhado força nos sermões e grupos de WhatsApp com uma profusão de fake news e mensagens de intolerância religiosa.

De acordo com o Ipec, Bolsonaro pa-
rece colher os frutos dessa ofensiva:
47% dos eleitores que se identificam co-

mo evangélicos disseram ter a inten-
ção de votar por sua reeleição, enquan-
to 29% afirmaram preferir Lula. Em vo-
tos válidos, a distância entre os dois can-
didatos cresce, com 56% para Bolsona-
ro e 35% para Lula. Segundo o institu-
to, 28% do total de entrevistados se de-
clararam evangélicos, aí incluídas as di-
versas denominações. O resultado nesse
segmento é bem diferente daquele regis-
trado em dezembro pelo Datafolha (39%
a 33% a favor de Lula) e acendeu o sinal
de alerta no comando da campanha do
petista, que parece ainda não ter encon-
trado a forma adequada de dialogar com
essa parcela de eleitores.


A vantagem que Lula apresentava na
virada do ano é atribuída por pesquisa-
dores ao setor denominado como “elei-
torado evangélico oscilante”, ou seja,
aqueles que votaram em Bolsonaro em
2018, mas não são ultraconservadores
ou radicalizados e estão desiludidos ou
frustrados com seu governo. “Essa par-
cela se sente atraída por Lula pela ques-
tão da memória e do legado econômico,
mas seu voto ainda não está definido”,
observa a socióloga Esther Solano, co-
ordenadora de uma pesquisa qualitati-
va sobre o tema realizada pelo Observa-
tório Democracia em Xeque. “Esse elei-
tor olha para o Lula e lembra que vivia
melhor, tinha mais dignidade econômi-
ca. Mas também olha para Bolsonaro e se
sente mais atraído pela questão dos cos-
tumes e pela agenda moral.”

A PRIMEIRA DAMA É
A PRINCIPAL ARMA
DO CAPITÃO PARA
RECONQUISTAR OS
FIÉIS DESILUDIDOS
COM SEU GOVERNO


Trata-se, portanto, de um grupo de-
cisivo para definir os rumos da eleição.
Nessa corrida, Bolsonaro largou na fren-
te enquanto a campanha petista ainda
procura acertar o passo. “Nas últimas
semanas, percebemos que há um movi-
mento orgânico e militante pelo voto em
Bolsonaro em algumas igrejas evangéli-
cas, principalmente nas pentecostais e 

neopentecostais. De um lado, há um dis-
curso messiânico em relação a Bolsona-
ro, que seria o legítimo representante dos
cristãos no Brasil. De outro, um discurso
muito forte de demonização do PT e de
Lula”, afirma Solano. O principal boato
espalhado nos últimos dias nos cultos e
grupos de WhatsApp afirma que, se elei-
to, Lula mandará fechar os templos evan-
gélicos. Outra fake news muito difundida
dá conta de que os pastores serão obriga-
dos pelo governo do PT a casar pessoas do
mesmo sexo durante os cultos.


“Conversamos sobre o risco de perse-
guição que pode culminar no fechamen-
to de igrejas”, admitiu no domingo 14 o
deputado federal Marcos Feliciano, do
PL, pastor da Assembleia de Deus. Em-
bora não haja proposta alguma de fecha-
mento de igrejas, o que, inclusive, seria
inconstitucional, a mentira é repeti-
da à exaustão nos templos de outras de-
nominações, como Igreja Universal do
Reino de Deus, Igreja Mundial do Poder
de Deus, Igreja Internacional da Graça,
Renascer em Cristo, Igreja do Evange-
lho Quadrangular, Sara Nossa Terra e
Presbiteriana. O objetivo é manter Lu-
la no alvo. “Tenho que alertar meu re-
banho de que há um lobo nos rondando,
que quer tragar nossas ovelhas através
da enganação e da sutileza”, resume Fe-
liciano, que voltou à carga na terça-feira
16 ao dizer que Lula “usará a Receita Fe-
deral” para perseguir as igrejas. Não por
coincidência, no dia seguinte, Bolsonaro
anunciou a ampliação dos benefícios fis-
cais aos pastores, isentos do recolhimen-
to de contribuição previdenciária.
Alguns vídeos que circula-

