March 24, 2019

A resistência do Chave de Ouro na folia dos Anos de Chumbo

Desfile do Chave de Ouro no Carnaval de 1972. O bloco nasceu com o espírito de desafiar a polícia, que o reprimia em nome da ordem. Foto: Rodolpho Machado / Agência O Globo


Gustavo Pacheco

Em 24 de fevereiro de 1966, o Correio da Manhã publicou um artigo intitulado “Chave de Ouro sai à rua com muita pancadaria”, sobre o tradicional bloco carnavalesco que desfilava nos subúrbios cariocas na Quarta-Feira de Cinzas, sem licença da polícia:

"Desde as 10h30 de ontem os moradores começaram a se reunir para o desfile quando apareceram duas rádios patrulha e um choque da polícia militar. Os policiais, com grande quantidade de gás lacrimogêneo, distribuíram-se por toda a rua e colocaram diversos detetives em shorts entre os populares, para possibilitar a infiltração no bloco. As tentativas para iniciar o desfile começaram às 12h20 com o aparecimento de um carro alegórico, do bloco Bons Amigos, empurrado por um mendigo da Rua Dias da Cruz que por isto foi espancado pelos PMs e colocado em carro da rádio patrulha. Quatro horas depois, ouvia-se um bombo na Rua Adolfo Bergamini 272, onde havia um coreto do Chave de Ouro. Acorrendo, os policiais começaram a espancar os presentes e as pessoas que nada tinham com o desfile, entre eles um rapaz de pernas defeituosas — e foi espancado por doze policiais da PM. Para dispersar o povo que se acercava do local utilizaram-se de bombas de gás, sendo vaiados pelos moradores.
Os conflitos entre a polícia e os populares continuaram até que um soldado da PM atirou uma bomba dentro da farmácia Chave de Ouro e feriu nos olhos a menina Zilmar de Oliveira, de um ano e seis meses, que ali estava nos braços de sua mãe, que comprava aspirina. A pancadaria só terminou com a chegada do Capitão Ronaldo Maciel, que exigiu mais cautela de seus subordinados e permitiu o desfile desde que o bloco fosse acompanhado pelo choque da PM.
Debaixo de grande chuva, o Chave de Ouro iniciou seu desfile às 18h10, com mais de 100 figurantes que cantavam entusiasticamente o samba Este ano não vai ter colher de chá."
Todo mundo sabia que o Cine Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio de Janeiro, era o ponto de concentração do Chave de Ouro. A polícia tratava de chegar antes, como no desfile do Carnaval de 1969. Foto: Arquivo / Agência O Globo
Todo mundo sabia que o Cine Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio de Janeiro, era o ponto de concentração do Chave de Ouro. A polícia tratava de chegar antes, como no desfile do Carnaval de 1969. Foto: Arquivo / Agência O Globo
No Carnaval do ano seguinte, o Correio da Manhã noticiava que o bloco tinha conseguido sair “cantando a marcha da Colombina Iê Iê Iê, com uma letra modificada em sátira à polícia, cuja aproximação pôs os integrantes do grupo em fuga”. A nova letra da marchinha dizia: Ô polícia, onde vai você?/Eu quero ver/O pau comer. Segundo o Jornal do Brasil, para tentar conter os foliões, foram mobilizados uma companhia de cavalaria, cinco pelotões de choque da PM e quatro viaturas da temida Invernada de Olaria, delegacia da Polícia Civil famosa pela violência. Tudo em vão. A matéria trazia uma foto de policiais de capacete, com a seguinte legenda: “A Polícia Militar mobilizou dezenas de homens para impedir a saída do bloco, mas ainda este ano foi ludibriada”. Mas o que o Chave de Ouro tinha de tão subversivo?

