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October 30, 2020
October 28, 2020
Partido de Russomanno tem suspeitos de elo com PCC
“Gente, me atacam com programas antigos de Carnaval, apoio a Dilma [Rousseff], caixa de supermercado. Mas comigo não tem nenhum ataque moral, não tem covidão tucano, não tem suspeita de respiradores superfaturados”, diz o candidato a prefeito de São Paulo Celso Russomanno (Republicanos) em sua campanha eleitoral.
Na contramão do discurso do deputado federal em defesa da ética, o partido ao qual Russomanno é filiado enfrenta uma série de problemas em administrações paulistas e no Legislativo, com assuntos que vão de loteamento de cargos para pessoas ligadas à Igreja Universal até suspeita de ligação de membros da legenda com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), passando por desvios de servidores no horário de expediente.
As suspeitas das autoridades de elo com o crime organizado por parte de membros do partido estão em prefeituras da região metropolitana de São Paulo e envolvem até um sócio de André do Rap, traficante foragido após ser solto por habeas corpus concedido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello.
Segundo investigação da Polícia Civil, o crime organizado conseguiu penetrar na administração da cidade de Arujá por meio de licitações e indicações políticas.
O grupo contaria com a participação do vice-prefeito da cidade, Márcio Oliveira —que chegou a ser preso—, diz a polícia.
Oliveira teria feito em 2016 um acordo com o traficante Anderson Pereira Lacerda, conhecido como Gordo, próximo de integrantes do PCC, a fim de obter dinheiro para a campanha do prefeito José Luiz Monteiro (MDB) em troca de serviços na área de coleta de lixo e saúde, dizem investigadores.
O delegado Fernando Goes Santiago, do 4º Distrito Policial de Guarulhos, afirma que o vice-prefeito havia sido advogado de Gordo, que fazia negócios com o PCC como traficante internacional e era sócio de André do Rap.
Segundo a polícia, Oliveira conseguiu dinheiro com Gordo para a campanha em troca de beneficiá-lo. Depois da eleição, o criminoso foi cobrar a dívida, e o grupo passou a mandar em alguns setores da administração após fraudes em licitações, dizem investigadores.
Entre áreas elencadas como comandadas por ele, estaria a da saúde. As investigações apontaram que o grupo prestaria serviços de baixa qualidade acima do preço. "Era uma tragédia anunciada. Se pesquisar vai ver vários escândalos na prestação de serviço, falta de médicos, insumo, equipamento", diz Santiago.
O delegado afirmou que o poder do criminoso chegava ao ponto de vetar a troca de um secretário. Apesar de estar foragido da Justiça, segundo a polícia, na época Gordo vivia em um condomínio em Arujá no qual era dono de 20 casas, que tinham túneis e até um bunker.
Gordo continua foragido e está no rol de procurados da Interpol, assim como André do Rap. Já Oliveira foi solto.
À Folha, o vice-prefeito diz que a investigação se dá por perseguição política, já que ele rompeu com o prefeito de Arujá. Ele alega que as imputações são levianas e injustas, que não há prova de que ele tenha recebido qualquer dinheiro do crime organizado e que Gordo estava preso na época da campanha em 2016.
Oliveira diz que seu vínculo com Gordo foi estritamente profissional e que a advocacia é garantida na Constituição. Oliveira diz que a única secretaria que ocupou, a da Educação, não teve qualquer problema em contratos e que quem deve explicações é quem assinou os contratos suspeitos.
A Prefeitura de Arujá diz que "lamenta os ocorridos, continua aguardando os desfechos da operação e se coloca inteiramente à disposição da Justiça para continuar colaborando no que for preciso". A administração da cidade diz que é vítima das irregularidades apontadas e que abriu sindicância para revisar contratos e processos administrativos.
Outro filiado ao Republicanos que enfrenta suspeitas de envolvimento com a facção criminosa é o atual prefeito de Embu das Artes. Ney Santos chegou a ser cassado em 2018 por suspeita de ter recebido em sua campanha dinheiro do PCC, a quem o Ministério Público Eleitoral diz que ele é ligado.
Ele teve declarações de apoio de Marcos Pereira, presidente nacional do Republicanos, partido que já injetou na campanha em Embu da Artes mais de R$ 900 mil em recursos do fundo eleitoral.
No fim do ano passado, o prefeito ficou afastado por cinco dias depois de ser indiciado pela Polícia Federal em inquérito sigiloso que apura suspeita de lavagem de dinheiro, de 2014 a 2017. Também foi denunciado sob acusação de fraude em licitação, organização criminosa e corrupção na Operação Prato Feito, que atingiu diversos municípios.
A defesa de Santos diz que ele não tem condenação e que a suspeita de participação do político no PCC é "absolutamente infundada".
Ney Santos, por meio de mensagem de áudio, afirmou que há dez anos vive um pesadelo e se defende de perseguição. "Estou provando a minha inocência. Um dia, vocês vão ver que tudo isso que falam de mim não é verdade."
Embora Russomanno hoje concorra contra o prefeito Bruno Covas (PSDB), e critique sua gestão na prefeitura, o Republicanos até pouco tempo atrás fazia parte da administração, ocupando cargos na Secretaria Municipal de Habitação, no Serviço Funerário e na Subprefeitura do Itaim Paulista. Os três órgãos enfrentaram problemas administrativos.
A joia da coroa entre os locais ocupados pela legenda foi a pasta da Habitação, órgão que envolve grande orçamento (em 2020, de R$ 451 milhões).
Os partidos aliados geralmente loteiam os órgãos com militantes. No entanto, conforme mostrou reportagem da Folha, o partido utilizou empresas que têm contratos de até centenas de milhões de reais com o município para lotear cargos a aliados.
A secretaria era, então, chefiada por Aloisio Pinheiro, ligado à Igreja Universal, da qual o Republicanos é o braço político. Em uma espécie de folha de pagamento paralela, empresas contratadas para realizar obras e apoio técnico contratavam militantes, fiéis da igreja, pastor e parente de dirigente partidário.
A gestão negou influenciar nas contratações, mas documentos internos afirmam que "contratações já chegam para o RH aprovados pela Sehab (Secretaria de Habitação)" e citam "solicitação de gabinete".
O Serviço Funerário é considerado de baixa qualidade, e a gestão Covas desejava privatizá-lo. No entanto, havia pressão do Republicanos, que controlava o órgão, para que isso não acontecesse.
