December 19, 2010

The making of Trout Mask Replica



Critically acclaimed as Van Vliet's magnum opus, Trout Mask Replica was released in June 1969 on Frank Zappa's newly formed Straight Records label. By this time, the Magic Band had enlisted bassist Mark Boston, a friend of French and Harkleroad. Van Vliet had also begun assigning nicknames to his band members, so Harkleroad became "Zoot Horn Rollo", and Boston became "Rockette Morton", while John French assumed the name "Drumbo", and Jeff Cotton became "Antennae Jimmy Semens". Van Vliet's cousin Victor Hayden, "The Mascara Snake", performed as a bass clarinetist Van Vliet wanted the whole band to "live" the Trout Mask Replica album. The group rehearsed Van Vliet's difficult compositions for eight months, living communally in a small rented house in the Woodland Hills suburb of Los Angeles. Van Vliet implemented his vision by asserting complete artistic and emotional domination of his musicians. At various times one or another of the group members was put "in the barrel," with Van Vliet berating him continually, sometimes for days, until the musician collapsed in tears or in total submission to Van Vliet. Drummer John French described the situation as "cultlike  and a visiting friend said "the environment in that house was positively Manson-esque." Their material circumstances also were dire. With no income other than welfare and contributions from relatives, the group survived on a bare subsistence diet, and were even arrested for shoplifting food (with Zappa bailing them out). French has recalled living on no more than a small cup of beans a day for a month. A visitor described their appearance as "cadaverous" and said that "they all looked in poor health." Band members were restricted from leaving the house and practiced for 14 or more hours a day.

Physical assaults were encouraged at times, along with verbal degradation. Beefheart spoke of studying texts on brainwashing at a public library at about this time, and appeared to be applying brainwashing techniques to his bandmembers: sleep deprivation, food deprivation, constant negative reinforcement, and rewarding bandmembers when they attacked each other or competed with each other. At one point Cotton ran from the house and escaped for a few weeks, during which time Alex Snouffer filled in for him and helped to work up "Ant Man Bee". French, who had thrown a metal cymbal at Cotton, ran after him yelling that he too wanted to come. Cotton later returned to the house with French's mother, who took him away for a few weeks, however he later felt compelled to return as did Cotton. Mark Boston at one point hid clothes in a field across the street, planning his own getaway.

John French's 2010 book Through the Eyes of Magic describes some of the "talks" which were initiated by his actions such as being heard playing a Frank Zappa drum part ("The Blimp (mousetrapreplica)") in his drumming shed, and not having finished drum parts as quickly as Beefheart would have liked. French writes of being punched by band members, thrown into walls, kicked, punched in the face by Beefheart hard enough to draw blood, being attacked with a sharp broomstick, and eventually of Beefheart threatening to throw him out of an upper-floor window. He admits complicity in similarly attacking his bandmates during "talks" aimed at them. In the end, after the album's recording, French was ejected from the band by Beefheart throwing him down a set of stairs with violence, telling him to "Take a walk, man" after not responding in a desired manner to a request to "play a strawberry" on the drums. Beefheart installed a hanger-on, Jeff Bruschelle, as the new Drumbo (playing on French's drumset) and did not include French's name anywhere on the album credits as a player or arranger.

from the Wikipedia

Reação ao WikiLeaks põe internet em risco



Ronaldo Lemos

SÓ SE FALA em WikiLeaks. Faz sentido. O assunto é fascinante e cheio de paradoxos. O site virou emblema das ‘novas mídias’. Mas, sem o apoio da ‘velha mídia’, sua importância seria muito menor.

É curioso ver como os jornais ficam orgulhosos em fazer parceria com o site. Na semana passada, ‘O Globo’ colocava na capa que havia se tornado ‘um dos sete jornais a publicar o conteúdo do WikiLeaks’.

Com isso, o site virou um divisor de águas: há os jornais que estão com ele e os que não estão. É um exercício de poder extraordinário: chamou toda a imprensa a tomar posição e tornou-se impossível ignorá-lo.
Muita gente tem falado que o site mostra como a internet é ‘incontrolável’. Minha visão é diferente.

A reação ao WikiLeaks periga acelerar a transformação da internet de rede aberta em rede fechada e controlável. As forças para que isso aconteça ficaram muito mais fortes depois dos vazamentos.

Vale lembrar que todos os endereços da internet são controlados por uma entidade norte-americana chamada ICANN. Até agora, ela tem mantido uma posição de neutralidade, dizendo que não intervirá.
O problema é que a ICANN é ligada ao Departamento de Comércio dos EUA. Se a coisa apertar, é fácil para o governo americano exercer sua influência.

Além disso, leis cabulosas para controlar a internet estão vindo por aí. Um exemplo é o projeto COICA, que avança rápido. Sob o pretexto de evitar violações dos direitos autorais, ele dá poderes ao governo americano de retirar qualquer site do ar, sem aviso prévio.