ram nas últimas semanas
no WhatsApp são de dar
inveja à incrível história
da “mamadeira de piro-
ca” difundida em 2018 entre os evangéli-
cos. Um deles mostra uma suposta escola
de “cidade governada pelo PT” na qual me-
ninos e meninas de diferentes idades fre-
quentam o mesmo banheiro sob o incen-
tivo de professores “de esquerda”. Em ou-
tro vídeo, mulheres de biquíni defendem
o poliamor e os relacionamentos abertos
e são identificadas como “feministas do
PT”. Às vésperas do início oficial da cam-
panha, a demonização ganhou as ruas. Em
Goiânia, Porto Alegre e Ribeirão Preto fo-
ram publicados outdoors nos quais apare-
cem lado a lado um Lula carrancudo so-
bre fundo vermelho e enfumaçado e um
Bolsonaro com a expressão plácida sobre
um verde patriótico. Abaixo das imagens
são dispostas em oposição palavras como
aborto e vida ou bandido preso e bandido
solto, entre outras. O grupo Prerrogativas,
que reúne advogados e juristas progressis-
tas, fez uma representação contra a propa-
ganda no TSE.


Atento ao dia a dia político das prin-
cipais igrejas evangélicas do País, o jor-
nalista Gilberto Nascimento, autor do li-
vro O Reino: a História de Edir Macedo
e Uma Radiografia da Igreja Universal
(Cia. das Letras), avalia que a campa-
nha de Lula não dá a devida atenção ao
potencial nefasto do material divulgado.
“É muita fake news e muita informação
distorcida. Há fiéis evangélicos que me-
ses atrás tendiam a votar no PT e fala-
vam que Lula fez mais pelos mais pobres,
mas que agora têm colocado essa questão
moral como uma dificuldade”, observa.


Ele dá exemplos: “Esta semana conversei
com dois influentes evangélicos neopen-
tecostais que antes eram pró-Lula, mas
agora estão dizendo assim: quero votar
no Lula, mas não posso concordar que o
pastor seja obrigado a casar pessoas do
mesmo sexo nem que as crianças nas es-
colas sejam orientadas a se tornarem ho

mossexuais. Tudo isso está sendo difun-
dido de uma maneira muito intensa nos
cultos e grupos de WhatsApp”.


No PT, uma disputa interna se dá
em torno do pastor Paulo Marcelo
Schallenberger, ligado à Assembleia de
Deus e alçado à condição de responsável
por “organizar a interlocução” da campa-
nha de Lula com os evangélicos a partir
da produção de um podcast e outras peças
de mídia dedicadas ao segmento. Setores
evangélicos do PT e dos movimentos so-
ciais criticam a escolha de Schallenberger,
que não tem histórico de militância pro-
gressista e, entre outras coisas, propôs que
Lula, assim como Bolsonaro, adotasse um
salmo da Bíblia como lema de campanha:
“O pastor não é o nome ideal e sua saída
deve ser confirmada nos próximos dias”,
afirma uma fonte na direção petista. En-
tre os progressistas, a percepção é a de que
Lula erra ao tentar repetir uma aborda-
gem ao estilo Malafaia. “É grave não en-
tender que há evangélicos aliados à can-
didatura e que estão na caminhada con-
tra a barbárie que se instalou no País. Eles
não conseguem reconhecer esses aliados e
tratam todos nós evangélicos como se fôs-
semos manipulados pelo voto das lideran-
ças midiáticas”, diz Valéria Zacarias, co-
ordenadora da Frente de Evangélicos pe-
lo Estado de Direito.

ENTRE OS
EVANGÉLICOS,
BOLSONARO
LIDERA COM 47%
DAS INTENÇÕES
DE VOTO, SEGUNDO
O IPEC. LULA TEM 29%

Nome mais conhecido do PT entre fiéis
de diversas denominações, a deputada fe-
deral Benedita da Silva, coordenadora do
Núcleo de Evangélicos do partido e tradi-
cionalmente uma opositora à mistura de
política e religião, defende o debate trava-
do no dia a dia como melhor forma de con-
quistar o voto do segmento: “É esclare-
cendo as verdadeiras causas do sofrimen-
to do povo que estamos chegando à base
evangélica. Temos de mostrar que Lula fa-
rá o que já fez em seus dois governos, ga-
rantindo emprego e comida na mesa do
povo e respeitando a liberdade religiosa
assegurada pela Constituição”. A deputa-
da repudia as fake news: “Basta ver os anos
de governo do Lula e da Dilma para cons-
tatar que eles nunca perseguiram evan-
gélicos nem fecharam nenhuma igreja”.
No comando da campa-
nha existe a consciência
de que Lula tem de traba-
lhar para vencer no pri-
meiro turno e que para
isso todo apoio é importante. Em poucos
dias, a candidatura petista pôde comemo-
rar as adesões do Avante de André Janones
e do PROS, esta última confirmada na ter-
ça-feira 16, após algumas idas e vindas na
Justiça. Com dez partidos em sua coliga-
ção, reverter a ofensiva bolsonarista entre
os evangélicos parece ser uma das priori-
dades do ex-presidente para garantir o que
falta de apoio para bater Bolsonaro logo de