As queixas de serviços de má qualidade continuaram na gestão do partido. Em um dos casos investigados pela Controladoria, vistorias em seis cemitérios em 2018 chegaram a flagrar, por exemplo, montanhas de ossos de exumação —realizada anos após o enterro— sem identificação adequada.
Na Subprefeitura de Itaim Paulista (zona leste), outro feudo do Republicanos, um servidor foi preso sob suspeita de cobrar R$ 300 mil de propina de um mercado.
Segundo a Promotoria, ele atuava “prestando serviço de regularização de imóveis localizados na sua região de atuação e em outras localidades da capital, cobrando pelo serviço prestado e coordenando com seus funcionários o deferimento dos pedidos, além de apresentar retaliação aos empresários que não contratam os seus serviços”.
No Legislativo, a atuação do partido também teve problemas. Conforme a Folha mostrou em 2019, assessores do Legislativo federal, estadual ou municipal, lotados em gabinetes de membros do Republicanos, davam expediente em outros lugares e usavam o horário de trabalho para atuar em braços políticos e religiosos do partido.
Na ocasião, a Folha passou um mês no escritório do diretório municipal do Republicanos, período em que foram flagrados veículos oficiais e cerca de 20 servidores públicos no sobrado localizado na avenida Indianópolis (zona sul).
Questionados, o diretório estadual do Republicanos e a campanha de Celso Russomanno afirmaram que o partido não tem em seus quadros nenhum integrante condenado por corrupção ou qualquer outro crime contra a administração pública.
O que pesa contra o Republicanos
Investigação de elo com o PCC
O prefeito de Embu das Artes, Ney Santos, e o vice-prefeito de Arujá,
Márcio Oliveira, ambos do Republicanos, foram investigados por suspeitas
de envolvimento com o PCC.
Ney Santos chegou a ser cassado em 2018 por suspeita de ter recebido em
sua campanha dinheiro do PCC. Segundo investigação da Polícia Civil, o
crime organizado conseguiu penetrar na administração de Arujá por meio
de licitações e indicações políticas e contaria com a participação de
Márcio Oliveira, que chegou a ser preso. Os dois negam as acusações
Loteamento de aliados
Durante a gestão do Republicanos na Secretaria Municipal de Habitação de
SP, que envolve grande orçamento (em 2020, de R$ 451 milhões), aliados
políticos foram alocados em empresas prestadoras de serviços. A pasta
era, então, chefiada por Aloisio Pinheiro, ligado à Igreja Universal, da
qual o Republicanos é o braço político
Desvio de servidores
Assessores legislativos do partido usavam o horário de trabalho para atuar em braços políticos e religiosos da sigla
Colaboraram José Marques e Felipe Bächtold
FOLHA
October 25, 2020
Esquadrões mataram em 3 anos o dobro da ditadura em 21
Eduardo Reina e Lucas Pedretti
[resumo] Documentos de inteligência do governo dos EUA apontam que esquadrões da morte no Brasil assassinaram em pouco mais de três anos, de 1968 a 1971, o dobro do número de vítimas da ditadura em duas décadas. Praticado por grupos como o liderado pelo delegado Sérgio Fleury, o extermínio clandestino de supostos criminosos contava com a cumplicidade do regime militar, prática que ainda se reflete na atuação do Estado na segurança pública.
Em pouco mais de três anos, de 1968 a 1971, os esquadrões da morte executaram o dobro do número oficialmente reconhecido de vítimas da ditadura militar no Brasil ao longo de duas décadas.
Documentos de inteligência do governo dos Estados Unidos mostram que os grupos paramilitares de extermínio, como o liderado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury em São Paulo, mataram mais de 800 pessoas naquele período. Já relatório da Comissão Nacional da Verdade aponta que as vítimas fatais e os desaparecidos pela repressão somaram 434 pessoas na ditadura.
“800 corpos assassinados por autoria desconhecida em circunstâncias nunca investigadas, resultando em inquéritos encerrados antes mesmo de serem abertos”, revela relatório de 11 páginas do Departamento de Estado do governo dos Estados Unidos, de 8 de junho de 1971, parte de uma remessa de documentos enviados em 2014 pelo governo norte-americano à Comissão Nacional da Verdade brasileira. Ao longo do texto, o embaixador William Rountree demonstrava preocupação com o envolvimento de integrantes do esquadrão e o alto escalão do governo militar.
O embaixador também apresentava os principais locais de atuação dos esquadrões. O relatório indicava que na cidade de Niterói (RJ) havia ocorrido 200 assassinatos. A referência se dava porque mortes registradas em São Gonçalo, região do Rio marcada pela atuação de grupos de extermínio, iam para a delegacia de homicídios de Niterói. Em segundo lugar, vinha uma menção a São Paulo, onde teriam sido registradas 182 mortes. “Todos os crimes”, aponta o documento, “têm características comuns”.
O número contabilizado pelo governo dos EUA pode ser ainda maior ao
se levar em consideração as execuções realizadas nos anos seguintes à
emissão do relatório do embaixador Rountree. Uma reportagem do Jornal de
Brasil de setembro de 1975 revelava dados da região da Baixada
Fluminense e mostrava um crescimento contínuo de casos. Foram 63 mortes
em 1972, 86 em 1973 e 199 em 1974.
Apenas naquela região, o período de três anos contabilizava outras 348
pessoas assassinadas pelo esquadrão. Desse modo, identifica-se
quantidade superior a mil vítimas em seis anos.
O sociólogo José Cláudio Souza Alves, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), aponta que os números descritos pelo serviço de inteligência dos EUA podem ser apenas uma parcela do total de execuções efetuadas pelos grupos de extermínio. Uma série de lacunas dificultava a identificação das vítimas, diz. “Os esquadrões atuavam a partir de uma nova configuração das forças de segurança da ditadura, quando as polícias foram transformadas em força auxiliar ao regime.”
Naquele cenário, serviços de perícia e proteção de testemunhas enfrentavam severas limitações. E mesmo quando havia alguma investigação, o Poder Judiciário representava um novo entrave. “Todo o sistema judiciário formal estava costurado a favor dessa estrutura de poder da ditadura”, afirma o professor.
A percepção de Souza Alves encontra reforço em trecho do documento norte-americano que lista cerca de 4.000 pessoas vinculadas a esses grupos em todo o Brasil. “50% são policiais, e a outra metade é composta por juízes, procuradores, advogados, militares e jornalistas.”
