August 13, 2009

Produtos eróticos com selo verde ganham as vitrines

Cresce o mercado para lingerie, cremes e brinquedinhos ecológicos

Que a revolução verde está tomando conta de vários segmentos, todo mundo sabe. Pois, agora, é a vez dos produtos eróticos ecologicamente corretos.
Apesar de ainda representarem uma fatia pequena dentro da dimensão do mercado do sexo — que no Brasil já movimenta anualmente R$ 900 milhões, com crescimento médio na ordem de 10%, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico (Abeme) —, peças produzidas com materiais biodegradáveis ou recicláveis começam a chegar ao país e representam uma boa oportunidade de negócio.
Algumas dessas novidades poderão ser conferidas na 15aedição da Erótika Fair, que acontecerá de 9 a 12 de outubro no Mart Center, em São Paulo. O evento comporta até 40 expositores e tem atraído em média 20 mil visitantes por edição, sendo 10% do público voltado para negócios.
Além de inovações tecnológicas — como o masturbador masculino japonês Tenga (que conta com três velocidades e forças de sucção diferentes) e a 3ageração do OhMiBody, que vibra de acordo com som ambiente —, o evento trará opções criativas na área sustentável.

Vibrador com selo do Greenpeace

— Há uma nova geração de empresários do ramo preocupados com a questão ecológica. Percebemos o uso de tecidos e bases cosméticas naturais substituindo as sintéticas, que são de difícil decomposição. Nesse contexto, entram as roupas íntimas feitas com fibra de bambu e as loções e cremes com óleos vegetais, ao invés de derivados de petróleo — diz Evaldo Shiroma, organizador da feira e presidente da Abeme.
Boa parte desses artigos ainda não ultrapassaram as fronteiras da Europa e dos Estados Unidos. Mas nem por isso empresários do ramo têm desistido de investir no segmento.

— As pesquisas e os produtos que já existem no mercado aliam preservação do meio ambiente com o bem-estar promovido por materiais inovadores, mas muitos ainda são trazido lá de fora — informa Shiroma, acrescentando que 70% dos produtos eróticos comercializados no Brasil hoje são importados.
Na loja Over Sexy, no shopping Città America, Barra da Tijuca, os mais antenados já encontram os vibradores da marca sueca Lelo, que aposta em materiais não tóxicos e formatos inspirados nas curvas femininas. A preocupação com a sustentabilidade está no uso de baterias internas recarregáveis, que dispensam pilhas. Dependendo do modelo, o preço pode chegar a R$ 1.573.
Há no mercado, ainda, chibatas de couro ecológico (R$ 60) e lingerie com fibra de bambu (R$ 90), que possui alta elasticidade e ainda é anti-bacteriológica.
Para garimpar novidades, a proprietária da Over Sexy, Izabela Berg, frequenta feiras e eventos internacionais.

— Acaba de ser lançado na Irlanda um vibrador que não utiliza bateria e tem o selo do Greenpeace. Para fazer vibrar é preciso “dar corda” manualmente.
E o mais legal é que a potência que não é utilizada fica armazenada — explica a empresária, que também é apresentadora do programa “Boa de cama”, do canal Sexy Hot, onde dá dicas sobre brinquedinhos eróticos.
Ralf Furtado, gerente comercial da A2 Conveniências Eróticas, em Ipanema, também não abre mão de viajar para conhecer as tendências do mercado. De malas prontas para visitar a StorErotica 2009, no mês de setembro, em Las Vegas, o empresário aposta na comercialização de óleos de massagem vegetais e biodegradáveis — que diferentemente dos minerais não obstruem as glândulas de excreção e são menos poluentes (R$ 69,70) — e vibradores feitos de cyberskin (R$ 457,90), que imita pele humana e não tem ftalato (composto difícel de ser biodegradado).
A loja vende até um consolo de vidro (R$ 529,70), que é hipoalergênico e pode ser reciclado diversas vezes, diferentemente do plástico.

— Como utilizam tecnologias diferenciadas, os produtos eróticos sustentáveis ainda têm custo de fabricação mais elevado, o que aumenta em pelo menos 30% o valor de venda. A procura ainda é pequena, pois os brasileiros ainda não estão ligados no assunto. Por isso precisamos chamar a atenção para o negócio de formas inteligentes — afirma Furtado.

Lingerie feita de látex ecológico

Antenada com a nova tendência, a empresária Suzana Leal, da Pselda, vai usar na próxima coleção um tecido ecológico feito de látex sustentável — extraído sem causar danos à natureza — para fazer leggings, sutiãs e calcinhas.
Parece couro sintético, mas a diferença é que não agride o meio ambiente.

— Aqui, essa preocupação faz parte da rotina. Nossas embalagens são ecobags, e os saquinhos de calcinhas são de filó.


O Globo, 9 de agosto de 2009

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