Se um dia alguém levar a sério a tarefa de escrever a história do Carnaval de rua do Rio de Janeiro, o resultado deve ficar mais próximo de Macunaíma do que de Raízes do Brasil. Apesar da importância central dos blocos carnavalescos para a memória e a identidade cariocas, a maior parte de sua história só pode ser encontrada nas lembranças nebulosas de quem estava lá. As fontes disponíveis — incluindo, é claro, a memória dos foliões — são cheias de lacunas, contradições e histórias “criativas”; natural, já que os principais atores e testemunhas dos acontecimentos não primavam pela sobriedade. De qualquer forma, se um dia essa história for escrita, o Chave de Ouro terá lugar de destaque. Sua trajetória é praticamente um tratado sobre como nasce, floresce e murcha um bloco de sujos. Faz também calar a boca todos aqueles que teimam em reduzir o Carnaval a um fenômeno de “alienação das massas” e outros clichês semelhantes.
O Chave de Ouro tomava as ruas do Engenho de Dentro até o Méier. O espírito carioca de contestação estava em sua raiz. Foto: Paulo Moreira / Agência O Globo / 1974
O Chave de Ouro tomava as ruas do Engenho de Dentro até o Méier. O espírito carioca de contestação estava em sua raiz. Foto: Paulo Moreira / Agência O Globo / 1974
Chave de Ouro era o nome de uma padaria que existia na Rua Adolfo Bergamini e que acabou dando nome a toda a região situada entre o Méier e o Engenho de Dentro. Na mesma rua ficava o Cine Engenho de Dentro, um tradicional “poeira”, com mais de 800 lugares. Diz a lenda que, na Quarta-Feira de Cinzas de 1942 (ou 1943, ou 1947...), o cinema exibia em sua sessão vespertina uma chanchada carnavalesca quando, de repente, faltou luz. O público, impaciente, logo começou a cantar e batucar nas cadeiras. Um dos lanterninhas, que tinha o apelido de Azeitona, tocava surdo em uma escola de samba e guardava o instrumento no cinema. Ao ouvir a algazarra, começou a tocar. A luz não voltou, e a plateia acabou saindo às ruas, cantando e dançando ao compasso do surdo de Azeitona, que no dia seguinte foi despedido.
Na Quarta-Feira de Cinzas do ano seguinte, o dono do cinema, precavido, chamou a polícia para evitar qualquer bagunça. O que aconteceu a seguir é narrado por um dos fundadores do bloco, Nelson Duarte, em entrevista dada ao Jornal do Brasil em 1971: “Você precisava de ver: foi igual manteiga em nariz de gato. Juntou logo uma comarca para saber o que estava acontecendo. Nêgo pensava que tinha gente morta dentro do cinema. Foi juntando e juntando até que a polícia começou a baixar a lenha. Aí o pessoal compreendeu. Tava formado o bloco”. Na época da entrevista, Duarte tinha 41 anos (“Tão gasto pela boêmia que parece ter 60”) e sua descrição corresponde praticamente ao arquétipo do boêmio dos subúrbios do Rio de Janeiro: “Magro, bigodinho fino, de chinelos, no pescoço uma medalha de São Jorge toda cravejada em brilhantes”.
Em 1972, o bloco Chave de Ouro levou mais de 5 mil pessoas às ruas; nem a presença do delegado delegado José Gomes Sobrinho (abaixo a direita), em primeiro plano, impediu que autoridades fossem enterradas durante o cortejo. Foto: Arquivo / Agência O Globo / Negativo: 82927
Em 1972, o bloco Chave de Ouro levou mais de 5 mil pessoas às ruas; nem a presença do delegado delegado José Gomes Sobrinho (abaixo a direita), em primeiro plano, impediu que autoridades fossem enterradas durante o cortejo. Foto: Arquivo / Agência O Globo / Negativo: 82927
Ainda segundo a reportagem, um alfaiate chamado Luís Teixeira da Silva, mais conhecido como Zé Macaco, organizou “um estado-maior de impor respeito em qualquer roda de bandidos” e saiu pedindo contribuição ao comércio para a saída do bloco. “As contribuições existiam mais por medo do que pelo desejo de participação, porém o dinheiro era rigorosamente empregado na folia do bairro.” Alguns dizem que os vidros das lojas que não colaboravam eram sempre quebrados; outros dizem que isso é um exagero e que, quando o Chave de Ouro começou a reunir muita gente, os comerciantes logo descobriram que podiam faturar com isso e passaram a apoiar o bloco.