O sociólogo lembra ainda que esses grupos usavam múltiplas e diversas formas de ocultação de cadáver. Se até hoje há muitos desaparecidos políticos oriundos das classes médias, a questão se torna mais complexa quando se trata das vítimas dos esquadrões. “A massa atingida era a população mais pobre, os negros, os moradores de periferias e favelas. São pessoas que não têm acesso ao sistema judiciário para buscar seus direitos”, afirma José Cláudio.
Policiais observam corpo de vítima do Esquadrão da Morte em São Bernardo do Campo (SP) - Acervo UH/Folhapress A diferença na repercussão dos crimes cometidos contra militantes políticos e das mortes causadas pelos esquadrões também pode ser inserida na questão de classe e de raça no Brasil. “Muito dessa diferença podemos verificar ainda hoje na ação das polícias nas periferias,que matam negros e pobres. Policiais repetem o modus operandi dos agentes da repressão durante a ditadura”, explica o professor de direito da Universidade Mackenzie Flávio de Leão Bastos Pereira.
Durante a ditadura, os grupos guerrilheiros eram considerados mais ameaçadores para a sociedade por terem uma proposta política alternativa para o Brasil. A execução de militantes era uma violência instrumental adotada pela repressão para evitar possíveis revoluções. Já o extermínio de supostos praticantes de crimes comuns tinha como justificativa o medo que a violência provocava na população, sendo mais aceito e não raro aplaudido.
A despeito dessas diferenças, Percival de Souza, autor de “Autópsia do Medo”, biografia do delegado Sérgio Paranhos Fleury, relata em seus textos que os métodos adotados na repressão política eram os mesmos usados na repressão de crimes comuns.
Sobre o papel de Fleury nos esquadrões, Souza ressalta que o delegado “construiu a imagem de carrasco-mor, ao mesmo tempo venerado pelos (muitos) que defendiam o regime militar”. O documento dos EUA já percebia essa centralidade de Fleury, caracterizando-o como “uma figura lendária no meio policial paulista” e traçando suas ligações com figuras proeminentes da ditadura.
Os crimes cometidos no âmbito da repressão política e os assassinatos de supostos criminosos comuns pelos esquadrões da morte sempre foram tidos como pertencentes a universos distintos. No entanto, a trajetória de personagens como Fleury mostra que esses mundos eram muito próximos.
Depoimento do general Adyr Fiúza de Castro, um dos criadores do Centro de Informação do Exército (CIE) que em 1972 chefiava o Centro de Operações de Defesa Interna (Codi), para a Fundação Getúlio Vargas em 1993 relata a confiança dos militares no delegado. “O Fleury era muito eficiente, era o chefe do Dops mais eficiente que havia no Brasil. Eficientíssimo. Estava instalado num grande prédio, e contava com mais de 40 delegados.”
Esse reconhecimento também é identificado no relatório da inteligência dos EUA. “Fleury goza de amplo respeito e admiração entre as forças militares e de segurança por rastrear, com considerável risco pessoal, líderes bem-armados de grupos subversivos. Apesar de suas atividades de esquadrão da morte e do vício em drogas, sua utilidade lhe rendeu apoio e patrocínio de pessoas em altos cargos, incluindo o ministro do Exército, Orlando Geisel”, afirmou o embaixador John Hugh Crimmins, em telegrama enviado ao Departamento de Estado, em 24 de outubro de 1973. Orlando, irmão do futuro presidente Ernesto Geisel, era então ministro de Médici.
Na mensagem, Crimmins chama Fleury de “notório organizador de esquadrões da morte em São Paulo”.
O respeito obtido por Fleury garantia a ele totais regalias em São Paulo para agir. Entrava e saia de presídios, retirava os presos por crimes comuns e os assassinava na rua. Os procedimentos que levavam à execução de prisioneiros eram realizados às claras, livremente.Sentados de terno, da esquerda para direita, João Carlos Tralli, Sérgio Paranhos Fleury e José Carlos Correia no julgamento em que foram absolvidos da acusação de integrar o Esquadrão da Morte de São Paulo durante a ditadura - Folhapress Adriano Diogo, ex-preso político que presidiu a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo, presenciou um desses momentos. “Eu estava preso em uma cela no presídio do Hipódromo, em São Paulo, em junho de 1973. Vi o Fleury retirar da cela um japonês, do qual ninguém sabia o nome, que havia chegado no dia anterior. Ele falava que se o Fleury fosse pegá-lo, seria morto. Foi o que aconteceu. Depois ficamos sabendo que o japonês apareceu morto em uma rua da cidade”, relata.
História semelhante foi descrita por Ivan Seixas, que foi assessor especial da Comissão Nacional da Verdade e também é ex-preso político. “Fleury aplicava o terrorismo de Estado na população civil. Lembro-me que, quando estava no presídio Tiradentes, ele e os integrantes do esquadrão chegavam, pegavam meia dúzia de presos comuns, levavam amarrados por cordas e ninguém mais voltava. Eram exterminados na rua.”
Apesar da relação entre os esquadrões da morte e as autoridades, a repercussão dos crimes se tornou tão grande que, no início dos anos 1970, o Ministério Público de São Paulo determinou a abertura de investigação sobre o tema. Hélio Bicudo, então promotor, foi nomeado para a tarefa.A investigação logo gerou reação dentro dos órgãos da ditadura, como revela um segundo relatório, elaborado pelo subsecretário adjunto de Defesa para Assuntos de Segurança Internacional (ISA-IA, na sigla em inglês), R. F. Corrigan.
Segundo seu texto, de agosto de 1971, “as forças de segurança locais estão incomodadas com a persistência de Bicudo em agir contra Fleury e seus principais aliados na campanha antiterrorista”. “Entre as autoridades de segurança locais”, completa, “Fleury é considerado ‘o homem indispensável’, mas até agora não tiveram sucesso em suspender o processo penal contra ele”.
Corrigan apontava, ainda, que Bicudo deveria ser retirado do caso, “presumivelmente como um primeiro passo para livrar Fleury das acusações de homicídio”. E concluía: “Que ele ou seus principais associados sejam levados a julgamento parece improvável neste momento”.
De fato, Bicudo foi afastado das investigações e substituído por outros dois promotores. Quando estes pediram a prisão de Fleury em 1973, os norte-americanos demonstraram surpresa. “Isso é surpreendente”, afirmava o embaixador em novo telegrama, “dadas as ligações de Fleury, pessoa influente nos círculos da segurança militar. A questão permanece se Fleury realmente será julgado ou condenado”.
A conjunção entre inação para investigar os casos denunciados e a perseguição aos procuradores levou à criação da chamada Lei Fleury, como ficou conhecida a alteração na legislação penal, promulgada em 1973, permitindo recurso em liberdade. Foi elaborada para proteger o delegado e livrá-lo da prisão.