cara: “Haverá um esforço para dar visibili-
dade às lideranças evangélicas que apoiam
Lula e disseminar informações positivas
sobre seu governo que, por exemplo, apro-
vou as leis de Liberdade Religiosa e do Dia
Nacional da Marcha para Jesus”, diz um
dirigente do PT.


Pontos fracos de Bolsonaro reconhe-
cidos pelas eleitoras evangélicas foram
identificados por pesquisas qualitativas
realizadas pelo comando da campanha
petista e serão explorados. Entre eles,
“ser desumano”, “ser grosseiro com as
mulheres” e “não gostar de trabalhar”.
A estratégia de Lula é impedir que o ele-
vado índice de rejeição de Bolsonaro so-
fra uma queda significativa. Nos próxi-
mos dias, serão agendados os primeiros
encontros com lideranças evangélicas
nacionais. Entre os nomes especulados
estão o do pastor Manoel Ferreira, pre-
sidente vitalício da Convenção Nacional
das Assembleias de Deus do Brasil, e o de
seu filho, o também pastor Abner Ferrei-
ra. Não se trata de conquistar apoio, mas
de esclarecer as posições da campanha e
reduzir o impacto das fake news.
Enquanto a nova estratégia
não é adotada, o PT joga na
defensiva. Nas redes so-
ciais circula uma imagem
com Lula juntando as mãos
em forma de oração e a mensagem: “O
bolsonarismo volta a mentir para espa-
lhar terror entre as pessoas de fé”. A pe-
ça publicitária também afirma que Lula
“respeita todas as religiões” e “não vai fe-
char as igrejas”. Em vídeo, a presidente
nacional do partido, Gleisi Hoffmann,
afirmou que, “por não ter propostas pa-
ra o povo brasileiro”, Bolsonaro recorre
às fake news: “Mistura política com reli-
gião e tenta usar a fé das pessoas para ga-
nhar votos. Será que eles acham mesmo
que convencerão o povo de que Lula vai
atacar a liberdade religiosa, o direito de
culto e a família?”, pergunta a dirigente,
antes de elencar as leis aprovadas duran-
te os governos do PT.

Um dos flancos de ataque mais pesa-
dos – e que deverá ser exaustivamente ex-
plorado por Bolsonaro durante a campa-
nha – tem como alvo a mulher de Lula, a
socióloga Rosângela da Silva. Tudo come-
çou quando Janja, como é conhecida, pos-
tou uma foto vestida de branco ao lado de
imagens de orixás de religiões de matriz
africana com os dizeres “Saudades de ves-
tir branco e girar, girar, girar...”. Em seu
ato inaugural de campanha realizado em
São Bernardo do Campo, no ABC paulis-
ta, na terça-feira 16, Lula reagiu: “Bolso-
naro é um fariseu, está tentando manipu-
lar a boa-fé de homens e mulheres evangé-
licos que vão à igreja tratar de sua fé e de
sua espiritualidade”, disse. Em outro mo-
mento, o petista rebateu as notícias de que
ele e Janja teriam “vendido a alma” para
vencer as eleições: “Se tem alguém que é
possuído pelo demônio é esse Bolsonaro”.


