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June 16, 2009
HQ mostra "submundo poderoso" de Copacabana
Trabalho do roteirista S. Lobo e do desenhista Odyr, que terá lançamento nesta quarta-feira em SP, aborda a violência e a prostituição no bairro carioca
PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Há aquilo que está no cartão-postal: uma praia maravilhosa frequentada por pessoas lindas. Uma espécie de paraíso no litoral do Rio de Janeiro.
Mas há, também, o que não está tão à vista assim: a violência, a prostituição, o lado que fica de fora quando o assunto é turismo. E é este o aspecto abordado pelo roteirista S. Lobo e o desenhista Odyr na HQ "Copacabana", que será lançada nesta quarta-feira em São Paulo. "Copacabana é uma praia esquizofrênica. Tem uma beleza bucólica, com uma vista maravilhosa, mas também um submundo poderoso, com a indústria do sexo funcionando à toda", diz o escritor da HQ, S. Lobo. "É meio dr. Jekyll e sr. Hyde. E esses dois lados se cruzam com muita naturalidade."
O livro aborda um momento complicado na vida de Diana, uma prostituta que, endividada, acaba metida em uma situação que envolve assassinato, roubo e perseguição. Ao redor de Diana estão prostitutas, gigolôs e outros frequentadores da noite carioca.
"Fiz uma coleta muito extensa e pouco objetiva. Não fiz entrevista: fui conhecendo as pessoas", conta Lobo. "Você senta em um bar ali na praia e alguém vem te abordar: garçom, prostituta, vendedor. Aí é só começar a ouvir as histórias, até ver quando elas estão acontecendo ou mesmo fazer parte delas."
Lobo, que começou a trabalhar com quadrinhos editando a revista independente "Mosh!", conta que queria escrever roteiros de HQs, mas que não sabia exatamente o que narrar. O que lhe direcionou foram as caminhadas que fazia pelo Rio de Janeiro -embora gaúcho de Porto Alegre e já tendo morado em Santa Catarina e São Paulo, é em Copacabana que mais se sente em casa.
"Meu objetivo era mostrar a vida dessa gente que pouco vemos e que tratamos com preconceito. E essas pessoas que vivem à noite são como nós: estão aí batalhando pela sobrevivência", diz o roteirista. "As histórias dos ricos podem ser interessantes, mas são as das pessoas do submundo que me interessam mais".
Por retratar uma parte da indústria do sexo, o livro não se furta a mostrar o ato. "Eu não quis fazer um livro sobre sexo em que ele fosse sugerido. Ele tem que estar lá, à medida em que é necessário", diz Lobo. "Tento trazer a crueza que o sexo tem na vida real. Ele não é glamouroso."
Folha, 15 de junho de 2009
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