November 15, 2020

O teatro dos generais indignados

 

Reza a lenda Mourão foi convidado a submergir:

A instável relação entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seu vice, Hamilton Mourão, entrou nos últimos dias em uma nova fase de divergências e críticas abertas, levando militares do Planalto a pedirem para o general submergir. A sequência de estocadas do presidente em Mourão fez com que militares bombeiros do Planalto entrassem novamente em ação para baixar a temperatura. O pedido foi, mais uma vez, para o vice-presidente evitar falar de temas que digam respeito ao presidente e reduzir suas falas à imprensa.” [Folha]

Submergiu tanto que deu entrevista à rádio do RS!

Após as manifestações de Bolsonaro, Mourão disse que se “penitencia” por não ter colocado os documentos que mencionam a proposta em sigilo. Afirmou também que eram apenas de “ideias” discutidas pelos ministérios, que não devem avançar. Terminou falando que, se fosse presidente, também estaria “extremamente irritado” com a situação.” [Folha]

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E tem mais show do Mourão:

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta sexta-feira que “a política não pode entrar dentro do quartel”. Mourão, que é general da reserva, disse que a politização dos militares atrapalha a hierarquia e a disciplina dentro das Forças Armadas. — Quantas vezes você já me ouviu falar isso? Acho que várias vezes, né? Política não pode entrar dentro do quartel. Se entra política pela porta da frente, a disciplina e a hierarquia saem pelos fundos — disse Mourão, ao deixar o Palácio do Planalto no início da tarde. [O Globo]

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Na moral, vai ser cretino assim lá na casa do caralho! Sabe quem levou a política pra dentro do quartel em 2015?!

O comandante do Exército, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, exonerou ontem o chefe do Comando Militar do Sul, general Antônio Hamilton Martins Mourão, que fez críticas à presidente Dilma Rousseff em palestra proferida em 17 de setembro, no Rio Grande do Sul. Mourão foi transferido para a Secretaria de Economia e Finanças da pasta, um cargo burocrático em Brasília. Na palestra, o militar afirmou que a saída da presidente Dilma não mudaria o “status quo”, mas que a “vantagem da mudança seria o descarte da incompetência, da má gestão e da corrupção”. Nos slides da palestra, Mourão apresentou mensagens como “mudar é preciso” e falou em “despertar para a luta patriótica”.” [O Globo]

Sim, Mourão fez um discurso político atacando a comandante-em-chefe, ética hierarquia militares mandaram lembranças. E agora que o palácio foi tomado pelos verdes-oliva Mourão tem a cara de pau de dizer isso.

“Além disso, o general disse que “a maioria dos políticos de hoje parecem privados de atributos intelectuais próprios e de ideologias, enquanto dominam a técnica de apresentar grandes ilusões”.

Por isso ele votou no Bolsonaro. E olha que ele disse isso aqui do Bolsonaro dia desses:

“Ele foi muito mais político do que militar. Encerrou a carreira no posto de capitão, onde você é muito mais físico do que intelectual. Quando você muda da parte do físico para o intelectual, ele não viveu esse momento da carreira militar”

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E Mourão fala como se ele fosse um luminar da razão, hilário. Como se esse generalato aí primasse pela inteligência. Se tem algo que esse governo ensinou ao país é que qualquer imbecil pode ser presidente, ministro ou general.

Em 2017, ainda na mesma função, Mourão falou na possibilidade de uma intervenção militar, na mesma semana em que o então presidente Michel Temer foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por organização criminosa e obstrução de Justiça. Também em uma palestra, o militar afirmou que “ou as instituições solucionam o problema político”, retirando da vida pública políticos envolvidos em corrupção, ou então o Exército teria que impor isso.”

Sim, ele é reincidente!