Na década de 50, o Chave de Ouro já era uma lenda na cidade, atraindo gente de bairros distantes ao Engenho de Dentro só para ver os foliões desafiar a polícia. Era um bloco de sujos clássico: bateria improvisada com um ou dois surdos e algumas latas velhas, fantasias feitas com qualquer coisa que estivesse à mão, sem cordão de isolamento, sem liderança clara, sem licença da polícia nem de qualquer outro órgão público. Enfim, a síntese da anarquia e da liberdade carnavalescas, sempre tão incômodas para aqueles que nunca vão aceitar que a grande contribuição do Brasil para o mundo é esculhambar a civilização ocidental. Uma dessas pessoas, o delegado Pedro Paulo, declarou ao Jornal do Brasil que “o Chave de Ouro só tem marginais, que saem para fazer baderna e roubar”.

Comentário de Nelson Duarte: “Essa não. Ele está mais por fora que arco de barril”. Ao ser questionado sobre se o bloco tinha algum líder, ele respondeu: “Que líder que nada. Só se for o delegado que diz que nós somos ladrões. A televisão e os jornais dão a maior cobertura e, como o bloco já está famoso, vem gente até de Niterói e Petrópolis só para ver. Mas como ninguém pode ver que leva borrachada, essa turma também sai correndo e aí vira componente do Chave de Ouro. A polícia é quem lidera a fuzarca”.