Ao analisar as relações entre os esquadrões da morte e o regime ditatorial, o professor Bastos Pereira, da Universidade Mackenzie, nota que “o porão da ditadura não era no porão do governo; ficava na parte de cima, onde estão os que mandam”.
Na percepção de Souza Alves, da UFRJ, frente a todos esses fatores, entende-se por que os mortos pelos esquadrões da morte nunca foram contabilizados nas listagens oficiais de vítimas da ditadura.
Nenhuma das três comissões federais criadas no Brasil para reconhecer e reparar os crimes do regime militar —a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (1995), a Comissão de Anistia (2002) e a Comissão Nacional da Verdade (2012)— tratou dos grupos de extermínio.
Para enfrentar o tema, tais órgãos não precisariam apenas de recursos materiais e humanos. “Também seria necessária uma decisão política de investigar os assassinos envolvidos com grupos de extermínio”, afirma o sociólogo.
O extermínio como forma de resolver o problema de segurança pública moldou a atuação do Estado brasileiro, que apostou no patrulhamento ostensivo nos territórios vistos como perigosos. Como resultado, muitas mortes e o aprisionamento desnecessário de inocentes e de pessoas pouco importantes na estrutura dos negócios criminosos.
Os efeitos somados continuam a castigar o Brasil. Parte significativa da população vê na violência um instrumento para estabelecer autoridade e ordem. O presidente Jair Bolsonaro é um dos principais propagadores desses valores.
Em suas três décadas de carreira parlamentar, sempre fez apologia da violência policial. Agora na Presidência, segue incentivando essas práticas, que representam hoje o principal entrave para a democracia e o Estado de Direito no Brasil.
O patrimônio de R$ 579 de Boulos
Flavia Lima
Um clássico entre os anúncios do tipo "caça-clique" é a promessa, jamais cumprida, de uma revelação muito atraente, como os “segredos para transformar gordura em músculos em pouquíssimo tempo”. É clicar e percorrer um longo labirinto de frases até a frustração.
No caso de reportagem publicada pela Folha sobre os candidatos a prefeito das capitais que não declararam suas contas bancárias à Justiça Eleitoral, não foi preciso atravessar um longo labirinto para alcançar a frustração.
“Confrontado, Boulos corrige patrimônio após omitir conta bancária em declaração de bens”, dizia o título publicado no site da Folha já na quinta-feira (22) à noite.
A combinação dos verbos “confrontar” e “omitir” com a palavra “patrimônio” em uma frase sobre um candidato que, em crescimento nas pesquisas, tem como uma de suas estratégias exibir como único bem um carro popular chamou enormemente a atenção.
Ocorre que, ao clicar no link da matéria, o leitor logo fica sabendo que Boulos, sem embate algum, corrigira os dados logo após ser questionado—uma conta no banco com saldo de R$ 579,53.
O conteúdo do texto é verdadeiro e, ao expor o achado (uma conta com um pouco mais de meio salário mínimo), oferece quase uma espécie de aval ao candidato, que sai da “denúncia” sob a auréola da idoneidade moral.
O problema é que o título induz ao erro e promete muito mais do que entrega.
Segundo uma leitora, esse tipo de postura desperta desconfiança sobre outra idoneidade, a do jornal. “Não digo que a matéria não é importante, mas o título é tendencioso. A decepção foi grande”, diz ela.
“O ‘profissionalismo’ do jornal parece ser balizado na busca de cliques e em defender interesses não declarados”, disse outro leitor.
A Folha tem produzido material relevante envolvendo tanto o agora segundo colocado nas pesquisas, Celso Russomanno (Republicanos), quanto o vice de Bruno Covas (PSDB), Ricardo Nunes (MDB).
No meio disso tudo, é como se, para reforçar suas credenciais de apartidarismo, o jornal se voltasse a Boulos, provando ser capaz de tratar todos os candidatos com o mesmo ímpeto investigativo. Em tese, parece ótimo.
A questão é que isso não pode ser feito vendendo-se gato por lebre. Sob pena de reduzir o esforço a uma demonstração precária de imparcialidade, que parece subestimar a capacidade dos leitores de julgar o que é relevante.
Uma prova de que eles sabem fazer isso é que muitos recorreram a uma reportagem recente, que também abordou problemas na declaração de bens à Justiça, para mostrar o que é um título sóbrio e preciso: “Filipe Sabará, do Novo, retifica declaração de bens e passa de R$ 15 mil para R$ 5 milhões”.
Já falei da importância de que títulos sejam claros, pois são o principal, quando não o único, ponto de contato com a notícia—algo que ganha ainda mais relevância em meio à campanha eleitoral.
A Folha tentou consertar o estrago, incluindo no título a informação de que o “candidato diz ter R$ 579,53 no banco”.
Mais uma vez, os próprios leitores sugeriram outras opções: “Boulos declara R$ 579 que havia omitido à Justiça eleitoral”; “Boulos corrige declaração de bens para incluir saldo de R$ 579,53 em conta”; “Confrontado, Boulos corrige patrimônio após omitir conta bancária com R$ 579 reais”.
Como lembrou um leitor, jornalismo de qualidade exige recursos. Se a Folha quer se mostrar imparcial, invista em investigação, não em títulos dúbios ou capciosos.
Selecionar os acontecimentos mais relevantes, ordená-los segundo sua importância relativa, facilitar a sua compreensão, garantir a qualidade do conteúdo e estabelecer nexos além do óbvio são procedimentos cruciais, segundo o Manual da Redação.
Além de desapontar em alguns desses aspectos, o jornal pareceu tratar o leitor como alguém com capacidade reduzida de avaliar as informações que lhe são entregues e para quem a mera sugestão de equivalência de tratamento entre os candidatos seria suficiente. É o leitor quem sugere que está na hora de amadurecer essa relação.
October 23, 2020
Laptop? Big Man? Much of Trump’s debate required a Fox News translator.
If you listened to President Trump debate Joseph R. Biden Jr. Thursday, you may have felt like you’d started watching a complicated serial drama — “Lost” or “Twin Peaks” — in its final season. The president kept dropping names and plot points, all seeming to reference a baroque mythology.
Who was “the big man?” What was “the laptop?” How many seasons of this show did I miss?
This impression is not far off. The soap opera whose story lines and catchphrases Mr. Trump was quoting was Fox News, his favorite binge-watch. And increasingly, he speaks less like a president to Americans than as a Fox superfan to other superfans.