Mesmo sites fora dos EUA (como os sites brasileiros que terminam em ‘.com.br’, ‘.org.br’, ‘.net.br’ e assim por diante) ficariam sujeitos à lei americana.

Sob o pretexto de proteger direitos autorais, o governo americano passaria a ter controle total sobre a rede.
O WikiLeaks veio mudar a regra do jogo. Mas a reação a ele pode acabar mudando a internet para pior.

Folha, 13 de dezembro de 2010


December 16, 2010

Segurança do Rio apura desvio de armas e drogas

DIANA BRITO
HUDSON CORREA

A cúpula da Segurança do Rio investiga desvios de dinheiro e armas do tráfico de drogas, além de facilitação de fuga de traficantes, supostamente informados com antecedência por policiais sobre as operações.

Com 1.600 homens envolvidos na ação, as polícias Militar e Civil não relataram nenhuma apreensão de dinheiro nem apresentaram números e a descrição exata das armas apreendidas.

Um dos indícios de irregularidade é que o Exército, com 800 militares, relatou a apreensão de “US$ 50 mil mais R$ 20 mil” no sábado, totalizando R$ 106 mil.

Mas, na versão da 22ª Delegacia de Polícia, na Penha, a quantia apreendida pelo Exército foi menor: de US$ 27 mil mais R$ 29 mil (total de R$ 75,1 mil) . Procurado de novo, o Comando Militar do Leste não quis comentar.

A Polícia Federal, que participou com 300 policiais, informava ter apreendido R$ 39.850 de um traficante.
Uma autoridade que pediu para não ter o seu nome divulgado disse que está havendo no Alemão “uma verdadeira caça ao tesouro”, o que está deixando vários policiais indignados.

Suspeita-se que o dinheiro que deveria ter sido apreendido tenha saído da favela em mochilas de policiais, enquanto carros de polícia eram usados para levar pertences como televisores.

Contrariados por presenciar esses furtos, integrantes do Bope (Batalhão de Operações Especiais) atiravam nas telas de TVs que estavam sendo levadas, disse uma fonte à Folha.

Sobre as armas, uma pessoa envolvida na operação disse que a PF apreendeu em menos ações mais armas, de maior poderio e mais novas.
Ontem, a secretaria disse que apreendeu 135 armas -velhas, em sua maioria.
Só em dois carros do traficante Negão, a PF achou oito fuzis, sendo dois AK 47, um AR-15 e um FAL 762, além de oito pistolas e um revólver. Todos em bom estado.
O Bope ainda entregou mais 11 armas apreendidas, incluindo dois fuzis. 30, à PF, enquanto poderia entregar o armamente à Polícia Civil.

Além da "caça ao tesouro", há indícios de que, enquanto o cerco ao Alemão estava sendo montado, policiais, em troca de dinheiro, teriam avisado traficantes sobre a ação permitindo a fuga dos líderes.

Em agosto, a Folha revelou que a Secretaria de Segurança investiga a existência de uma “caixinha” do tráfico da Rocinha para pagar policiais que dão informações sobre ações contra o tráfico.

Folha, dezembro de 2010




 

December 14, 2010

Tudo isto é COMPLEXO


Ao percorrer Alemão e Penha, Folha ouve relatos de violência policial e de alívio após o sumiço dos traficantes do morro


PLÍNIO FRAGA
DO RIO

Tudo isto é Complexo:

1) policiais conhecidos como Xavier, Birrô, The Flash e Júnior do Ipase, do 16º BPM, andam por ruas da favela da Vila Cruzeiro com a intenção de instalar uma nova milícia;
2) porcos estão comendo corpos de traficantes mortos pela polícia na mata da serra da Misericórdia;
3) traficantes, que estavam cercados pela polícia, fugiram de madrugada por escadaria escondida em beco que desemboca no número 270 da estrada do Itararé;
4) traficantes cercados desde sexta-feira pagaram R$ 1 milhão por cabeça para saírem de favela dentro de blindados da polícia;
5) moradores agora dizem que, sem traficantes, podem mandar os filhos à escola;
6) a polícia de fato assumiu o território antes controlado pelo tráfico, apreendeu grande parte do estoque de drogas e armas e assim aniquilou o que antes era o quartel general do CV.

Complexo é a palavra que abarca região de dezenas de favelas e define o emaranhado de acusações e problemas que ganharam voz livre desde domingo. Foi quando a policia e as Forças Armadas concluíram a expulsão de traficantes que dos Complexos do Alemão e da Penha.

A Folha passou cinco horas ouvindo moradores e circulando nas favelas da Penha e do Alemão.