Não demorou muito para que o Chave de Ouro começasse a sacanear os Poderes Constituídos por meio de paródias de sambas e marchinhas, cartazes ferinos e um caixão de papelão, onde todo ano eram simbolicamente enterrados os desafetos do povo. No Carnaval de 1963, o jornal Última Hora, que fazia oposição ao então governador da Guanabara, Carlos Lacerda, publicou uma matéria intitulada “Bloco proibido desafia e vence polícia: saiu na 4ª Feira de Cinzas”. Na época, Lacerda era acusado de mandar raptar mendigos para afogá-los num dos afluentes do Rio Guandu. O bloco não perdoou, e o jornal também não: “‘A salvação do mendigo’, carro alegórico satirizando os crimes da Polícia de Lacerda no Rio da Guarda, saiu ontem às ruas do Engenho de Dentro acompanhado de 500 foliões do ‘Bloco Chave de Ouro’”.
Dois dos fundadores do Chave de Ouro: Nelson Duarte (à esquerda) e Jorge Macaco (à direita). Foto: Paulo Moreira / Agência O Globo
Dois dos fundadores do Chave de Ouro: Nelson Duarte (à esquerda) e Jorge Macaco (à direita). Foto: Paulo Moreira / Agência O Globo
Mas não eram só os políticos que ficavam incomodados com o Chave de Ouro: a Igreja Católica se escandalizava com um bloco que violava a Quaresma, e a polícia não achava nenhuma graça nas provocações, que incluíam o enterro de delegados e chefes de polícia no caixão de papelão. Com o passar do tempo, a repressão foi ficando cada vez mais acirrada, o que só aumentava a fama do bloco e a disposição dos foliões. O Chave de Ouro conseguia burlar o forte aparato repressivo com táticas como a divisão em pequenos grupos que saíam simultaneamente de lugares diferentes, desnorteando a polícia. Além disso, sempre que o pau comia, os integrantes se dispersavam e se refugiavam na casa dos moradores, que apoiavam o bloco e escondiam os instrumentos e cartazes; assim que a polícia saía de cena, eles voltavam e recomeçavam a bagunça. Ou, como resumiu um morador, em depoimento ao Correio da Manhã: “O pessoal do Chave de Ouro é vivo, sai, desfila um pouquinho e some; eles entram em qualquer casa, o pessoal daqui é chapa; depois que a polícia se afasta, eles tornam a sair e assim conseguem desfilar aos pouquinhos”.
Em plena Guerra do Vietnã, os foliões do Chave de Ouro eram verdadeiros vietcongues do Carnaval carioca. No Carnaval de 1968, a manchete do Jornal do Brasil era “Chave de Ouro saiu de novo adotando tática de guerrilha”. A matéria conta que os diretores do bloco e alguns comerciantes do bairro tentaram conseguir uma autorização com o então superintendente executivo da Polícia, general Osvaldo Niemeyer, mas não tiveram sucesso. Foram até o coreto da Rua Adolfo Bergamini explicar ao povo que o desfile seria adiado até que conseguissem licença. “Os foliões responderam com prolongadas vaias, e, enquanto os dirigentes tentavam convencer os mais exaltados, sob as vistas de dois choques da PM, alguns integrantes do Chave de Ouro iniciavam por conta própria o desfile na Rua Daniel Carneiro, alguns quarteirões adiante. — É a turma da guerrilha — lamentou-se um dirigente, enquanto a PM se movimentava para acabar com o desfile.”
À medida que a ditadura militar se tornava mais violenta, a repressão ao Chave de Ouro também aumentava. No Carnaval de 1969, o primeiro após o AI-5, a manchete do Jornal do Brasil era “Chave de Ouro sai em luta contra o lacrimogêneo do Dops”. A matéria do Correio da Manhã narrava a seguinte cena após a prisão de um folião:
“O homem (um escuro) que a PM prendeu é agredido e preso na Radiopatrulha 8-191. Os moradores ficam revoltados. Uma senhora se aproxima e diz:
— Moço, não precisa bater tanto, ele estava apenas brincando.
— A senhora passou o Carnaval todo dormindo, eu fiquei acordado zelando pela segurança da cidade, comigo é na lei do cão, Carnaval já acabou e eu não brinquei nada”.
Nesse mesmo ano, a PM tocava fogo nos cartazes do bloco quando os fotógrafos dos jornais começavam a registrar o que estava acontecendo. A polícia foi atrás e arrancou o filme das máquinas — pela primeira vez, a matéria do Correio da Manhã saiu sem fotografias.
No desfile de 1971, a tradição se repetiu, com tumulto, bombas, correria e policiais caçando foliões pelas ruas. Foto: Arquivo / Agência O Globo
No desfile de 1971, a tradição se repetiu, com tumulto, bombas, correria e policiais caçando foliões pelas ruas. Foto: Arquivo / Agência O Globo

No Carnaval de 1971, a repressão ao bloco chegou ao auge. Segundo o Correio da Manhã, foram mobilizados 35 viaturas e 200 policiais, que bloquearam as principais vias de acesso ao bairro. O jornal informava que Nelson Duarte fora “detido com uma relação de contribuintes do comércio para a saída do Chave de Ouro” e seria autuado como “achacador e perturbador da ordem pública”. O delegado Silvio Ribeiro Fernandes, da 26ª Delegacia de Polícia, tinha sido informado de que, naquele ano, o bloco tinha feito não um, e sim dois caixões, e em um deles estava o nome do próprio delegado. Fernandes ia de porta em porta, perguntando aos moradores: “O senhor tem um caixão dentro de sua residência?”. Diante da resposta negativa, o delegado agradecia e dizia: “Acredito em sua palavra. Boa tarde e desculpe”. Nada disso, é claro, intimidou os foliões, que mais uma vez brincaram de gato e rato com a polícia. Um folião declarou ao Correio da Manhã: “O nosso negócio é somente gozar a polícia, e se ela não aparecer o bloco acabará morrendo”.