E se Mourão não reage à altura os generais que afetam indignação tão bem sincronizados:

“Os militares decidiram ir para o ataque em conjunto nas redes sociais contra o que chamam de “show” do presidente Jair Bolsnonaro. Sem nominá-lo, os generais Santos Cruz e Paulo Chagas classificam Bolsonaro de “arrogante e “fanfarrão”.” [Correio Braziliense]

Quando Bolsonaro não foi fanfarrão e arrogantes, ó arrependidos generais?!

““Cansado de Show”, diz Santos Cruz. Segundo ele, “o Brasil não é um país de maricas. É tolerante demais com a desigualdade social, a corrupção, os privilégios”. Para ele, a população “votou por equilíbrio e união. Precisa, portanto, “de seriedade e não de show, espetáculo, embuste, fanfarronice e desrespeito”.”

E ontem matéria dava conta que esses generais têm a autorização do Villas-Bôas para tal. Tanta porrada no Mouão não ia ficar impune. Bolsonaro pode fazer o diabo com os outros, mas com os generais parece hevar algum limite muito esquisito.

“Paulo Chagas, por sua vez, afirma que há muito deixou “de dar atenção a pronunciamentos de fanfarrões, às suas ameaças absurdas e à exposição do seu despreparo e falta de maturidade”. No entender do general, “cabe-nos convidá-los a deixar a retórica dos discursos sem lógica e vir para o octógono da realidade provar o escopo da sua arrogância”. As mensagens dos dois generais foram disparadas com diferença de pouco mais de meia hora cada uma. A ação orquestrada veio depois de um acerto entre militares descontentes com o presidente, que ameaçou demitir o autor da proposta de expropriar propriedades rurais e urbanas daqueles que tenham cometido crimes ambientais. A proposta está sendo discutida no âmbito do Conselho da Amazônia, que é comandado pelo vice-presidente, Hamilton Mourão. Bolsonaro disse a pessoa do governo que defende isso só não seria demitida se “fosse indemissível”. Mourão tem mandato. Nos últimos tempos, o descontentamento dos militares com os surtos de Bolsonaro tem aumentado muito. A fim de montarem uma estratégia para conter os arroubo presidenciais, os fardados têm se aconselhado com o general Villas Bôas.”

E não é só general da reserva não, tem o Pujol também, atual comandate do Exército:

O Ministério da Defesa, as Forças Armadas, o nosso assunto é militar. As questões políticas, eventualmente o ministro [da Defesa] participa do lado político do governo, mas não nos metemos em áreas que não nos dizem respeito.” [UOL]

Que tral um general da ativa que não conhecia o SUS no ministério da Saúde em plena pandemia, assinando protocolo de cloroquina que dois médicos se recusaram a autografar, Pujol?!

“Eventualmente o ministro [Fernando Azevedo e Silva] é chamado para opinar no conselho de ministros, nas reuniões ministeriais. Ele deve dar as suas opiniões a respeito, particularmente naqueles assuntos que têm reflexo nas Forças Armadas ou na possibilidade de emprego das Forças Armadas, mas não queremos fazer parte da política governamental ou política do Congresso Nacional e muito menos queremos que a política entre no nosso quartel, dentro dos nossos quarteis.”

Então por que o comandante do Exército nada faz enquanto milhares de militares usam redes sociais com o cargo antecedendo o nome e com fotos fardadas, distribuindo opiniões políticas?!

O fato de, eventualmente, militares serem chamados para assumir cargos no governo, [isso] é decisão exclusiva da administração, do Executivo. Eu recordo aí, no final do outro governo, o STF pediu e depois agora renovou, no final do ano passado, a presença de um general lá para trabalhar como assessor do STF.”

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E o general fala isso de forma tranquila, como se não simbolizasse nenhum absdurdo! E vai explicar pra um gringo que o autor dessa proeza é um ministro indicado pelo PT, que por anos foi advogado do PT.

Não é porque vai tratar de assuntos militares. [É] porque ele acha que o perfil, a experiência, a formação, conhecimento do nosso país, que nós temos, de vários assuntos, a nossa formação acadêmica, que é muito diversificada, nos traz uma bagagem, que alguns setores da sociedade identificam como pessoas que podem ajudar no exercício de determinados cargos. O senhor nos conhece muito bem. Para dizer que, eventualmente, a assunção a um cargo público é como civil também, que tenha uma formação”.