Uma menina de 14 anos disse ter sido constrangida e agredida verbalmente por PMs por causa da tatuagem.
Tosca -feita com agulha e sumo da castanha de caju, que queima em vez de desenhar- diz apenas "D. V.".
Ela conta que os policiais chamaram-na de "vagabunda" e de "puta de traficante" por ter tatuado o que leram como "CV". Ela diz que não: são apenas as iniciais do nome do namorado ("D.") e de seu próprio ("V").

Se houve os que fugiram, os relatos sobre os que morreram sem que os corpos tenham aparecido se repetem. "Uma mãe me contou que foi pegar o corpo do filho lá no alto da mata. Viu outros dois corpos que estavam sendo comidos pelos porcos", diz Celso de Sousa Campos, o Binha, líder comunitário.

Moradores também elencam milicianos do conjunto habitacional Ipase, no bairro vizinho de Vicente de Carvalho, que já circulam pela Vila Cruzeiro, para tentar estabelecer o domínio da milícia. Dão nomes: Xavier, Birrô, The Flash e Júnior do Ipase. Como o policiamento quase todo foi deslocado para o vizinho Alemão, temem que esteja sendo preparado o terreno para a implantação da milícia. "Igualzinho no filme "Tropa de Elite 2'", assinala um morador.

X-9 EM AÇÃO

Não há mais vestígios de traficantes ou sequer ameaça de tiroteios. Vê-se grupos de policiais trabalhando. Muitos orientados por informantes, conhecidos como X-9. Normalmente são moradores, ex-traficantes que decidiram colaborar, familiares de quem trabalha no que o eufemismo da favela chama de "movimento".

Andam camuflados da cabeça (tocas ninja e óculos escuros) aos pés (coturnos de policiais). Usam casacos e coletes à prova de bala. Uma X-9 leva a polícia até a casa de outra mulher. Aponta uma foto de uma funkeira com tatuagem nas costas. A polícia pede para que a dona da casa levante a blusa.

A X-9 confirma: é ela. Após a saída da polícia, a mulher dá sua versão de como foi a abordagem. "Ele me disse: fala, piranha! Está me olhando de cara feia por quê? Seu macho foi embora? Agora todo mundo que deu para eles vai ter de dar para a gente também. Então o sr. vai me matar, respondi. Perguntaram se lá em casa tinha arma guardada. Eu disse: pode procurar. Se achar, me leva."

Uma senhora disse ter sido xingada porque policiais fizeram da cobertura de sua casa ponto de observação. "Todo dia tem um montão de homem na laje e eles nem pedem licença", reclama.

Outra afirma que um policial levou seu celular. "Disse que precisava checar se tinha ligação de traficante."

Um morador diz que os policiais tomaram-lhe R$ 400, que guardava perto da cama. "Sou biscateiro, mas o dinheiro era meu", chora. Um outro observa: "Por que você acha que está cheio de polícia andando no morro com mochila? Não é munição que eles levam ali não."

BILHETES

A dona de um salão de beleza, depois de ter por duas vezes a porta arrombada na procura por bandidos, colocou um bilhete: "Por favor, se quiser vasculhar o salão, não precisa arrombar de novo. É só ligar para esses números que os proprietários vêm abrir educadamente."



Outro comerciante fixou o cartaz com a frase: "A loja de roupa íntima já foi vistoriada pela Polícia Civil".

 A mãe de uma criança autista e tetraplégica de 11 anos diz que levaram de uma prima, que é sua vizinha, um tênis e uma camisa. "Ela não pagou nem a primeira prestação da fatura do cartão."

Seu filho ficou tetraplégico por falta de oxigenação na gravidez. Autista, estudava em classe especial em Ramos, mas a diretora dissolveu a turma, colocando os alunos com necessidades especiais junto dos demais.
"Meu filho não fala e não tem como acompanhar uma turma de sexta série. Então, deixei de levar para a escola. Tinha que descer e subir o morro empurrando a cadeira de rodas. Vamos ver se agora fazem uma escola mais perto", diz, esperançosa.

As queixas de roubos feitos pela polícia se repetem tanto que Binha, o líder comunitário da Vila Cruzeiro, conta rindo: "Já tem morador preparando um bolo de chocolate bem gostoso para deixar em cima da mesa. Eles roubam tudo. Até comida. Então tem gente querendo colocar veneno no bolo, porque olho grande morre pela boca."


A vida sob o tráfico também acumulava horrores. Adolescentes e até meninas consideradas bonitas eram andavam pelas ruas com restrição, porque os pais temiam que fossem tomadas à força para serem namoradas de traficantes, como aconteceu por diversas vezes, de acordo com moradores.

O tráfico torturava e matava aqueles que trouxessem contrariedade ou suspeita, por exemplo, de passar informações para a polícia ou facções adversárias. Deste tipo de terror, o complexo agora está livre.

Folha, 1 de dezembro de 2010