Palavras proféticas. No Carnaval de 1972, o Chave de Ouro estava mais subversivo do que nunca, e os cartazes traziam dizeres como “Fora Negrão” — referindo-se ao então governador da Guanabara, Negrão de Lima —, “Morte à polícia” e até mesmo “Abaixo a ditadura”. Mas a 26ª DP tinha mudado de titular, e o novo delegado, José Gomes Sobrinho, resolveu usar uma tática nova: não só autorizou a saída do bloco, como ainda acompanhou o desfile e permitiu que os foliões subissem e cantassem em cima dos carros de polícia. Além disso, discursou ao público no começo e no fim do bloco com o administrador regional, Gélson Ortiz Sampaio. Em seu discurso, o delegado disse, sob aplausos da população: “Tudo muda nessa vida, e é burrice da polícia querer proibir a saída do Chave de Ouro na Quarta-Feira de Cinzas”. A matéria do Jornal do Brasil termina assim: “Com o samba ‘Paz e amor’ eles encerraram o desfile, dentro da maior tranquilidade. Mas muitos ficaram desconfiados. Acham que o bloco Chave de Ouro perde, assim, sua razão de ser. Entre os descontentes estavam diversas senhoras que afirmaram divertir-se muito mais com o pau comendo do que com discursos”.
Os integrantes do Chave de Ouro se juntavam ao cordão aos poucos, com mais irreverência do que fantasia. Foto: Rodolpho Machado / Agência O Globo
Os integrantes do Chave de Ouro se juntavam ao cordão aos poucos, com mais irreverência do que fantasia. Foto: Rodolpho Machado / Agência O Globo
A partir daí, a história do Chave de Ouro foi outra. O bloco continuou desfilando, mas era evidente que tudo tinha mudado. No Carnaval de 1974, segundo matéria do Correio da Manhã, “30 mil pessoas participaram do quase nostálgico desfile, antes turbulento, do bloco Chave do Ouro”. O delegado saiu na frente do cortejo, novamente acompanhado do administrador regional, que agora era candidato a deputado estadual nas eleições daquele ano, apresentando-se como “o que deixou o bloco Chave de Ouro sair na Quarta-Feira de Cinzas, com proteção da polícia”. Ele não foi eleito. Ainda segundo a matéria, cujo intertítulo era “muito barulho, pouca alegria”, o “melancólico desfile” se encerrou com mais discursos das autoridades: “Nas esquinas, muitos homens idosos lembravam com saudades dos tempos em que ‘o pau comia, mas havia animação de verdade’”. No Carnaval de 1978, o Jornal do Brasil publicou uma matéria intitulada “Fundador admite que o bloco Chave de Ouro perdeu a graça”: “Agora o bloco não tem mais graça, desabafou o diretor do bloco Chave de Ouro, Nelson Duarte”.

O espírito transgressor nunca abandonou completamente o Chave de Ouro, que desfila até hoje com seu caixão de papelão, mas os tempos românticos de desafiar a polícia há muito ficaram para trás. Sem o apelo da perseguição, o Chave de Ouro aos poucos deixou de aparecer nos jornais e na televisão. No Carnaval de 1981, uma reportagem do Jornal das Sete, da Rede Globo, informava que cerca de 1.000 pessoas haviam participado do desfile, que naquele ano enterrou em seu caixão a RioTur, órgão responsável pelo Carnaval carioca. A matéria termina com a repórter informando aos espectadores que, “para o ano que vem, os componentes do bloco Chave de Ouro estão pensando em sair na quinta-feira, já que a saída na Quarta-Feira de Cinzas está permitida”. No meio das imagens, aparece Nelson Duarte, com ar melancólico, desfilando sentado em cima de um camburão da PM.

Gustavo Pacheco é diplomata e colunista de ÉPOCA

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