Eles se acham o supra-sumo da sabedoria, é deveras constrangedor.

Passo ao Reinaldo Azevedo:

Sim, deveria ser óbvio, mas não tem sido. Não é sem certo desalento que me vejo obrigado a elogiar a fala do general. Os tempos, no entanto, andam estranhos. É bom lembrar que até o general Mark Milley, chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, o Número Um da maior potência militar do planeta, se viu na contingência de lembrar que, “no caso de uma disputa sobre algum aspecto das eleições, por lei, os tribunais e o Congresso são obrigados a resolver quaisquer disputas, não os militares dos EUA”. Vale dizer: tanto lá como aqui, a extrema direita se comporta como “vivandeiras alvoroçadas”, que vão “aos bivaques bulir com os granadeiros e provocar extravagâncias do poder militar”. A fala do general, que raramente se manifesta, tem um contexto. No auge de sua pregação golpista, entre abril e junho deste ano, o presidente Jair Bolsonaro sugeria nas entrelinhas que contava com apoio militar para, se necessário, dar um autogolpe. Depois que Fabrício Queiroz foi preso, ele interrompeu a escalada retórica e foi procurar abrigo no Centrão. O presidente parece viver um novo surto, preocupado com o cerco legal a Flávio Bolsonaro. Apoio o norte conceitual expresso pelo general, mas sou reverente aos fatos. Os militares atravessaram a rua para fazer política quando seu antecessor, Eduardo Villa Boas, ameaçou o Supremo com um golpe — e ele próprio deixou claro que assim era em entrevista posterior — no dia 3 de abril de 2018 caso se concedesse um habeas corpus a Lula, como, note-se, exigia a Constituição. Nove ministros de Bolsonaro têm origem nos quarteis. O titular da Saúde é um general da ativa, o que me parece inaceitável, e o mais político dos ministros — aquele que distribui cargos e verbas — é um general também. Luiz Eduardo Ramos saiu do Comando Militar do Sudeste para fazer a coordenação política do governo. O titular da Casa Civil é outro general, Braga Netto, oriundo do Estado-Maior do Exército. Ambos foram para a reserva, mas chegaram como homens da ativa.

Por tudo que sei, Pujol é um homem sério. Tanto é assim que Jair Bolsonaro se mobilizou para tentar tirá-lo do comando. A jogada acabou não dando certo. Pujol abraçou sem restrições, no que lhe coube fazer, o combate à Covid-19, por exemplo, e não participa das chicanas do presidente. Não obstante, lá está um militar da ativa à frente do Ministério da Saúde, no comando de uma política desastrosa de enfrentamento da doença. Sem dúvida nenhuma, o comandante do Exército diz a coisa certa ao marcar um distanciamento da política. Falta agora que os militares efetivamente se distanciem da… política, como ele próprio e Jungmann afirmam. Confesso que até hoje não alcancei o sentido de haver um general assessorando a Presidência do Supremo. É tão conveniente como termos um jurista na linha de frente de uma operação militar. Vejo como um exotismo e uma desnecessidade. Juízes certamente precisam, muitas vezes, de informações da área militar até para tomar uma boa decisão. Podem ter de arbitrar sobre temas que exigem essa expertise. Ora, receberiam os dados das Forças Armadas. Da mesma sorte, convém que os militares tenham — e têm — assessoria jurídica; afinal, os militares se subordinam às leis, mas os juízes não se subordinam aos militares, certo? Fernando Azevedo e Silva saiu da assessoria do Supremo para o Ministério da Defesa. Isso não impediu que sobrevoasse, no dia 24 de maio, a Esplanada dos Ministérios, em companhia do presidente, quando militantes bolsonaristas, em terra, defendiam o fechamento do tribunal e do Congresso. Cobrado a dar explicações, o ministro respondeu 24 horas depois que estava apenas “checando as condições de segurança do local”. Soou como provocação. A fala do general aponta, sim, para um bom lugar. É preciso, sim, retirar os militares da política para que a política não invada os quarteis.