For those steeped in conservative media, the “laptop” reference alludes to questionable accusations of corrupt business practices by Mr. Biden’s son Hunter, unverified in other media but pored over lately on Mr. Trump’s favorite shows.
“A.O.C. plus three” was not algebra but a dismissive nickname for Alexandria Ocasio-Cortez and three of her progressive peers in Congress. A reference to selling “pillows and sheets” apparently revived an old conservative criticism of support to Ukraine during the Obama administration, not a Biden home-furnishings line.
These impenetrable word clouds not only blunted his attacks but showed how Fox can be as much a blinder for the president as an asset. Mr. Trump has become so immersed in the conservative mediasphere that his language became a referential fog that seemed to require an explanatory fan podcast.
All this may have signaled solidarity to Mr. Trump’s fellow Fox News junkies. But if you weren’t a longtime watcher, this show was not made for you.
October 22, 2020
Procura-se uma vacina para a psicopatia presidencial
MEDO & DELIRIO EM BRASILIA
Só assim para o capitão se curar. E de preferência uma vacina americana, que não tenha nada a ver com o Doria. Capitão esculachando general é mais um dia normal no Palácio, cheios de medalhas no peito mas sem nenhum brio, sem qualquer dignidade.
Depois de muita pressão de parlamentares e governadores enfim o general da Saúde se comprometeu a comprar a vacina chinesa, afinal, é a que vem melhor se saindo nos estudos, e não pegou nem um pouco bem o governo federal fingir que a vacina não existe.
“Isolado com sintomas de Covid-19, o ministro da Saúde Eduardo Pazuello vem sentindo na pele, nas últimas horas, o que Luiz Henrique Mandetta viveu na pasta quando entrou em rota de colisão com o Planalto por se aproximar de João Doria nas ações da pandemia. Nesta terça, depois de uma reunião com governadores, o chefe da Saúde afirmou que a vacina da China, produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, seria o imunizante brasileiro na luta contra o vírus. um protocolo de intenções teria sido desenhado para garantir a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac no fim do ano e outro lote de 100 milhões de doses no meio de 2021. “A vacina do Butantan será a vacina brasileira. Com isso, o registro vem pela Anvisa e não pela Anvisa chinesa. E isso nos dá mais segurança e margem de manobra”, afirmou o ministro.” [Veja]
Doria, malandro, sambou em cima do Bolsonaro:
É impressionante como o Doria tá em eterna campanha eleitoral. E o candidato á reeleição Bolsonaro ficou puto, ele odeia mais o Dortia que os comunistas, falo com tranquilidade:
“A adesão da Saúde, que anunciou ainda a edição de uma medida provisória de 1,9 bilhão de reais para a compra do produto, pegou o Planalto de surpresa.”
É mentira mas sigamos.
“Pazuello foi fortemente cobrado por Jair Bolsonaro diante da leitura de que o ministro, ingenuo politicamente, acabou oferecendo a Doria “o grande palanque nacional da vacina”, um erro político semelhante ao de Mandetta, na avaliação do Planalto, quando fez tabelinha com Doria numa das primeiras grandes coletivas de combate ao coronavírus no início do ano.”
Ué, não era um governo técnico – sejamos bondosos e digamos que Pazuello é um técnico em logística – técnicos não deveriam ser politicamente ingênuos?! Ele tá dizendo que um ministro da saúde deveria tomar decisões políticas?! Estou confuso. Ah, e sabe quem é o ministro politicamente mais ingênuo desse governo?!
“Bolsonaro chamou uma reunião com Pazuello logo cedo para cobrar explicações. A leitura, segundo auxiliares palacianos, é de que o ministro se deixou envolver por Doria, franqueando os holofotes políticos ao governador, que capturou o noticiário de grande organizador da vacina, enquanto o governo Bolsonaro, que bancará toda a logística, saiu como coadjuvante. A chamada “ala civil” da Esplanada, há tempos incomodada com alguns movimentos dos militares, entrou com tudo nessa discussão. Bolsonaro deseja desfazer a “trapalhada” de Pazuello porque considera que o anúncio de compra da vacina chinesa foi prematuro, pois ainda não há sequer comprovação de eficácia do produto. A coisa anda feia para o general. Há pouco, nas redes, Bolsonaro desautorizou o auxiliar ao escrever numa rede social, em letras garrafais, que a vacina chinesa, ao contrário do que prometeu Pazuello, “NÃO SERÁ COMPRADA”.”
“Alerto que não compraremos vacina da China. Bem como MEU GOVERNO NÃO MANTÉM DIÁLOGO COM JOÃO DORIA SOBRE COVID-19.” [O Globo]
O presidente da república, que deveria agir de forma republicana e por isso impessoal, tá proibindo qualquer diálogo do governo federal com o governador do maior estado do país em plena pandemia! É CRIME DE RESPONSABILIDADE, PORRA!! Mais um. A postura presidencial é criminosa. E é só a cereja no bolo duma sucessão de sabotagens do presidente contra qualquer forma de lidar com a pandemia.
“Para Bolsonaro, Pazuello está “querendo aparecer demais, está gostando dos holofotes, como o Mandetta”. Bolsonaro está irritado também porque avalia que Pazuello acabou por entrar num “o jogo político que só interessa ao Doria”.” [O Globo]
Todo esse governo é um jogo político que interessa ao Bolsonaro, e o governo é dele, o ministério é dele, ele mesmo já disse ser a Constituição. Mas ai se houver jogo político que não seja do agrado do instável presidente….
“No Ministério da Saúde, a perplexidade é geral: ninguém tinha conhecimento de veto tão explícito — até porque, se tivessem, nenhum anúncio teria sido feito.”
Hummmm, é claro que Pazuello não assinaria sem a concordância do capitão, então o que fez Nolsonaro mudar de idéia?!
“Carlos Bolsonaro advertiu o pai ontem sobre o massacre que estava acontecendo ontem nas redes de seguidores bolsonaristas, de críticas contra o anúncio da compra da vacina chinesa, feito por Eduardo Pazuello. Influenciadores de extrema direita gravaram vídeos e fizeram até lives atacando a decisão do governo. Não foi a primeira crise recente vivida pelos Bolsonaro entre seus seguidores mais fanáticos. A escolha de Kassio Nunes Marques para o STF também foi muito mal recebida, e até hoje gera críticas ao presidente, que tem sido cobrado por vir se afastando da ala mais radical de seus apoiadores.” [Época]
Sim, Bolsonaro desesperou e atropelou o general.