A “notícia” sobre as almas vendidas
inundou os grupos bolsonaristas depois
que Michelle Bolsonaro compartilhou
em 9 de agosto um vídeo da participação
de Lula em cerimônia realizada por uma
das mais tradicionais casas de umbanda
do Brasil. O malicioso comentário da pri-
meira-dama – “Isso pode, né? Eu falar de
Deus, não” – somou-se ao post original da
vereadora paulista Sonaira Fernandes, do
Republicanos, que escreveu: “Lula já en-
tregou sua alma para vencer essa eleição”
e bombou nas redes sociais. Em contra-
ponto à “macumbeira” Janja, Michelle é

a principal aposta de Bolsonaro para des-
lanchar de vez no eleitorado evangélico e
tem protagonizado momentos em que po-
lítica, religião, misticismo e preconceito
se misturam, como o discurso “em tran-
se” no lançamento da candidatura do ma-
rido no Maracanãzinho ou as sessões de
orações noturnas para livrar o Palácio
do Planalto do demônio, que, segundo a
primeira-dama, ali habitava até 2018. A
maior parte do eleitorado, dizem as pes-
quisas, discorda do recorte temporal fei-
to por Michelle Bolsonaro. Para muitos, o
capeta ocupou o palácio quatro anos atrás
e ainda não saiu de lá.
Segundo Solano, a aposta po-
de dar certo porque Michelle
tem mais legitimidade para
falar como cristã do que o pró-
prio Bolsonaro. “Ela utiliza o
léxico cristão de uma forma muito na-
tural e é o rosto gentil do bolsonarismo.
Também não apresenta alguns defeitos
que são muito criticados na base evangé-
lica, como a intolerância de Bolsonaro ou
a sua falta de compaixão e humanidade.


LULA, EM
RESPOSTA AOS
ATAQUES: “SE TEM
ALGUÉM POSSUÍDO
PELO DEMÔNIO É
ESSE BOLSONARO”


]
Captamos em nossa pesquisa que há gru-

pos evangélicos que criticam muito isso,
mas Michelle consegue de fato dialogar
com aqueles bolsonaristas evangélicos
mais moderados que não gostam da face
violenta do bolsonarismo. Ela tem uma
cara mais humana e consegue se conec-
tar com essa base desiludida.”

A religião também foi um dos temas
principais no primeiro comício da cam-
panha de Bolsonaro, realizado em Juiz
de Fora, cidade mineira onde o ex-capi-
tão foi esfaqueado em 2018. Chamada pa-
ra o alto do trio elétrico ao fim do discur-
so de Bolsonaro, Michelle foi ovaciona-
da antes de entabular um discurso reple-
to de referências a Deus e à luta do Bem
contra o Mal. “O povo brasileiro será li-
berto da mentira e do engano. Peço sabe-
doria ao povo de Deus, para que não en-
tregue o País nas mãos de nossos inimi-
gos”, disse. Apresentada pelo marido co-
mo “a pessoa mais importante neste mo-
mento”, a primeira-dama também voltou
a insinuar que a esquerda teria partici-
pação no atentado praticado por Adélio
Bispo, possibilidade descartada pelo in-
quérito da Polícia Federal: “Aqueles que
deram a facada são os mesmos que agora
pregam o amor e a pacificação”.


Solano aponta três dificuldades que a
candidatura de Lula terá para confirmar
o voto do eleitorado evangélico oscilante.
A primeira é vencer o estigma causado pe-
la campanha de demonização. A segunda
é estabelecer canais de comunicação mais
efetivos. “Eles têm uma militância orgâ-
nica territorial nas igrejas e o PT não tem
como se equiparar a isso”. A terceira di-
ficuldade é saber utilizar o léxico cristão
pentecostal. “Não se pode falar de femi-
nismo ou de pautas que são caras ao cam-
po progressista como direitos humanos
ou liberdade religiosa.” Para a socióloga,
a campanha de Lula vive hoje um dilema
em relação aos evangélicos: “Se entrar nos
temas conservadores e na pauta moral e
comportamental, terá uma dificuldade
muito grande de enfrentar o aparato dos
pastores que pautam esse debate. E se não
entrar, os deixará falando sozinhos com
toda essa carga demonizadora”.

Para Valéria Zacarias, é preciso tra-
zer o discurso para a realidade cotidiana.
“Ninguém é somente evangélico. O indi-
víduo evangélico também é afetado pelo
alto custo de vida, pelo desemprego e pe-
la violência nas comunidades. Esses se-
riam os pontos de aproximação que mi-
nariam as forças das lideranças midiáti-
cas comprometidas com esse projeto de
poder que está reinando de forma abso-
luta no Brasil.” Ela pede pressa: “Há ca-
minhos, mas o tempo está ficando curto.
É preciso acordar, mas ainda não é tarde
para fazer essa disputa”.

CARTA CAPITAL 








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