Voltemos ao Pujol:

“Pujol descartou existir alguma ameaça real ao Brasil e afirmou que tem atuado para impedir que política partidária entre nos quartéis. Ele defendeu a criação de uma Guarda Nacional, que assumiria funções, como o combate aos crimes ambientais na Amazônia, que hoje são repassadas ao Exército, chamado por ele de “posto Ipiranga”. 

Isso, compara o Exército ao Guedes mesmo, vai dar muito certo.

“As declarações foram feitas durante evento do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa do qual participaram os ex-ministros da Defesa Raul Jungmann e do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen. “O general Etchegoyen me perguntou se haveria algum país em nosso continente que seria uma ameaça ao Brasil. Eu digo. Hoje não, mas não sabemos daqui 3 ou 4 anos. Por isso fazemos nosso planejamento estratégico. Ao ser indagado por Jungmann sobre o envolvimento das Forças Armadas com a política, Pujol afirmou: “O que eu tenho a dizer é que nesses dois anos o Ministério da Defesa e as três Forças se preocuparam exclusivamente e exaustivamente com assuntos militares.” E aproveitou para fazer um diagnóstico. “Precisamos aumentar muito a nossa capacidade operacional.” Para ele, as Forças Armadas – e o Exército – são proporcionalmente as menores do mundo em relação ao tamanho de nosso território e da população e em relação à importância geoestratégica e econômica do Brasil. “Somos uma reserva de alimentos para as próximas décadas e de água e minerais estratégicos que serão necessários para a humanidade.” Ele comparou o total de caças como menor do que o de países pequenos da Europa. “Estamos muito aquém do que o Brasil precisa para que as Forças Armadas cumpram suas missões constitucionais”. Ele afirmou considerar que o País devia ter um Exército maior. “Mas a curto e médio prazo não temos como fugir do orçamento (teto).”  Pelos números de Pujol, o Ministério da Defesa viu seu orçamento encolher de 2012 de R$ 19 bilhões para cerca de R$ 10,1 bilhões em 2019. “No ano que vem o orçamento será de 11,7 bilhões, mesmo com problemas da pandemia. O comandante afirmou que a solução para o a falta de recursos passa pelo aumento do número de militares temporários, além do aumento do tempo de permanência de uma parte deles na Força, passando de oito anos para dez anos. “Só podemos aumentar com recursos extraorçamentários, uma EmgeDefesa (referencia à Emgepron, a empresa de projetos navais) , ou por meio da criação de um fundo para a Defesa, como a Argentina aprovou.”

E aqui me valho do Marcelo Pimentel Jorge de Souza, militar da reserva:

“1) se querem dinheiro pra investir em aumento da capacidade operacional da Força Terrestre, façam a indispensável e PROFUNDA reforma administrativa no Exército e nas Forças Armadas!Reconheçam que a força terrestre eh a menos importante e, por isso, a menos prioritária para a defesa nacional tanto em relação à força naval quanto à força aérea. Uma boa ideia talvez fosse extinguir dezenas de unidades militares dispensáveis ou simplesmente “hiberná-las”, como queria fazer um tal general em 2015 pra desgastar politicamente certa presidente diante da população brasileira e da família militar.

2) estamos vivendo a maior crise econômica (de natureza fiscal e orçamentária) de nossa história, em decorrência da combinação nefasta de uma tragédia humanitária pela covid-19 associada a um governo extremamente incompetente e incapaz de liderar o país para vencer desafios ..e vemos dois generais, que custam caro para o contribuinte, virem falar em aumentar orçamento de defesa? Isso em um desrespeito, um descaso, uma alienação e um verdadeiro abuso, sem.falar na demonstração de falta de Inteligência e cultura.” [Facebook]

Enquanto isso, nos EUA:

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