“”Presidente,
a China é uma ditadura, não compre essa vacina, por favor. Eu só tenho
17 anos e quero ter um futuro, mas sem interferência da Ditadura
chinesa”, comentou um usuário. O presidente respondeu: “NÃO SERÁ
COMPRADA”, em letras maiúsculas.” [Estadão]
Olha o naipe do comentário que o presidente respondeu. E imagine que vida miserável tem um presidente que tem tempo pra ficar respondendo comentário no facebook!
“A outra usuária que disse para o presidente exonerar o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, “urgente” porque ele estaria sendo cabo eleitoral do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), Bolsonaro respondeu que “tudo será esclarecido hoje”. “NÃO COMPRAREMOS A VACINA DA CHINA”, voltou a dizer, também em maiúsculas. A um outro seguidor que disse que Pazuello os traiu ao comprar a vacina chinesa e que o presidente “se enganou mais uma vez”, Bolsonaro afirmou que “qualquer coisa publicada, sem qualquer comprovação, vira TRAIÇÃO”. Depois em post publicado no Facebook oficial, com o título “A vacina chinesa de João Dória”, Bolsonaro afirmou que “qualquer vacina, antes de ser disponibilizada, deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa” e que “o povo brasileiro não será cobaia de ninguém”
Disse o sujeito que enfiou cloroquina goela abaixo do povo brasileiro e agora cobra comprovação ceintífica quando não é do seu agrado.
“Bolsonaro também escreveu que “não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou fase de testagem”. Segundo o Ministério da Saúde, o valor desembolsado deve ser de R$ 1,9 bilhão. “Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina”, afirmou o presidente. O argumento de Bolsonaro, porém, contradiz ato anterior da sua própria gestão. O ministério já firmou outro acordo bilionário para adquirir uma vacina que ainda está em teste. Em agosto, o próprio presidente assinou medida provisória liberando R$ 1,9 bilhão em recursos para a compra de 100 milhões de doses da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca.”
risos
Também teve ministro do governo metendo o mesmo caô:
“Na atual situação econômica, Brasil não pode gastar quase US$ 2 bilhões na compra de uma vacina que não está comprovada cientificamente, nem certificada pela Anvisa. Não há ainda nenhum país interessado nesta vacina.”
Uruguai e Chile não devem fazer parte do globo terrestre plano do presidente. No fundo no fundo quem governa é o comentarista de rede social da direita, são eles a vela que leva nau governista.
“O veto de Bolsonaro à vacina chinesa deixou sem ação também ministros próximos ao presidente. Um deles, depois de perguntado se essa é uma posição sem volta do presidente ou um arroubo, acaba de comentar: — Vamos aguardar. Ainda ontem, esse mesmo ministro comemorava: — O Doria deu de presente pra gente essa coisa da obrigatoriedade de dar a vacina. Agora, podemos oferecer a vacina e manter o discurso da liberdade.“
Nada mais estúpido que isso. Se alguém deu alguma coisa de presente pra alguém foi Boslonaro presenteando o Doria.
Doria é o governador que é desaprovado na capital em que foi
prefeito, claramente seus planos eleitorais não iam lá muito bem,
inclusive o PSDB tem mais simpatia pelo candidatura do Edaurdo leite que
a dele, sabe como é, se sendo prefito Doria já fodeu o PSDB, imagine
sendo presidente…
Pazuello tá com Covid, foi diagnosticado hoje, e
coube ao número 2 do ministério, aquele maldito do broche de caveira,
cumprir as ordens do capitão e ler um textoo constrangedor
“Contrariando nota enviada pelo próprio Ministério da Saúde na terça-feira, o secretário-executivo da pasta, Élcio Franco, afirmou nesta quarta, 21, que “houve interpretação equivocada da fala do ministro da Saúde (Eduardo Pazuello)” sobre a compra de doses da Coronavac e ressaltou que a pasta não firmou “qualquer compromisso com o governo do Estado de São Paulo ou com o seu governador no sentido de aquisições de vacinas contra a covid”. A vacina é desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantã, vinculado ao governo paulista. Em rápido pronunciamento feito na TV Brasil, sem a presença de Pazuello, que está em isolamento por suspeita de covid-19, Franco destacou ainda que “não há intenção da compra de vacinas chinesas”, conforme o presidente Jair Bolsonaro já havia declarado em suas redes sociais nesta manhã. A decisão foi comunicada oficialmente por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa do órgão e publicada no site do ministério. No texto, a pasta deixou claro que a compra estava condicionada à aprovação do imunizante pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mesmo assim, Franco usou o fato de a vacina ainda estar em testes para justificar o recuo da pasta na decisão de compra. “Em momento algum a vacina foi aprovada pela pasta, pois qualquer vacina depende de análise técnica e aprovação pela Anvisa, pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) e pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec)”, declarou
Apesar de ter negado acordo para compra de Coronavac, o secretário-executivo afirmou que houve, sim, a celebração de um protocolo de intenções com o Butantã, que é o maior produtor de vacinas usadas no Sistema Único de Saúde (SUS). “Tratou-se de um protocolo de intenção entre o ministério e o Instituto Butantan, sem caráter vinculante, por se tratar de um grande parceiro do ministério na produção de vacinas para o Programa Nacional de Imunizações. Mais uma iniciativa para tentar propor uma vacina segura e eficaz para a população, neste caso uma vacina brasileira caso fique disponível antes”, disse Franco. Não ficou claro, portanto, se o ministério, apesar de negar que comprará a vacina chinesa, poderá adquiri-la do Butantã quando a tecnologia da Sinovac for repassada ao instituto brasileiro e a produção for local. Segundo o secretário-executivo, “a premissa para aquisição de qualquer vacina prima pela segurança, eficácia, ambos conforme aprovação da Anvisa, produção em escala e preço justo. Qualquer vacina, quando disponível, certificada pela Anvisa e adquirida pelo ministério poderá ser oferecida aos brasileiros e, no que depender desta pasta, não será obrigatória”, completou o secretário-executivo..” [Estadão]
Ora,. toda e qualquer vacina teria que ser aprovada pela Anvisa, que espantalho escroto do caralho. Mas isso aqui talvez explique o espantalho:
“Ontem, o Senado aprovou a indicação de Bolsonaro para quatro novos diretores da Anvisa. Além de de confirmar o nome do contra-almirante Antonio Barra como presidente da agência. Portanto, Bolsonaro tem desde ontem o controle absoluto da Anvisa.” [O Globo]
Sim, anvisa é toda do Boslonaro, comandanda por um milico, claro.
E o maldito do broche da caveira leu texto adivinha de quem:
“O pronunciamento feito agora há pouco pelo secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, afirmando que “houve uma interpretação equivocada da fala do Ministro da Saúde”, que “em nenhum momento a vacina foi aprovada pela pasta” e “não há intenção de compra de vacinas chinesas” foi escrito pela Secom. Isso significa o seguinte: a crise, criada pelo próprio Jair Bolsonaro, está sendo pilotada pelo Palácio do Planalto. E os discursos oficiais a partir de agora sobre o assunto não exatamente serão baseados em fatos, mas tortuosas notas oficiais. Em resumo, a nota oficial tenta dizer que o ministro Eduardo Pazuello não disse o que disse.” [O Globo]
SECOM tutelando Ministério da Saúde em plena pandemia. A SECOM do Wajngarten!
E Bolsonaro voltou a falar no começo da tarde:
“”Houve uma distorção por parte do João Doria no tocante ao que ele falou. Ele tem um protocolo de intenções, já mandei cancelar se ele [Pazuello] assinou. Já mandei cancelar. O presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade. Até porque estaria comprando uma vacina que ninguém está interessado por ela, a não ser nós“.” [G1]
Troquemos vacina por droga,
“Até porque estaria comprando uma droga que ninguém está interessado por ela, a não ser nós”.“
Sabe qual o únicoo país a se interessar por cloroquina e autorizar seu uso de forma massiva?!
“A Reuters despachou a inclusão da Sinovac no programa brasileiro, sublinhando que seria, a partir de janeiro, “um dos primeiros esforços de imunização no mundo”. A manchete do Caixin mostrou que o esforço chinês já está em andamento e, aliás, acaba de incluir a vacina. “Em Jiaxing, com população de quatro milhões, grupos de risco já começaram a receber doses da Sinovac.” Com vacinas como CNBG e CanSino, o programa começou “já em junho”, diz o Caixin. “Desde então, centenas de milhares tomaram, incluindo funcionários essenciais e pessoas que trabalham no exterior.” E o South China Morning Post, com relato da Reuters e a imagem acima, de unidade do laboratório em Pequim, levou à submanchete que “Testes mostram que Sinovac é segura, diz centro de pesquisa do Brasil”, o Instituto Butantã. “Foi a primeira farmacêutica a divulgar resultados dos testes em estágio final, colocando a China à frente na corrida.” A concorrente AstraZeneca, também no programa brasileiro, “se aproxima de uma análise de seu teste britânico”.” [Folha]
E Bolsonaro jura que cloroquina não precisa de comprovação científica. A vacina precisa, mas cloroquina não – e isso porque ele fez DOIS eletrocardiogramas por dia, não passava agulha no cu da equipe médica, que temia uma complicação cardíaca.
“É irônico, pois foi o próprio Bolsonaro quem defendeu publicamente o uso da hidroxicloroquina, remédio sem comprovação científica no tratamento à Covid-19. “Ainda não existe comprovação científica, mas [a droga está] sendo monitorada e usada no Brasil e no mundo. Contudo, estamos em guerra: ‘Pior do que ser derrotado é a vergonha de não ter lutado.’”, escreveu Bolsonaro no Twitter, em maio..” [Veja]
Repare o quão nervoso está Bolsonaro, a dificuldade para encontrar e pronunciar as palavras:
O Pazuello já pediu pra sair?!
Vamos ao general sem nenhum brio:
“Eduardo Pazuello não escondeu a aliados próximos que ficou “bastante chateado” com a atitude de Jair Bolsonaro de desautorizá-lo sobre a aquisição da coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan e pelo laboratório chinês Sinovac contra Covid-19, em São Paulo. ” [O Globo]
“Segundo interlocutores do ministro, ele avaliou que a reação do presidente foi exagerada e defendeu que a vacina não é chinesa, mas sim, brasileira, pois está sendo desenvolvida no Brasil pelo Instituto Butantan. Pazuello também teria dito que, em nenhum momento, foi cogitado adquirir vacinas sem certificação da Anvisa. Aqueles que atuam como “bombeiros” na cúpula do governo garantem, porém, que, apesar do mal-estar, Pazuello “segue firme” como ministro da Saúde e que já está com o discurso alinhado com o presidente.“
É como se os fardados não tivessem qualquer brio.. Porra, pede pra cagar e sai, fala que vai ali comprar cigarro na esquina e nunca mais coloca os pés em Brasília, vai chorar no quartel, qualquer coisa menos fingir que nada aconteceu, caralho!
“De acordo com os bombeiros, Bolsonaro e Pazuello (que está em casa, com suspeita de Covid) alinharam um discurso sobre o tema. Em que pese a descompostura pública feita por Bolsonaro, o governo quer vender a ideia de que a vacina chinesa não está vetada para sempre. Mas que o Ministério da Saúde não dará um passo em termos de compra ou convênios enquanto ela não tiver todas as aprovações da Anvisa. Este teria sido o tom da fala de Bolsonaro. Não foi, mas este deve ser o dis discurso oficial a partir de agora. Resta saber também com que celeridade a Anvisa dará a palavra final sobre a eficácia da CoronaVac. Este é outro ponto fundamental dessa guerra em torno das vacinas.” [O Globo]
E dada a sabotagem presidencial contra as vacinas naquela cerimônia esquista do mais novo remédio milagroso caberá ao STF decidir. E aí o governo federal vai acusar o STF de interferir onde não deveria. Eles abrem a porta para o STF, convidam para entrar e depois denunciam a invasão dos togados.
“O STF (Supremo Tribunal Federal) deve decidir sobre a obrigatoriedade da vacina do novo coronavírus ainda neste ano. A questão será debatida em uma ação em que os pais de uma criança de São Paulo contestam a obrigatoriedade de regularizar a imunização de seu filho. O casal argumenta que é adepto da filosofia vegana e contrário a intervenções medicinais invasivas.” [Folha]
Beleza, mas como seu filho é uma ameaça à saúde pública é melhor ele ficar em casa, sabe como é….
“O
Ministério Público de SP ajuizou ação civil pública contra os pais, que
foi julgada procedente pelo Tribunal de Justiça de SP. Eles recorreram
então ao STF. O ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso,
reconheceu a repercussão geral do tema, que deve ser julgado também
pelos outros magistrados. Apesar de objetivamente tratar do calendário
já regular de vacinação, o debate deve considerar os aspectos políticos
da questão, tendo em conta a visibilidade do movimento antivacina no
Brasil —e os debates públicos já travados entre Jair Bolsonaro, que diz
que a vacina contra a Covid-19 não será obrigatória, e governadores como
João Doria, de SP, que têm posição oposta à do presidente.”
Imagine o desespero dos pais ao ver que Bolsonaro tá fodendo com o processo deles…
“Ministros ouvidos pela coluna consideram líquido e certo que o STF tornará a vacinação obrigatória, já que um cidadão que não for imunizado poderá contaminar outras pessoas, que de fato não podem tomar vacinas por questões médicas —como os imunodeprimidos, por exemplo. Um dos magistrados afirma que debates sobre a vacina estão relacionados “à República Velha” e devem ser definitivamente superados. Há ministros, no entanto, que ponderam que o fato de as vacinas contra a Covid-19 serem novas levanta a questão da legitimidade de as pessoas terem receio sobre sua segurança.”
Enmtão vamos esperar os 5, 10 anos protoclartes para o desenvolvimento de uma vacina, tá tranquilo, ninguém tá com pressa não…
E como eu venho frisando Bolsonaro odeia mais o Doria que os comunistas:
“O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB-MA) diz que o presidente Jair Bolsonaro “está possuído por uma espécie de ódio a João Doria”, o que justificaria o fato de ele se negar a comprar a vacina chinesa, produzida em parceria com o Instituto Butantan, do governo de São Paulo. Segundo Dino, o presidente está criando “uma guerra da vacina”, como ocorreu com os respiradores, em que cada estado teve que se virar sozinho, chegando a disputar com outros a aquisição dos equipamentos. “Os governadores com certeza vão ao Congresso Nacional e à justiça para garantir o acesso da população a todas as vacinas que forem eficazes e seguras”, diz Dino. Ele diz que, depois do anúncio de Pazuello, chegou a acreditar “que Bolsonaro tinha achado um rumo. Mas logo veio esse desvario”. Dino afirma que, se insistir na tática de desmerecer algumas vacinas, o presidente vai partir “para o isolamento total”.” [Folha]
Passo à maravilhosa Rosângela Bittar:
“A vacina contra o coronavírus não será obrigatória e ponto final, decretou o presidente Jair Bolsonaro. Resta-nos a esperança de que este ponto final de agora, como o foram tantos outros, seja um mero arrebatamento da ignorância. Não voltaremos à idade da pedra, mesmo que seja necessário recorrer ao papa, ao pajé ou ao Tribunal de Haia. Ponto final quer dizer fim. Não permite réplica. A não ser que se subverta o sinal gráfico convencionado. O ponto final, no discurso de Bolsonaro, pode significar vírgula; talvez, ponto e vírgula; com certeza reticências; muitas vezes exclamação ou até parênteses. Quem sabe, pausa para um gole d’água; também uma intervenção abusiva, subentendida a determinação para que se mude de assunto. Correndo o risco de glamourizar um evidente vício verbal, o histrionismo de Bolsonaro, ao banalizar a conclusão do seu pensamento com a expressão superlativa, virou marca. Todo mundo aceita, ninguém discute. Bolsonaro é espectador do seu próprio governo. Não demonstra convicção, compromisso ou segurança nas decisões. Fala uma coisa agora e seu contrário minutos depois. Subversão total do ponto final. Exemplo: não se fala em Renda Brasil até o fim do meu governo e ponto final. Foi o que disse antes de receber o relator e autorizar o prosseguimento do projeto relativo ao programa renegado. Talvez, no caso, coubesse só uma vírgula, abrindo caminho a um advérbio de tempo. Não se fala mais nisso, agora. Quando o assunto foi retomado com renovado vigor, a condenada Renda Brasil tornou-se Renda Cidadã, e todos já tinham esquecido a peremptória ordem anterior. O presidente admitiu, gerando abalos ao mercado de ações, que o governo estuda mesmo, apesar dos desmentidos, a hipótese de furar o teto de gastos e ponto final.
Esta não esperou o dia amanhecer e o próprio Bolsonaro tratou de
buscar outros recursos da ortografia, detendo-se na exclamação e no
travessão. O caminho está livre a qualquer estudo, quis dizer Bolsonaro,
antes de exclamar: meu governo jamais transgredirá com o rigor da
política fiscal! O tema do aumento da carga tributária e criação do novo
imposto sumiu numa gaveta temporária de hipóteses lesa-voto, a serem
examinadas depois das eleições de 2020. Não se sabe como reaparecerá no
discurso de Bolsonaro que, inúmeras vezes, garantiu que no seu governo
não tem volta da CPMF e ponto final. Como esta é uma obsessão do
ministro da Economia, o presidente teve de mudar a pontuação ou
demiti-lo. Agora, com reticências, o novo imposto transformou-se em uma
condicionante para desoneração da folha, depois para financiar a renda
mínima, em seguida voltou a instrumento de combate ao desemprego, até
ser recolhido a um dos escaninhos que abrigam os estelionatos eleitorais
premeditados. Em abril, registrou-se o que se imaginou ser o ponto
final dos pontos finais. Na reunião ministerial em que reclamou da
ineficiência do serviço de informação da Presidência, fez revelações
bombásticas. Disse que possuía informantes particulares e se queixou da
falta de ascendência sobre a Polícia Federal. Bolsonaro foi taxativo:
“Vou interferir e ponto final”. Quando a interferência virou inquérito
no Supremo Tribunal Federal, por denúncia do ex-juiz e ex-ministro
Sérgio Moro, o sinal gráfico passou a ser um parênteses de negação do
fato em todas as suas versões.” [Estadão]
O final é ótimo:
“O ponto final da vacina é especial, trágico. Com uma carga pesada de dramaticidade e letalidade. Assusta os escalões inferiores, insufla decisões pessoais precipitadas, causa pânico nacional e horror internacional. É grave, desafia a Ciência, que não é um partido ou paixão acidental. O governo assume riscos de crime contra a humanidade. Ponto final coisa nenhuma.”
Beijo, Rosângela!
Encerro esse tópico surreal com essa cara de cu do Lacombe – e repare no quão complexa é a vacina de Oxford e compare com os perigos que Bolsonaro vê na Chinesa, cuja técnica é muito mais simples e fartamente usada, até aqui nenhuma vacina humana usou a metodologia de RNA usad na vacina de Oxford:
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October 17, 2020
Maluco beleza
Ziraldo relembra as peripécias do Menino Maluquinho, seu personagem mais famoso, que completa quarenta anos
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